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Maurício de Sousa na Comic Con 2018

O criador da Turma da Mônica será um dos grandes destaques da Comic Con Portugal 2018, que vai decorrer de 6 a 9 de setembro no Passeio Marítimo de Algés, em Oeiras.

Nascido em 1935, em Santa Isabel, Maurício de Sousa era repórter policial, quando criou o cãozinho Bidú, em 1959. Seguir-se-iam Franjinha, Cebolinha, Mônica, Cascão, Magali, Chico Bento e muitos mais, com os quais ensinou a ler gerações de brasileiros e conquistou leitores em dezenas de países.

Depois de Yves Sente, Mark Waid e Batem, o criador brasileiro é o quarto convidado confirmado da área de BD , a que se junta também o actor Dolph Lundgren.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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‘Palabéns’ Cebolinha!

Foi há 50 anos já, que chegou à Rua do Limoeiro um certo Cebolinha, baixinho, com apenas cinco fios de cabelo e já com a característica dificuldade em pronunciar os “rr”. Nessa primeira aparição, ainda nas tiras protagonizadas por Bidú (o cãozinho azul nascido em Julho de 1959), saía de uma casota de cão onde se escondera e revelava a tendência para ferver em pouca água que o acompanharia ao longo dos anos. Mais tarde, descobrir-se-ia que a sua camisa era verde, os calções negros e os sapatos castanhos, e viria a afirmar-se como uma das mais populares criações dos quadradinhos brasileiros, com direito a revista própria a partir de 1973 e participação em inúmeros filmes, desenhos animados, peças de teatro e artigos de merchandising.
Adepto do Palmeiras, revelaria o desejo de ser o “dono da rua” (ou da “lua”, como ele dizia), pelo menos até uma certa Mônica, que nasceu três anos depois, assumir o protagonismo que faria com que o seu nome fosse dado por Maurício de Sousa à turma que foi desenvolvendo com ternura e humor, baseado nos filhos e naqueles que o rodeavam. Como aconteceu com Cebolinha, alter-ego de um menino que o desenhador conheceu na infância em Mogi das Cruzes.
Ultrapassado pela “baixinha dentuça”, depois desse dia Cebolinha passou a ocupar o tempo a inventar planos infalíveis, iguais no objectivo – derrotar a Mônica – e no resultado – acabar derrotado, quase sempre depois de levar com Sansão, o coelho de peluche dela.
Pelo menos, até o dia em que cresceu – corria já o mês de Agosto de 2008 – tornando-se jovem como a restante turma, numa existência paralela, pois o Cebolinha “pequeno” continua a divertir os seus leitores. Deixou o colorido – na prática voltou ao preto e branco original – e, agora em estilo manga, chama-se apenas Cebola, só troca “rr” por “ll” quando está nervoso e passou a ter como objectivo conquistar o coração da antiga “inimiga”. Com ela, como reflexo de uma nova geração que Maurício quer conquistar, vive aventuras do dia-a-dia (e também outras mais fantásticas) e até já trocou alguns beijos.
E, se um dia o desenhador, já com 75 anos, decidir criar a Turma da Mônica Idosa, Cebolinha pouco mudará; terá apenas que voltar à infância, quase careca e muito rezingão!


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F. Cleto e Pina

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50 anos a animar a Turma

A 18 de Julho de 1959, Maurício de Sousa iniciava “oficialmente” a sua carreira com o cãozinho azul Bidu que, recorda, “foi assim baptizado no jornal Folha da Manhã, hoje Folha de S. Paulo”, apesar de já sair “em tiras a toda a largura da página, semanalmente, desde Maio”.
Eram os primeiros passos de um ex-repórter policial, hoje com 73 anos, que tentara a BD realista antes de (se) encontrar com a Turma da Mônica, que fez dele uma referência e um exemplo para sucessivas gerações. 50 anos e 200 personagens depois, vendeu mais de 1000 milhões de revistas, em 50 idiomas e 126 países, licenciou 3000 produtos, possui o maior estúdio de BD do Brasil e é o maior produtor de cinema de animação daquele país.
Para este sucesso, tem uma explicação simples: a Turma da Mônica é formada por crianças que agem como crianças e que reflectem valores imutáveis e fundamentais: “amizade, solidariedade, superação”.
Depois do Bidu, vieram o Franjinha, o Cebolinha, Mônica, a estrela da companhia, inspirada num dos dez rebentos que teve em seis casamentos. E também o Cascão e a Magali, Chico Bento, a tétrica turma do Penadinho, o mini-dinossauro Horácio, o Astronauta e até o português Alfacinha. Ou Pelezinho e Ronaldinho Gaúcho, mini-heróis de papel, sempre com a bola nos pés. E um filho de pais separados, uma menina cega, outro paraplégico, para que as suas criações reflictam sempre o mundo real, defendendo a integração, o direito à diferença, o respeito pelos outros.
Projectos nunca faltam: o regresso às bancas portuguesas, há dois anos, Mônica, Cebolinha e os outros, adolescentes, em estilo manga, campanhas educativas e de sensibilização, edições pedagógicas na China, Ronaldinho Gaúcho numa série animada em Itália, revistas em inglês e espanhol (“um velho sonho”), o desejo de ver Pelezinho como mascote do Mundial de 2014…
Agora, depois da Unicef fazer da “dentucinha” sua embaixadora, as comemorações incluem vários livros, uma homenagem de cartoonistas, a partir de 2ª-feira neste site, um documentário no Biography Channel e a exposição “Maurício 50 anos”, no Museu Brasileiro de Escultura, que traça o seu percurso e mostra os heróis da Turma reinterpretando obras de arte clássicos.


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F. Cleto e Pina

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Com D grande

Está nas livrarias o segundo álbum de Astérix em mirandês, “L Galaton” (“O Grande Fosso”), a história de uma aldeia dividida ao meio por uma querela. Se a notícia para a maior parte dos leitores de BD, vale só pela curiosidade, merecerá mais atenção se acrescentar que a edição inclui um segundo caderno que reproduz a mesma história (em francês, vá-se lá compreender porquê…), a preto e branco, no formato italiano, a meia prancha por página, 35% maior que a versão colorida, o que permite admirar pormenorizadamente o excelente trabalho de Uderzo.

Se em “Astérix, o gaulês”, estreado em Outubro de 1959 na “Pilote”, o traço era algo agreste, de contornos rígidos e, por vezes, mostrava algumas dificuldades em representar movimento, uma análise mais cuidada revelava, ainda “em bruto”, alguns dos principais méritos do desenhador que tanto contribuíram para o êxito da série: bom domínio da planificação, do ritmo e do sentido de leitura. E se ao longo do álbum era notória já uma evolução assinalável, seria preciso esperar até “Astérix e os Normandos” (1967) para que as suas potencialidades se revelassem em todo o esplendor, confirmando Uderzo como um grande desenhador, muitas vezes imitado mas nunca igualado, no seu traço suave, vivo e dinâmico, nos seus heróis de formas arredondadas e grandes narizes e pela sublimação das outras qualidades já referidas.


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F. Cleto e Pina

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