Sabe a origem de termos como gibi, fumetti, tebeo ou mosquito? Sabe que são todos sinónimos e foram ou são utilizados para designar a banda desenhada em diversos países? E tem ideia de há quantos anos esta expressão – banda desenhada – é usada em Portugal? E quando terá sido publicado o primeiro álbum de BD? Ou imagina que a primeira bedeteca (biblioteca especializada em banda desenhada) portuguesa, foi criada no Porto?
Estas e outras dúvidas e/ou curiosidades podem agora ser esclarecidas ou descobertas no “Dicionário Universal da Banda Desenhada – Pequeno Léxico Disléxico”, um livro com duas centenas de páginas que acaba de ser lançado pela Pedranocharco.
O seu autor é Leonardo de Sá, formado em Arquitectura pela École d’Architecture de Grenoble, em França, e um dos maiores especialistas europeus em histórias aos quadradinhos, responsável por diversas obras e exposições, em Portugal e no estrangeiro. Parcialmente pré-publicado no BDJornal, uma publicação semestral dedicada à BD, este “glossário enciclopédico”, nas palavras do seu autor, “comporta várias centenas de termos internacionais comentados e, quando relevante, colocados no seu contexto histórico”. Por isso, se esta não é uma obra sobre autores ou heróis, muitos deles acabam por ser citados, como momentos marcantes da História das histórias aos quadradinhos. Ou “em quadradinhos”, “variante usada também no Norte do país”.
E se, como se lê no prefácio, “esta não é, obviamente, uma obra destinada a leitura corrida”, a verdade é que a forma descontraída e até bastante bem-humorada – sem que isso signifique menos rigorosa – como está escrita, transforma qualquer consulta pontual num bem mais longo exercício de leitura, pela forma prática como estão interligadas as 378 entradas, de “A4” até “zine”, nele incluídas.
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Algumas entradas
Alfarrabista – Indivíduo que vende livros, revistas e demais papelada em segunda mão (…) Nos últimos anos, cada vez mais, alguns alfarrabistas se tomam por antiquários, com preços a condizer (…)
Coleccionador – Um tarado relativamente inofensivo cuja compulsiva obsessão se concentra na acumulação de objectos da mesma natureza (…)
Crítico – Em teoria, é um indivíduo capaz de julgar e explanar as qualidades e os méritos em obras literárias ou artísticas (…) Por extensão, e com alguma contradição, a palavra ‘crítico’ define também aquele que, de forma precipitada, emite julgamentos triviais ou exagerados.
Dirty comics – Desde as primeiras décadas do século XX, surgiram clandestinas e libidinosas paródias amadoras (…) que representavam “proezas íntimas” e geralmente heterossexuais de heróis de papel como Popeye ou Flash Gordon (…)
Faneditor – Aquele que publica fanzines.
Filactério – Forma erudita de designar um balão (de texto numa BD).
Fotocópia – Designa modernamente o produto de uma máquina apropriada (fotocopiadora) que fabrica “cópias instantâneas” a seco e em papel normal, a partir de originais planos, sem necessidade de negativos e em poucos segundos (com um bocado de sorte…), através de um processo electrostático desenvolvido por Chester F. Carlson em 1938.
Mosquito – Termo antigamente empregue para designar em Portugal qualquer revista de histórias aos quadradinhos (…)
Narração figurativa – Nomenclatura académica para referir as histórias por imagens.
Nona Arte – Classificação algo lunática e francesa para a banda desenhada (…)
Onomatopeia – Transcrição fonética de ruídos reais ou imaginários. Constituem a banda sonora de uma banda desenhada, mas são visuais e não audíveis.
Escrito Por
F. Cleto e Pina
Publicação
Jornal de Notícias