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Exposição com inéditos homenageia Artur Correia em Moura

“O Humor de Artur Correia” é o título da exposição com que a  Câmara Municipal de Moura homenageia um dos principais nomes portugueses do cinema de animação e da banda desenhada humorística.

Artur Correia faleceu a 1 de Março último, mas esta “exposição/homenagem já estava programada bem antes disso”, revelou ao Jornal de Notícias Carlos Rico, um dos responsáveis pela iniciativa.

A mostra, inaugurada hoje, domingo, às 15 horas, está inserida na 38.ª edição da Feira do Livro de Moura e, “mais do que debruçar-se sobre o conjunto da obra de Artur Correia”, baseia-se essencialmente “em material poucas vezes ou nunca antes exposto em público”. Entre ele, “contam-se projectos não concluídos, como por exemplo a “História do Bairro Alto” – onde o autor nasceu – ou a “História de Sesimbra” – da qual apenas terminou cinco magníficas pranchas”.

Do autor de “Super-heróis da História de Portugal” ou de “O Romance da Raposa”, estarão também disponíveis “esboços, ilustrações, argumentos, guiões, storyboards, jogos, revistas, capas de discos e filmes de animação”. Serão também mostrados “trabalhos muito pessoais, como cartões de Parabéns e de Boas Festas que o autor oferecia regularmente ao filho. Trata-se de autênticas obras de arte, personalizadas com temas específicos ou assuntos familiares e, na maior parte das vezes, com construções de armar dentro do cartão”.

Patentes até 26 de Abril estarão igualmente “testemunhos escritos e desenhados de colegas e amigos”. Alguns deles estarão presentes na sessão de homenagem, agendada para dia 21 de Abril, às 16h30, que contará com a presença da viúva, do filho e da nora de Artur Correia, na qual será apresentado o décimo número dos Cadernos Moura BD, com duas bandas desenhadas inéditas: “Donzela que vai à Guerra” e “A Nau Catrineta”.


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F. Cleto e Pina

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“Sinto-me uma criança a contar histórias a outras crianças!”

Diz Artur Correia, autor do “Romance da Raposa” em BD

Chama-se Artur Correia, nasceu em Lisboa a 20 de Abril de 1932, tem uma vida dedicada à BD e ao cinema de animação e o pretexto para a conversa foi o lançamento recente do “Romance da Raposa”, baseado na obra de Aquilino Ribeiro.

Iniciou a carreira “aos 14 anos, no “Papagaio”, após o curso na Machado de Castro”, mas desde “os sete que copiava tudo o que era bonecada, influenciado pelo “Mosquito” que era mentor e substituía o cinema, enquanto influenciador da nossa fantasia”. No site que o filho lhe dedicou evoca que “na altura recebia 7$50 por ilustração e 20 escudos por página ou capa” e confessa que era um dos que “alargava os desenhos das histórias do Tim-Tim” (era assim que então se escrevia), “transformando uma prancha única numa dupla, para ocupar a página central”!
Autodidacta, com formação “baseada apenas no gosto pelo desenho, feita no contacto com mestres da BD e ilustradores”, conseguiu através da banda desenhada – “de que outra maneira poderia comunicar?” – suprir a necessidade de transmitir “pensamentos, humores, alegria, etc.”. A opção pelo traço humorístico e pelo tom infanto-juvenil surgiu da sua preferência por obras nesse estilo “com que alimentava aquela parte de criança que vive em nós”! É com ele que chega melhor às crianças, que adora, e revela que ao criar BD se sente “como uma criança a contar histórias a outras crianças”! O que fez no “Camarada”, “Cavaleiro Andante”, “Fagulha” ou “Pisca-Pisca”, em histórias como “As Aventuras de Dom João e Cebolinha”, “O Neto de Robin dos Bosques” ou “Madrepérola em vaso”. Ou, mais recentemente, nos álbuns “História Alegre de Portugal” ou “Super-Heróis da História de Portugal”.
Com uma passagem de quase 30 anos (1965-1994) pelo desenho animado, com estúdio próprio, o Topefilme, que foi forçado a fechar “por falta de encomendas”, reconhece que a animação o “influenciou enormemente na forma de fazer BD”, pois nela descobriu “as linhas de força” “plongés”, multiplanos, etc.”!
Aliás, o recém-editado livro – formato escolhido pela Bertrand Editora de que gosta, considerando que “os desenhos não perderam” – “Romance da Raposa”, tem origem na série de 13 filmes que realizou no final da década de 90, a partir do romance de Aquilino Ribeiro, e as personagens agora desenhadas “baseiam-se nas que foram criadas para o desenho animado” por si e por Ricardo Neto. É “uma obra fresquinha”, diz, cujas mais de 200 páginas lhe tomaram “um ano de trabalho gostoso, em que lutou afincadamente para a execução dessa obra de mestre Aquilino”.
Apontando a falta de revistas “que revelaram tantos autores e onde outros encontravam resposta ao seu talento”, como a principal razão para os tempos difíceis que a BD vive em Portugal, mantém “o amor por esta arte” e aponta como seu lema “terminar uma obra e começar outra, mesmo que não tenha encomenda!”. Por isso, trabalha já numa adaptação de “Shakespeare naquilo que ele tem de menos trágico”. E a finalizar, dos 70 anos de desenho que soma, guarda, para “além da coluna vertebral torcida”, como “melhor privilégio e compensação, a atenção tantas vezes dedicada” ao seu trabalho.


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F. Cleto e Pina

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David B., Prado, Max e Rubín encabeçam programa aliciante

III Festival de BD de Beja começa hoje; Muitos autores portugueses também no programa

Tem início hoje o III Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja que, até dia 20 de Maio, propõe dezena e meia de exposições distribuídas por vários locais do centro histórico da cidade: Casa da Cultura (que alberga a Bedeteca de Beja), Conservatório Regional do Baixo Alentejo, Galeria do Desassossego, Museu Jorge Vieira – Casa das Artes, Museu Regional de Beja, Núcleo Visigótico – Igreja de Santo Amaro e Pousada de S. Francisco.

Considerado por muitos o segundo mais importante evento dedicado à BD do nosso país (a seguir ao Festival da Amadora) pelo bom gosto e cuidado posto na apresentação das exposições, quase todas elas apresentadas pela primeira vez entre nós, pela descoberta e divulgação de propostas aos quadradinhos inovadoras, e pelo ambiente acolhedor com que recebe os seus visitantes, a terceira edição do evento promete continuar a subir a fasquia com uma programação diversificada e a presença de alguns nomes que, embora se movam em meios de alguma forma marginais, devem merecer a atenção de quem gosta de banda desenhada e não só.

Assim, entre os 40 autores com originais expostos no certame, o principal destaque vai para David B. membro fundador de L’Association e autor de obras de cariz autobiográfico e grafismo expressivo, sendo importante referir também os espanhóis David Rubín (recém-premiado no Salão de Barcelona) e Max ou o alemão Ulf. K. Os seus originais estarão expostos, bem como os de muitos autores portugueses, que continuam a ser o prato forte do salão, dos veteranos Jorge Magalhães, Augusto Trigo e Artur Correia, aos autores a despontar, como as “mangakas” (autoras de manga) Gisela Martins e Sara Ferreira, ou os integrantes do atelier Toupeira, que funciona todo o ano e serviu, de alguima forma, de génese do festival, passando por valores firmes como André Lemos, Maria João Worm, Pedro Rocha Nogueira ou Alice Geirinhas.

Das retantes propostas, a par das inevitáveis sessões de autógrafos, workshops, apresentação de projectos editoriais, feira do livro e cinema de animação, há que destacar, diariamente, os jantares de fazer crescer água na boca, com ementas típicas propostas pelos autores que o festival convidou, juntando assim, à fruição visual e intelectual que a banda desenhada proporciona, em originais ou edições impressas, os prazeres da boa mesa.


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F. Cleto e Pina

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