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Super-heróis recriam Peter Pan pelo lápis de João Lemos

Autor português assina nova série que recria contos tradicionais infantis protagonizados por heróis Marvel; Nuno Plati e Ricardo Tércio também participam no projecto; Livro deverá chegar a Portugal no final do mês

É lançado hoje nos Estados Unidos o primeiro número de “Avengers Fairy Tales”, um projecto que cruza contos tradicionais infantis e super-heróis do universo Marvel. Este número inicial, que revisita o Peter Pan de J.M. Barrie, tem o Capitão América no lugar do herói tradicional, Thor e o Homem-de-Ferro como dois dos Meninos perdidos, a Vespa como a fada Sininho, e é desenhado pelo português João Lemos. Há semanas, C. B. Cebulski, argumentista e editor da casa das Ideias, apresentava-o “como um livro único, dos mais belos que a Marvel tem lançado”.
Ao JN, João Lemos, nascido em 1977, com formação em Animação e BD, conta que esta aventura começou “em 2005, quando encontrei, por acaso, Joe Quesada, director da Marvel, no Festival de BD de Angoulême, e lhe entreguei o meu portfolio”, para ter “umas dicas dele enquanto desenhador”. Depois, “num suspeito 1 de Abril, recebo um mail do Cebulski a perguntar-me se estaria interessado em trabalhar com ele”. Admitindo influências de “Jeffrey Jones, Claire Wendling (que assina a capa), Mike Mignola, Hugo Pratt, Kent Williams ou Jon J. Muth, entre tantos outros”, percebeu que o seu traço “não se enquadrava na actual tendência da Marvel, pelo que começámos a trabalhar em “Shiki”, uma série de fantasia e tom ecológico, para a Image Comics. Só com o aparecimento da linha fairy-tales é surgiu o convite para a Marvel”.
Não adiantando muito da história – o vilão que encarna o Capitão Gancho foi mantido em segredo até hoje – avisa os fãs de Peter Pan que os “Avengers Fairy Tales” partem de “premissas com qualquer coisa de herético, pelo que deverão avançar com a noção de que não é nem uma adaptação rigorosa nem mais uma visita ao universo Marvel, apesar de piscar os olhos a ambos”. Mas acrescenta que enquanto “fã da peça e do romance originais (mais densos que a adaptação Disney), dei por mim a desenhar como que citações ao longo da história”. Esta, foi trabalhada de “um modo bastante orgânico, numa relação de ping-pong que preveniu grande parte das eventuais correcções, pois todas as partes estavam, mais do que a par dos avanços dos outros, envolvidos nos mesmos desde o início”.
Responsável pelo desenho a lápis e pela arte-final, Lemos, embora conhecedor que “Cebulski deposita uma esperança imensa na reacção do público”, sabe “que vai haver bastantes gregos a odiar o resultado”, restando saber “quantos troianos lhe mostram os dentes”.
Se o projecto – sem perspectiva de edição em Portugal – foi financeiramente compensador, “a título artístico foi uma experiência única”, sendo o “desenhar um comic um sonho concretizado”. Agora, vai “retomar a produção de “Shiki”, a par de uma série de outros projectos”.
E olhando para a actual “invasão” do mercado de comics pelos autores portugueses (ver caixa), realça que “ao passarmos de zero para meia-dúzia, damos por nós não só a saber que é possível lá chegar como também a constatar o facto de que não estamos forçosamente perante um momento pontual e aberrante”, sendo antes o reconhecimento de que “há talento extraordinário em Portugal”.

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Outros autores portugueses a trabalhar para os EUA

Dos contos de fadas ao Fantasma

Nuno “Plati” “finalizava a última prancha” de “Avengers Fairy Tales #2”, baseado em Pinóquio, anunciado para 9 de Abril, quando o JN o contactou. O quarto e último volume da série, em Junho, inspirado em “O Feiticeiro de Oz”, terá a assinatura de Ricardo Tércio, facto ainda ignorado pelos fóruns especializados norte-americanos.
Os dois têm em fase embrionária outros projectos com Cebulski, para a Image, tal como Ricardo Venâncio, que já desenhou “seis pranchas de “No Quarter”, uma BD de ficção-científica passada numa base lunar, nas horas que antecedem um grande confronto”.
De Miguel Montenegro, já “veterano” no mercado norte-americano, estreia este mês “Army of Darkness/Xena”, “da Dynamite Entertainment, uma mini-série em quatro números que estou a finalizar” e, em Abril, “termina “Red Prophet”, na Marvel”.
Eliseu Gouveia, aliás “Zeu”, também com um currículo apreciável, entregou “a capa de “The Phantom” #20”, o clássico Fantasma criado em 1936 por Lee Falk e Ray Moore, “a distribuir pela Moonstone Books em Julho”, para além de ter “em curso diversos projectos para o mercado indie”.

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Em Portugal no fim do mês

“Avengers Fairy Tales #1” chegará às lojas portuguesas especializadas em BD no fim do mês. Em Lisboa, na BDMania – onde João Lemos já trabalhou – “quem pré-encomendar o comic até dia 22, recebê-lo-à autografado”, diz Pedro Silva, que revela ter já “70 exemplares reservados”.
A Kingpin of Comics, de Mário Freitas, encomendou “20 exemplares, tal como do “Spider-Man Fairy Tales #1”, de Tércio”. Também na capital, a Mongorhead Comics, “reservou 50 exemplares”, informa Tiago Sério, que não exclui uma futura sessão promocional, uma vez que “há autores nacionais envolvidos”.
Na Dr. Kartoon, em Coimbra, onde a principal aposta é a BD franco-belga, João Lameiras adianta que quando sair a série encadernada, pensa organizar uma sessão de autógrafos com “os portugueses que trabalharam em “Avengers Fairy Tales”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Português Desenha Biografia de Angelina Jolie

Têm sido recorrentes notícias sobre bandas desenhadas de autores nacionais publicadas no estrangeiro, que suplantam e abafam as que dizem respeito às edições cá. 2011 promete ser diferente: alguns desses projectos terão dimensão e visibilidade nunca atingidas.

Cronologicamente, a primeira – e, possivelmente, a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 – será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre. Estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions.

A 2 de Fevereiro, será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, mini-série de quatro números que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto, o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.

Consolidação autoral

Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves desenha o seu primeiro comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos volta a Wolverine, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.

Quanto ao terceiro projecto citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD com o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Canvia. Esta mesma dupla deverá regressar em Março, com “Apocalipse”, para enfrentar o fim dos tempos, como descrito na Bíblia.

Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em Português – “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010) -, verão os segundos tomos editados no próximo ano.

Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhado por Osvaldo Medina, que recupera, anos mais tarde, as personagens de “C.A.O.S.”. Quanto a “O baile”, é uma história de Nuno Duarte (das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) passada em 1967 e protagonizada por um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país, estando o desenho a cargo de Joana Afonso. Finalmente, “O Pequeno Deus Cego” é uma narrativa alegórica de David Soares, negra, violenta e poética, desenhada por Pedro Serpa.

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Super-heróis invadem contos infantis

Personagens Marvel protagonizam histórias clássicas para crianças; Segundo número de “Avengers Fairy Tales” posto à venda esta semana nos EUA; João Lemos, Nuno ‘Plati’ Alves e Ricardo Tércio desenharam três dos quatro volumes da série

Com o primeiro número recém-chegado às livrarias portuguesas especializadas em banda desenhada, é distribuído na próxima quarta-feira no mercado norte-americano o segundo dos quatro fascículos previstos para “Avengers Fairy Tales”.
Projecto do conceituado argumentista e editor da Marvel, Chester B. Cebulski, tem como ponto de partida conhecidos contos infantis – Peter Pan, Pinóquio, Alice no País das Maravilhas, O feiticeiro de Oz – recontados com os protagonistas substituídos por alguns super-heróis da Marvel. Foi assim que, no primeiro tomo, o Capitão América assumiu o papel de Peter Pan, Thor e o Homem de Ferro foram dois dos Meninos Perdidos e a Vespa fez de fada Sininho. Agora, no segundo, Gepeto e o seu boneco de madeira darão lugar ao gigante inventor Hank Pym e ao Visão, um robot por ele construído que quer ser como os outros meninos, o que se torna possível graças à Fada Azul, agora colorida de (Feiticeira) Escarlate! Nos dois volumes finais, previstos para Maio e Junho, Cassie Lang (Stature), a filha do segundo Homem-Formiga, que pode encolher e aumentar de tamanho e tem poderes telepáticos, dará corpo à curiosa Alice e Mercúrio ao Coelho Branco, enquanto que na versão de O Feiticeiro de Oz o papel que Judy Garland interpretou no cinema é agora da Mulher Hulk, acompanhada por um Homem (de Lata) de Ferro!
Uma das particularidades do projecto é que três dos números são desenhados por autores portugueses – João Lemos (#1), Nuno ‘Plati’ Alves (#2) e Ricardo Tércio (#4) – tendo o restante sido entregue ao canadiano Takeshi Miyazawa. Tércio participara já, no ano passado, num outro projecto similar de Cebulski, os “Spider-Man Fairy Tales, no qual o Homem-Aranha encarnava o Capuchinho Vermelho.
Curiosamente, os desenhadores lusos foram escolhidos por um daqueles acasos que normalmente só acontecem… nos contos de fadas ou nas histórias de super-heróis! João Lemos, contou ao JN como tudo se passou: “Encontrei, por acaso, o Joe Quesada, director da Marvel Comics, no festival de BD de Angoulême, em 2005, e dei-lhe uma cópia do meu portfolio, esperando vir a ter umas dicas dele enquanto desenhador. Meses depois, num suspeito 1 de Abril, recebo um mail do C.B. Cebulski a perguntar-me se estaria interessado em desenhar para a Marvel. Mais tarde, com o aparecimento dos Fairy Tales o convite foi concretizado”.
E com bons resultados, pois Cebulski referiu-se a “Avengers Fairy Tales #1”, desenhado por João Lemos, como “um livro único, dos mais belos que a Marvel tem lançado”, e, nalguns sites especializados, críticas bastante entusiastas classificavam-no entre 7 e 9 numa escala de 10.

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Marvel Comics

Também conhecida como “Casa das Ideias”, a Marvel Comics é uma das duas grandes editoras de BD nos Estados Unidos (a outra é a DC Comics, de Batman e Superman).
Fundada nos anos 30, por Martin Goodman, sob a designação Timely Comics, editou a primeira revista de super-heróis, exactamente “Marvel Comics”, em 1939, lançando o Tocha Humana e Namor e, na década seguinte, o Capitão América.
Seria, no entanto, só nos anos 60, que Stan Lee, um dos grandes génios dos quadradinhos, daria o impulso que a viria a transformar no colosso que é hoje, ao criar super-heróis com problemas bem humanos, como o Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, X-Men e muitos outros, que saltaram, com igual sucesso, do papel para outras realidades, como a TV e o cinema.

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Desenhar para fora

Durante décadas, a BD nacional acomodou-se ao facto de Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005), primeiro em França, depois em Itália, ser o único autor português a trabalhar – e com justo reconhecimento – no estrangeiro. Em 1995, a ascensão de Joe Madureira, um luso-americano de segunda geração, a desenhador principal dos X-Men, foi outra excepção.
Nos últimos anos, com os avanços possibilitados pelas novas tecnologias, especialmente ao nível da comunicação e do envio de imagens, tornou-se mais fácil trabalhar “lá para fora, cá de dentro”. Actualmente, no mercado norte-americano, para além de Lemos, Alves e Tércio, podemos encontrar Eliseu ‘Zeu’ Gouveia, Miguel Montenegro ou Ricardo Venâncio.
E, Rui Lacas, após uma visita a Angoulême, conseguiu um contrato para editar “Obrigada, patrão” na suiça Pacquet, antes da versão nacional da ASA.

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Outras versões aos quadradinhos

Se os contos infantis clássicos, foram inúmeras vezes revisitados em versões aos quadradinhos, mais ou menos conseguidas, mais ou menos fiéis aos originais, há a destacar dois casos, ambos editados em português, pela forma original e diversa como os abordaram.
O primeiro é “Pinóquia” (Meribérica/Líber, 1997), de Gibrat e Leroi, uma versão erotizada do clássico de Carlo Collodi. O segundo, é o “Peter Pan” (dois tomos Livraria Bertrand, 1993-94; dois tomos Booktree, 2002), que Régis Loisel recriou magistralmente como um menino de rua da época vitoriana, combinando o lado onírico da narrativa de J. M. Barrie, com uma violência cruel incontida, que o torna incontornável.


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