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António Alfacinha chega a Portugal

Português da Turma da Mônica na capa da revista “Cebolinha #7”, agora nas bancas; A sua introdução reflecte a aproximação das criações de Maurício de Sousa à realidade do Brasil

Está já a chegar às bancas portuguesas a revista “Cebolinha” #7 (nova numeração iniciada em Janeiro de 2007, quando as revistas da Turma da Mônica passaram a ser distribuídas pela Panini), na qual faz a sua estreia António Alfacinha, o “miúdo luso” que Maurício de Sousa introduziu há pouco mais de meio ano. As revistas da Turma da Mônica, após alguns meses de ausência voltaram a ser distribuídas no nosso país em Julho último, com cerca de uma dezena de títulos mensais, para além de edições especiais como “Lostinho – perdidinhos nos quadrinhos” ou “O Imundo perdido – Horacic Park”, paródias a “Lost” e “Jurassic Park”, respectivamente, a que se juntará, em breve, a primeira compilação das tiras originais dos anos 60 onde os pequenos heróis de Maurício deram os primeiros passos.
Aparentando a mesma idade que a Mônica, Cebolinha, Cascão ou Magali, o Alfacinha, – que usa e abusa do “oh pá!” e do “ora pois!” – veste calção verde e t-shirt vermelha (numa óbvia alusão à bandeira portuguesa) e um colete preto; o cabelo é escuro e lembra um bigode aristocrático português, embora nos primeiros esboços se assemelhasse a uma alface, na forma e na cor. E tem os olhos e as bochechas salientes, típicas das personagens de Maurício, que lhe conferem um ar simpático e divertido e condizem com o carácter desinibido e mesmo provocador do Alfacinha.
A história assenta em divertidos trocadilhos e confusões causados pelas diferenças entre as línguas portuguesa (do Alfacinha) e brasileira (dos restantes intervenientes) e na paixão à primeira vista que o portuguesinho sente pela Mônica, o que provoca uma enciumada resposta do Cebolinha, embora caiba à pretendida a última palavra, dita aos dois, de forma expressiva, com o seu célebre coelhinho.
A introdução do Alfacinha – bem como de Dorinha, a menina cega, Luca, o paraplégico em cadeira de rodas, Bloguinho, um maníaco da informática, ou, em breve, uma menina com Síndroma de Down – enquadra-se na aproximação da Turma da Mónica à realidade actual e no seu espírito de renovação constante, razão pela qual, está já em preparação uma versão da Turma em estilo manga (bd japonesa). Isto a par da aposta noutros suportes: cinema de animação, um parque temático e a internet. Estas são razões que ajudam a explicar o seu sucesso crescente: os seus diversos títulos vendem dois a três milhões de exemplares mensalmente no Brasil, sendo traduzida em países tão diferentes como Espanha, Itália, EUA, Indonésia ou Coreia do Sul.

Entrevista com Maurício de Sousa

“António Alfacinha é uma homenagem aos meus amigos portugueses”

Chama-se Maurício de Sousa, nasceu em 1935, em Santa Isabel, no Brasil, e desde 1959 anima as aventuras aos quadradinhos de um grupo de miúdos que o tornaram famoso: a Turma da Mónica, cuja principal mensagem é “deixem as crianças ser crianças”. Em declarações exclusivas para o Jornal de Notícias explicou falou da génese do António Alfacinha.

Jornal de Notícias – Porquê um português na Turma da Mônica?
Maurício de Sousa – Porque a Turminha não tem fronteiras. Como as nossas personagens são exportadas para dezenas de países, achei que era uma óptima oportunidade de mostrar ao mundo que o Brasil acolhe pessoas de todas as nacionalidades com o mesmo carinho.

Como nasceu o António Alfacinha?
Eu tinha planos para um miúdo luso há muito tempo. Quando estive no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, em 2006, vi pela reacção dos leitores portugueses que estava mais do que na hora. Então, tratamos de estudá-lo e de moldá-lo para se encaixar no perfil da Turminha.

Quais as maiores dificuldades que houve na sua criação?
Ah, sem dúvida, foi mostrar que o António Alfacinha é uma homenagem aos meus queridos amigos portugueses. Tomamos todo o cuidado para que ele não soasse como uma paródia. A ideia de brincar com as diferenças dos nossos idiomas ajudou muito para esse fim.

Quais têm sido as reacções dos leitores ao António?
Os leitores adoraram a sua primeira aparição. E como desde então ele não tornou a aparecer (logo, logo, ele retorna), têm-nos pedido novas histórias.

Com que frequência vamos encontrá-lo nas revistas da Turma da Mônica?
Não estabelecemos qualquer tipo de frequência. As personagens adquirem vida própria quando passam a chamar mais e mais a atenção dos leitores. Eu diria que o Alfacinha está no bom caminho.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Sem fim

Por incrível que pareça, para quem não esteja familiarizado com os universos de super-heróis, o fim de muitos deles tem sido contado muitas vezes e de muitas maneiras. “Quarteto Fantástico: O fim”, agora lançado entre nós pela Panini Comics, na sua entrada directa no nosso mercado, a par das revistas regulares de banca que chegam via Brasil, insere-se numa série na qual artistas com uma forte ligação às personagens foram convidados a pôr um fim nas suas carreiras.

Só que, curiosamente, Alan Davis (que assina argumento e desenho) parte do fim anunciado – o desmembramento do Quarteto Fantástico devido à morte de FRanklim e Valéria, os filhos de Sue e Reed Richards – para contar o dia a dia de cada um dos seus membros a solo, embrenhando-os numa aventura épica num futuro perfeito, sem guerras, doenças ou pobreza graças ao Sr. Fantástico, mas que um ataque massivo de origem desconhecida ameaça destruir, arrastando na sua voragem (para o seu fim…) também os ex-membros do Quarteto.

Nesta saga épica, extremamente recente (terminou em Maio nos EUA), Davis consegue reunir todos os grandes heróis e vilões, amigos e inimigos, que ao longo das décadas povoaram o universo do Quarteto Fantástico, para, no final, numa inflexão inesperada, afirmar que os heróis nunca morrem (não têm um fim…), servindo cada prova para que renasçam mais fortes, para continuarem a eterna luta entre o bem e o mal.


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Duplo adeus

No espaço de um ano, as bancas portuguesas perderam cinco dos heróis Bonelli que a brasileira Mythos trazia até nós: “Martin Mystère”, “Dylan Dog”, “J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga”, “Mágico Vento” e “Zagor” (estes dois ainda nas bancas em Abril). E, curiosamente, os três últimos foram suspensos por decisão da distribuidora, insatisfeita com as vendas apesar de a editora ter opinião diferente! Fica assim, a oferta de BD em bancas reduzida aos diversos títulos de Tex e a “Conan”, enquanto se (des)espera (pel)a chegada das edições Panini, com a Marvel e a Turma da Mônica à cabeça.

“Mágico Vento” destacou-se desde a sua criação, em 1997, por Gianfranco Manfredi, como um western diferente, não só pela forma aprofundada como são desenvolvidas as personagens, mas também pelo seu lado místico (o protagonista, Ned Ellis, apesar de branco e parcialmente amnésico, é um feiticeiro com estranhos poderes) e pela combinação equilibrada entre ficção e realidade (são vários os seres de carne e osso – Custer, Calamity Jane, etc., que cruzam o caminho do herói). O seu interesse deve-se igualmente ao facto de se tratar de uma saga, em que cada história auto-conclusiva contribui, primeiro, para Ned descobrir o pai no seu maior inimigo, e, depois, no avanço para desvendar os responsáveis por uma grande conspiração, que para nós, portugueses, agora, continuarão desconhecidos…


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Efémero

Está nas bancas a revista “Marvel Especial #8” (Devir). Cumprimento tardio de uma promessa – a conclusão das histórias “Wolverine: Massacre no Texas” e “Guerra suprema” (daí as duas capas da publicação) deixadas em aberto com o cancelamento dos títulos “Os Espantosos X-Men” e “Ultimate Homem-Aranha” – marca o regresso efémero dos super-heróis aos quiosques portugueses (e o adeus da Devir a este segmento do mercado após 7 anos de publicações regulares), onde poderão voltar se se confirmarem os rumores que apontam para a distribuição das publicações brasileiras da Panini no nosso país.

Para os fãs do género (mas não só…), promete a Devir edições ocasionais para livraria, onde se encontram de momento dois títulos a ler. O primeiro é “Demolidor: Amarelo”, de Jeph Loeb e Tim Sale, que reconta, em tom pausado e melancólico, a origem do super-herói cego, na forma de carta à única mulher que ele amou, num registo próximo daquele que os dois autores já tinham utilizado em “Homem-Aranha: Azul”. O segundo é “Homenm-Aranha & Gata-Negra: O mal que os homens fazem”, de Kevin Smith, Terry e Rachel Dodson, uma agradável surpresa, pois uma banal história do género, com contornos românticos e policiais, acaba transformada numa humana e invulgar (para o meio) reflexão sobre questões como o abuso infantil, o incesto e a violação.


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