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Super-heróis despedem-se de Keith Giffen

Argumentista e desenhador norte-americano, foi co-criador de Lobo e Rocket Raccoon

Chamava-se Keith Ian Giffen, escrevia e desenhava histórias aos quadradinhos há quase meio século e faleceu anteontem. É mais um talentoso autor que partiu para o paraíso dos grandes criadores.
Natural de Queens, em Nova Iorque, onde nasceu a 30 de Novembro de 1952, Giffen publicou a sua primeira história, a preto e branco, “The Sword and the Star”, escrita por Bill Mantlo, no início de 1976, no catálogo da Marvel.
Em meados do mesmo ano, a dupla dava origem a Rocket Raccon, um guerreiro guaxinim irascível com um sentido de humor doentio, que mais tarde viria a integrar os Guardiões da Galáxia.
No início da década seguinte, surgiu a obra que o alcandorou à galeria dos grandes dos comics: a “Legion of Super-heroes”, inicialmente em parceria com Paul Levitz, depois assumindo a dupla função de escrita e desenho. No tom mais sério e fantástico que o género de super-heróis tradicionalmente exibe, ou utilizando um traço mais caricatural e um inesperado humor, bem presente na “Justice League International”, com J.M. DeMatteis e Kevin Maguire ou na “Justice League Europe”, de novo com DeMatteis. Nessa década ‘maravilhosa’, Giffen, desta vez com Roger Slifer, daria origem a Lobo, um violento mercenário extraterrestre.
Nas décadas seguintes, saltitando entre as duas grandes rivais, DC Comics e Marvel, Keith Giffen, com predilecção especial pelas sagas que envolviam grupos de super-heróis, escreveu e/ou desenhou muitas das personagens com que muitos autores apenas sonham: Batman, Flash, Green Arrow, Green Lantern, He-Man, Suicide Squad, Wonder Woman, Daredevil, Fantastic Four, Iron Man…
Maioritariamente divulgado no nosso país através das edições brasileiras de super-heróis, a arte de Keith Giffen pode ser apreciada em português em “Legião dos Super-Heróis: Saga das Trevas Eternas” (edição Levoir, 2016).
Homenageando o humor que caracterizou parte da sua obra, a família anunciou a morte do autor, aproveitando parte de uma publicação que o próprio Giffen preparara. Na sua página do Facebook, pode ler-se: “Disse-lhes que estava doente… Qualquer coisa menos ir à New York Comic Con. Obrigado. Keith Giffen (1952-2023) Bwah ha ha ha ha”.


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F. Cleto e Pina

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“Julie, Clare, Cécile” dizem adeus a Sidney

Desenhador belga era um dos últimos autores vivos da revista “Tintin”

Paul Ramboux, mais conhecido como Sidney no mundo da banda desenhada fraco-belga, faleceu ontem, contava 91 anos. Era um dos últimos autores ainda vivos da época áurea da revista “Tintin”
Natural da Bélgica, onde nasceu em 1932, estudou no Institut Saint-Luc de Bruxelles, tendo de seguida ingressado na revista “Tintin”, em 1958, onde publicou diversas bandas desenhadas curtas a partir de argumentos de Yves Duval.
Apesar de privilegiar um estilo realista, publicou bandas desenhadas humorísticas na “Junior” e colaborou também na revista “Spirou”, assinando como Kovak ou Malois, tendo desenhado mais de meia centena das “Belles Histoires de l’Oncle Paul” e uma longa biografia de Marco Polo. Da sua bibliografia consta igualmente a série “Jim Steward”, escrita por Jacques Acar.
Em 1982 regressou à revista “Tintin” pela porta grande com “Julie, Claire, Cécille et les autres”, uma parceria com o argumentista Michael de Bom, desta vez empregando um estilo semi-caricatural para narrar o quotidiano de três jovens, primeiro em casa dos pais, mais tarde, já universitárias, numa residência partilhada. Sem mais pretensões do que divertir os leitores, a série aborda de forma ligeira e bem-humorada questões como as conquistas amorosas, a dificuldade de manter a linha ou a moda. Publicada pela primeira vez em álbum em 1986, “Julie, Claire, Cécille et les autres” conta 24 livros.
O fecho da versão portuguesa da revista “Tintin”, curtos três meses após a estreia de “Julie, Claire, Cécile et les autres” não permitiu que esta série chegasse aos leitores portugueses. Mesmo assim, entre aquela revista, a “Nau Catrineta” e o “Mundo de Aventuras”, entre outras, Sidney teve quase duas dezenas de histórias curtas publicadas no nosso país, com destaque para uma breve biografia do Marquês de Pombal, em quatro páginas, escrita por Yves Duval, publicada pela primeira vez nas “Selecções” #203 (1978) e cinco anos mais tarde no “Mundo de Aventuras” #486.


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F. Cleto e Pina

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Homem-Aranha chora morte de John Romita Sr.

Artista norte-americano desenhou o super-herói da Marvel durante décadas

Natural de Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde nasceu a 24 de Janeiro de 1930, John V. Romita Senior faleceu na passada madrugada, durante o sono, contava 93 anos. Tem reservado um lugar no paraíso dos autores de banda desenhada, graças especialmente ao seu trabalho no Homem-Aranha, que desenhou durante mais de 30 anos.
Formado na School of Industrial Art, de Manhattan, em 1947, foi influenciado por artistas como Noel Sickles, Roy Crane, Milton Caniff ou Carmine Infantino. Cinco anos depois casou com Virginia Hopkins, com quem teve dois filhos, Victor Romita e John Romita Jr., este último também autor de BD, tendo desenhado muitos dos grandes super-heróis da Marvel, incluindo o Homem-Aranha, e também a série “Kick Ass”.
John Romita entrou na banda desenhada em 1949, através da editora Atlas, para quem desenhou histórias de terror, românticas e westerns, bem como algumas aventuras do Capitão América, a partir de 1954.
Quando a Atlas cessou a actividade, em 1957, Romita mudou-se para a DC Comics, a casa do Batman e Super-Homem, onde durante oito anos ilustrou relatos românticos.
Em 1965 entrou para a Marvel, desenhando histórias dos Vingadores e do Demolidor. A sua prestação num episódio deste último, em que o super-herói cego contracenava com o Homem-Aranha levou-o a ser convidado para se ocupar da revista deste último, começando aí um percurso notável, que se estenderia por cerca de três décadas e que levaria o aracnídeo a tornar-se na personagem mais popular da Casa das Ideias.
Foi durante o seu consulado como desenhador de “The Amazing Spider-Man” que durgiram personagens marcantes como Mary Jane Watson, o Rino ou o Rei do Crime e que nasceu e morreu Gwen Stacy, a primeira grande paixão de Peter Parker, num relato que chocou os leitores da época por descobrirem que as personagens de primeiro plano também eram humanas e podiam morrer.
Com um grafismo aparentemente simples, mas sólido e elegante, dinâmico, tecnicamente perfeito e de grande eficácia narrativa, John Romita Sr. conseguiu tornar o ‘seu’ Homem-Aranha mais conhecido e celebrado do que o do seu criador, Steve Ditko, fazendo dele o campeão de vendas da Marvel, superando o Quarteto Fantástico e transformando-a na imagem de marca da editora.
Romita foi co-criador de diversas outras personagens como Wolverine, Justiceiro ou Mercenário e, em paralelo, foi também director artístico da Marvel e responsável pela criação dos “Romita’s Raiders”, uma equipa responsável pelos retoques gráficos de última hora nas pranchas, antes delas seguirem para impressão.
Em 1996, entrou num regime de semi-aposentação, embora tenha continuado a trabalhar pontualmente com a Marvel e por vezes também com a rival DC.
Muitas das suas obras foram publicadas em português ao longo dos anos, incluindo as suas primeiras prestações nas páginas do Capitão América, Demolidor e Homem-Aranha.


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F. Cleto e Pina

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Faleceu o cartoonista Al Jaffee

Pilar da revista norte-americana “MAD” faleceu aos 102 anos

Nasceu a 13 de Março de 1921 como Abraham Jaffee, em Savannah, Geórgia, mas o mundo da banda desenhada – e não só – conheceu-o como Al Jaffee. A morte, ontem, devido à falência de múltiplos órgãos, levou-o com 102 anos de idade.
Filho de imigrantes judeus oriundos de Zarasai, na Lituânia, viveu a infância entre aquela cidade, com a mãe, e os Estados Unidos com o pai. Estudou na Escola Superior de Música e Arte em Nova Iorque, no final da década de 1930, onde conheceu Will Elder, Harvey Kurtzman, John Severin e Al Feldstein que seriam seus companheiros na revista “MAD”.
A sua estreia oficiosa está registada em Dezembro de 1942, na revista “Joker”, mas parece certo que desde o ano transacto tinha colaborado com diversas editoras de comics , entre elas a Timely Comics e Atlas Comics, que viriam a originar a Marvel Comics. Durante a II Guerra Mundial colocou as suas capacidades gráficas ao serviço das forças armadas, embora tenha continuado a desenvolver o seu trabalho em séries humorísticas, que apontavam já o seu caminho de eleição, entre elas “Inferior Man” e “Ziggy Pig and Silly Seal”, ambas estreadas em 1942.
Em 1945, conheceu Ruth Ahlquist, num período em que trabalhava para o Pentágono, com quem viria a casar. Foi durante essa época que, aproveitando as facilidades concedidas pelo exército para a livre alteração de nome, mudou o seu, primeiro, por engano, para Alvin Jaffee, e, depois, para Allan Jaffee.
Em 1946, desmobilizado, voltou à vida civil e a colaborar com Stan Lee. Apesar de ter assinado a tira muda “Tall Tales”, no New York Herald Tribune, entre 1957 e 1963, que chegou a ser publicada em mais de 100 jornais, a grande marca do trabalho de Al Jaffe ficou na revista “MAD”, onde publicou pela primeira vez em 1955 quando a publicação assumiu o formato revista.
Criada em 1952, aquela publicação satírica foi um marco editorial incontornável que durante mais de meio século fez sorrir os norte-americanos e muitos leitores por todo o mundo. Dois anos depois, um conflito entre Harvey Kurtzman e os editores da ECC Comics, levou à saída daquele, tendo sido acompanhado por Jaffee, que colaborou com ele em dois projectos de vida curta, “Humbug” e “Trump”, antes de regressar à “MAD”, em 1958.
Tendo assinado cartoons, bandas desenhadas curtas e caricaturas nesta revista, Jaffee deixou como imagem de marca os marcantes “Mad Fold-in”. Sátira às fotos desdobráveis das páginas centrais da “Playboy”, eram desenhos humorísticos, com uma pergunta e um pequeno texto que, uma vez dobrados de acordo com as instruções publicadas na revista, originavam uma nova imagem com a resposta, mordaz e crítica, à questão inicial. Os “Mad Fold-in” ocuparam a última página da revista, de forma quase ininterrupta, a partir de 1964 e até 2018, quando a publicação foi encerrada e foram compilados em livro mais do que uma vez.
O World Guinne of Records registouAl Jaffee o como o autor de banda desenhada com a carreira mais longa, com um total de 77 anos e 158 dias.


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F. Cleto e Pina

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Novo álbum de Fernando Relvas nos 50 anos da revista Tintin

A Bedeteca da Amadora, integrada na Biblioteca Fernando Piteira Santos, inaugura hoje, às 17 horas, a exposição “Revista Tintin, 50 anos”.
Na mesma altura será apresentado o livro “O Espião Acácio”, que reedita integralmente a banda desenhada com que Fernando Relvas, recentemente falecido, se estreou na revista, em 1978. Crónica humorística da Primeira Grande Guerra, inspirada pela leitura da “Ilustração Portuguesa”, “O Espião Acácio” conta mais de 100 páginas de traço vivo e humor desconcertante e é uma das obras marcantes do percurso de um dos mais importantes autores nacionais de BD.
Lançada a 1 de Junho de 1968, a revista “Tintin” terminou a 2 de Outubro de 1982, tendo marcado o imaginário de várias gerações de leitores.


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F. Cleto e Pina

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