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Tex despede-se de García Seijas

Desenhador argentino faleceu aos 81 anos

Ernesto Rudesindo García Seijas, desenhador argentino, faleceu ontem, contava 81 anos.
O mundo da BD, bastante fustigado pela partida de alguns dos seus expoentes em tempos recentes, fica mais pobre.
Se para muitos García Seijas era sinónimo de desenhador de Tex, o western há mais tempo em publicação ininterrupta, a verdade é que teve de trilhar um longo caminho antes de se consagrar como um dos elementos do staff do ranger.
Natural da cidade de Ramos Mejía, na província de Buenos Aires, onde nasceu a 1 de Junho de 1941, desde cedo começou a desenhar com tudo o que lhe aparecia à mão, tendo ganho a alcunha de “pincellito”.
Depois de passagens mais ou menos curtas pela escola secundária de belas artes local e pela academia Pitman, pois apenas se interessava pelas disciplinas de desenho, García Seijas começou a trabalhar para a Editorial Fascinación, onde completava vinhetas de narrativas ilustradas provenientes de Itália, devido a alterações de planificação.
Depois de uma passagem pela “Totem”, com “Bill y Boss”, onde passou a assinar com o nome que o tornou conhecido, em 1958, com apenas 17 anos, juntou-se à equipa da revista “Bucaneros, el gigante de la historieta”, onde desenhava a narrativa de piratas que davam nome à publicação.
A década de 1960 vai ser fundamental para o seu crescimento gráfico, com o seu traço a tornar-se cada vez mais preciso, personalizado e plasticamente agradável, na linha do mestre norte-ameriucano Alex Raymond. Nessa época trabalhou em quase todas as revistas argentinas, entre as quais “Frontera”, “Hora Cero”, “Misterix” (onde fez parceria com Héctor Gérman Oesterheld em “Léon Loco”) ou “Rayo Rojo”. Ao mesmo multiplicou a sua actividade, em capas para a colecção “Robin Hood” e na adaptação de clássicos do cinema e de narrativas românticas, para a revista feminina “Intervalo”.
A década seguinte vai encontrá-lo a trabalhar para as Ediciones Record, onde assina trabalhos como “Skorpio”, “Many Riley”, “El Hombre de Richmond”, “El estirpe de Josh” ou “Los Aventureros”, revelando igual à-vontade no western, no terror ou na aventura.
“El Negro Blanco” (1987), uma BD erótica com argumento de Carlos Trillo, e “Espécies em Peligro” (2000) são exemplos da sua passagem pelas tiras de imprensa do seu país natal, antes de começar a sua grande aventura italiana, na Eura Editoriale, primeiro, e depois na Sergio Bonelli Editore. Nesta última, a sua estreia aconteceu em “Julia 80”, antes de se tornar um desenhador regular de Tex, a série charneira da editora, cujo primeiro título ilustrado por si a chegar às bancas foi “Polícia Apache” (2007).
A sua consagração chegaria com a publicação de um “Tex Gigante”, “As Hienas de Lamont” (com argumento de Claudio Nizzi), que veria a luz em 2011. Curiosamente, este foi o primeiro trabalho do desenhador com o ranger; com publicação originalmente agendada para 2003, seria adiado devido à lentidão do desenhador e à necessidade de introduzir correcções, pois o editor Sergio Bonelli tinha reservas quanto à presença de diversas personagens femininas, o que obrigou Seijas a redesenhar onze pranchas.
Na volumosa obra “Tex, mais que um herói” (A Seita, 2022), Mário João Marques, especialista nas aventuras do cowboy, afirma que o desenhador argentino “domina todas as técnicas de uma boa narração visual (…) O seu traço é claro e muito expressivo, oferecendo força e consistência às suas personagens e ambientes, assim como um contínuo movimento em todas as cenas”.
Apesar de não ter obra publicada em Portugal, García Seijas chegou até aos fãs portugueses de Tex através das edições brasileiras da Mythos Editora, tendo conquistado um bom número de apreciadores no nosso país.


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F. Cleto e Pina

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Martin Mystère: Três décadas a desvendar os grandes enigmas da humanidade

Em Abril de 1982, a Sergio Bonelli Editore lançava Martin Mystère, seguindo a sua política de bandas desenhadas eminentemente populares (devido ao preço baixo e às temáticas apelativas), na peugada do sucesso de que Tex era o expoente máximo.
Escrito por Alfredo Castelli e, nesse número inicial, desenhado por Giancarlo Alessandrini, Mystère, nascido em Nova Iorque em 1942, é, em simultâneo, professor de cibernética, arqueólogo, aventureiro, escritor e apresentador televisivo.
Cada uma das aventuras deste detective do impossível, evocativas dos grandes romances populares, é pretexto para investigar os grandes mistérios que a história da humanidade – passada e futura… – reserva, das pirâmides aztecas, maias ou egípcias ao Triângulo das Bermudas, dos segredos dos templários a certas crenças africanas, de tradições religiosas (arca de Noé, torre de Babel…) à eventual visita de seres de outros planetas. E se raramente as respostas são absolutas, a sua base histórica, o retrato fiel das épocas em que decorrem e o seu tom de alguma forma culto, reflectem o trabalho de investigação que está na sua origem e que pode surpreender em contraste com o tal tom popular desta BD.
Com Mystére, andam geralmente Java, um homem de Neandertal que descobriu numa das suas investigações, protagonista dos momentos de acção, e a bela Diana Lombard, sua noiva eterna. Juntos, defrontam vezes sem conta os Homens de Negro, uma seita secular encarregada de manter as “versões oficiais” por detrás dos fenómenos que investiga, e Sergeij Orloff, seu antigo companheiro e agora rival.
Adaptado a desenho animado em videojogos no início deste século, Martin Mystère, um dos primeiros heróis de BD a utilizar computador, nunca foi editado em Portugal, embora tenha sido presença regular ao longo dos anos nos quiosques portugueses através das edições brasileiras a da Globo, Record e, mais recentemente, da Mythos.


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F. Cleto e Pina

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Tex Troca o Cavalo Pelo Automóvel?

Aberto ao público até ao próximo dia 13, o Salão Automóvel de Genebra 2011, um dos mais importantes do género, tem como principais novidades diversos modelos eléctricos e com motorizações ecológicas, entre os quais está o Volkswagen Tex, um protótipo da marca alemã dedicado a Tex Willer, o mais antigo western da BD em publicação.
A viatura em questão, uma criação da Italdesign para o maior fabricante europeu de carros, é um coupé que utiliza a tecnologia Blue e-motion e o sistema de direcção Twin Drive, pois é um modelo híbrido que tanto pode funcionar a gasolina (com o seu motor de 1.4 turbo) como a electricidade (com a bateria de 85Kw). Com uma transmissão de sete velocidades sequenciais, atinge a velocidade máxima de 220 km/h, tendo uma autonomia de 35 km quando utiliza apenas o motor eléctrico.
Giorgetto Giugiaro, o estilista que apostou na combinação entre ecologia e desportivismo, afirmou que o Volkswagen Tex “é a nossa interpretação dos carros do futuro, pensados especialmente para a cidade”. E acrescentou: “além dos automóveis, eu e Fabrizio (o patrão da Italdesign), partilhamos outra paixão: o ranger Tex Willer, herói dos quadradinhos italianos. O Volkswagen Tex é uma homenagem aos homens que escreveram e desenharam uma página importante da nossa cultura popular”.
No caso Giovanni Luigi Bonelli (argumento) e Aurelio Gallepini (desenho), que em 1948 imaginaram o ranger, duro e com um sentido de justiça muito próprio, que frequentemente o transforma em juiz e carrasco dos malfeitores que persegue. E que é um caso ímpar de popularidade em Itália, onde chegou a vender mais de um milhão de exemplares mensalmente, estando na base do sucesso da editora Bonelli, que em 2007 encetou a reedição a cores das suas aventuras, com o jornal “La Reppublica” e a revista “L’Espresso”, numa colecção que, prevista para 50 números, já ultrapassou os 200 volumes.
Em Portugal, onde dispõe de muitos fãs, Tex está presente nos quiosques quase ininterruptamente desde a década de 1970, através de edições brasileiras de pequeno formato, que actualmente têm a chancela da Mythos Editora que, mensalmente, disponibiliza diversos títulos de Tex, entre novas histórias e reedições.
Resta saber se, em aventuras futuras, Tex Willer e o seu parceiro Kit Carson vão trocar os fogosos cavalos de sempre pelo novo Volkswagen Tex! Com a certeza de que tanto eles como os seus fãs, terão que esperar até 2018, para verem o carro ser produzido em série, se tal vier a suceder.

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Fartura

“Não há fome que não dê fartura”, diz a sabedoria popular – tão sábia que muitas vezes tem um dito oposto, para ter sempre razão. No caso, aquele aplica-se às revistas Bonelli, que chegam a Portugal, via Brasil, nas edições da Mythos que, depois de alguns meses limitadas aos títulos de Tex, vêem este mês a oferta aumentada com o regresso de “Mágico Vento” e “J. Kendall, aventuras de uma criminóloga” (e em breve “Zagor”), graças à mudança de distribuidora. Neste último, Júlia, a criminóloga de Garden City, criada por Berardi à imagem de Audrey Hepburn, a braços com um potencial assassino que procura a sua atenção, continua incapaz de estabelecer relações a nível pessoal, numa história rica e bem estruturada, de ritmo propositadamente lento, que cruza o mistério da situação policial com as questões quotidianas dos protagonistas. Já Mágico Vento, o feiticeiro branco dos Sioux, desenvolvido por Manfredi, atravessa uma das suas fases mais interessantes, combinando o ritmo arrebatador do western com o misticismo das crenças indígenas e o realismo histórico com um toque de fantástico.
E como a anterior distribuidora se atrasou – ainda vai fazer mais um lançamento, para não haver falhas na continuidade – e a nova se adiantou, há neste momento oito títulos Bonelli nas bancas, entre os quais os “Tex” #422 e #424 e o “Tex Gigante” #17, em que se destaca o soberbo preto e branco de José Ortiz.


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F. Cleto e Pina

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Deleite

Qual a melhor história de Tintin? E de Astérix? Se a resposta já é complicada em séries com duas ou três dezenas de álbuns, imagine-se no caso de Tex, com centenas de histórias ao longo de quase 60 anos. E, não tendo sido muitos os argumentistas, forçosamente muitas delas assemelham-se, raramente fugindo aos estereótipos do western – o que não é, de todo, sinónimo de serem desinteressantes ou mal contadas.
Assim, geralmente, é o desenho que marca a principal diferença e o acaso fez coincidir nas bancas portuguesas duas edições da Mythos com o traço de José Ortiz, de momento um dos melhores desenhadores do ranger. Traço que se distingue pelo dinamismo e expressividade, pelo preto e branco contrastante, pela pormenorização dos cenários selvagens e poeirentos e da figura humana dura e agreste e pela variedade de enquadramentos, com destaque para os grandes planos dos rostos. E se em “Tex #422 – A longa viagem” (primeiro de uma trilogia em que a temática até foge ao convencional, com Tex e Carson envolvidos numa caça ao tesouro) isto já é evidente, a verdade é que é no “Tex Gigante #17 – O grande roubo” – beneficiando do maior formato – que o traço de Ortiz respira mais à vontade, transformando uma típica história de um assalto a um comboio – com uma série de surpresas e coincidências bem urdidas por Nizzi – numa narrativa bem ritmada e que é um deleite para os olhos.


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Nas bancas (IV)

Nas últimas semanas referi o regresso da BD às bancas, por “culpa” das edições brasileiras da Turma da Mônica, Marvel e DC Comics, mas a verdade é que ela nunca as deixou, porque Tex manteve (quase sozinho) a “honra” da 9ª arte, através de uma dezena de títulos da Mythos Editora com as histórias do famoso ranger de camisa amarela, para satisfação dos seus (muitos) fãs.

O que acontece também, este mês, em que há quatro revistas em banca. Em “Tex” #420, que publica as histórias ano e meio após a edição original italiana, Claudio Nizzi e Venturi guiam Tex e Carson pelas florestas do Oregon para desvendar uma conspiração contra lenhadores locais.

Já em “Tex Colecção” #212, que publica as BDs por ordem cronológica, Nicoló ilustra um guião de 1974 de G.L. Bonelli, no qual um violento bando de criminosos procura um eventual tesouro espanhol.

Mais antiga (1971), é a história sobre uma das figuras típicas do Oeste, um caçador de prémios, narrada por Bonelli e Galleppini no “Tex Edição Histórica” #68, grossos volumes com histórias completas, publicadas cronologicamente.

Esta panorâmica do mês “texiano” conclui com “Os Grandes Clássicos de Tex” #4, em que Bonelli e Galep, num estilo bem clássico, de ritmo frenético, contam a primeira parceria de Kit, com o seu pai, Tex, na qual, desmontando uma tentativa de sabotagem da linha ferroviária, quase ofusca aquele que costuma ser o herói principal.


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Tex Willer em Moura

Principal herói Bonelli é destaque da 16ª edição daquele festival de BD alentejano; Fabio Civitelli presente no próximo fim-de-semana; Evento homenageia os gatos da BD e também José Abrantes, Catherine Labey e Susa Monteiro

Tex Willer, o famoso ranger dos quadradinhos italianos, chega hoje a Moura, no Alentejo. Não em busca de um qualquer malfeitor, como é habitual, mas como convidado especial de um festival já na 16ª edição. Em sua companhia, em lugar de Kit Carson, Kit ou Jack Tigre, estarão Fabio Civitelli, um dos seus mais destacados desenhadores da actualidade (ver entrevista) e os seus originais, e José Carlos Pereira Francisco, responsável pelo blog português de Tex (http://texwiller.blog.com), representante em Portugal da Mythos Editora e um dos seus maiores coleccionadores mundiais, que mostrará em Moura dois milhares de itens da sua colecção. E é oportunidade também para conhecer a vaga de novos desenhadores responsáveis pelo cow-boy, entre os quais Corrado Mastantuono, Pasquale Del Vecchio ou Frisenda.

Mas a verdade é que o tema do MouraBD 2007, que decorre no castelo local, é “O Gato”, sendo dada uma panorâmica geral destes felinos na BD e no Cartoon, a par de retrospectivas da obra de José Abrantes, Catherine Labey e Susa Monteiro, que, juntamente com Civitelli, estarão presentes no dia 2 de Junho, véspera de encerramento do evento de cujo programa constam ainda um ciclo de “Cinema e BD” e uma feira do Livro.

Quem é Tex Willer?

F. Cleto e Pina

Tex, que nasceu na revista “Collana del Tex”, a 30 de Setembro de 1948, e é, sem dúvida, o símbolo por excelência do império de quadradinhos populares Bonelli. Os seus criadores foram Giovanni Luigi Bonelli (texto) e Aurélio Galleppini “Galep” (desenho). De seu nome completo Tex Willer, membro dos célebres rangers do Texas, assume, simultaneamente o papel de investigador, justiceiro e até chefe índio, sob o nome de Águia da Noite. Ao seu lado tem quase sempre o seu velho amigo Kit Carson, o índio Jack Tigre e Kit Willer, seu filho. Pondo a justiça e a legalidade – a par da amizade – antes e acima de tudo, não hesita em assumir o papel de juiz e carrasco, quando tal é necessário. Apesar de beber parte da sua inspiração nos grandes westerns cinematográficos, Tex não é um western tradicional, pois muitas vezes são os índios que têm o papel de “bons” e um certo misticismo é presença recorrente nas histórias, entre as habilidades dos feiticeiros índios ou os estranhos poderes de Mefisto, o seu maior inimigo.

Com uma legião de fãs indefectíveis, um pouco por todo o mundo – acaba de chegar à Rússia – Tex é recordista de vendas em Itália, com 230 000 exemplares mensais (só da série regular), e no Brasil (40 000 ex.), onde é publicado pela Mythos Editora, que edita uma dezena de títulos de Tex, entre novas histórias, reedições e edições especiais, que chegam depois a Portugal onde vendem uns invejáveis 3 a 4 mil exemplares por mês.

“Tex é uma personagem que eu sempre amei”, afirma Fabio Civitelli, o desenhador responsável pela edição comemorativa dos 60 anos do herói

F. Cleto e Pina

Chama-se Fabio Civitelli, nasceu a 9 de Abril de 1955, e aos “sete, oito anos apaixonei-me pela BD. Quem mais me prendia era Tex, que continuo a ler até hoje”. Sem formação artística, cultivou “diariamente a paixão pelo desenho e sempre sonhei tornar-me um desenhador profissional”. Nasceria assim o seu traço luminoso, de linhas seguras, limpo de pormenores desnecessários, quase sempre sem tons intermédios entre o preto e o branco, que contrasta equilibradamente.

Mais tarde, “nos anos 70, li com avidez revistas de BD de autor, para tentar assimilar as novas tendências. Graças a Graziano Origa, o meu primeiro mestre, que dirigia um conhecido estúdio de Milão, aos 19 anos comecei a trabalhar em quadradinhos de bolso, eróticos e de terror. Cinco anos depois, em 1979, entrei para a Sergio Bonelli Editore, começando uma belíssima colaboração que prossegue até hoje”. O que não deixa de ser curioso já que acompanhou “muito a BD de autor”, mas o facto de “sempre me ter considerado um autor “popular” condicionou a minha escolha”. E lembra que “o meu ingresso na equipa de Tex foi decidido pelo Sergio Bonelli em pessoa. Senti-me um receoso, porque nunca tinha desenhado um western. Mas Tex é uma personagem que eu sempre amei como leitor e, ao ganhar aos poucos segurança e conhecimento do Velho Oeste, apaixonei-me tanto que não tenho vontade de fazer outro trabalho”.

Em Itália, os fumetti Bonelli vendem-se em quiosques, a preço baixo, graças ao pequeno formato, ao preto e branco e papel simples, o que, a par “das maiores exigências de produtividade e pontualidade nas entregas” faz com que muitos ainda os considerem uma forma menor de BD. Civitelli, que sempre tentou “experimentar e inovar”, considera que essa distinção “decaiu com os anos”, sublinhando que “é por opção editorial que a Bonelli se preocupa em oferecer o seu produto a um público o mais vasto possível, o que só é possível nos quiosques. A BD “de autor” vive nas lojas especializadas, com poucos milhares de leitores. As edições Bonelli contam nos seus quadros com muitos talentos criativos que produzem BD de elevada qualidade, de géneros variados, capazes de contentar todos os leitores, com um custo muito competitivo”.

Relativamente a Tex destaca “o carácter forte, decidido e pouco disposto a acordos, embora menos hoje que em tempos idos”, e tem como objectivo “trabalhar sempre no limite para contentar primeiro o editor e depois as centenas de milhares de leitores exigentes”. 

E confessa-se honrado “por ter sido escolhido para desenhar a história comemorativa dos 60 anos de Tex, como reconhecimento pelos 23 anos que já lhe dediquei, por isso estou a empenhar-me ao máximo”.

Em Moura, Civitelli conta “encontrar muitos leitores aficionados e atentos, aos quais mostrarei com prazer inéditos, incluídas as primeiras 35 pranchas daquela história, e dos quais espero críticas, conselhos e sugestões”.


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F. Cleto e Pina

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Duplo adeus

No espaço de um ano, as bancas portuguesas perderam cinco dos heróis Bonelli que a brasileira Mythos trazia até nós: “Martin Mystère”, “Dylan Dog”, “J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga”, “Mágico Vento” e “Zagor” (estes dois ainda nas bancas em Abril). E, curiosamente, os três últimos foram suspensos por decisão da distribuidora, insatisfeita com as vendas apesar de a editora ter opinião diferente! Fica assim, a oferta de BD em bancas reduzida aos diversos títulos de Tex e a “Conan”, enquanto se (des)espera (pel)a chegada das edições Panini, com a Marvel e a Turma da Mônica à cabeça.

“Mágico Vento” destacou-se desde a sua criação, em 1997, por Gianfranco Manfredi, como um western diferente, não só pela forma aprofundada como são desenvolvidas as personagens, mas também pelo seu lado místico (o protagonista, Ned Ellis, apesar de branco e parcialmente amnésico, é um feiticeiro com estranhos poderes) e pela combinação equilibrada entre ficção e realidade (são vários os seres de carne e osso – Custer, Calamity Jane, etc., que cruzam o caminho do herói). O seu interesse deve-se igualmente ao facto de se tratar de uma saga, em que cada história auto-conclusiva contribui, primeiro, para Ned descobrir o pai no seu maior inimigo, e, depois, no avanço para desvendar os responsáveis por uma grande conspiração, que para nós, portugueses, agora, continuarão desconhecidos…


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F. Cleto e Pina

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Tex clássico

Com o fim das edições da Devir e o cancelamento de quase todos os títulos Disney, a BD nas bancas – em tempos o local por excelência da sua venda – está limitada ás edições Bonelli, que nos chegam pela brasileira Mythos Editora, e que actualmente são apenas três westerns, embora de características bem diferentes: Zagor, Mágico Vento (a que prometo voltar em breve) e o incontornável Tex.

Caso invulgar de longevidade (quase 60 anos de publicação ininterrupta), figura de quase culto para muitos, às oito colecções já existentes, vê agora somar-se mais uma: “Os grandes Clássicos de Tex”, cujo primeiro número está já distribuído entre nós. Destinada a recordar os momentos marcantes do percurso do ranger, esta colecção abre com o seu breve e invulgar casamento. Invulgar porque, ao contrário do habitual em muitas séries clássicas da BD, não surgiu após um namoro que parecia eterno, antes como fruto das circunstâncias (ou casava ou morria no poste das torturas…!), e breve, porque os autores rapidamente perceberam que Tex não era o tipo de herói que trabalha das 9 às 6 e volta a casa para jantar, e mataram a bela Lilith…

Para além da curiosidade, esta história, que começa com a investigação de um tráfico de armas, é um documento que mostra as origens daquele que é um verdadeiro ícone para muitos leitores, aqui pela mão dos seus criadores Giovanni Luigi Bonelli e Galep.


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F. Cleto e Pina

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