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Novo álbum de Astérix já tem capa

Intitula-se “O íris branco” e será o 40.º álbum das aventuras de Astérix e Obélix. Está agendado para 26 de Outubro e a capa oficial acaba de ser divulgada.
Sem grandes artifícios gráficos nem muita originalidade, coloca no centro, num tapete verde, Astérix e um romano que terá um papel preponderante no desenrolar da história. No fundo, pintados em tons monocromáticos, vêem-se dois grupos de gauleses, sendo de salientar que o chefe Matasétix e a sua esposa Boapinta estão separados. Este facto ganha relevo pois durante o verão, jornais francófonos publicaram um pequeno conto em seis tiras, “Le combat du Chef” (“O combate do Chefe”), que concluía a prancha-teaser divulgada em Março, em que Astérix e Obélix aconselham o líder gaulês sobre a melhor forma de retomar uma boa relação com a esposa, subentendendo-se que o casal também terá um papel importante na aventura.
Com uma novidade a cada dois anos desde que Uderzo entregou a série aos seus continuadores, os álbuns de Astérix têm seguido um calendário quase imutável: primeiras informações em Março, divulgação da capa no início de Outubro e lançamento mundial por volta de 26 de Outubro. Este ano, a capa é conhecida mais cedo, sem informações adicionais, aparentemente devido a uma inesperada fuga, pois um exemplar do álbum esteve à venda no Vinted, um site francês de artigos em segunda mão, pela módica quantia de nove euros.
Deste quinto álbum sem os criadores dos gauleses, René Goscinny (1926-1977) e Albert Uderzo (1927-2020), sabia-se já que a grande novidade era a substituição do argumentista Jean-Yves Ferry por Fabrice Caro, mantendo-se Didier Conrad como responsável pelo desenho.
Aventura caseira depois da ida às estepes russas em “Astérix e o Grifo”, “O Íris Branco” tem por base o aparecimento de uma nova escola de pensamento positivo, vinda de Roma, que irá influenciar os habitantes da aldeia, provocando dissensões e perturbando o seu equilíbrio.
O álbum terá uma tiragem global de 5 milhões de exemplares, nos quais está contabilizada a edição portuguesa das Edições ASA, que chegará às livrarias nacionais no mesmo dia em que a francófona será posta à venda.


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F. Cleto e Pina

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Astérix não mudou em 50 anos!

O riso é o mais importante em Astérix
Sinto-me orgulhoso por poder celebrar este meio século de amizade com os leitores!

Chama-se Albert Uderzo e nasceu em Fismes, na França, a 25 de Abril de 1927. Os 50 anos de Astérix, que se cumprem hoje, foram o pretexto para uma conversa por mail, na qual evocou com saudade o seu amigo René Goscinny, bem como o passado e o futuro do herói que juntos criaram.

Jornal de Notícias – Como apresentaria Astérix a alguém que não o conheça?
Albert Uderzo – Quer dizer que ainda há leitores irredutíveis? (risos) Astérix é um valoroso guerreiro gaulês, não muito grande nem muito inteligente, mas astuto e desenrascado! Ele e os outros habitantes da sua aldeia só têm medo de uma coisa: que o céu lhes caia na cabeça! Sempre em companhia do seu fiel amigo Obélix e de Ideiafix, o seu cão, percorrem o mundo antigo para socorrerem as vítimas dos romanos. Para lhes darem uns ”tabefes” precisam de uma preciosa poção mágica preparada pelo druida Panoramix que lhes confere uma força sobre-humana e lhes permite alcançar todas as vitórias, que festejam sempre com um grande banquete!
JN – Como seria Astérix se fosse imaginado hoje?
AU – Como já é! Ele mudou muito desde a sua criação: cresceu, os seus traços afirmaram-se e a sua personalidade também! Obélix também mudou: a sua estrutura, algo quadrada nos ombros, atenuou-se em benefício da barriga, que cresceu! Todas as personagens evoluíram e estão muito bem neste tempo!
JN – Nos últimos 50 anos quem mudou mais? Astérix, o mundo ou Uderzo?
AU – Tenho que reconhecer que quem está mais marcado é este seu criado! Como diz a canção: Onde estão os meus 20 anos? Quanto ao mundo, não me parece que tenha mudado assim tanto e a prova é que os álbuns que escrevi com o meu amigo René Goscinny continuam a divertir muitos! Astérix não mudou! Não pode mudar, o seu mundo é imaginário! Não pode envelhecer: 50 anos depois, continua a viver em 50 a. C.!
JN – Que qualidades permitiram a Astérix resistir tanto tempo, com um sucesso sempre crescente?
AU – Talvez porque se manteve sempre num mundo de papel, aos quadradinhos! Um mundo que lhe permite defender e preservar sempre os mesmos valores, a sua aldeia, as amizades e os prazeres simples (a caça, os banquetes, etc…) E nós, autores, quisemos sempre preservar esses valores na série, com um ingrediente suplementar: o riso, que é o mais importante!
JN – Quais foram os momentos mais marcantes deste percurso de 50 anos?
AU – Houve tantos! O primeiro, foi sem dúvida o meu encontro com Goscinny, em 1951, porque sem ele, não teríamos criado a personagem! Depois, em 1959, quando imaginámos Astérix pela primeira vez, para a revista “Pilote”. E, evidentemente, quando tomámos consciência que se transformara num verdadeiro fenómeno, ao ouvir um homem na rua a chamar ao seu cão Astérix! O mais triste foi o desaparecimento prematuro do meu amigo René, que me deixou arrasado. E ainda, hoje, o cinquentenário desta personagem que, para meu grande prazer, continua a divertir pequenos e grandes. Sinto-me orgulhoso por poder celebrar este meio século de amizade com os leitores!
JN – Se pudesse voltar atrás, o que gostaria de mudar?
AU – A partida de René. Foi-se demasiado cedo e de uma forma demasiado violenta. Sinto muito a sua falta. De resto, não mudaria nada desta aventura gaulesa!
JN – Qual é o seu álbum de Astérix preferido?
AU – Tenho um carinho especial por “Astérix entre os Bretões”, porque adoro o trabalho que o René fez com a língua inglesa! Mas quando termino um álbum, raramente o releio; parto logo para o seguinte!
JN – Que história de Astérix ainda não contou?
AU – Todas as que ainda não foram escritas. E talvez aquela em que penso para a próxima vez! (risos) Já na época de René tínhamos a sensação de termos explorado todos os temas que podíamos desenvolver com Astérix. Hoje, o problema é o mesmo, Astérix já viajou por todo o mundo antigo conhecido e é muito difícil fazê-lo descobrir novas regiões!
JN – Porque é que Astérix nunca veio à Lusitânia?
AU – Eis uma bela ideia para uma viagem! Agora só tenho que encontrar a intriga (risos)!

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Enquanto puder segurar um lápis, não cederei o meu lugar a ninguém!

No passado dia 22, foi posto à venda em duas dezenas de países (Portugal incluído), o 35º álbum das aventuras de Astérix. Intitulado “O aniversário de Astérix e Obélix – O livro de Ouro”, teve uma tiragem global de 3,5 milhões de exemplares e funciona como um momento de celebração da série.
JN – O álbum dos 50 anos é diferente dos outros…
AU – Para este aniversário queria algo especial. Um álbum onde todos os amigos de Astérix e Obélix lhes testemunhassem a sua amizade e lhes oferecessem uma prenda! Ao mesmo tempo presto uma homenagem a todos os leitores que seguem Astérix há tanto tempo! Então, imaginei uma espécie de álbum de recordações! É um conjunto de histórias curtas, todas com a temática do aniversário, que contam a preparação de todas essas prendas.
JN – Foi o último desenhado por si?
AU – Meu Deus, espero que não! Enquanto puder segurar um lápis, pode acreditar que não cederei o meu lugar a ninguém! É verdade que Astérix continuará depois de mim, já o anunciei e já trabalho com aqueles que me devem suceder, mas isso tem tempo!
JN – Vai deixar argumentos escritos para os seus sucessores?
AU – Ainda não pensei nisso e não preparei nada nesse sentido.
JN – Como imagina Astérix depois de Uderzo?
AU – Já houve um Astérix depois de Goscinny e espero que haja um depois de mim. Como o imagino? Espero que continue a divertir milhões de leitores em todo o mundo.


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F. Cleto e Pina

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A história de… Astérix, o pequeno guerreiro gaulês

Não é muito alto, mas compensa a baixa estatura com a sua sagacidade… e com a poção mágica que lhe confere força sobre-humana, cujo segredo apenas o druida Panoramix conhece.

Rezam as crónicas (em banda desenhada) que Astérix nasceu em 85 a. C., enquanto decorria (mais) uma zaragata na sua aldeia, algo completamente normal, refira-se. Diz-se que os seus pais foram dois franceses, René Goscinny e Albert Uderzo, mas na realidade os seus progenitores chamam-se Bomboca e Astronomix. Actualmente habitam em Condate, onde gerem uma loja de artesanato gaulês, chamada “O Menir Voador”, mas quando Astérix nasceu, viviam onde ele ainda mora, numa pequena aldeia no norte da Gália, povoada por irredutíveis gauleses que resiste ainda e sempre ao invasor romano…
Celibatário até hoje, conhecem-se-lhe apenas duas paixonetas sem consequências: a gaulesa Falbala e a romana Latraviata. Apesar disso, quando lhe deixaram uma criança à porta, todos suspeitaram de um caso amoroso, mas veio a descobrir-se que o bebé era filho da rainha Cleópatra (que tinha um belo nariz).
Goscinny e Uderzo, na realidade, limitaram-se a fazer a crónica (aos quadradinhos) das suas muitas e bem divertidas aventuras, nas quais por diversas vezes exasperou o imperador Júlio César e distribuiu prazenteira e generosamente tabefes por quase todos os legionários romanos com quem se cruzou. Nelas, percorreu praticamente todo o mundo antigo conhecido, desde a sua Gália natal (à qual deu a primeira volta… a pé!), a países próximos, como a Hispânia, Germânia (o país dos godos), Normandia, Bretanha ou Helvécia, ou mais distantes, como o Egipto, a América, a Índia ou a Numídia. Em Roma, onde todos os caminhos vão dar, participou nos célebres jogos de circo no Coliseu, e em Atenas, conquistou uma coroa de louros nos Jogos Olímpicos.
Sem profissão definida, a tudo isto prefere o sossego da sua aldeia natal – apesar de até extraterrestres já lá terem aparecido – ou ir à floresta caçar javalis com o seu amigo e companheiro de aventuras Obélix, nascido no mesmo dia que ele, o tal que caiu na poção mágica quando era pequeno.
E hoje, tantos anos depois, continua a ter medo apenas de uma coisa: que o céu lhe caia em cima da cabeça! Mas, felizmente, como é uso dizer-se na sua aldeia: “Amanhã não será a véspera desse dia”!


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F. Cleto e Pina

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Parabéns Astérix!

Há exactamente 50 anos, a 29 de Outubro de 1959, surgia nas bancas francesas a revista “Pilote”. Nela, fazia a sua estreia um certo Astérix, que viria a tornar-se um dos mais conhecidos e apreciados heróis de banda desenhada de sempre.

À partida, nada o parecia indicar. O titular da série era baixo, pouco vistoso e mais astuto que inteligente. Ao seu lado, caminhava um gigante desajeitado, sempre com um menir – um calhau! – às costas, incapaz de controlar a sua força excessiva. Na sua aldeia, habitavam um chefe com pouca autoridade, um peixeiro com horror a peixe fresco, um bardo com voz de cana rachada, um ferreiro que usava o martelo mais para bater neste último do que para trabalhar na forja e diversos outros exemplos a não seguir. A isto há que acrescentar que todos tinham nomes acabados em “ix” e que sistematicamente andavam à pancada entre si, excepto quando se entretinham a bater nos romanos entrincheirados nos campos fortificados que rodeavam a sua aldeia.
E a tiragem do primeiro álbum – Astérix o Gaulês (1961) – de apenas 6 mil exemplares, parecia confirmá-lo. No entanto, a sucessão de novas aventuras, o apuramento gráfico de Uderzo, um desenhador de eleição, com as suas personagens arredondadas e de nariz grande e um notável sentido de ritmo e de movimento, e o humor inteligente e irresistível de Goscinny, pouco a pouco foram conquistando leitores, fazendo com “Astérix e Cleópatra” (1965) já tirasse 100 mil exemplares, e dois anos depois, “Astérix e os Normandos” ultrapassasse o milhão de exemplares.
As bases do sucesso foram os vários níveis de leitura presentes na obra, cativante para os mais novos pelas sucessivas tareias que os gauleses davam nos romanos, e para os mais velhos, pela mordaz crítica social e de costumes, pelo divertido retrato estereotipado que Goscinny traçou de cada um dos povos dos países que Astérix visitou, logo a começar pelos franceses, pela abordagem de temáticas sempre (e ainda!) actuais, pelos bem conseguidos trocadilhos e pela repetição de situações, aparentemente sempre iguais mas com desfechos sempre diferentes, como os sucessivos confrontos com os piratas ou o hábito de Obélix coleccionar capacetes de legionários.
Quando Goscinny faleceu em 1977, muitos pensaram que tinha chegado o fim do pequeno guerreiro gaulês, mas após um período de reflexão, Uderzo decidiu assumir integralmente a criação de Astérix e, se a qualidade dos argumentos se ressentiu disso, o hábil gestor que ele se revelou, multiplicando os produtos de merchandising, criando um parque temático e apostando no audiovisual, onde se contam sete filmes de animação e três longas-metragens com actores como Christian Clavier, Gérard Deperdieu, Roberto Benigni, Laetitia Casta ou Mónica Bellucci, fez com que as vendas disparassem – a tiragem global de “O céu cai-lhe em cima da cabeça” (2005) foi de 8 milhões – transformando Astérix numa marca apetecida que gera mais de 12 milhões de euros anuais. E que continuará após a sua morte, como decidiu no inicio deste ano quando vendeu os direitos da série à Hachette, com o beneplácito de Anne Goscinny, filha do argumentista, mas com a oposição da sua própria filha, Sylvie, detentora de 40 % das Éditions Albert-René, que levou o caso para os tribunais.
Mas isso, são outras histórias. As que interessam hoje, são aos quadradinhos: 35 álbuns, mais de 1500 pranchas, que esta data convida a (re)ler e (re)descobrir, com a garantia de boas gargalhadas, momentos bem passados e um alegre banquete final, com javali assado e sem a voz do bardo a desafinar.

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Em Portugal

Astérix estreou-se em Portugal a 4 de Maio de 1961, a preto e branco, no nº 1 da revista Foguetão, dirigida por Adolfo Simões Muller que já tinha estreado Tintin entre nós. O herói gaulês passou também pelas páginas do “Cavaleiro Andante” e do “Zorro”, antes de se fixar na “Tintin”, em 1968. Um ano antes, a Bertrand editara o seu primeiro álbum em português.

Nomes em português

A entrada de Astérix no catálogo da ASA, em 2005, ficou marcada por uma nova tradução que apresentava como principal novidade o facto de as personagens, com excepção de Astérix, Obélix e Panoramix, terem passado a ter nomes “portugueses”: Idéfix passou a Ideiafix, o chefe Abraracourcix foi rebaptizado de Matasétix, a sua mulher Bonemine como Boapinta, o bardo Assurancetourix como Cacofonix e o velho Agecanonix tornou-se Decanonix.

Em mirandês

Entre as 107 línguas e dialectos em que Astérix está traduzido conta-se o mirandês, com dois álbuns: Astérix L Gaulês e L Galáton (Astérix o gaulês e O Grande Fosso).

Personalidades

Ao folhear os álbuns de Astérix é possível encontrar caricaturas de René Goscinny, os Dupont, Jacques Chirac, Sean Connery, Kirk Douglas, Arnold Schwarzenegger, os Beatles ou Eddy Merckx.

Sucessores

Em meados de Outubro Uderzo anunciou os seus sucessores, Régis Grébent e os irmãos Frédéric e Thierry Mébarki, que trabalham com ele há alguns anos no desenho de merchandising e material publicitário e que já colaboraram no mais recente álbum.

Comemorações

Se o ponto alto das comemorações dos 50 anos de Astérix e Obélix foi o lançamento do novo álbum, muitas outras manifestações assinalam a data, entre as quais um enorme Astérix desenhado no céu pela célebre esquadrilha da Patrouille de France.
No passado dia 22 foi levado à cena o espectáculo musical “Le Tour de Gaule Musical d’Astérix”, estão patentes exposições alusivas no Museu de Cluny, em Paris (até 3 de Janeiro de 2010) e no Festival Quais des Bulles (até 15 de Novembro) e hoje os irredutíveis gauleses invadirão (pacificamente) Lutécia, que é como quem diz Paris. E m Dezembro, os correios franceses emitem um bloco com selos com Astérix.
Por cá, a Embaixada de França e as Edições ASA promovem hoje, às 19h, um cocktail, durante o qual Júlio Isidro apresentará o novo álbum, e o Amadora BD 2009 tem patente até 8 de Novembro uma exposição de objectos de colecção relacionados com Astérix.

No espaço

Em 1965, o primeiro satélite espacial francês foi baptizado… Astérix.

Vendas

Astérix vendeu cerca de 400 milhões de álbuns em todo o mundo, dos quais 2 500 000 em Portugal.

Um português em Astérix

Em O Domínio dos Deuses (1971), entre os escravos dos romanos, vêem-se cinco portugueses, designados por iberos ou lusitanos, os únicos especificamente citados na série; apesar da sua situação, um deles não deixa de revelar a sua (nossa) veia poética!


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F. Cleto e Pina

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Prendas para Astérix nos seus 50 anos

Em conferência de imprensa realizada ontem, quinta-feira, em Paris, Albert Uderzo revelou o título e a capa do novo álbum de Astérix que chegará simultaneamente às livrarias de 15 países – Portugal incluído – no próximo dia 22, uma semana antes do herói completar 50 anos de vida, já que a sua estreia se deu no número inaugural da revista “Pilote”, publicada a 29 de Outubro de 1959.
O 34º álbum das aventuras do pequeno guerreiro gaulês intitula-se “O Aniversário de Astérix e Obélix – O Livro de Ouro”, tem 56 páginas e é constituído por histórias curtas inéditas, com ligação entre si. Como fio condutor está um convite endereçado pelo chefe da aldeia, Matasétix, aos cerca de 300 personagens que ao longo dos anos se cruzaram com os gauleses, entre as quais Júlio César, Cleópatra ou o capitão dos piratas, para virem à aldeia com um presente de aniversário para Astérix e Obélix. “A minha intenção foi que todos os que apareceram nos álbuns pudessem manifestar-se neste aniversário”, explicou o desenhador, que também assina os argumentos desde 1977, data da morte de René Goscinny. O álbum, que inclui ainda um texto inédito deste último, entre outras surpresas contém algumas paródias a obras-primas da pintura e escultura, cujos originais serão expostos nos jardins do Museu de Cluny, em Paris, de 22 de Outubro a 3 de Janeiro de 2010.
A tiragem mundial do álbum ronda os três milhões e meio de exemplares, dos quais 1,1 milhões em França. A tiragem da edição portuguesa, naturalmente mais modesta, é de 60 mil exemplares, mesmo assim mais dez mil dos que os inicialmente previstos, dada a procura que o título já tem tido.


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F. Cleto e Pina

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Astérix como nunca o vimos

Intitula-se “Astérix e os seus amigos” e é um álbum de homenagem a Albert Uderzo, criado pelos seus colegas de profissão, para comemorarem o seu 80º aniversário. A edição portuguesa acaba de chegar às livrarias.

Isto após serem ultrapassadas diversas contrariedades, que impediram a sua publicação em simultâneo com a edição original, lançada a 25 de Abril de 2007, a data precisa em que Uderzo, nascido em 1927, em Fismes, França, comemorava 80 anos.
O projecto nasceu em segredo no seio da sua editora, as Éditions Albert-René, conta a sua filha, Sylvie Uderzo, no preâmbulo do livro, com o propósito “de lhe oferecermos algo único, que lhe agradasse mas que também o surpreendesse. E que também pudesse agradar aos leitores”.
Foram assim contactados os seus colegas de profissão, desenhadores e argumentistas, podendo as respostas deles ser encontradas, sob a forma de ilustrações, dedicatórias, gags ou bandas desenhadas ao longo das mais de 70 páginas do livro, “num fogo de artificio de vinhetas Astérix” que mostram o pequeno guerreiro gaulês “como nunca o víramos antes”, sublinha Sylvie.
Isto porque, se alguns optaram por clonar o traço ímpar de Uderzo, em situações tradicionais ou completamente inovadoras (como Manara e Beltran, conhecidos pelas suas sugestivas protagonistas e pelo carácter erótico das suas obras), outros optaram por o recriar, ou aos seus conterrâneos gauleses, nos seus próprios estilos, muitas vezes proporcionado encontros inusitados com os seus próprios heróis. Por isso, Astérix volta a cruzar-se com um vicking, desta vez Thorgall, encontra o amnésico XIII, tatuado com aquele número… romano!, o chefe da aldeia sofre com as gafes de Gaston Lagaffe, Obélix apaixona-se pela bela hospedeira Natacha, cruzando-se também com o Pato Donald, Oliver Rameau, Lucky Luke, Ric Hochet, Kid Ordin ou o Marsupilami. E nem mesmo a conhecida paixão de Uderzo pelos Ferrari foi esquecida, sendo referenciada com humor por Jean Graton (evidentemente, ou não fosse ele o criador do campeão de Fórmula 1 Michel Vaillant) e Derib.
No total, são 34 autores de várias gerações, culturas, géneros, tendências e estilos, entre os quais Cauvin, Dany, Tibet, Walthéry, Van Hamme, Rosinski, Vance, Boucq, Loustal, Baru, Mourier, Arleston, Guarnido, Tarquin ou Zep, que mostram como o talento de Uderzo de alguma forma os marcou.
A edição portuguesa, que começou esta semana a chegar às livrarias, é da responsabilidade das Edições ASA, que também edita os títulos regulares das aventuras do pequeno guerreiro gaulês, e terá uma tiragem assinalável para os temos que correm: 20 000 exemplares, dos quais três mil numerados e autenticados com selo branco, como tem sido norma na primeira edição dos títulos de Astérix que a ASA está a relançar com novas traduções.
O produto da venda da edição original foi entregue pelas Éditions Albert-René à organização Défenseur des Enfants, responsável nomeadamente pela divulgação e defesa da Convenção dos Direitos da Criança, adoptada pela Organização das Nações Unidas em 1989. associando assim um dos mais bem sucedidos heróis da BD a uma causa social meritória.

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Novo álbum em 2009?

Foi a 29 de Outubro de 1959 que a primeira prancha de Astérix foi publicada, no número de estreia da revista “Pilote”, que viria a ser conhecida como “Le journal d’Astérix et d’Obélix” e ficaria como um marco incontornável na história da BD europeia.
Por isso, não surpreenderá se 2009 se transformar no ano Astérix, para comemorar o seu meio século de existência. De concreto ainda não há nada, mas circulam rumores que Uderzo está a trabalhar num novo álbum de Astérix, que seria uma grande surpresa para os fãs dos álbuns de Goscinny (e poderia até ser lançado naquele dia). Se uma possibilidade é tratar-se de uma versão modernizada do primeiro álbum da série, “Astérix o gaulês”, – um sonho antigo de Uderzo – outra hipótese é o novo título ter um argumentista diferente do desenhador…
A verdade é que foi o blog oficial de Astérix, Le Blog de Doubleclix, a levantar a lebre, anunciando, a 9 de Outubro último, que meses antes Uderzo reunira toda a sua equipa para lhes anunciar: “tenho uma ideia!”, descrevendo de seguida uma “impressionante série de invenções” que contribuirão para deixar a marca de Astérix no ano de 2009.


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F. Cleto e Pina

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Humpá-Pá completa meio século

Criação de Goscinny e Uderzo é anterior a Astérix; Reedição portuguesa prossegue em Maio

Completam-se hoje 50 anos sobre a estreia de Humpá-Pá, o pele-vermelha, na revista “Tintin” belga, possivelmente a mais bem sucedida criação conjunta de René Goscinny e Albert Uderzo, a seguir a Astérix, claro está.
Mas poderiam ser 57 anos, pois os primeiros esboços do herói datam de 1951. Com Goscinny recém-chegado dos Estados Unidos, o fascínio pelo velho oeste era evidente, mas a abordagem humorística, no formato tiras de imprensa, não surtiu os efeitos desejados e Oumpah-pah (no original) teve que passar mais alguns anos na gaveta das (geniais) ideias de Goscinny.
Quando renasceu, tinha sofrido alterações de monta. Primeiro, adoptava o formato tradicional da BD franco-belga, depois, o grafismo de Uderzo tinha-se depurado e era mais solto, de traço arredondado, bem dotado de sentido de movimento, legível, expressivo… Finalmente, Goscinny, já espraiava a sua ironia fina e o seu sentido de humor apurado, revelado quer graficamente, quer nos jogos de linguagem, que viria a mostrar-se em todo o esplendor em Astérix.
Humpá-Pá, nesta nova existência, recuava para o século XVIII, em pleno conflito entre (índios,) britânicos e franceses pela posse do território dos futuros Estados Unidos da América. O astuto membro da tribo dos Savanas estava ao lado destes últimos e juntamente com o voluntarioso mas desajeitado cavaleiro Humberto-da-Massa-Folhada, viveria uma mão-cheia de aventuras, parodiando hábitos e costumes e os estereótipos sobre os “selvagens”.
Apenas uma mão-cheia porque, entretanto, Astérix tinha nascido, em 1959, juntamente com a revista “Pilote”, e o grande sucesso de ambos – bem como o muito trabalho que davam – levou ao abandono da série, depois adaptada em versão áudio e em desenhos animados, que tem sido alvo de sucessivas reedições ao longo destes 50 anos.
Em Portugal, Humpá-Pá estreou-se no “Zorro” (1963), tendo passado também pela versão nacional da revista “Tintin”, e foi sucessivamente editado em álbum pela Íbis, Bertrand e Meribérica/Líber. A ASA tem em curso mais uma reedição integral, cujo primeiro volume, “Humpá-Pá, o pele-vermelha” (2005), inclui as tiras originais de 1951, devendo o segundo (dos três previstos) ser lançado em Maio próximo.


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O bom, velho Astérix

Astérix Legionário
Astérix na Córsega
Obélix e Companhia
René Goscinny (argumento) e Albert Uderzo (desenho)
Edições ASA
12,00€

Continuando a reedição dos álbuns de Astérix, integrada na comemoração dos seus 45 anos (em Outubro de 2004), com novas traduções, a ASA acaba de lançar meia dúzia de títulos entre os quais três dos melhores álbuns da série – “Astérix Legionário” (1967), “Astérix na Córsega” (1973) e “Obélix e Companhia” (1976) -, se tal distinção é permitida, sendo os restantes “O Domínio dos Deuses” (1971), “Os Louros de César” (1972) e “O Presente de César” (1974). A nova tradução, com defeitos e qualidades em relação à anterior, e a que se pode apontar como aspectos mais negativos o uso de expressões anacrónicas (“vira o disco e toca o mesmo”) ou de nomes associados a regionalismos… lisboetas (Transtejix), destaca-se pelo facto de todos, com excepção de Astérix, Obélix e Panoramix, terem novos nomes, aportuguesados.
Quanto à reedição em si, tem a vantagem de poder levar muitos a reencontrar o bom, velho Astérix, que tão maltratado tem sido nos álbuns que Uderzo assinou a solo, e outros a redescobri-lo em toda a sua pujança.
Isto porque basta uma leitura superficial pode fazer sorrir (pelo menos…) com as situações recorrentes – a pancada que os gauleses distribuem aos romanos, o hábito de Obélix coleccionar capacetes de legionários, a razia (anti-ecológica…!) que os gauleses provocam nos javalis, os constantes desaires dos piratas ou as desavenças entre o peixeiro Ordemalfabétix e o ferreiro Éautomatix – resolvidas sempre de forma diferente mas sempre hilariante.
Mas é uma leitura mais atenta (e também mais culta…) que permite desfrutar em pleno de uma das melhores séries humorísticas de todos os tempos e não me refiro apenas à banda desenhada. Isto porque René Goscinny, numa demonstração de um sentido de humor ímpar e de uma bagagem cultural invejável, aproveitou-a para fazer crítica social e de costumes, satirizar pessoas, regiões, países e povos, de uma forma que resiste perfeitamente ao passar dos anos, abordando aspectos como a ecologia, a imobiliária, a organização política e militar, o relacionamento inter-pessoal, a própria realidade histórica ou brincando até com as convenções da própria linguagem da BD.
Assim, “Astérix Legionário” é uma sátira brilhante e arrasadora à instituição militar, desmontando e ridicularizando os seus formalismos, burocracias, métodos de treino e tácticas de combate, quando Astérix e Obélix se alistam para libertar um amigo feito voluntário à força em tempo de guerra civil.
Já “Obélix e Companhia” é uma incursão pelo intrigante mundo dos negócios, quase um tratado de economia em menos de meia centena de páginas que exemplificam magistralmente conceitos como oferta e procura, desvalorização da moeda ou falência.
Finalmente, “Astérix na Córsega”, traça um retrato irresistível de um povo (muito) “susceptível”, incapaz de esquecer e perdoar, ciente dos seus valores e tradições e dos seus queijos de cheiro nauseabundo. E este álbum, mais do que qualquer um deste lote, destaca-se por mostrar um Uderzo em plena posse das suas (muitas e inexcedíveis) faculdades gráficas, combinando o tom caricatural da série com o tratamento semi-realista aplicado aos corsos e à pujante representação da sua ilha, e combinando o seu traço suave, vivo e dinâmico com o bom domínio da planificação, do ritmo e do sentido de leitura


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Álbum de homenagem assinala os 80 anos de Uderzo

Mais de três dezenas de autores colaboraram no projecto; Obra vai ter edição portuguesa

O 80º aniversário de Albert Uderzo, no próximo dia 25 de Abril, será assinalado pela edição do álbum “Astérix et ses amis”, no qual mais de três dezenas de autores homenageiam o desenhador de Astérix.

O projecto, nascido no seio das Éditions Albert-René, que destinam o produto da sua venda para auxílio da organização Défenseur des Enfants, responsável pela divulgação da Convenção dos Direitos da Criança, será lançado no próprio dia do aniversário na França, Bélgica, Suiça e Grécia, e depois na Finlândia, Noruega, Polónia, Alemanha e Áustria, não estando ainda definida a data do seu lançamento em Portugal, “embora o livro já esteja em produção”, revelaram ao JN as Edições ASA. No entanto, caberá a Espanha estrear mundialmente a obra, em castelhano e catalão, já no dia 19, no 25º Saló Internacional del Còmic de Barcelona, que decorrerá de 19 a 22 de Abril, já que uma parte dos seus originais estarão lá expostos.

“Astérix e os seus amigos” (“título provisório da edição portuguesa”), nas suas 60 páginas, inclui participações de 34 autores de diversas nacionalidades, com ilustrações, gags ou histórias curtas, entre os quais os veteranos Tibet, Dany, Jean Graton ou Walthéry, nomes de referência como Van Hamme, Rosinski, Vance, Boucq, Loustal, Baru ou Manara, ou valores confirmados da nova geração como Mourier, Arleston, Guarnido, Tarquin ou Zep. 

Clonando o traço de Uderzo ou dando aos heróis gauleses aparências mais ou menos realistas, muitos destes autores transportaram-nos para os seus universos ou introduziram na aldeia gaulesa referências deles retirados, não sendo assim surpresa que ao longo do álbum Astérix e Obélix se cruzem, por exemplo, com Thorgal, XIII, Lucky Luke, Gaston Lagaffe, Natacha, Oliver Rameau. Kid Ordin ou o Marsupilami, havendo também uma referência (de Derib) à paixão de Uderzo pelos Ferrari, consubstanciada num veículo daquela marca esculpido na rocha por Obélix.

A edição portuguesa “terá uma tiragem de 3000 exemplares”, semelhante à dos álbuns com as aventuras do pequeno guerreiro gaulês, cuja reedição completa, com as novas traduções em que os nomes das personagens secundárias, muitas vezes trocadilhos ou jogos de palavras, foram adaptados à nossa língua, “deverá estar terminada em Junho”, afirmou Maria José Pereira, responsável do Departamento de Banda Desenhada da ASA. No final do ano deverá ter início a edição de Astérix em formato “gigante”, que, para além do formato 20 % superior ao habitual, se distingue por partir do restauro digital dos originais de Uderzo, que “limpou” o traço negro de todas as imperfeições e aplicou novas cores e nova legendagem.

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Albert Uderzo, um grande desenhador
Nascido a 25 de Abril de 1927, em Fismes (França), no seio de uma família de origem italiana, Albert Aleandro Uderzo teve o seu primeiro trabalho como aprendiz de desenhador em 1940. Em 1945 publicou a sua primeira banda desenhada, tendo-se multiplicado em inúmeros projectos, na BD, ilustração e no cinema de animação durante a década e meia que se seguiu. Em 1961 a sua ligação à International-Press, levá-lo-ia a conhecer Charlier, Hubinon, Graton e, principalmente René Goscinny, com o qual estabeleceu uma relação de trabalho e de cumplicidade que deu origem a João Pistolão, Humpápá, o pele-vermelha e, entre muitos outros, Astérix, que se estreou no nº 1 da revista Pilote, a 29 de Outubro de 1959, e de que Uderzo se tornaria também argumentista em 1977, após a morte de Goscinny.

Hábil nos negócios, criou a sua própria editora, as Éditions Albert-René, em 1979 e fez de Astérix um sucesso ímpar, com mais de 300 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, nas 100 línguas e dialectos em que está traduzido, incluindo o mirandês.

Distinguido com o Grande Prémio do Milénio, no 26º Festival Internacional de BD de Angoulême, em 1999, Uderzo é um grande desenhador, muitas vezes imitado mas nunca igualado, conhecido pelas formas arredondadas e grandes narizes dos seus heróis, que possui um traço suave, vivo e dinâmico, a que alia um bom domínio da planificação, do ritmo e do sentido de leitura. 

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“Uderzo visto pelos seus amigos”

“Astérix e os seus amigos” não é caso único. Em 2002, a Vitamina BD lançou a versão em português de “Uderzo visto pelos seus amigos”, originalmente editado em França, pela Soleil e desde o início acarinhado pelo próprio Uderzo. São 20 histórias curtas assinadas, entre outros, por Achdé, Arleston, Corteggiani, Coutelis, Franz, Meynet, Mourier, Rodolphe, Rouge ou Tranchand, que decorrem na pré-história, no célebre “ano 50 antes de Cristo”, ou nos nossos dias, e que (re)contam episódios da vida de Uderzo, levam-no a uma certa “aldeia povoada por irredutíveis gauleses” ou satirizam situações recorrentes das verdadeiras histórias do pequeno guerreiro gaulês.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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