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Um Traquinas Sexagenário

Nascido há 60 anos, Dennis, o pimentinha, continua a fazer das suas

Com cinco anos, louro, sardento e um sorriso cândido, Dennis, protagonista de um cartoon estreada há 60 anos nos Estados Unidos, era o exemplo perfeito de um diab(inh)o em corpo de anjo, como aliás deixava antever o seu apelido: the menace (a ameaça).

Na verdade, justiça lhe seja feita, as diabruras provocadas pelo miúdo, conhecido em Portugal como Denis o Pimentinha, por via das edições brasileiras distribuídas em tempos no nosso país, devem-se mais à sua vontade de ajudar os outros e à inocência própria da idade, do que propriamente a um desejo de fazer o mal ou prejudicar. Só que, infelizmente para ele, “de boas intenções está o Inferno cheio”, pelo que os fundilhos das suas calças frequentemente acabam por ser fraca protecção para as palmadas com que muitas vezes terminam as confusões que originou.
Até porque, nos anos 1950, Dennis era bem mais rude e mesmo algo violento, sendo capaz de dar um nó (literalmente) no pescoço dum cisne, de rasteirar o pai ou de dizer à mãe para ir ralhar com o marido e não com ele. Depois, com o passar dos anos, amoleceu um tanto, e as suas partidas e travessuras tornaram-se mais leves e inocentes, sem que isso signifique que os cartoons e bandas desenhadas tenham perdido humor. Claro que não será essa a opinião dos seus pais, o casal Mitchell, nem de Mr. Wilson, o vizinho do lado, os seus alvos de eleição.
Como imagem de marca Dennis veste umas jardineiras vermelhas, geralmente sujas de lama ou chocolate, tem quase sempre o cabelo revolto e andava na companhia do seu cão Ruff, companheiro de brincadeiras e (involuntárias) partidas. Da sua roda de amigos, alternadamente cúmplices ou vítimas, fazem parte Joey, Margaret e Gina.
O seu criador foi Hank Ketcham (1920-2001), que fez a sua aprendizagem como ilustrador nos estúdios de animação de Walter Lantz e de Walt Disney, tendo neste último participado nas longas-metragens Fantasia, Bambi e Pinóquio. Durante a II Guerra Mundial, baseado na sua experiência na Marinha, estreou-se nos quadradinhos com o marinheiro Half Hitch, surgindo em 1951 a sua grande criação, o traquina Dennis the Menace, que, estreado em apenas 18 jornais, em poucos meses chegava já a mais de uma centena e, nos seus tempos áureos foi publicado em mais de um milhar de títulos, por todo o mundo.
Originalmente, Dennis protagonizava cartoons de imagem única, pontualmente divididos em duas vinhetas verticais. O seu sucesso imediato levaria o autor a desenvolver uma prancha dominical, logo no ano seguinte, e à criação de uma revista homónima, em 1953. Ketcham, com recurso a alguns assistentes, assumiu a sua criação até 1994, quando se reformou. A popularidade de Dennis faz com que continue em publicação, actualmente assinado por Marcus Hamilton e Ron Ferdinand.
A Fantagraphics Books, a exemplo do que faz com os Peantus, tem em curso a reedição integral da obra de Ketcham, e, no ano passado, os correios norte-americanos incluíram Dennis the menace (juntamente com Calvin, Garfield, Beetle Bailey e Archie) numa emissão filatélica intitulada Sunday Funnies Stamp.
Do papel, a ameaça saltou para o audiovisual, em 1959, numa série televisiva protagonizada por Jay North que durou 4 anos. Regressaria no final da década de 80, em 78 episódios animados, antes de fazer a sua estreia cinematográfica em 1993, com Mason Gamble como protagonista e Walther Matthau como o infeliz Mr. Wilson.

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O outro Dennis

Curiosamente, a 17 de Março de 1951, apenas cinco dias após a estreia do Pimentinha, estreava no reino Unido um outro Dennis the Menace, posteriormente baptizado de Dennis and Gnasher (o seu cão), para evitar confusões.
Publicado na revista infantil “The Beano”, é a banda desenhada mais antiga em publicação em Inglaterra, tendo como protagonista um miúdo considerado “o mais malcriado do mundo”. Criado por David Law, que o assinou até 1970, passaria depois pelas mãos de diversos autores, entre eles David Sutherland e David Parkins.
Este Dennis, que já teve duas adaptações animadas televisivas, é em tudo diferente do seu homónimo americano: mais velho, mais alto, tem cabelo escuro, usa camisola às riscas vermelhas e pretas e é também mais rude e malvado.

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75 anos e muitos quacks!

Há exactamente 75 anos, passava pela primeira vez nos ecrãs dos cinemas norte-americanos mais uma “Silly Symphonie” Disney, “The Wise Little Hen”, onde se estreou um dos mais importantes heróis de papel e celulóide de sempre: o Pato Donald.

Curiosamente, “a saída do ovo” poderia ter acontecido mais cedo, uma vez que ele já é mencionado no guião de um storyboard escrito por Walt Disney em 1931, tendo mesmo Ferdinand Horvath feito alguns esboços.
Mas acabou por acontecer eram decorridos pouco mais de dois minutos daquela animação baseada na fábula de Esopo, então criado pelo animador Dick Lundy, e interpretando o papel (secundário) de um dos preguiçosos que se recusam a ajudar a galinha que quer plantar milho para mais tarde ter alimento, surgindo apenas no final para (tentar) comer os frutos do trabalho dos outros. De personalidade ainda indefinida, já possuía a (semi-ininteligível) voz característica, da responsabilidade de Clarence Nash, que contribuiu bastante para o seu sucesso junto do público, embora fosse mais alto e pesadão e tivesse patas maiores.
De seu nome completo Donald Fauntleroy Duck, viria a revelar-se impulsivo, irascível, convencido, irritável, implicativo, explosivo, incapaz de pedir desculpa e reconhecer os seus erros, certo de ter sempre razão e um grande azarado (perdendo rapidamente a maldade que o levou a lançar uma âncora a um Pateta prestes a afogar-se ou a fazer-lhe cócegas quando o vê pendurado de um beiral, como se vê em duas das suas primeiras BDs). Veio também a descobrir-se sobrinho do pato mais rico do mundo apesar de pobretão, tio dos irrequietos Huguinho, Zezinho e Luizinho (surgidos em 1937) e eterno namorado de Margarida (1940). Na origem, já vestia o chapéu e camisa de marinheiro azuis com lista branca que se tornariam a sua imagem de marca (a par da ausência de calças, embora use sempre uma toalha em volta da cinta e pernas ao sair do banho…), mas ainda não soltava os seus inconfundíveis quacks!
Da sua carreira, constam cerca de 200 filmes animados, 12 nomeações para o Óscar e um conquistado (com ”A face do Fuehrer”, de 1943) e milhares de histórias de banda desenhada, onde se estreou no mesmo ano de 1934, numa adaptação de “The wise little hen”, escrita por Ted Osborne e desenhada por Al Taliaferro, sendo datada de 1938 a primeira revista com o seu nome. Seria no entanto apenas com Carl Barks, que desenhou mais de 500 das suas histórias entre 1942 (quando autonomizou Donald de Mickey, em ”Donald Encontra o Ouro dos Piratas”) e 1967, que se tornaria tal qual o conhecemos hoje. Barks, com o seu humor sarcástico, humanizou o pato, dotando-o de alguns dos maiores defeitos do ser humano, usando-o para criticar a sociedade e os seus vícios, e tornando-o assim numa inesgotável fonte de gargalhadas. E foi na BD também que, mais tarde, surgiu como alter-ego do Superpato e interpretou, emulando Indiana Jones, os Duck Tales.
Hoje, se as histórias aos quadradinhos estão em perda há muito (com excepções como os países nórdicos, a Itália, a Alemanha ou a Índia) e a participação em filmes animados diminuiu drasticamente, substituído por heróis do momento, de enorme mas breve êxito, a sua popularidade mantém-se (quase) intacta, identificado por milhões de pessoas e continua a aparecer em milhares de produtos licenciados um pouco por todo o mundo.

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Os homens do pato

Walt Disney (1901-1966)
Nascido em Chicago, após uma infância e juventude atribuladas, criou a Walt Disney Company, que geriu com pulso de ferro, apondo o seu nome a todas as criações nele surgidas, como Mickey, Donald e muitos mais heróis do papel e/ou do cinema animado, que marcaram inúmeras gerações em todo o mundo.

Carl Barks (1901-2000)
Como desenhador dos Estúdios Disney, criou o Tio Patinhas, Irmãos Metralha, Professor Pardal ou a cidade de Patópolis. Conhecido como “o homem dos patos”, pelas muitas histórias deles que escreveu e desenhou, foi o primeiro autorizado a assinar o seu nome junto aos palmípedes, nas pinturas a óleo a que se dedicou no final da vida.

Clarence Nash (1904-1985)
Nascido em Oklahoma, foi a voz de Donald nos filmes animados durante mais de 50 anos, em inglês, mas pontualmente também em espanhol e português (do Brasil). A voz que Nash criou para Donald, consistia fazer um tipo de “ruído” pelo canto da boca, que lembrava o grasnar de um pato.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Revista “Mickey Mouse” #1 em leilão

O site norte-americano Comic Connect vai leiloar a partir de amanhã, dia 5, o primeiro número da revista “Mickey Mouse”, datada de 1931.
Publicada pela David McKay Co, Publishers, de Filadélfia, para além da antiguidade – e consequente raridade – vale também pela história politicamente incorrecta que compila: “Mickey Mouse tries to commit suicide”, originalmente publicada em tiras de jornais, em Outubro do ano anterior. Numa BD escrita e desenhada por Floyd Gottfredson, o famoso rato criado por Walt Disney em 1928, dispara contra si próprio, lança-se de uma ponte ou utiliza gás, depois de Minnie aparentemente o ter trocado por outro, o que revela um sentido de humor bem diferente do actual.
O leilão, que pode ser acompanhado em tempo real e vai decorrer até dia 20 de Junho e, apesar de o lance inicial ser de apenas um dólar, dificilmente alguém o conseguirá adquirir sem desembolsar muitos milhares.
Há poucas semanas, o mesmo site vendeu a revista “Action Comics” #1, com a estreia do Super-Homem, por 317 mil dólares.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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