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Kingpin Books: Colheita Criativa de 2024

Punhal

No próximo sábado a Kingpin Books regressa ao Porto com uma exposição tripla.

Na Bedeteca e na Galeria de Ilustração e BD Mundo Fantasma teremos exposições das três obras editadas em 2024 pela editora.

E, a acompanhar as mostras, teremos os autores – André Caetano, Mário Freitas, Nuno Duarte e Osvaldo Medina – em sessões de autógrafos.

EXPOSIÇÕES NA GALERIA DE BD E ILUSTRAÇÃO MUNDO FANTASMA

O Punhal

Ao longo de quatro épocas diferentes, Nuno Duarte imagina um objecto misterioso que entrelaça destinos e revela segredos profundos. Um amor fatídico e uma mente fragmentada, em 1916; a tensão opressiva de uma cela da PIDE, em 1974; um casal à beira do colapso emocional, durante o caos de 2001; um futuro onde a humanidade e a identidade são questionadas, em 2222. Ilustradas por 4 nomes grandes da BD nacional (João Lemos, Osvaldo Medina, Rita Alfaiate e André Caetano), cada história tece fios de dor, desespero e desejo, orbitando em torno do mesmo punhal, cujos ecos atravessam o tempo. Mas será o punhal símbolo de destruição? De libertação? Ou algo muito mais profundo, ligado à essência humana e aos nossos destinos mais sombrios?

Fojo

Um frio cortante, impiedoso. A neve abate-se sobre uma aldeia quase isolada na montanha. Irrequietos, os lobos uivam, adivinhando um passado sombrio que regressa para tormento dos locais, mergulhados em crendices da época, algures entre as duas Grandes Guerras. A morte anda à solta, revolve segredos e atrai todos para o fojo: os lobos, o misterioso assassino e os próprios aldeões. Quem sobreviverá no fim à ancestral armadilha? Um relato cru do quotidiano de uma aldeia de outrora, assaltada no seu falso sossego pelos recantos mais negros que só o ser humano é capaz de destapar. Na sequência dos dois volumes de “Kong the King”, Osvaldo Medina regressa a solo, desta feita numa história com diálogos, uma estreia para o premiado autor.

EXPOSIÇÃO NA BEDETECA

O Homem que sonhou o Impossível

O argumentista Mário Freitas presta a sua homenagem ficcionada a Jack Kirby, o maior criador de sempre dos super-heróis americanos. Ilustrada pelo brasileiro Lucas Pereira, a história apresenta-nos Jack King, o mais velho do lar. Um prodígio de imaginação, sempre a contar histórias fascinantes, mas agora acometido de cansaço extremo e perda de memória e motivação. Até que chega Mike, um auxiliar jovem e dinâmico que vai ajudar a recuperar o espírito de Jack e a sua estimada biblioteca; entretanto votada à desarrumação e ao quase abandono, a que não será decerto alheia a sinistra peçonha que se esconde nas suas estantes… Um sentido tributo a Kirby, e a outros que sofreram os mesmos entraves criativos e editoriais ao longo das suas carreiras.

Inauguração Sábado, 18 de Janeiro, às 16h00.

Kingpin Books: Colheita Criativa de 2024

Uma exposição tripla com BD de

André Caetano; João Lemos; Lucas Pereira; Osvaldo Medina e Rita Alfaiate, desenhos.

E Mário M. de Freitas e Nuno Duarte, argumentos.

Super-heróis recriam Peter Pan pelo lápis de João Lemos

Autor português assina nova série que recria contos tradicionais infantis protagonizados por heróis Marvel; Nuno Plati e Ricardo Tércio também participam no projecto; Livro deverá chegar a Portugal no final do mês

É lançado hoje nos Estados Unidos o primeiro número de “Avengers Fairy Tales”, um projecto que cruza contos tradicionais infantis e super-heróis do universo Marvel. Este número inicial, que revisita o Peter Pan de J.M. Barrie, tem o Capitão América no lugar do herói tradicional, Thor e o Homem-de-Ferro como dois dos Meninos perdidos, a Vespa como a fada Sininho, e é desenhado pelo português João Lemos. Há semanas, C. B. Cebulski, argumentista e editor da casa das Ideias, apresentava-o “como um livro único, dos mais belos que a Marvel tem lançado”.
Ao JN, João Lemos, nascido em 1977, com formação em Animação e BD, conta que esta aventura começou “em 2005, quando encontrei, por acaso, Joe Quesada, director da Marvel, no Festival de BD de Angoulême, e lhe entreguei o meu portfolio”, para ter “umas dicas dele enquanto desenhador”. Depois, “num suspeito 1 de Abril, recebo um mail do Cebulski a perguntar-me se estaria interessado em trabalhar com ele”. Admitindo influências de “Jeffrey Jones, Claire Wendling (que assina a capa), Mike Mignola, Hugo Pratt, Kent Williams ou Jon J. Muth, entre tantos outros”, percebeu que o seu traço “não se enquadrava na actual tendência da Marvel, pelo que começámos a trabalhar em “Shiki”, uma série de fantasia e tom ecológico, para a Image Comics. Só com o aparecimento da linha fairy-tales é surgiu o convite para a Marvel”.
Não adiantando muito da história – o vilão que encarna o Capitão Gancho foi mantido em segredo até hoje – avisa os fãs de Peter Pan que os “Avengers Fairy Tales” partem de “premissas com qualquer coisa de herético, pelo que deverão avançar com a noção de que não é nem uma adaptação rigorosa nem mais uma visita ao universo Marvel, apesar de piscar os olhos a ambos”. Mas acrescenta que enquanto “fã da peça e do romance originais (mais densos que a adaptação Disney), dei por mim a desenhar como que citações ao longo da história”. Esta, foi trabalhada de “um modo bastante orgânico, numa relação de ping-pong que preveniu grande parte das eventuais correcções, pois todas as partes estavam, mais do que a par dos avanços dos outros, envolvidos nos mesmos desde o início”.
Responsável pelo desenho a lápis e pela arte-final, Lemos, embora conhecedor que “Cebulski deposita uma esperança imensa na reacção do público”, sabe “que vai haver bastantes gregos a odiar o resultado”, restando saber “quantos troianos lhe mostram os dentes”.
Se o projecto – sem perspectiva de edição em Portugal – foi financeiramente compensador, “a título artístico foi uma experiência única”, sendo o “desenhar um comic um sonho concretizado”. Agora, vai “retomar a produção de “Shiki”, a par de uma série de outros projectos”.
E olhando para a actual “invasão” do mercado de comics pelos autores portugueses (ver caixa), realça que “ao passarmos de zero para meia-dúzia, damos por nós não só a saber que é possível lá chegar como também a constatar o facto de que não estamos forçosamente perante um momento pontual e aberrante”, sendo antes o reconhecimento de que “há talento extraordinário em Portugal”.

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Outros autores portugueses a trabalhar para os EUA

Dos contos de fadas ao Fantasma

Nuno “Plati” “finalizava a última prancha” de “Avengers Fairy Tales #2”, baseado em Pinóquio, anunciado para 9 de Abril, quando o JN o contactou. O quarto e último volume da série, em Junho, inspirado em “O Feiticeiro de Oz”, terá a assinatura de Ricardo Tércio, facto ainda ignorado pelos fóruns especializados norte-americanos.
Os dois têm em fase embrionária outros projectos com Cebulski, para a Image, tal como Ricardo Venâncio, que já desenhou “seis pranchas de “No Quarter”, uma BD de ficção-científica passada numa base lunar, nas horas que antecedem um grande confronto”.
De Miguel Montenegro, já “veterano” no mercado norte-americano, estreia este mês “Army of Darkness/Xena”, “da Dynamite Entertainment, uma mini-série em quatro números que estou a finalizar” e, em Abril, “termina “Red Prophet”, na Marvel”.
Eliseu Gouveia, aliás “Zeu”, também com um currículo apreciável, entregou “a capa de “The Phantom” #20”, o clássico Fantasma criado em 1936 por Lee Falk e Ray Moore, “a distribuir pela Moonstone Books em Julho”, para além de ter “em curso diversos projectos para o mercado indie”.

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Em Portugal no fim do mês

“Avengers Fairy Tales #1” chegará às lojas portuguesas especializadas em BD no fim do mês. Em Lisboa, na BDMania – onde João Lemos já trabalhou – “quem pré-encomendar o comic até dia 22, recebê-lo-à autografado”, diz Pedro Silva, que revela ter já “70 exemplares reservados”.
A Kingpin of Comics, de Mário Freitas, encomendou “20 exemplares, tal como do “Spider-Man Fairy Tales #1”, de Tércio”. Também na capital, a Mongorhead Comics, “reservou 50 exemplares”, informa Tiago Sério, que não exclui uma futura sessão promocional, uma vez que “há autores nacionais envolvidos”.
Na Dr. Kartoon, em Coimbra, onde a principal aposta é a BD franco-belga, João Lameiras adianta que quando sair a série encadernada, pensa organizar uma sessão de autógrafos com “os portugueses que trabalharam em “Avengers Fairy Tales”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Português Desenha Biografia de Angelina Jolie

Têm sido recorrentes notícias sobre bandas desenhadas de autores nacionais publicadas no estrangeiro, que suplantam e abafam as que dizem respeito às edições cá. 2011 promete ser diferente: alguns desses projectos terão dimensão e visibilidade nunca atingidas.

Cronologicamente, a primeira – e, possivelmente, a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 – será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre. Estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions.

A 2 de Fevereiro, será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, mini-série de quatro números que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto, o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.

Consolidação autoral

Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves desenha o seu primeiro comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos volta a Wolverine, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.

Quanto ao terceiro projecto citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD com o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Canvia. Esta mesma dupla deverá regressar em Março, com “Apocalipse”, para enfrentar o fim dos tempos, como descrito na Bíblia.

Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em Português – “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010) -, verão os segundos tomos editados no próximo ano.

Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhado por Osvaldo Medina, que recupera, anos mais tarde, as personagens de “C.A.O.S.”. Quanto a “O baile”, é uma história de Nuno Duarte (das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) passada em 1967 e protagonizada por um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país, estando o desenho a cargo de Joana Afonso. Finalmente, “O Pequeno Deus Cego” é uma narrativa alegórica de David Soares, negra, violenta e poética, desenhada por Pedro Serpa.

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Super-heróis invadem contos infantis

Personagens Marvel protagonizam histórias clássicas para crianças; Segundo número de “Avengers Fairy Tales” posto à venda esta semana nos EUA; João Lemos, Nuno ‘Plati’ Alves e Ricardo Tércio desenharam três dos quatro volumes da série

Com o primeiro número recém-chegado às livrarias portuguesas especializadas em banda desenhada, é distribuído na próxima quarta-feira no mercado norte-americano o segundo dos quatro fascículos previstos para “Avengers Fairy Tales”.
Projecto do conceituado argumentista e editor da Marvel, Chester B. Cebulski, tem como ponto de partida conhecidos contos infantis – Peter Pan, Pinóquio, Alice no País das Maravilhas, O feiticeiro de Oz – recontados com os protagonistas substituídos por alguns super-heróis da Marvel. Foi assim que, no primeiro tomo, o Capitão América assumiu o papel de Peter Pan, Thor e o Homem de Ferro foram dois dos Meninos Perdidos e a Vespa fez de fada Sininho. Agora, no segundo, Gepeto e o seu boneco de madeira darão lugar ao gigante inventor Hank Pym e ao Visão, um robot por ele construído que quer ser como os outros meninos, o que se torna possível graças à Fada Azul, agora colorida de (Feiticeira) Escarlate! Nos dois volumes finais, previstos para Maio e Junho, Cassie Lang (Stature), a filha do segundo Homem-Formiga, que pode encolher e aumentar de tamanho e tem poderes telepáticos, dará corpo à curiosa Alice e Mercúrio ao Coelho Branco, enquanto que na versão de O Feiticeiro de Oz o papel que Judy Garland interpretou no cinema é agora da Mulher Hulk, acompanhada por um Homem (de Lata) de Ferro!
Uma das particularidades do projecto é que três dos números são desenhados por autores portugueses – João Lemos (#1), Nuno ‘Plati’ Alves (#2) e Ricardo Tércio (#4) – tendo o restante sido entregue ao canadiano Takeshi Miyazawa. Tércio participara já, no ano passado, num outro projecto similar de Cebulski, os “Spider-Man Fairy Tales, no qual o Homem-Aranha encarnava o Capuchinho Vermelho.
Curiosamente, os desenhadores lusos foram escolhidos por um daqueles acasos que normalmente só acontecem… nos contos de fadas ou nas histórias de super-heróis! João Lemos, contou ao JN como tudo se passou: “Encontrei, por acaso, o Joe Quesada, director da Marvel Comics, no festival de BD de Angoulême, em 2005, e dei-lhe uma cópia do meu portfolio, esperando vir a ter umas dicas dele enquanto desenhador. Meses depois, num suspeito 1 de Abril, recebo um mail do C.B. Cebulski a perguntar-me se estaria interessado em desenhar para a Marvel. Mais tarde, com o aparecimento dos Fairy Tales o convite foi concretizado”.
E com bons resultados, pois Cebulski referiu-se a “Avengers Fairy Tales #1”, desenhado por João Lemos, como “um livro único, dos mais belos que a Marvel tem lançado”, e, nalguns sites especializados, críticas bastante entusiastas classificavam-no entre 7 e 9 numa escala de 10.

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Marvel Comics

Também conhecida como “Casa das Ideias”, a Marvel Comics é uma das duas grandes editoras de BD nos Estados Unidos (a outra é a DC Comics, de Batman e Superman).
Fundada nos anos 30, por Martin Goodman, sob a designação Timely Comics, editou a primeira revista de super-heróis, exactamente “Marvel Comics”, em 1939, lançando o Tocha Humana e Namor e, na década seguinte, o Capitão América.
Seria, no entanto, só nos anos 60, que Stan Lee, um dos grandes génios dos quadradinhos, daria o impulso que a viria a transformar no colosso que é hoje, ao criar super-heróis com problemas bem humanos, como o Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, X-Men e muitos outros, que saltaram, com igual sucesso, do papel para outras realidades, como a TV e o cinema.

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Desenhar para fora

Durante décadas, a BD nacional acomodou-se ao facto de Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005), primeiro em França, depois em Itália, ser o único autor português a trabalhar – e com justo reconhecimento – no estrangeiro. Em 1995, a ascensão de Joe Madureira, um luso-americano de segunda geração, a desenhador principal dos X-Men, foi outra excepção.
Nos últimos anos, com os avanços possibilitados pelas novas tecnologias, especialmente ao nível da comunicação e do envio de imagens, tornou-se mais fácil trabalhar “lá para fora, cá de dentro”. Actualmente, no mercado norte-americano, para além de Lemos, Alves e Tércio, podemos encontrar Eliseu ‘Zeu’ Gouveia, Miguel Montenegro ou Ricardo Venâncio.
E, Rui Lacas, após uma visita a Angoulême, conseguiu um contrato para editar “Obrigada, patrão” na suiça Pacquet, antes da versão nacional da ASA.

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Outras versões aos quadradinhos

Se os contos infantis clássicos, foram inúmeras vezes revisitados em versões aos quadradinhos, mais ou menos conseguidas, mais ou menos fiéis aos originais, há a destacar dois casos, ambos editados em português, pela forma original e diversa como os abordaram.
O primeiro é “Pinóquia” (Meribérica/Líber, 1997), de Gibrat e Leroi, uma versão erotizada do clássico de Carlo Collodi. O segundo, é o “Peter Pan” (dois tomos Livraria Bertrand, 1993-94; dois tomos Booktree, 2002), que Régis Loisel recriou magistralmente como um menino de rua da época vitoriana, combinando o lado onírico da narrativa de J. M. Barrie, com uma violência cruel incontida, que o torna incontornável.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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