Autor: José Rui

Porto volta a ter uma Bedeteca

Espaço privilegiado para leitura de banda desenhada inaugurado hoje

A partir de hoje, a cidade do Porto volta a ter uma Bedeteca, ou seja uma biblioteca de edições de banda desenhada, situada no Centro Comercial Brasília.
A Bedeteca portuense, primeiro espaço do género no país, foi inaugurada em Outubro de 1990. Entre duas edições do Salão Internacional de BD do Porto, o projecto ComicArte concretizou o sonho de criar um espaço privilegiado para leitura de BD, que funcionou durante anos na sede da Comissão de Jovens de Ramalde.
Agora, após “anos de hibernação”, conforme se lê na apresentação do renovado projecto, foi recuperado “o seu acervo (…) num trabalho privado em prol do bem público”. A gestão está entregue à Turbina Associação Cultural, que recebe o apoio da Livraria Mundo Fantasma, situada em frente à nova Bedeteca, mas tem havido contactos com poderes públicos para eventuais apoios.
Ao acervo inicial, que entre outras preciosidades inclui a mítica revista (À Suivre) e muitos dos fanzines nacionais de BD publicados entre 1974 e o final dos anos 90, foram já adicionadas um bom número de edições recentes de diversas editoras, estando já disponíveis cerca de 4000 obras, sendo a “intenção duplicar esse número até final do ano”.
Mas, “mais do que um local onde se pode ler BD”, a Bedeteca pretende “continuar um trabalho em prol desta arte e da abertura das perspectivas e experiências que ela pode proporcionar ao leitor”, potenciando “a presença da banda desenhada nos hábitos de leitura das novas gerações”.
A inauguração da Bedeteca é pretexto para um dia consagrado à banda desenhada. Às 10 horas, o novo espaço de leitura abre as suas portas ao mesmo tempo que tem início o Mercado do Contra de Fanzines e Banda Desenhada, um evento dedicado às edições alternativas que contará com a presença André Caetano, Ricardo Baptista, Filipe Abranches, Pedro Moura, Daniel Lopes ou Marco Mendes. Em simultâneo realiza-se uma oficina de Desenho em Diário Gráfico, orientada por Paulo J. Mendes.
Pelas 15 horas, a Galeria Mundo Fantasma inaugura a exposição “Companheiros da Penumbra”, com originais de Nunsky, uma obra editada pela Chili com Carne que constitui uma viagem “a um Porto muito diferente da cidade conquistada pelo turismo de hoje. Um tempo de passagem, em que especialmente a Sé e a Ribeira, mas também os centros comerciais decadentes, encontravam novos habitantes nas hordas de juventude que iam enchendo bares e discotecas, onde se experimentavam projectos musicais e artísticos e se erguia alto a bandeira do direito à diferença”. Nunsky, que estará presente para autógrafos, participará numa conversa em torno desta BD e da cena alternativa do Porto dos anos 1980/90.
O programa encerra com o lançamento do primeiro fanzine do clube de banda desenhada “Cão Raivoso” (da Escola Soares dos Reis), mas para dia 17 está já agendado a primeira sessão de um Clube de Leitura, animado pelo Goteira – Colectivo de BD, dedicado ao livro “Palestina”, de Joe Sacco, a que actualidade deu nova relevância.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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Cão Raivoso

Tema

Banda Desenhada

Entidade

Escola Artística de Soares dos Reis

Editor

Clube de Banda Desenhada Cão Raivoso

Colaboradores

Lopes, Ana; Zhu, Catarina et al.

Local e Data

Porto, 2023/2024

País

Portugal

Idioma

Português

Descrição

A5 (148,5x210mm), 48 páginas, preto e branco, fotocópia

Tiragem

N/A

Código Bedeteca

N/A

Cota Bedeteca

N/A

Origem

N/A

Ver Também

N/A

Os Companheiros da Penumbra

por David Pontes

Há um tempo em que o mundo parece um lugar aberto a todas os sonhos e possibilidades e, simultaneamente, o destino onde os nossos medos moram, à espera de se tornarem a realidade. Um tempo em que forjamos carácter, conjugamos forças, exorcizamos destinos marcados. Procuramos companhia para a viagem, naqueles com quem podemos partilhar códigos indecifráveis para a maioria e uma imparável vontade de não nos vermos diluídos na multidão.

Esse tempo chama-se juventude e é nela, que de uma forma empolgante, Nunsky nos leva a mergulhar no seu “Companheiros da Penumbra”.

É desse tempo, em que podíamos ser músicos, editores, organizadores de espectáculos, estilistas, realizadores de cinema, autores de banda desenhada, sem ter de gastar uma vida em cada uma dessas vocações, que nos fala esta banda desenhada ímpar. Anos feitos de conspirações à mesa do café, sessões de cinema em casa de amigos, palcos improvisados em casas de alterne, incursões ao Portugal “real”, excessos e amores suspirados, conquistas e derrotas amargas. Mesmo para quem não se entregou às trevas da nação gótica, mas abraçou uma qualquer tribo urbana, “Companheiros da Penumbra” é um local perfeitamente reconhecível, nostalgicamente familiar.

Até porque esta é uma viagem a um Porto muito diferente da cidade conquistada pelo turismo de hoje. Um tempo de passagem em que especialmente a Sé e a Ribeira, mas também os centros comerciais decadentes, encontravam novos habitantes nas hordas de juventude que iam enchendo bares e discotecas, onde antes havia armazéns e estabelecimentos comerciais. Nessa altura, a cidade, com todas as suas promessas adiadas de cosmopolitismo, pertencia-lhes, era o lugar onde se erguia alto a bandeira do direito à diferença.

Nunsky consegue unir isto tudo com um traço distintivo e sólido e com uma banda sonora irrepreensível, que faz de “Companheiros da Penumbra” um excelente parceiro para regressar a esses tempos negros e brilhantes.

Exposição

Na Galeria Mundo Fantasma, de 10 de Fevereiro a 24 de Março

Companheiros da Penumbra

All we ever wanted was everything
All we ever got was cold

—Bauhaus

Nunsky

Companheiros da Penumbra
Companheiros da Penumbra.

Nunsky é o pseudónimo de um autor de BD que desde há vários anos tem dado à estampa obras que surpreendem pela qualidade e coerência. Companheiros da Penumbra, a sua última obra (edição da Chili com Carne) é já um livro de culto e um sucesso de público à medida do mercado português.

No âmbito da apresentação da Bedeteca, a Galeria de BD e Ilustração Mundo Fantasma apresenta uma exposição dos originais desta obra e promove uma conversa em torno dela e da cena alternativa do Porto dos anos 80/90, com a presença de Esgar Acelerado (editor de fanzines e de discos), Carlos Moura (alternador de discos), José Alberto Pinheiro (professor e ex editor de fanzines) e Miguel T. (proprietário da Piranha, ex-Peresgótika Records e Fanzine, ex-O Arco do Cego — programa de rádio).

Data

10 de Fevereiro às 15h00

Companheiros da Penumbra

Nunsky, um criador nortenho (Maia) que só participou em três números do zine Mesinha de Cabeceira nos tempos das fotocópias…

Assina o número treze por inteiro, um número comemorativo dos 5 anos de existência do zine e editado pela Associação Chili Com Carne. Essa banda desenhada, 88, pode ser considerada única no panorama português da altura (1997) mas também nos dias de hoje, pela temática psycho-goth e uma qualidade gráfica a lembrar os Love & Rockets ou Charles Burns.

O autor nunca mais se voltou para bd desde então, tanto que preferiu tornar-se vocalista da banda psychobilly The ID’s cujo o destino é desconhecido.

Nunsky foi um cometa na bd underground portuguesa e como se sabe os cometas costumam voltar… em 2014 eis que aparece um romance gráfico de 144 páginas: Erzsébet!!! Seguido por mais dois livros metidos no Mesinha de Cabeceira. Novo silêncio e eis ele em 2022 com Companheiros da Penumbra, uma obra-prima na BD portuguesa.

O adeus a Alfredo Castelli, um dos mais importantes argumentistas italianos

Criador de Martin Mystère, tornou mais rica e erudita banda desenhada popular do seu país

O mundo dos fumetti (designação italiana para as histórias aos quadradinhos) está mais pobre: Alfredo Castelli, o argumentista que tornou erudita a banda desenhada popular faleceu hoje, contava 76 anos.
Natural de Milão, onde nasceu a 26 de Junho de 1947, Castelli iniciou a sua carreira de autor de BD com apenas 16 anos, quando criou a tira humorística, “Scheletrino”, que ele próprio escrevia e desenhava.
Nos anos seguintes desenvolveu actividades em diversas áreas, comprovando a versatilidade que viria fazer dele uma das maiores figuras dos quadradinhos italianos: escreveu argumentos para várias editoras, incluindo a Disney italiana, criou com Paolo Sala, o “Comic Club 104” (1966), o primeiro fanzine italiano dedicado à BD, escreveu guiões de publicidade para a TV, meio para o qual assinou também o argumento da série “Cappuccetto a Pois” (1969) e foi dele a história do filme “Il tunnel sotto il mondo” (1969).
O ano seguinte encontra-o como co-fundador, com Pier Carpi, da revista “Horror”, multiplicando as colaborações com as principais editoras do seu país, nalgumas delas com criações próprias como “L’Ombra”, “Gli Aristocratici” ou “L’Omino Bufo”.
A sua vida mudaria em 1978, quando iniciou a colaboração com Sergio Bonelli, que lhe pediu argumentos para “Mister No” e “Zagor”. Dois anos depois, apresentava ao editor milanês o primeiro esboço daquela que seria a sua grande criação: Martin Mystère, o Detective do Impossível, arqueólogo, investigador e apresentador televisivo.
Embora seguisse o modelo tradicional com um trio de protagonistas, Mystère, o cérebro, Diana a bela e sensual noiva eterna (com quem Martin viria a casar muitos anos depois) e Java, a força bruta, um homem primitivo do Neandertal resgatado numa das aventuras, e Sergej Orloff e os Homens de Negro, os vilões de serviço recorrentes em muitas histórias Castelli dotou a sua criação, cujo visual foi entregue a Giancarlo Alessandrini, de uma característica que a viria a distinguir das outras séries populares da editora, como Tex ou Dylan Dog: passou para o protagonista o seu interesse pessoal pelos grandes mistérios da humanidade, dando um tom erudito à banda desenhada, sem que ela perdesse as suas características populares de entretenimento de massas. Dessa forma, pelas suas páginas passaram civilizações míticas como a Atlântida ou Mú, os mistérios associados a locais reais como o Triângulo das Bermudas, a Ilha da Páscoa ou Stonehenge, objectos lendários como a espada Excalibur, extraterrestres ou povos perdidos. Martin Mystère mudou a forma como os italianos olhavam para a sua banda desenhada, associando à aventura pura e dura, temáticas modernas e mais complexas, baseadas numa investigação cuidada e com o fundo de verdade possível, apresentando-as de forma aliciante e credível para conquistar os leitores e levá-los à procura de respostas com o protagonista, embora muitas vezes elas não estejam disponíveis, sendo mantida a aura de mistério que as envolve.
A estreia de Castelli no nosso país data de 1975, quando o “Jornal do Cuto” publicou duas aventuras de”Os Aristocratas”. Quanto às aventuras de Martin Mystère, chegaram quase sempre aos quiosques do país através de edições brasileiras, os chamados “formatinhos”, por isso há muitos leitores portugueses que se tornaram admiradores do “Detective do Impossível”. Em anos recentes duas obras de Castelli tiveram edição nacional: a primeira, “O Destino da Atlântida” (Levoir, 2018), desenhada por Roberto Cardinale e Alfredo Orlandi, é uma aventura de M. Mystère que tem como ponto de partida os Açores; a segunda, “Apocalipse – A revelação de São João”, é uma ambiciosa reinterpretação gráfica do livro bíblico, desenhada por Corrado Roi.
No site da Sergio Bonelli Editore, na despedida ao homem que tantos fez sonhar, pode ler-se que o “legado artístico e intelectual de Alfredo Castelli é enorme e, portanto, naturalmente muito pesado. Se aqueles que tiveram a sorte de estar perto dele se lembram do seu entusiasmo narrativo e do seu perene bom humor, os muitos leitores que o conheceram apenas através das páginas impressas ficam com muitas histórias em quadrinhos e inúmeros ensaios e artigos. E estes permanecerão connosco para sempre.”


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Cão Raivoso na Bedeteca

Cão Raivoso

O fanzine, acabado de sair do prelo, vai ser apresentado no próximo Sábado na Bedeteca!
O clube de banda desenhada Cão Raivoso convida-vos para o lançamento do primeiro número do fanzine, que terá lugar Sábado, dia 10 de Fevereiro no Mercado do Contra, pelas 18h (Centro Comercial Brasília, Loja 503).
O Mercado do Contra contará com uma feira de fanzines, exposições e conversas com diversos autores do panorama nacional português.

Muita BD para ver

Festivais e eventos multiplicam-se no primeiro semestre

Sinónimo do bom momento que a edição de banda desenhada vive actualmente, o primeiro semestre deste ano está recheado de eventos dedicados a esta arte.
Como geralmente o segredo é alma do negócio e muitas vezes as confirmações surgem em cima das datas de realização, na maior parte dos casos ainda não são conhecidos os convidados, mas há algumas excepções…
As hostilidades abrem a 18 de Março, na Lourinhã, com a segunda edição do Louri’BD no Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira. Parceria da autarquia com a editora Escorpião Azul, que lançará no evento “E depois do Abril”, de Filipe Duarte e André Mateus, será dedicado ao tema “Monstros”, dará especial destaque aos autores nacionais e contará com exposições, lançamentos, uma feira de BD e uma programação dirigida às escolas.
O seu ponto alto será no fim-de-semana de 22 a 24 de Março, coincidindo com a Comic Con Portugal, que se inicia a 21. O maior evento de cultura pop nacional, a comemorar 10 anos de existência, regressa às origens, mais precisamente à Exponor, em Matosinhos. Não tendo na banda desenhada o seu aspeto mais mediático nem sequer exposições de originais, a verdade é que em termos relativos este é o segmento com o cartaz mais forte, como é comprovado pelos autores estrangeiros já confirmados: Miguelanxo Prado, Juan Diaz Canales, Teresa Valero, Stan Sakai, Ryan Ottley, Frank Cho, Mike Grell, François Boucq e Jordi Lafebre, que cobrem um amplo espectro da banda desenhada franco-belga aos comics de super-heróis, e que os fãs poderão contactar nas conferências e sessões de autógrafos.
Avançando no calendário, a 13 de Abril é inaugurado o Ilustra BD, nas belas instalações do Auditório Municipal Augusto Cabrita, no Barreiro, onde haverá exposições, feira do livro e programação variada que se estenderá até 2 de Junho.
No final de Abril, mais exactamente de 25 a 28, o Coimbra BD volta a ter lugar no Convento de São Francisco, espaço que ocupou pela primeira vez no ano passado. Desenho ao vivo, cosplay e uma grande aposta na BD nacional são os principais vectores deste festival já na sua oitava edição.
No mesmo fim-de-semana – 27 e 28 de Abril – o Museu do Vinho Bairrada, em Anadia, será mais uma vez ponto de encontro dos admiradores de Tex, um western em publicação ininterrupta desde 1948. A 9.ª Mostra do Clube Tex Portugal, como habitualmente, irá propor uma exposição dedicada ao ranger e conversas e sessões de autógrafos com os dois autores convidados, cujos nomes já são conhecidos: Fábio Civiteii, possivelmente o mais célebre desenhador de Tex após Aurelio Galleppini, o seu criador gráfico, e Sandro Scascitelli.
Depois do sucesso da edição inaugural, em 2023, que comprovou a necessidade de um evento dedicado à BD no Norte do país, o Maia BD vai regressar de 24 a 25 de Maio. Este ano a organização promete “ocupar todo o espaço do Fórum local com um número de exposições bem superior ao anterior, que se prolongarão no tempo para lá das datas do evento em si”. Está também previsto “um número maior de autores internacionais, a par de uma boa selecção de convidados nacionais, articulados essencialmente à volta dos lançamentos a realizar nesse período”.
O semestre “aos quadradinhos” terminará com o XIX Festival Internacional de BD de Beja, como sempre da Casa da Cultura local que, de 7 a 22 de Junho acolherá um evento que, a par das exposições de originais, costuma primar pelo intenso convívio entre autores e visitantes no seu primeiro fim-de-semana. Para já, a organização só confirma dois nomes: Alix Garon e Antoine Cossé, mas entre portugueses e estrangeiros deverão ser mais de duas dezenas.


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F. Cleto e Pina

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Chegar ao céu, encontrar o inferno

Virtudes da banda desenhada popular, Dylan Dog regressa às livrarias nacionais com o selo de A Seita

Hoje em dia, quando se fala de banda desenhada popular, de certa forma evocando um tempo em que ela se encontrava em generosas quantidades nos quiosques, há um nome que vem logo à mente, o de Sergio Bonelli e da editora italiana que leva o seu nome. Alicerçado no sucesso de Tex, um western puro e duro em publicação ininterrupta desde 1948, este editor milanês conseguiu criar um sistema editorial que permite alimentar, sem grandes oscilações de qualidade, ao nível gráfico e temático, as revistas de 100 páginas que mensalmente coloca à venda.
Entre outras séries – Martin Mystère, Julia, Dragonero… – que vale a pena conhecer, há uma que se destacou e chegou até a fazer concorrência à popularidade de Tex: Dylan Dog, uma criação de Tiziano Sclavi estreada em 1986. Ex-inspector da Scotland Yard, também conhecido como Detective do Pesadelo, pelo equilíbrio entre o real, o fantástico e o onírico que pontua as suas histórias, DD tem vindo a protagonizar a maior parte dos volumes da colecção Aleph, em que a editora A Seita apresenta aos leitores portugueses títulos da Sergio Bonelli Editore.
O mais recente é “Picada Mortal”, escrito por Alberto Ostini e Francesco Ripoli, que narram como o aparecimento de mais um cadáver de uma prostituta, horrivelmente desfigurada, a boiar num rio, irá levar Dylan até Southeaven, para investigar um assassino em série e recordar memórias, nem todas agradáveis, de umas férias da adolescência, passadas naquele local.
Será assim que reencontrará Tiffany, paixão dessa época e fará de tudo para evitar que ela seja mais uma vítima da dupla ameaça: o assassino em série e o vício da droga que a domina e a leva a prostituir-se.
Se até aqui nada parece soar muito original, “Picada mortal” tem dois trunfos que fazem dele uma leitura aconselhável. O primeiro, é o facto de longos excertos serem narrados em voz off pela própria Tiffany, antecipando, sem desvendar completamente, o que ainda está por acontecer, criando em simultâneo a curiosidade e a dúvida no leitor, o que o impele a continuar a leitura; o segundo é o desfecho, inesperado e chocante, bem ancorado na vida real.
Numa série em que se costumam cruzar referências das mais variadas origens, a originalidade é uma das explicações para o sucesso deste anti-herói.

Dylan Dog – Picada mortal
Ostini e Ripoli
A Seita
104 p., 14,99 €


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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