Etiqueta: Jean-David Morvan

A Tragédia Japonesa Vista Pelos Cartoons

Numa época em que o cartoon editorial está presente em quase todos os jornais, a tragédia que o Japão ainda vive não escapou ao olhar e ao traço dos criadores gráficos.
Uma simples pesquisa na Internet permite descobrir um grande número de desenhos alusivos, nos quais se destaca o uso recorrente de alguns símbolos: a bandeira japonesa, em especial o círculo vermelho, representando uma ferida, sol posto (desespero) ou sol nascente (esperança); o sinal nuclear associado ou substituindo elementos da cultura nipónica; variações sobre a pintura “A grande onda”, de Katsushika Hokusai, feita sinónimo de destruição, com a montanha original substituída por chaminés nucleares ou destroços urbanos.
E se à maior parte deles é comum uma grande sensibilidade e contenção, apelando mais à reflexão do que ao riso, a verdade é que algumas polémicas têm surgido, com alguns leitores a insurgirem-se, obrigando mesmo, nalguns casos, os autores a explicarem-se ou os jornais a pedirem desculpas públicas, como aconteceu, por exemplo no Brasil e na Malásia.
Ao mesmo tempo, têm sido criados sites como Tsunami – Des images pour le Japon (Nota: Site inexistente), do ex-argumentista de Spirou, Jean-David Morvan, que reside no Japão, que reúnem ilustrações de solidariedade de autores de proveniências e estilos diversos.

Martinefa
Martinefa.

Clássicos

Tem por título “Ex-Libris”, por objectivo adaptar em BD os grandes romances da literatura e é dirigida por Jean David Morvan, recém-despedido argumentista de Spirou e autor de êxitos como “Sillage”. Como premissas, apresenta “um profundo respeito pelas obras”, a sua recriação “por autores que pretendam revisitar um dos seus livros de cabeceira” e “adaptações fiéis mas personalizadas”

Já com Dickens, Mary Shelley, Victor Hugo ou Kafka em agenda, esta colecção da Delcourt estreou-se com os primeiros volumes das versões aos quadradinhos de “Les Trois Mousquetaires”, de Alexandre Dumas, e “Robinson Crusoé”, de Daniel Defoe.

No primeiro caso, o argumento de Morvan e Dufranne reteve a essência do original bem como o seu espírito, que o traço semi-caricatural de Rubén acentuou, realçando o lado divertido e alegre da narrativa, a par do dinamismo das muitas cenas em que imperam as espadas, tudo assente numa planificação multifacetada com profusão de vinhetas por prancha.

Já em “Robinson Crusoé”, o traço de Gaultier é bem mais esquemático e sombrio, quase intimidativo, como que antecipando a angústia das quase três décadas passadas na ilha deserta, às portas da qual deixamos o protagonista, depois de este viver algumas aventuras que não aplacaram a sua sede de descoberta, nas quais a grande expressividade dos desenhos permite muitas vezes a omissão do texto escrito.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Transatlântico

O propósito da colecção: Marvel Transatlântico é levar aos leitores tradicionais europeus os super-heróis Marvel, no formato que melhor conhecem (álbum a cores, cartonado), pelos autores que mais apreciam; para estes há o aliciante de poderem tornar a sua arte conhecida dos leitores habituais de comics americanos.

O primeiro volume da colecção é “Wolverine – Saudade”, de Jean-David Morvan e Philippe Buchet, que a novel editora BdMania (nascida no seio das lojas especializadas heterónimas) fez chegar às livrarias portuguesas em simultâneo com a edição original francesa.

Diferenças entre os comics tradicionais e este “comic europeu” (que deturpa a definição de saudade)? Para além do formato (que influencia também a planificação), uma história mais consistente, que combina a temática super-heróis com lendas (e realidades) do local onde a trama se ambienta, no caso o Brasil. E também um desenho mais violentamente realista, ou não houvesse na narrativa a participação dos esquadrões da morte brasileiros, assassinos de crianças, e não mostrasse Buchet os efeitos de corte múltiplo das garras de Wolverine, em armas aos bocados ou braços às fatias…

Os próximos volumes (a ler também em português) serão uma história do Demolidor com o Capitão América, por Claudio Villa e Tito Faraci e outra com as mulheres dos X-Men, escrita por Chris Claremont e desenhada por Milo Manara.

A promoção fica a cargo do autor, que terá de encomendar todos os exemplares que quiser para este ou qualquer outro fim; ao longo de todo o processo nunca existem stocks e o autor, em qualquer momento pode retirar a obra do site ou fazer as alterações ou correcções que ache necessárias.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias