Etiqueta: Fernando Relvas

A internacionalização do Coimbra BD

Decorre de hoje e até domingo, na Casa da Cultura, a terceira edição do Coimbra BD, pela primeira vez com convidados estrangeiros, o italiano Walter Venturi, desenhador de Tex e Zagor, e o sérvio R. M. Guéra, de “Os Malditos”, a lançar durante o evento, tal como “Dragomante”, de Filipe Faria e Manuel Morgado, e “Man Plus”, de André Araújo.

Todos eles contam com exposições individuais, a que se juntam a “Homenagem a Fernando Relvas”, recentemente falecido, e “70 Anos de Tex: A colecção de José Carlos Francisco”, e ainda a projecção de diversas curtas-metragens da selecção oficial do MOTELX.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

Novo álbum de Fernando Relvas nos 50 anos da revista Tintin

A Bedeteca da Amadora, integrada na Biblioteca Fernando Piteira Santos, inaugura hoje, às 17 horas, a exposição “Revista Tintin, 50 anos”.
Na mesma altura será apresentado o livro “O Espião Acácio”, que reedita integralmente a banda desenhada com que Fernando Relvas, recentemente falecido, se estreou na revista, em 1978. Crónica humorística da Primeira Grande Guerra, inspirada pela leitura da “Ilustração Portuguesa”, “O Espião Acácio” conta mais de 100 páginas de traço vivo e humor desconcertante e é uma das obras marcantes do percurso de um dos mais importantes autores nacionais de BD.
Lançada a 1 de Junho de 1968, a revista “Tintin” terminou a 2 de Outubro de 1982, tendo marcado o imaginário de várias gerações de leitores.


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

“Sou um contador de histórias”

Palavras de Fernando Relvas, nome grande da BD portuguesa, a residir na Croácia; Autor auto-editou recentemente diversos títulos pelo sistema “print on demand”; São crónicas de viagem em que combina texto, desenho e fotografia

O nome próprio é Fernando, mas foi pelo sobrenome de Relvas que se tornou conhecido, como um dos mais notórios autores de BD nacionais. A partir de 1978 na revista Tintin, com “L123”, “Cevadilha Speed” ou “O Espião Acácio”, depois no semanário “Se7e”, onde se perderam (para a posteridade) obras marcantes para uma geração como “Concerto para Oito Infantes e um Bastardo”, “Nunca Beijes a Sombra do Teu Destino” ou “Karlos Starkiller”, crónicas urbanas de uma certa marginalidade, feitas de acção transbordante e humor desconcertante, quase sempre na Lisboa onde nasceu em 1954. Nos anos 90, o encontro (finalmente) com os álbuns, revelaram um autor em busca das histórias paralelas da nossa História, que não encontraram o seu público.
Há três semanas, Relvas regressou aos jornais, de forma efémera, com uma prancha no semanário gratuíto “Mundo Universitário”, no espaço coordenado há dois anos por Geraldes Lino, que o foi desinquietar na Croácia natal da sua mulher, onde reside “porque a certa altura se tornou óbvio que não estávamos a fazer nada em Portugal”. E sem rumo certo, como muitos dos heróis de papel que criou, “assim que surgir uma boa oportunidade, partiremos”. Porque, “como aí, os editores também são timoratos e com pouca imaginação e arrastam-se em promessas sem concretização”, o que o fez procurar alternativas, que encontrou “num artigo do “The Guardian”, sobre o site lulu.com” e o sistema “print on demand” (POD) (ver caixa). “Não me pareceu que perdesse algo em experimentar. O sistema é prático, a impressão boa, o prazo de pagamento rigorosamente respeitado”. Mas, “para o tornar rentável é preciso investir na promoção…” Por isso está ainda “em fase experimental”, não excluindo a hipótese “da edição clássica, que o POD, uma ferramenta útil, não substitui”. Assim, no lulu.com, entre milhares de propostas, estão as mais recentes experiências narrativas (ver caixa) do “contador de histórias que sou. Se é a banda desenhada que me permite fazê-lo melhor, então serei autor de banda desenhada”. Mas “não tem sido o caso nos últimos anos, pois cansei-me de desenhar e só encontrei sossego quando comecei a escrever mais e a desenhar menos”.
Banda desenhada (será?) onde tem “misturado tudo” – texto, desenho em computador, fotografia… – “como em Costa” ou na página do “Mundo Universitário”.
Estas obras, bem como as experiências que vai partilhando no seu blog (http://hardline-approach.blogspot.com)“, surpreendentemente são todas em inglês, “o que não foi fácil, porque gosto de escrever em português. Mas colocar publicações on-line só para leitores de língua portuguesa numa pareceu-me fraca iniciativa”. Depois, “comecei a achar graça à língua inglesa”, embora não ponha de parte o regresso à língua materna “se a procura o justificar ou surgir uma proposta séria dum editor português”, até porque “é uma língua que eu conheço bem!”.
Os seus projectos são “continuar a contar histórias, só não garanto que em BD. A experiência no Lulu reaproximou-me do desenho, mas tenho ali uns ficheiros de Word que me chamam com insistência…”

[Caixa 1]
Os novos títulos
Fernando Relvas tem disponível no lulu.com cinco títulos, aqui resumidos pelo autor:

“O Urso vai a Espanha”
Acabada de escrever em 2005, é a minha primeira novela. Inspirei-me no ambiente de uma BD feita cinco anos antes. No centro da história, que tem os mesmos elementos de movimento e rapidez duma BD, um simples mas estranho mistério que envolve um frete marítimo. É para ser lida entre dois pontos de uma viagem e é uma mistura de argumento de BD com crónica de viagem.

“Costa”, 1 e 2
Histórias curtas, relatos das viagens, aventuras e trabalhos de Costa, um marinheiro reformado que se entrega aos excitantes prazeres da cozinha, da pintura e do desenho, e dos encontros com misteriosas mulheres.

“Palmyra”
Segunda versão duma história concebida para ser publicada em Portugal em 2000, a sua acção passa-se em Lisboa, junto ao Tejo, algures entre um passado próximo e um vago futuro. Nela uma bióloga, Jau, é perseguida ao recusar-se colaborar num projecto sobre peixes transgénicos.

“Ink flow”
Histórias com poucas palavras e muita tinta, feitas sem esboços preparatórios, para ler com o texto em fundo, enquanto se acompanha o fluir da tinta.

[Caixa 2]
Print on demand
O sistema “print on demand” (POD) apresenta, à partida, dois atractivos: não implica investimento inicial e não gera stocks. O POD assenta num princípio simples: o autor entrega ao site a obra acabada (BD, livro, CD, DVD, etc.) em formato digital, e este coloca-a disponível para ser encomendada on-line, só imprimindo cada exemplar à medida que vai recebendo encomendas. O preço de custo tem por base o custo de fabrico do produto, ao qual o autor acrescenta a margem que desejar, sendo que o site fica com uma percentagem da mesma (entre os 10 % e os 25 %). Uma vez colocada a encomenda, o produto é fabricado, devidamente acondicionado e expedido para casa do comprador, que o recebe até três semanas depois.
Principal senão: toda e qualquer promoção fica a cargo do autor, que, no entanto, em qualquer momento pode retirar a obra do site ou introduzir as alterações ou correcções que ache necessárias, bem como consultar o número de exemplares já vendidos.


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F. Cleto e Pina

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