Etiqueta: 1943

A ‘Tia Nita’ faleceu

Mariana Simões Lopes Pereira Viegas faleceu aos 95 anos. Na memória de muitos, será sempre a ‘Tia Nita’ que dirigiu “A Formiga”, o suplemento para meninas que “O Mosquito” publicou entre 1943 e 1947. Irmã mais nova de António Cardoso Lopes, fundador daquela revista onde assinava como ’Tiotónio’, foi também mãe do actor Mário Viegas.
Professora primária, teve uma vida preenchida pois, a par do interesse pela literatura infanto-juvenil que sempre alimentou, aprendeu árabe e sânscrito, buscou protagonismo para as mulheres e integrou a primeira equipa portuguesa de hóquei em patins.
Teve a merecida homenagem pública em 2005, promovida pela Escola Superior de Educação de Santarém, onde vivia.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Fantasma, o Espírito que Caminha há 75 anos

Passam hoje 75 anos sobre a estreia no New Yorker American Journal das tiras diárias de The Phantom, popularizado em Portugal como Fantasma. Seria no entanto necessário aguardar uma semana para conhecer o primeiro herói dos quadradinhos com identidade secreta, oculta por uma máscara nos olhos, um fato justo de cor roxa e as cuecas por fora.
Apesar disso, o Fantasma não tinha super-poderes, que entrariam na BD apenas um par de anos mais tarde com o Superman, servindo-se da força, da agilidade física e do seu aspecto amedrontador para derrotar gangsters e tiranos, que marcava para sempre com o seu anel da caveira. E ainda da lenda que o afirmava imortal, contando mais de 400 anos, sendo por isso conhecido como “o espírito que caminha” ou “o homem que nunca morre”.
Na verdade, este Fantasma inicial era apenas o 21º de uma longa linha sucessória, iniciada em 1526 por um aristocrata inglês que, naufragado na costa africana na sequência de um ataque de piratas Singh, jurou consagrar a sua vida e a dos seus descendentes a combatê-los.
Imaginado por Lee Falk, que dois anos antes criara o mágico Mandrake, o Fantasma inicialmente foi desenhado por Ray Moore, sucedendo-lhe Wilson McCoy e Sy Barry. À tira diária juntar-se-ia uma prancha dominical colorida, em Maio de 1939, ano em que também se estreou em revista autónoma. Actualmente, as tiras diárias são escritas por DePaul e desenhadas por Paul Ryan.
Na sua primeira aparição o Fantasma salvava de apuros a bela Diana Palmer, que seria sua noiva durante mais de meio século, até finalmente casarem, em 1977. Guran, chefe dos pigmeus Bandar, Diabo, o cão-lobo, Herói, o cavalo branco e a Patrulha da Selva, são outras personagens recorrentes desta banda desenhada.
O Fantasma habita a Caverna da Caveira, na fictícia selva de Bengala, de onde parte para os mais exóticos destinos para combater o crime e a opressão, tendo mesmo participado na II Guerra Mundial, contra invasores japoneses.
O sucesso da BD, fez com que fosse levada ao cinema em 1943, com Tom Tyler como protagonista, papel que coube a Billy Zane, num filme de má memória de 1996. Na televisão apareceu em 1986, numa série animada futurista, integrando os Defensores da Terra, juntamente com Flash Gordon, Mandrake e os respectivos filhos (!). No ano passado, uma mini-série interpretada por Ryan Carnes, narrou a iniciação do 22º Fantasma.
Em Portugal, a estreia do herói deu-se em 1952, na revista Condor, tendo depois passado pelo Mundo de Aventuras, Audácia, Jornal do Cuto e até por títulos próprios. A título de curiosidade, refira-se que foi desenhado pelo português Eliseu Gouveia (Zeu), nos números #20 e #26 da edição da Moonstone Books, em 2007/08.

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E há 50 anos Crumb criou Fritz the Cat

Há 50 anos, Robert Crumb, nascido em 1943, esboçava Fritz the Cat, longe de imaginar o sucesso que lhe traria uma personagem inspirada num gato que teve em criança e na personagem então criada para divertir as suas irmãs e que só seria impresso cinco anos mais tarde.
Marco na história da banda desenhada underground norte-americana, de que muitos consideram Crumb o pai, Fritz é um animal antropomórfico, que serviu ao autor para criticar de forma ácida e mordaz a América dos anos 60 e a suacultura pop, em narrativas delirantes e politicamente incorrectas, em que tudo é questionado. Nas primeiras histórias o traço de Crumb, onde se reconhecem ainda influências de Disney, é limpo e despojado, rápido e ágil, como se a urgência de narrar a tal obrigasse, mas, com o passar dos anos, emerge o estilo personalizado do autor, mais impressivo e sujo e com os cenários bem preenchidos.
Morador numa grande cidade, preguiçoso, egocêntrico, interesseiro, volúvel, sem princípios éticos ou morais, provocador de conflitos e desejoso de experiências sexuais com qualquer fêmea, independentemente da sua raça, o felino fez de Crumb tudo aquilo que ele não desejava: um autor respeitado e aclamado, com a sua criação transformada num objecto de desejo da sociedade de consumo. A boa aceitação da longa-metragem com o seu nome, dirigida por Ralph Bakshi, em 1972 – que foi o primeiro filme de animação a ser classificado para adultos nos EUA – foi a gota de água, que levou o desenhador a decidir acabar com a ele. Isso sucederia nesse mesmo ano, em “The death of Fritz the Cat”, em que o felino morre às mãos de uma ex-namorada, uma avestruz neurótica e enciumada, armada com um picador de gelo, ainda antes da estreia do segundo filme animado, “The nine lives of Fritz the Cat” (1974).
Publicado inicialmente na revista “Help” e depois em alguns jornais e em publicações underground, “Fritz the cat”, cujas histórias, pin-ups e ilustrações diversas continuam a ser regularmente reeditadas, fez uma breve aparição em Portugal, no jornal “Lobo Mau” (1979).


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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