Etiqueta: Paulo J. Mendes

Uma conversa em torno da BD Boliviana

Este sábado – 15 de Março – além da exposição Ambos os Três – A BD de Paulo J. Mendes (com a presença do autor), inauguramos também uma exposição documental: Vinhetas na Adversidade – autores de BD Bolivianos. E por volta das 18h00 fazemos uma conversa com a comissária desta exposição que fez uma investigação em torno da BD do seu país. A Ariana Rossel vai traçar um panorama de uma BD completamente desconhecida por cá .

Apareçam.

 

Inauguração Sábado, 15 de Março, às 16h00.

Ambos os três – a BD de Paulo J. Mendes

na Galeria de Ilustração e BD Mundo Fantasma

Vinhetas na Adversidade – autores de BD Bolivianos

na Bedeteca

Ambos os Três – a BD de Paulo J. Mendes

No próximo sábado inauguramos duas novas exposições na Galeria de Ilustração e BD Mundo Fantasma e na Bedeteca.

 

sobre Ambos os três – a BD de Paulo J. Mendes

Os originais que se apresentam nesta exposição pertencem a um conjunto de três (des)novelas gráficas, conjunto esse que, pela sua aparente homogeneidade, quase poderia designar-se como “trilogia involuntária”.

Mas é, de facto, uma homogeneidade aparente, primeira impressão quiçá ancorada no coeso aspecto visual de “ambos os três” livros quando observados juntos, sumarento fruto do (sempre) excelente trabalho editorial da Escorpião Azul; Quiçá também devida à certeira cadência bi-anual com que foram sendo dados à estampa; Ou, ainda, pelo seu teor onde pontificam toques de humor absurdo em geografias imaginárias que remetem para outras conhecidas, e onde há sempre um protagonista acabado de chegar ao lugar da acção, porque no fundo “ambos os três” quase parecem ser, se não o são mesmo, sobre chegadas.

E se pontos comuns existem, não serão menos as diferenças de livro para livro. Partindo todos do mesmo caldo de ideias soltas, vivências, interesses adquiridos ao longo da vida compondo um imaginário muito pessoal, cada uma das narrativas segue a sua própria direcção: Mais desbragada esta, mais nostálgica aquela, mais ácida aquela outra.

Distinções que se acentuam ainda mais pela diferente técnica presente em cada livro – preto-e-branco com meios-tons no primeiro, cor total no segundo, preto-e-branco puro no terceiro – fruto da busca sempre inconclusiva pelo traço mais fluido e eficiente para o seu autor que, na BD como no “urban sketching”, não gosta de ficar muito tempo amarrado à mesma página.

Irá a trilogia evoluir para tetralogia? Ou estarão novas “gias” à espera de ser exploradas? É difícil dizer por agora, quase tão difícil como este exercício de escrevermos sobre o próprio trabalho, pelo que terminaria com o convite para a sua apreciação, seja nas paredes desta galeria ou, caso algum destes originais venha a despertar o interesse, em qualquer das páginas impressas de “ambos os três”.

Paulo J. Mendes

Março de 2025

Inauguração Sábado, 15 de Março, às 16h00.

Ambos os três – a BD de Paulo J. Mendes

na Galeria de Ilustração e BD Mundo Fantasma

Vinhetas na Adversidade – autores de BD Bolivianos

na Bedeteca

Paulo J. Mendes vence Prémio Jorge Magalhães com “Elviro”

Paulo J. Mendes, foi distinguido com o Prémio Jorge Magalhães de Argumento para Banda Desenhada, referente ao ano editorial de 2022, pela sua obra “Elviro”, editada pela Escorpião Azul.
Ao JN, o autor nortenho referiu que esta distinção, que vem juntar-se ao troféu para Melhor Álbum de Autor Português, recebido no recente Amadora BD, “para alguém que nunca está satisfeito e questiona permanentemente o próprio trabalho é algo de gratificante e um sinal de que provavelmente até vamos fazendo qualquer coisa de jeito.”
Sendo um prémio para argumento, como autor apostado em “criar histórias e respectivos mundos, acaba por ter um valor acrescentado”. E desenvolve: “ Uma boa história aguenta-se bem com um desenho menos bom, mas o oposto já não é possível, o que diz muito da importância do argumento”.
“Elviro”, segundo o escritor e desenhador, é “um divertimento que nasceu nos tempos cinzentos da pandemia, que celebra os dias soalheiros do Verão de época já remota, com um leve toque picante” e também “uma homenagem aos velhos e pitorescos transportes públicos desse tempo e respectivos entusiastas que os registaram para a posteridade”, no caso os eléctricos de Nalgas do Mar, a estância balnear em que decorre o relato, semelhantes aos que o Porto ainda vai tendo.
O sucesso desta obra, bem como de “O Penteador” (Escorpião Azul), distinguido em 2020 com uma Menção Honrosa, não o fazem arrepender de “um afastamento da BD de décadas, que resultou de uma sucessão de acontecimentos muito específicos”. E explica que possivelmente “era assim que as coisas estavam destinadas a ser. Perante isto, e deitando mão ao velho chavão “mais vale tarde do que nunca”, o tempo não é de pensar naquilo que poderia ter sido feito no passado, mas sim olhar para o que ainda temos pela frente com muita motivação”.
E pela frente, está um novo livro, “cuja edição está prevista para o Outono de 2024”. E revela, entusiasmado: “é extenso, com cerca de 250 pranchas”, em que tem “estado completamente imerso como um eremita, não por causa de prazos mas pela entusiástica vontade de avançar”. Relativamente à história, adianta que “terá um humor aqui e ali mais ácido e negro, e começa com uma personagem que é obrigada a revisitar o seu passado, desencadeando com isso uma caldeirada de peripécias!”
Paulo J. Mendes, que já tinha sido distinguido com uma Menção Honrosa em 2020, por “O Penteador” (Escorpião Azul), sucede a Filipe Melo (“Balada Para Sophie”, 2020, Companhia das Letras) e a “O Fogo Sagrado” (Derradé, 2021, Escorpião Azul).
O júri decidiu também atribuir uma Menção Honrosa a Bernardo Majer por “Estes Dias” (Polvo).
O Prémio Jorge Magalhães, é uma iniciativa da editora Ala dos Livros e uma homenagem a alguém que dedicou a sua vida à escrita e à BD, como editor, coordenador de revistas (“Mundo de Aventuras”, “Mosquito – 5.ª série”, “Selecções BD”…) ou argumentista, com o objetivo de dignificar e valorizar o argumento na Banda Desenhada.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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“Elviro” apresentado no Porto este sábado

O autor Paulo J. Mendes estará presente e falou com o JN sobre o livro

A cafetaria com livros Dona Mira acolhe este sábado, dia 11, às 17 horas, o autor Paulo J. Mendes e o editor da Escorpião Azul, Jorge Deodato, para a apresentação do romance gráfico “Elviro”.
Lançado em Outubro último no Amadora BD, “Elviro” fala-nos da extinção de uma linha de eléctricos na pequena localidade balnear de Nalgas de Mar, dos problemas conjugais entre o protagonista e a esposa, de um encontro de amigos dos transportes ferroviários e um congresso de mirones.
Aproveitando este ‘regresso’ a casa do autor, o Jornal de Notícias conversou com ele, para tentar perceber quem é afinal o protagonista. Segundo Paulo J. Mendes, “Elviro é uma pessoa simples, um normal cidadão de meia-idade a quem aconteceu ter uma paixão por velhos veículos de transporte público, sobretudo eléctricos, provavelmente resultante de viagens e experiências na infância, e que é o seu hobby e o tempero dos seus dias”.
Dias que passa dividido entre os eléctricos e a mulher, pois “gosta de ambos, mas de maneira diferente” diz o autor. E esclarece: “enquanto a paixão pela mulher se dilui na rotina dos dias, a dos eléctricos é constantemente avivada pela novidade, sobretudo na época de grandes mudanças em que a história se situa. Claro que uma ‘balança comercial’ tão desequilibrada não poderia senão originar uma postura reclamante e impaciente do lado matrimonial e a conflitualidade daí resultante”.
A banda desenhada, bem disposta e recheada de surpresas, começa quando ambos chegam a Nalgas de Mar, a tempo de Elviro participar na última viagem do último eléctrico. O detalhe e rigor expressos na narrativa, não surpreendem, sabendo-se que a história se baseia num “episódio que ocorreu em Espanha no início dos anos sessenta, quando aquele país importou troleicarros que Londres estava a descartar, para distribuir por várias cidades, nalguns casos substituindo pitorescas linhas de eléctricos”. E prossegue, confessando que “o facto de partilhar com o Elviro muito do interesse por este tema acaba por funcionar como elo de ligação entre Nalgas e o Porto”, pois “na época em questão e nas décadas que se seguiram ocorreram extinções de linhas de eléctricos um pouco por todo o mundo, sendo que podemos estabelecer algum paralelismo com o caso do Porto, que ainda vivenciei, e o de outras cidades portuguesas”.
Para além da afluência dos apreciadores de eléctricos e comboios, Paulo J. Mendes agenda para a mesma altura, com resultados muito divertidos, um Congresso de Mirones, “ideia inspirada numa cena de “Nem Guerra nem Paz”, um filme de Woody Allen, em que numa malaposta viaja o tolo da aldeia que vai participar num congresso de tolos…”
Depois de em “O Penteador”, livro de estreia de Paulo J. Mendes, os protagonistas passarem o tempo entre jantaradas e corridas nus pela pacífica localidade de Poço Redondo, em “Elviro” voltamos a encontrar muitas refeições em grupo e convívios entre amigos. O desenhador nega que isso “seja um reflexo, pelo menos consciente, do tempo de pandemia”, até porque “o primeiro livro foi dado à estampa uma semana antes de nos mandarem para casa”, mas reconhece que criar “Elviro” ocupou “boa parte do tempo de clausura”, o que se reflecte “no ambiente de sol e praia, algo que ansiava fervorosamente nesses dias cinzentos”.
E depois de Poço Redondo e de Nalgas de Mar, onde nos vais levar o autor? Sem levantar muito o véu, adianta estar “com dois projectos de registos diferentes, um deles com argumento de um amigo” e que ambos estão já “na fase de storyboard”. O primeiro “por se situar em cenários reais, obriga a um planeamento e pesquisa mais cuidados e demorados, pelo que avança mais devagar do que o segundo”. Este último “tem um pouco dos ingredientes e humor dos trabalhos anteriores, quiçá um pouco mais negro e cruel aqui e ali. Vai-nos levar a uma vila do interior e haverá incursões ao passado, velhas casas cheias de memórias, centros comerciais decrépitos, empreiteiros gananciosos e homofóbicos, uma arte marcial absolutamente inovadora e…”
E o resto fica para outra vez, pois Paulo J., Mendes confessa ainda não saber “como vai acabar esta autêntica bandonovela” nem quando estará pronta, embora tema “que decorrerá muito tempo até podermos ler as duas histórias”.
Este sábado, a partir das 17 horas, estará no Dona Mira, na Rua Duque de Saldanha, 431, para mostrar os originais de “Elviro”, conversar com os seus leitores e para uma sessão de autógrafos.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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