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Futebol aos quadradinhos

Próximos na data de nascimento, futebol e banda desenhada têm vivido juntos muitas aventuras, dentro das 4 linhas, do relvado e das vinhetas de papel.

Um dos mais famosos futebolistas dos quadradinhos – que os leitores do JN certamente recordam – é “Dick, o goleador”, uma tira diária de imprensa escrita por Alfredo Grassi para o desenho de José Luís Salinas, também publicada no Mundo de Aventuras. Protagonizada por três jovens sul-americanos – Dick, Poli e Jeff – combina a faceta desportiva com proezas de tom policial.
Este tipo de equilíbrio é uma característica comum a outros futebolistas de papel, como Eric Castel, craque do Barcelona, e Vincent Larcher, do AC Milan, criados pelo belga Raymond Reding; este último passou pelas páginas do Tintin e dele a Bertrand editou “Futebol e minissaias”. Do mesmo autor é “O sensacional Walter Muller”, que o Mundo de Aventuras publicou, sobre um jogador dos distritais alemães destinado a vencer no Barcelona, com o mundial de 1974 como pano de fundo.
Capitão Tsubasa, uma criação de Yōichi Takahashi, que saltou do papel para a animação (Oliver e Benji na tv nacional), acompanha um avançado e um guarda-redes desde as camadas jovens, passando por experiências no Brasil e na Europa, até se sagrarem campeões do mundo pela selecção principal japonesa.
Percurso inverso teve “Foot 2 Rue” (Clube de Rua), animação francófona protagonizada por crianças de um orfanato que participa num campeonato de futebol de rua, que Mardiolle e Cardona transpuseram para a BD.
O Euro 2004 trouxe os heróis Disney a Portugal e em 2006 o espanhol Ibañez levou Mortadelo e Salamão ao Mundial. Ainda no campo do humor, o futebol tem sido inspiração recorrente para autores como o argentino Mordillo, o turco Gurcan Gürsel ou os portugueses José Bandeira (aqui no JN) ou Luís Afonso – embora estes abordem mais as questões colaterais…
Ainda em português, Eugénio Silva traçou aos quadradinhos a biografia de um dos maiores jogadores nacionais de sempre em ”Eusébio Pantera Negra”, e Vítor Péon narrou os feitos de João Davus, ficção sobre um futebolista português a actuar em Inglaterra, onde o seu criador então trabalhava. Em Inglaterra nasceu também “Billy, o Botas”, herói juvenil de Fred Baker e John Gillatt, cujo talento futebolístico advinha de umas velhas botas que tinham pertencido a um jogador famoso.
Num registo mais adulto, uma referência para “Aqueles que te amam”, de Davodeau, que se inicia com um autogolo voluntário numa final da Taça dos Campeões e reflecte sobre a facilidade com que os fãs passam da paixão ao ódio e o lado mercantil dos atletas. Ulf K. e Andreas Dierssen, num curto e terno registo autobiográfico evocam a infância em “O ano em que fomos campeões mundiais” (Polvo), curiosamente o mesmo título que foi dado à BD que narrou a conquista do título mundial pela Espanha em 2010.
Nesta linha narrativa, se hoje em dia é normal evocar a história dos clubes aos quadradinhos – no Brasil Ziraldo desenhou as do Corinthians, Fluminense, Palmeiras e Vasco da Gama, e em 2010 o centenário do Marítimo foi recordado em “Os Sonhos do Maravilhas” dos madeirenses Francisco Fernandes, Roberto Macedo Alves e Valter Sousa – no início da década de 90 quando Manuel Dias escreveu com humor, para o traço divertido de Artur Correia, a história dos três grandes do futebol português em “Era uma vez um leão”, “… um dragão e “… uma águia”, revelou algum pioneirismo.
E como o futebol vai continuar a provocar paixões e a arrastar multidões, a criar ídolos e casos mediáticos, é certo que vai continuar a ser um tema apetecível para quem cria histórias aos quadradinhos.

[Caixa]

A equipa de Maurício de Sousa

Se a maior parte dos protagonistas citados ao lado nasceram no papel, o brasileiro Maurício de Sousa, criador da Mônica e do Cebolinha, lançou dois heróis com trajecto inverso.
É o caso de Pelé(zinho), nos anos 90, e de Ronaldinho Gaúcho (já este século e cuja revista está disponível mensalmente nos quiosques portugueses), que Maurício recriou no seu traço característico, em histórias em que humor, amizade e futebol andam de mãos dadas.
Pelo caminho ficaram projectos similares com Ronaldo (o fenómeno brasileiro) e Dieg(uinh)o Maradona, por questões relacionadas com direitos de imagem.
E, possivelmente já em Agosto, a equipa de Maurício de Sousa vai receber um reforço de peso, Neymar(zinho), num registo juvenil, próximo da Turma da Mônica Jovem.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Futebol e BD ao Serviço das Nações Unidas

Wilfried Lemke, o Conselheiro Especial do Secretário Geral das Nações Unidas (ONU) para o desporto ao serviço do desenvolvimento e da paz, apresentou esta semana uma banda desenhada que pretende sensibilizar para os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento (OMD), especialmente vocacionada para as crianças e adolescentes entre os 8 e os 12 anos.
A história de “Score the Goals” começa com o naufrágio de um veleiro, a bordo do qual seguiam 10 futebolistas famosos, todos eles embaixadores das Nações Unidas, que iam participar num jogo amigável a favor da ONU. Trata-se de Luís Figo, Emmanuel Adebayor, Roberto Baggio, Michael Ballack, Iker Casillas, Didier Drogba, Raúl, Ronaldo, Patrick Vieira e Zinédine Zidane que, chegados a uma ilha deserta, terão que fazer face a uma série de situações novas e desconhecidas, auxiliando os restantes náufragos.
Dessa forma, ao longo do relato, vão sendo introduzidos e explicados de forma simples e directa os oito Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento até 2015: erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar o ensino primário universal, promover a igualdade de género e autonomização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e criar uma parceria global para o desenvolvimento.
Iker Casillas, guarda-redes do Real Madrid, durante a apresentação declarou-se “muito honrado por participar nesta banda desenhada, pois é um meio ao mesmo tempo lúdico e pedagógico que permite sensibilizar as crianças do mundo inteiro para os OMD, ensinando valores como a tolerância, o respeito e o espírito de equipa. Como diz a BD: juntos podemos conseguir!”.
Lemke realçou que “ainda há poucas pessoas no mundo que conhecem os OMD, por isso é primordial chamar a atenção para eles, em especial junto dos mais jovens”.
Embora vá ter uma primeira edição impressa com uma tiragem de 10 mil exemplares que vão ser distribuídos pela ONU junto dos seus parceiros, a banda desenhada pode ser descarregada no formato pdf em http://www.un.org/wcm/content/site/sport/resourcecenter/comicbook/, para já em inglês, francês e espanhol. Traduções noutras línguas, entre as quais o árabe, o chinês e o russo, serão disponibilizadas em breve.

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100 anos do Marítimo em Banda Desenhada

Integrada nas comemorações do centenário do clube, que se cumpre no próximo dia 5, tal como o da República, o Marítimo lançou um álbum de BD que conta a sua história.
Escrita por Francisco Fernandes, Secretário da Educação e Cultura da Madeira, e desenhada pelos também madeirenses Roberto Macedo Alves e Valter Sousa, é a primeira BD escrita, desenhada e impressa naquela ilha e intitula-se “Os sonhos do Maravilhas”, numa referência ao cântico dos adeptos quando o clube regressou da sua primeira digressão ao estrangeiro (Angola e Moçambique), em 1950: “Lá vêm os nossos maravilhas, os endiabrados campeões das ilhas!”.
Com um traço legível, uma planificação dinâmica e bom ritmo de leitura, a BD parte da fundação do clube por gente do mar (daí o seu nome) e aborda aspectos como o título de Campeão de Portugal, em 1926, o seu ecletismo, a afirmação interna com a chegada à (então) Primeira Divisão ou a participação nas competições europeias de clubes.
Desta forma, o Marítimo junta-se a Porto, Benfica e Sporting, cujas histórias já tinham sido narradas aos quadradinhos nos anos 1990, por Manuel Dias e Artur Correia.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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