Autores de Monsieur Jean fizeram caderno de desenhos sobre Lisboa; “Là oú vont nos pères”, do australiano Shaun Tan, escolhido como Melhor Álbum do Ano
O Grande Prémio de Angoulême, divulgado ontem, pela primeira vez foi atribuído ex-acqueo, a Dupuy e Berberian. Ou talvez não, porque na sua obra é impossível distinguir onde termina a contribuição de um e começa a do outro.
Philippe Dupuy nasceu em 1960, em França, e frequentou a Escola de Belas-Artes de Paris, onde conheceu Charles Berberian, nascido um ano antes no Iraque. Em 1983 elaboraram a sua primeira BD conjunta, uma homenagem a Hergé, e um ano depois nascia “Le journal d’Henriette” (primeiro volume editado em português pela Booktree), o divertido diário secreto de uma adolescente gorda que deseja ser escritora. A sua obra de referência é a série “Monsieur Jean” (1991), a crónica quotidiana de um trintão – também escritor – indeciso perante as encruzilhadas da vida, feita em tom intimista e autobiográfico, que lhes valeu o Alph’Art para o Melhor Álbum de 1999. O traço da dupla assenta numa linha clara de desenho simples e eficaz e cores suaves. O primeiro volume, editado pela Meribérica com o título “Monsieur Jean, o amor, a porteira…”, trouxe o protagonista a Portugal, em busca de inspiração para as suas obras. Por Portugal passaram também os autores, primeiro como convidados do IX Salão de BD do Porto (1999), depois, a convite da Bedeteca, pela capital, resultando dessa estadia o livro “Lisboa – cadernos”.
O júri do Festival escolheu “Là oú vont nos pères”, do australiano Shaun Tan, como Melhor Álbum do Ano, um livro notável, totalmente mudo, feito de imagens aparentemente soltas, trabalhadas a lápis, em incómodos tons de cinzento e sépia, sobre os dramas dos emigrantes.
O palmarés de Angoulême fica completo com os álbuns “essenciais”: “Exit Wounds”, de Rutu Modan; “La Marie en plastique”, de Rabaté e Prudhomme; “Ma Maman est en Amérique, elle à rencontré Buffalo Bill”, de Regnaud e Bravo ; “R.G.”, de Peeters e Dragon ; “Trois Ombres”, de Pedrosa; “L’Elephant”, de Isabelle Pralong (Revelação); “Moomin”, de Tove Jansson (Património); “Kiki de Montparnasse”, de Catel e Bocquet (Público); “Sillage #10”, de Morvan e Buchet (Juventude).
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias