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Rip Kirby regressa em livro

Aqueles que nas décadas de 50, 60, 70 ou mesmo 80, foram leitores regulares (ou não) especialmente do Mundo de Aventuras ou de outros títulos da Agência Portuguesa de Revistas, de certeza que guardam na memória o nome do detective Rip Kirby. Que muitos até podem ter conhecido sobre o (estranho) nome de Rúben Quirino, na fase em que as revistas infanto-juvenis rebaptizavam os heróis dos quadradinhos para os transformar em heróis lusos.
É especialmente para esses leitores a edição que a Bonecos Rebeldes acaba de colocar nas livrarias, o primeiro volume daquela que pretende ser a reedição integral das tiras de jornal desenhadas por Alex Raymond que criou o detective após ter participado na Segunda Guerra Mundial.
Movendo-se no meio da alta burguesia norte-americana, Rip (aliás Remington) Kirby, de óculos no nariz e cachimbo na boca, apreciador de música clássica e de conhaque, era fleumático, inteligente e ponderado, e privilegiava o raciocínio à acção, embora fosse capaz de recorrer aos punhos ou às armas quando necessário. Ao seu lado estavam sempre o fiel e impassível mordomo Desmond e belas e sensuais mulheres. A sua estreia nos jornais norte-americanos deu-se a 4 de Março de 1946, tendo demorado apenas três anos a chegar a Portugal, como um dos protagonistas do número inaugural do Mundo de Aventuras, com a história “O caso de Medellon Bell”.
Raymond, também criador de Flash Gordon, desenharia o detective durante dez anos, até à sua morte trágica num acidente de automóvel. John Prentice prosseguiria com as suas aventuras, de forma talentosa, até 1999, data em que desenhador e herói se reformaram definitivamente.
A actual edição foi preparada em Portugal, não seguindo a reedição integral mais luxuosa que a IDW Publishing está a levar a cabo nos Estados Unidos.


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F. Cleto e Pina

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Banda Desenhada de “A4” a “zine”

Sabe a origem de termos como gibi, fumetti, tebeo ou mosquito? Sabe que são todos sinónimos e foram ou são utilizados para designar a banda desenhada em diversos países? E tem ideia de há quantos anos esta expressão – banda desenhada – é usada em Portugal? E quando terá sido publicado o primeiro álbum de BD? Ou imagina que a primeira bedeteca (biblioteca especializada em banda desenhada) portuguesa, foi criada no Porto?
Estas e outras dúvidas e/ou curiosidades podem agora ser esclarecidas ou descobertas no “Dicionário Universal da Banda Desenhada – Pequeno Léxico Disléxico”, um livro com duas centenas de páginas que acaba de ser lançado pela Pedranocharco.
O seu autor é Leonardo de Sá, formado em Arquitectura pela École d’Architecture de Grenoble, em França, e um dos maiores especialistas europeus em histórias aos quadradinhos, responsável por diversas obras e exposições, em Portugal e no estrangeiro. Parcialmente pré-publicado no BDJornal, uma publicação semestral dedicada à BD, este “glossário enciclopédico”, nas palavras do seu autor, “comporta várias centenas de termos internacionais comentados e, quando relevante, colocados no seu contexto histórico”. Por isso, se esta não é uma obra sobre autores ou heróis, muitos deles acabam por ser citados, como momentos marcantes da História das histórias aos quadradinhos. Ou “em quadradinhos”, “variante usada também no Norte do país”.
E se, como se lê no prefácio, “esta não é, obviamente, uma obra destinada a leitura corrida”, a verdade é que a forma descontraída e até bastante bem-humorada – sem que isso signifique menos rigorosa – como está escrita, transforma qualquer consulta pontual num bem mais longo exercício de leitura, pela forma prática como estão interligadas as 378 entradas, de “A4” até “zine”, nele incluídas.

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Algumas entradas

Alfarrabista – Indivíduo que vende livros, revistas e demais papelada em segunda mão (…) Nos últimos anos, cada vez mais, alguns alfarrabistas se tomam por antiquários, com preços a condizer (…)
Coleccionador – Um tarado relativamente inofensivo cuja compulsiva obsessão se concentra na acumulação de objectos da mesma natureza (…)
Crítico – Em teoria, é um indivíduo capaz de julgar e explanar as qualidades e os méritos em obras literárias ou artísticas (…) Por extensão, e com alguma contradição, a palavra ‘crítico’ define também aquele que, de forma precipitada, emite julgamentos triviais ou exagerados.
Dirty comics – Desde as primeiras décadas do século XX, surgiram clandestinas e libidinosas paródias amadoras (…) que representavam “proezas íntimas” e geralmente heterossexuais de heróis de papel como Popeye ou Flash Gordon (…)
Faneditor – Aquele que publica fanzines.
Filactério – Forma erudita de designar um balão (de texto numa BD).
Fotocópia – Designa modernamente o produto de uma máquina apropriada (fotocopiadora) que fabrica “cópias instantâneas” a seco e em papel normal, a partir de originais planos, sem necessidade de negativos e em poucos segundos (com um bocado de sorte…), através de um processo electrostático desenvolvido por Chester F. Carlson em 1938.
Mosquito – Termo antigamente empregue para designar em Portugal qualquer revista de histórias aos quadradinhos (…)
Narração figurativa – Nomenclatura académica para referir as histórias por imagens.
Nona Arte – Classificação algo lunática e francesa para a banda desenhada (…)
Onomatopeia – Transcrição fonética de ruídos reais ou imaginários. Constituem a banda sonora de uma banda desenhada, mas são visuais e não audíveis.


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F. Cleto e Pina

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The Walking Dead: Mortos andantes vieram para ficar

Com apenas dois episódios exibidos, a nova série televisiva The Walking Dead é já um enorme sucesso. Com audiências próximas dos 5 milhões de espectadores nos Estados Unidos, as maiores de sempre em canais por cabo, apesar de apenas terem sido exibidos até agora dois episódios, segundo o canal AMC está já garantida uma 2ª temporada que terá pelo menos 13 episódios, mais 7 que a actual.
Protagonizada pelo actor britânico Andrew Lincoln, que encarna o ajudante de xerife Rick Grimes, conta como na sequência de um acontecimento cujas origens e contornos para já se desconhecem, os mortos ressucitaram e passaram a alimentar-se dos vivos, só morrendo se o seu cérebro for desfeito. Desta forma, estes zombies predominam por toda a parte, restando poucos humanos em alguns focos de resistência.
No episódio inicial, exibido em Portugal no canal Fox, apenas dois dias depois da estreia nos EUA – embora numa versão mais curta 12 minutos do que a original – Grimes acorda de um coma provocado por um ferimento de bala recebdio durante uma perseguição policial e constata que o mundo tal como o conhecia desapareceu. Parte então em busca da mulher Lori (Sarah Wayne Callies) e do filho Carl (Chandler Riggs), que encontrá no segundo episódio, também já exibido entre nós. Só que, a situação mudou, e entre os dois surge agora Shane (Jon Bernthal), antigo colega de Grimes e líder de um grupo de quase duas dzenas de pessoas.
Aliás, embora os momentos fortes da série sejam os confrontos com os “mortos andantes”, extremanente bem conseguidos graças aos efeitos especiais empregues, na base da história está a exploração das reacções (e das relações) humanas em situações extremas, conseguida em televisão pela forma pausada e com muitos momentos de suspense como a trama é desenvolvida.
Maioritariamente passada na região de Atalanta, The Walking Dead, dirigida por Frank Darabont, baseia-se na banda desenhada homónima que começou a ser publicada em 2003 pela Image Comics. Escrita por Robert Kirkman e desenhada por Tony Moore e Charlie Adlard, tornou-se uma revista mensal de grande sucesso, contando até ao momento 78 números, apesar de ser a preto e branco e ocupar um nicho de mercado, o da BD de terror, normalmente sem grande expressividade.
Em Portugal, aproveitando a estreia televisiva e a forte campanha promocional criada ao seu redor, a Devir acaba de editar o primeiro volume de The Walking Dead, “Dias Passados”, correspondente aos seis primeiros números do comicbook, cuja leitura permite constatar a fidelidade da série ao original e (re)descobrir as imagens fortes de Moore e a história forte e impactante, desenvolvida em bom ritmo por Kirkman.
Aliás, talvez alavancada pelo sucesso televisivo, um exemplar de The Walking Dead #1, classificado como 9,9 pelo CGC – Certified Collectibles Group – Comics Guaranty, a entidade que classifica o grau de preservação das revistas, segundo uma tabela cujo máximo é 10, acaba de ser vendido em leilão por 1825 dólares (cerca de 1325 euros), o que não deixa de ser surpreendente para uma revista com apenas 7 anos que custava 2,95 US$.


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Exposição a quatro mãos na Mundo Fantasma

“Sinfonia Quadripolar” é o título da exposição de ilustração e banda desenhada que é inaugurada hoje, às 17 horas, na Galeria Mundo Fantasma, junto à loja especializada em BD com o mesmo nome, no Centro Comercial Brasília, no Porto.
Patente até 2 de Janeiro de 2011, esta é uma mostra a quatro mãos pois reúne originais de Pepedelrey, Nuno Duarte, Ricardo Venâncio e João Tércio, que estarão presentes para conversar com os visitantes e autografarem algumas das suas obras, entre as quais “The Lisbon Studio Mag”, uma revista semestral que serve de cartão de apresentação e portfolio ao colectivo com o mesmo nome, que todos integram.
À frente do projecto está Pepedelrey, editor e responsável pela El Pep, uma pequena editora independente, que tem publicado os projectos destes quatro autores. Para além disso, Pepedelrey é também desenhador e argumentista de livros como “Virgin’s trip” ou “Paris Morreu”. Este último, um policial negro, tem a assinatura gráfica de Nuno Duarte, também responsável, num registo completamente diferente, pelo pouco sociável “Mocifão”, personagem nascida online (http://mocifao.blogspot.com/), mas cujo segundo livro já está quase pronto.
Quanto a Ricardo Venâncio, publicou no ano passado o primeiro tomo de “Defier”, uma narrativa pós-apocalíptica, tendo chegado a trabalhar com C. B. Cebulski, um “caça-talentos da Marvel, numa BD de ficção-científica intitulada “No Quarter”, projecto entretanto suspenso
Finalmente, João Tércio lançou este ano o seu primeiro livro, “Março Anormal”, uma reflexão crítica e sarcástica sobre o tempo actual e os seus ícones.
Os quatro autores possuem estilos e temáticas diferentes, traduzidas em discursos gráficos díspares mas não inconciliáveis, agora mostrados num mesmo local, o que permite distinguir afinidades e divergências nas suas visões diferenciadas de uma mesma realidade.


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F. Cleto e Pina

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Quadradinhos antecipam série televisiva de Spielberg

“Falling Skies” é o título da série televisiva de ficção-científica produzida por Steven Spielberg que deverá estrear nos Estados Unidos em Julho de 2011.
Na base da história, escrita por Robert Rodat (“O Resgate do Soldado Ryan”), está uma invasão de extraterrestres que dizimou a maior parte da população mundial, centrando-se o enredo na luta pela sobrevivência dos sobreviventes, à cabeça dos quais está Tom Mason (interpretado por Noah Wyle, o dr. Carter de Serviço de Urgência) ao lado da terapeuta Anne Glass (Moon Bloodgood).
Entretanto, antecipando a estreia, o canal TNT e a editora de banda desenhada Dark Horse Comics estrearam esta semana um webcomic (banda desenhada digital) baseada na série televisiva, estando já disponíveis as quatro primeiras pranchas (http://www.tnt.tv/series/fallingskies/webcomic/) que culminam com o protagonista face a face com um extraterrestre. Esta é a primeira vez que o aspecto dos invasores alienígenas é desvendado, uma vez que até agora eles apenas eram mostrados de relance no making of da série. Com argumento de Paul Tobin e desenhada em estilo realista por Juan Ferreyra, o webcomic será actualizado duas vezes por semana.


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F. Cleto e Pina

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Público faltou ao Amadora BD

Encerra este domingo no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, o 21º Amadora BD, que foi uma edição de contrastes. Por um lado, pela fraca afluência de público nos dois primeiros fins-de-semana, por outro, pela qualidade de algumas exposições que mereciam bem mais visitantes.
De qualquer forma a organização terá que tirar ilações de alguns erros cometidos. À cabeça, a divulgação tardia do evento – e a falta de informação sobre o mesmo durante o seu decurso – e a quase total ausência de nomes sonantes, os tais que são capazes de chamar visitantes – Schuiten e Peeters foram as excepções. A par disto, a menor aposta na cenografia das exposições e a ausência de surpresas nas mesmas (como acontecera em 2009, por exemplo, com os belos originais dos autores polacos) também tornaram o evento menos chamativo para o grande público. Finalmente, porque o manga e os comics americanos, géneros preferidos pelos mais novos, continuam a primar pela quase total ausência.
É verdade que este ano, tendo por tema aglutinador o Centenário da República, a organização assumidamente quis apostar nos autores portugueses, mas estes não são, só por si, suficientes para garantir o público.
Isto não invalida que o Amadora BD, não tenha grandes exposições: as dedicadas à República e ao centenário de Fernando Bento (embora esta esteja “escondida num canto”), pela sua diversidade e pela qualidade dos documentos expostos, merecem os maiores encómios. A não perder são também a magnífica instalação dedicada “Às Cidades Obscuras”, de Schuiten e Peeters, e as mostras de Sean Murphy, Cristina Sampaio ou Korky Paul, capazes de surpreender os visitantes.
Uma referência final para a melhor disposição dos diversos espaços no Fórum Luís de Camões, com especial relevo para o espaço comercial, mais amplo e arejado, apesar de algumas lojas terem pouca visibilidade, e para o bom número de lançamentos de títulos de autores portugueses, resultado da aposta que o festival tem feito na produção nacional.
Neste fim-de-semana, para lá de muitos autores portugueses, o festival contará com a presença do britânico Korky Paul, autor de “A Bruxa Mimi”, Jô Oliveira (Brasil), Lindomar Sousa (Angola), Zorito e Machado da Graça (Moçambique).


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Quadradinhos nacionais

Fruto de uma aposta continuada e consistente na promoção da banda desenhada portuguesa, o Festival da Amadora – e consequentemente a época de Outubro/Novembro – tem-se revelado o local ideal para o lançamento de novidades lusas aos quadradinhos.

O que é compreensível porque, no Amadora BD os originais estão expostos e os autores presentes o que potencia a sua divulgação junto dos leitores. E esta é uma realidade quer para as editoras de maior dimensão, quer para os pequenos editores independentes, cuja distribuição se limita depois a lojas especializadas e, eventualmente, a uma ou outra cadeia nacional de livrarias. Este ano não foi excepção, tendo sido lançados quase uma dezena de novos títulos, bem diversos gráfica e tematicamente, a maioria de jovens autores.
A excepção – e talvez o de maior impacto – é “Eternus 9 – A cidade dos espelhos” (ver caixa), mas o de maior potencial fora do círculo da BD é “NewBorn – 10 dias no Kosovo” (ASA), de Ricardo Cabral, uma espécie de foto-reportagem desenhada. Numa ténue fronteira entre a sequência narrativa e a ilustração, é fruto de uma estadia do autor no Kosovo e traça um retrato mais humano – e, por isso, mais real – do país e da sua situação, para lá dos estereótipos veiculados pela comunicação social.
Também com fundo político é “Agentes do C.A.O.S. – A conspiração Ivanov” (Kingpin Comics), de Fernando Dordio, Filipe Teixeira e Mário Freitas, cuja acção decorre em 1981. Tendo as FP 25 de Abril como pano de fundo, é uma movimentada história de acção, vingança e espionagem, que envolve operacionais da polícia portuguesa e mafiosos russos.
Bem mais intimista é a proposta de Paulo Monteiro, também director do Festival de Beja, em “O amor infinito que te tenho e outras histórias” (Polvo), colectânea, com alguns inéditos, de cariz autobiográfico e poético, onde o traço fino e os tons cinzentos salientam os sentimentos.
Diverso é o projecto colectivo Zona que tem por “objectivo desenvolver e divulgar a BD e a ilustração em Portugal”, que apresentou na Amadora o seu sexto tomo em ano e meio, “Zona Negra 2”, que tem o terror como tema aglutinador e o preto e branco como veículo para fortalecer “o ambiente obscuro do seu conteúdo”.
Também colectiva, da autoria de Álvaro Áspera e Marta Portela (argumento) e António Brandão, João Martins, Pedro Alves, Pedro Colaço, Pedro Serpa e Ricardo Cabrita (desenhos), mas de carácter institucional é “Sete histórias em busca de uma alternativa”, uma edição do Grupo para a Resolução Alternativa de Litígios (GRAL) do Ministério da Justiça, que reúne uma série de histórias em torno dos serviços públicos, ao mesmo tempo que homenageia personagens e autores da banda desenhada portuguesa.
Diferente, no propósito e na forma, é o “BDJornal” #26 (pedranocharco), uma publicação semestral que alia à publicação de BD, artigos de crítica e análise, que neste número destaca Dinis Conefrey e Fernando Relvas.
Apresentados no festival, onde têm exposição, mas ainda não disponíveis embora estejam anunciados para breve, surgem dois outros títulos: “É de noite que faço as perguntas” (Gradiva), uma narrativa ficcionada dos acontecimentos que levaram à implantação da República, escrita por David Soares e desenhada por Richard Câmara, Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho e Daniel Silvestre Silva, e “O Menino Triste – Punk Redux” (Qual Albatroz), um passeio semi-autobiográfico pelas origens, valores e ideias por detrás do movimento Punk, em Londres, em 1976.
São, sem dúvida, um lote de propostas diversificadas que mostram que a BD portuguesa existe e está à procura do seu público.

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O regresso de Eternus 9

Nascido nas páginas da mítica revista Visão, que, animada pela revolução de Abril, agitou as águas da BD nacional no verão quente de 1975, “Eternus 9 – Um filho do cosmos”, um complexo relato filosófico e de ficção-científica, seria suspenso ao fim de 6 números, surgindo em 1979 em forma de álbum (reeditado em 2009).
Agora, 35 anos depois, Eternus 9 regressa em “A cidade dos espelhos” (Gradiva), a sequela que Victor Mesquita há muita anunciara, e nela “um portal caleidoscópico atravessa um mundo cujo coração é Lisboa, depois da Guerra Nuclear que transfigurou a face do planeta e fragmentou a Lisboa de hoje até quase não se poder reconhecê-la, mas onde continuam as referências que a distinguem”.
É o segundo tomo de uma trilogia que se concluirá com “Cidadela 6” que Victor Mesquita resumiu já ao JN: depois de “dois volumes que respiram uma certa serenidade contextual”, encontraremos “um universo de grande violência e denúncia dos aspectos mais crus que se vivem nas sociedades de hoje, onde se constatará que até os santos são humanos e como tal muitas vezes saem dos limites da santidade”.


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F. Cleto e Pina

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Filipe Andrade desenha Homem de Ferro

Acabado de lançar nos Estados Unidos, durante a corrente semana vai chegar às lojas nacionais especializadas em importação de BD norte-americana “Iron Man – Titanium #1”, que conta entre os seus desenhadores o português Filipe Andrade.
É um conjunto de quatro histórias, uma das quais corresponde ao primeiro trabalho de Andrade para a Marvel e logo com uma das personagens mais emblemáticas e em voga da editora.
“Tudo aconteceu”, conta o desenhador , “há cerca de um ano, depois do C. B. Cebulski”, um caça-talentos da Marvel, “ter estado em Portugal e ter visto o meu portfólio. Duas semanas depois recebia um e-mail propondo-me este primeiro trabalho na Marvel”.
Por isso, desenhar uma personagem da dimensão do Homem de Ferro foi uma “enorme responsabilidade pois o primeiro trabalho é sempre importante para chamar a atenção”.
E tão bem funcionou esta estreia que, depois dela, Filipe Andrade já desenhou “nova BD do Homem de Ferro, outra com os Vingadores, um one-shot da X-23”, editada em Maio, como o JN na altura noticiou, e “uma mini-história do Homem-Formiga que sairá este mês”. Para além disso, está “a finalizar um conjunto de 7 historias curtas de Nomad”, em publicação na revista “Captain America”, que possivelmente serão depois compiladas em livro.
Mas a grande novidade, que a Marvel acaba de revelar, é que durante a New York Comic Con que teve lugar no início do mês, Filipe Andrade foi escolhido para desenhar os 5 números da mini-série “Onslaught Unleashed”, que começará a sair em Fevereiro de 2011. Escrita por Sean McKeever, reunirá o capitão América e alguns dos X-Men, marcará o regresso do vilão Massacre e terá capas de dois nomes grandes dos comics de super-heróis: Humberto Ramos e Rob Liefeld.


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F. Cleto e Pina

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Amadora BD distingue Rui Lacas

Em cerimónia realizada ontem nos Recreios da Amadora, foram revelados os vencedores dos Prémios Nacionais de BD, atribuídos pelo Amadora BD, após uma votação feita por profissionais ligados à 9ª arte.
“Asteroid Fighters #1 – O Início” (ASA), de Rui Lacas, um registo de acção futurista, que apresenta a Terra sob ameaça de destruição por uma chuva de asteróides, foi considerado o Melhor Álbum Português. A distinção para Melhor Argumento coube a Filipe Melo por “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy” (Tinta da China) e, no que respeita a Melhor Desenho, o contemplado foi Filipe Andrade por “BRK #1” (ASA). “O Homem que ia contra as Portas” (Everest Editora), valeu a Richard Câmara o troféu para Melhor Ilustração para Livro Infantil e, ainda em termos de autores nacionais, “Célibataires” (Joker Editions), de Nélson Martins, foi a única obra a concurso para Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira.
“Paixão e outros usos para Hormonas em excesso” (Gradiva), uma compilação de Zits, que o Jornal de Notícias publica diariamente, foi considerado o Melhor Álbum de Tiras Humorísticas, e “Os Passageiros do Vento – A Menina de Bois-Caiman – Livro 1” (ASA), de François Bourgeon o Melhor Álbum de Autor Estrangeiro. O Prémio Clássicos da 9ª Arte foi para “Corto Maltese: Mü, A Cidade Perdida” (ASA), de Hugo Pratt, e o número dos “Cadernos Moura BD” dedicado a Fernando Bento foi distinguido como melhor fanzine.Finalmente, o troféu de Honra foi entregue a António Gomes de Almeida, argumentista, entre outras obras, da “História Alegre de Portugal”, desenhada por Artur Correia.
O Amadora BD 2010, que decorre no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, até ao próximo dia 6 de Novembro, conta este domingo com a presença do norte-americano Sean Gordon Murphy bem como de alguns dos autores nacionais premiados.


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‘Palabéns’ Cebolinha!

Foi há 50 anos já, que chegou à Rua do Limoeiro um certo Cebolinha, baixinho, com apenas cinco fios de cabelo e já com a característica dificuldade em pronunciar os “rr”. Nessa primeira aparição, ainda nas tiras protagonizadas por Bidú (o cãozinho azul nascido em Julho de 1959), saía de uma casota de cão onde se escondera e revelava a tendência para ferver em pouca água que o acompanharia ao longo dos anos. Mais tarde, descobrir-se-ia que a sua camisa era verde, os calções negros e os sapatos castanhos, e viria a afirmar-se como uma das mais populares criações dos quadradinhos brasileiros, com direito a revista própria a partir de 1973 e participação em inúmeros filmes, desenhos animados, peças de teatro e artigos de merchandising.
Adepto do Palmeiras, revelaria o desejo de ser o “dono da rua” (ou da “lua”, como ele dizia), pelo menos até uma certa Mônica, que nasceu três anos depois, assumir o protagonismo que faria com que o seu nome fosse dado por Maurício de Sousa à turma que foi desenvolvendo com ternura e humor, baseado nos filhos e naqueles que o rodeavam. Como aconteceu com Cebolinha, alter-ego de um menino que o desenhador conheceu na infância em Mogi das Cruzes.
Ultrapassado pela “baixinha dentuça”, depois desse dia Cebolinha passou a ocupar o tempo a inventar planos infalíveis, iguais no objectivo – derrotar a Mônica – e no resultado – acabar derrotado, quase sempre depois de levar com Sansão, o coelho de peluche dela.
Pelo menos, até o dia em que cresceu – corria já o mês de Agosto de 2008 – tornando-se jovem como a restante turma, numa existência paralela, pois o Cebolinha “pequeno” continua a divertir os seus leitores. Deixou o colorido – na prática voltou ao preto e branco original – e, agora em estilo manga, chama-se apenas Cebola, só troca “rr” por “ll” quando está nervoso e passou a ter como objectivo conquistar o coração da antiga “inimiga”. Com ela, como reflexo de uma nova geração que Maurício quer conquistar, vive aventuras do dia-a-dia (e também outras mais fantásticas) e até já trocou alguns beijos.
E, se um dia o desenhador, já com 75 anos, decidir criar a Turma da Mônica Idosa, Cebolinha pouco mudará; terá apenas que voltar à infância, quase careca e muito rezingão!


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F. Cleto e Pina

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