Etiqueta: Pedro Cleto

Revista “Mickey Mouse” #1 em leilão

O site norte-americano Comic Connect vai leiloar a partir de amanhã, dia 5, o primeiro número da revista “Mickey Mouse”, datada de 1931.
Publicada pela David McKay Co, Publishers, de Filadélfia, para além da antiguidade – e consequente raridade – vale também pela história politicamente incorrecta que compila: “Mickey Mouse tries to commit suicide”, originalmente publicada em tiras de jornais, em Outubro do ano anterior. Numa BD escrita e desenhada por Floyd Gottfredson, o famoso rato criado por Walt Disney em 1928, dispara contra si próprio, lança-se de uma ponte ou utiliza gás, depois de Minnie aparentemente o ter trocado por outro, o que revela um sentido de humor bem diferente do actual.
O leilão, que pode ser acompanhado em tempo real e vai decorrer até dia 20 de Junho e, apesar de o lance inicial ser de apenas um dólar, dificilmente alguém o conseguirá adquirir sem desembolsar muitos milhares.
Há poucas semanas, o mesmo site vendeu a revista “Action Comics” #1, com a estreia do Super-Homem, por 317 mil dólares.


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F. Cleto e Pina

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Tartarugas Ninja: Adolescentes com 25 anos

Há 25 anos, corria Maio de 1984, eram publicadas pela primeira vez aquelas que seriam um dos maiores sucessos da história da BD e da animação: as Tartarugas Adolescentes Mutantes Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles) que tornaram os seus autores milionários.
Elas tinham sido criadas um ano antes, por dois jovens norte-americanos, Kevin Eastman e Peter Laird, que então (sobre)viviam de ilustrações publicitárias e part-times, que desenharam quatro tartarugas antropomórficas e decidiram fazer delas homenagem e paródia aos comics que mais apreciavam: “Demolidor” e “Ronin”, ambos de Frank Miller. Por isso, na sua origem, as tartarugas são um dano colateral do acidente que cegou Matt Murdock, ampliando os seus sentidos e transformando-o no Demolidor. Deram-lhes carácter adolescente, nomes de grandes artistas renascentistas: Miguel Ângelo, Donatelo, Leonardo e Rafael, uma ratazana especialista em artes marciais como mestre e mutantes e extraterrestres como inimigos.
Como o traço de Eastman e Laird era semelhante, ambos escreveram e desenharam as primeiras histórias, que enviaram para diversas editoras, sem qualquer resultado. Por isso, entre uma restituição fiscal e um empréstimo de um tio, juntaram 1200 dólares e imprimiram 3000 exemplares, a preto e branco, sob o selo Mirage Studios. A ideia era vender as revistas pelo correio, mas uma página paga numa revista especializada e um dossier enviado para estações de televisão e agências noticiosas, originaram artigos sobre as TMNT em todo o país e inúmeras encomendas de lojas especializadas. As sucessivas reedições rapidamente ultrapassaram os 100 mil exemplares e tornaram-nas o maior sucesso das edições independentes nos EUA.
Mark Fredman, entretanto entrado para a Mirage, conseguiu contratos para uma mini-série televisiva de 5 episódios e o fabrico de figuras de acção pela Playmates Toys, e o êxito junto dos jovens repetiu-se, tendo sido realizados 194 episódios, entre 1987 e 1996. Neles, a violência da BD foi atenuada e as tartarugas, agora devoradoras compulsivas de pizza, distinguiam-se pela cor das máscaras. Seguiu-se “Ninja Turtles: The Next Mutation (1997), uma série live-action de má memória com uma quinta tartaruga fêmea, Vénus de Milo, voltando às boas graças dos fãs em 2003, com mais cinco temporadas em desenho animado.
No cinema, protagonizaram três películas em live-action em 1990, 1991 e 1993, e uma quarta, em animação computorizada, em 2007.


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José Carlos Fernandes editado em França

Chegou esta semana às livrarias “Le Plus Mauvais Groupe Du Monde”, a versão francesa de “A Pior Banda do Mundo”, do autor português José Carlos Fernandes. Várias vezes premiada em Portugal, esta série já se encontra editado na Espanha, Brasil e Polónia, onde foi bem recebida pela crítica e pelo público.
“A Pior Banda do Mundo”, composta por episódios independentes de duas páginas, alguns dos quais já adaptados em curtas-metragens ou em teatro, que, qual mosaico, vão construindo um retrato alargado e consistente, é uma crónica mordaz do quotidiano bizarro e absurdo dos habitantes de uma cidade sem nome nem data, onde vivem os quatro componentes daquela banda: Sebastian Zorn, Ignacio Kagel, Idálio Alzheimer e Anatole Kopek, que demonstram uma total inépcia para a música. Cruzando referências literárias, musicais, arquitectónicas e políticas e uma escrita erudita e bem trabalhada, o autor, com um sentido de humor apurado e dirigido, crítica o consumismo, o racionalismo, os tiques e as paranóias da sociedade actual.
Este primeiro volume, da responsabilidade da editora Cambourakis, compila os dois primeiros volumes da edição portuguesa da Devir, traduzidos directamente do português por Dominique Nédellec. Um segundo volume, com os tomos 3 e 4 originais, deverá ser lançado no último trimestre do corrente ano, e um terceiro em 2010.
Entretanto, está confirmada uma exposição de originais de José Carlos Fernandes, nascido em Loulé, em 1964, no Centro Belga de Banda Desenhada, em Bruxelas, entre 12 de Outubro e 14 de Novembro do corrente ano.


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Zits também em animação

“Zits”, uma das mais populares tiras diárias de imprensa da actualidade, criada em 1997 por Jerry Scott (argumento) e Jim Borgman (desenho), e publicada diariamente pelo Jornal de Notícias bem como por mais cerca de 1600 jornais de todo o mundo, acaba de ganhar uma versão animada.
Uma mão cheia de episódios dos “Zits Motion Comics” está já disponível gratuitamente na página da internet do King Features Syndicate, na secção Comics Kingdom, uma plataforma online de distribuição de tiras diárias de imprensa para jornais locais norte-americanos. São episódios com cerca de 30 segundos que adaptam algumas das histórias originais publicadas nos jornais, dotando-os de movimento básico e som. Este último aspecto é o grande trunfo desta experiência, pois as vozes escolhidas para Jeremy Duncan, o adolescente de 15 anos que protagoniza “Zits” (“borbulhas”), para os seus pais, Walt e Connie, com quem protagoniza um constante choque de gerações, e para os seus amigos, Hector, Sara e Pierce, encaixam perfeitamente naquelas que “se ouvem” no papel.


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Eminem e Punisher juntos em banda desenhada

O rapper Eminem acaba de protagonizar a sua primeira banda desenhada, e logo ao lado do Punisher (conhecido em português como Justiceiro), um dos mais duros super-heróis da Marvel.
Intitulada “Eminem/Punisher: Kill you”, foi escrta por Fred Van Lente, desenhada por Salvador Larroca e colorida por Frank D’Armata. As oito primeiras pranchas (das 16 que compõem a BD) foram publicadas na revista XXL, estando a sua totalidade disponível de forma gratuita em formato digital no site da Marvel Digital Comics Unlimited.
Se esta banda desenhada é uma forma de a Marvel promover a publicação digital, uma das suas apostas actuais, faz igualmente parte da campanha de promoção de “Relapse”, o novo álbum de Marshall Matter, o verdadeiro nome de Eminem, que tem chegada prevista às lojas no próximo dia 19,.
A BD, dinâmica e com várias inflexões súbitas no seu desenrolar, começa em Detroit, à saída de um concerto de Slim Shady, o alter-ego do rapper, quando o artista se vê a meio de um fogo cruzado, sendo salvo in extremis pelo Barracuda, um dos maiores inimigos do Punisher, capaz de quebrar correntes com os dentes. Conhecendo-o desde a infância, no calor do momento Eminem toma o seu partido, mas, após emboscarem o herói mascarado, percebe ter tomado a decisão errada. Os dois protagonistas são presos e levados pelo vilão de barco para águas geladas, onde tem lugar um violento confronto, antes de um inesperado final.


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Homem-Morcego septuagenário

70 anos depois a sombra de Batman continua a pairar

Há 70 anos, a revista “Detective Comics #27” publicava a primeira banda desenhada de Batman, um dos mais célebres, populares e rentáveis heróis da indústria dos quadradinhos norte-americanos.

Na capa, estava impressa a data de Maio de 1939, – embora alguns estudiosos afirmem que foi posta à venda a 18 de Abril e o preço de 10 cêntimos, que teriam sido um óptimo investimento para quem tivesse guardado um exemplar em bom estado, pois hoje facilmente atingiria os 300 mil dólares (cerca de 225 mil euros).
Essa primeira BD, “The Case Of The Chemical Syndicate”, gráfica e narrativamente ingénua para os nossos dias, “Bat-Man”, era apresentado como “uma personagem misteriosa e aventureira que luta pelo bem e derrota malfeitores” e investigava uma série de roubos e assassinatos. O seu lado negro já estava patente, como demonstra o comentário feito após lançar acidentalmente um bandido para um tanque de ácido: “Um fim perfeito para a sua laia”!
Por detrás do herói, combinação improvável de Zorro com Drácula e os policiais negros então em voga, estavam Bob Kane (1915-1998), desenhador e responsável por muita da mitologia da personagem, e Bill Finger (1914-1974), argumentista (raramente creditado) a quem se devem o tom policial e a sua identidade secreta, desvendada na penúltima vinheta: “Bruce Wayne, um entediado jovem milionário”.
Em oposição aos sempre “bons” Superman/Clark Kent (criados um ano antes e a quem vinha fazer concorrência), em Bruce Wayne/Batman, a dualidade é gritante. O primeiro é um playboy milionário, atormentado pela morte dos pais e o desejo de se vingar contra o mal em geral; o segundo, é o instrumento dessa vingança. Por outro lado, ao contrário do “rival” Superman e de quase todos os outros super-heróis que se seguiram, Batman não tinha super-poderes, assentando a sua acção na inteligência, numa apurada forma física e numa vasta gama de acessórios científicos e tecnológicos, que evoluíram com a passagem dos tempos. Assim, a proximidade com o leitor de quadradinhos, ávido por escapes ao quotidiano de pais saído da recessão e a caminho de uma guerra mundial, fez com que a sua popularidade disparasse de imediato. Por isso, a par do aliado Robin, introduzido um ano depois, sucederam-se vilões marcantes: Joker, Pinguim, Duas Caras…
A sua estreia no cinema deu-se em 1943, interpretado por Lewis Wilson e Douglas Croft, e na TV em 1966, numa série de culto com Adam West e Burt Ward.
Na BD, para além de Kane, dois nomes ficaram especialmente ligados ao cruzado mascarado: Jerry Robinson, que amenizou o tom soturno das histórias com a criação de Robin, durante as décadas de 40 e 50, e Neal Adams, que recuperou o seu lado mais negro, nos anos 70.
Foi esse mesmo lado mais negro que o (então) genial Frank Miller explorou em 1985 em “O Regresso do Cavaleiro das Trevas”, uma BD que fez disparar a popularidade de um herói então pouco mais que moribundo e mostrou – juntamente com “Watchmen” – que os comics também podiam ser lidos por adultos cultos e exigentes.
Depois dele, nada ficou como dantes, com muitos autores a explorarem um Batman cujas melhores armas são o medo e o terror, privilegiando os fins, sejam quais forem os meios para lá chegar, confundindo-se muitas vezes a sua metodologia com a daqueles que combate, muitas vezes no limite (apenas?) entre a legalidade e o crime, defender a lei e fazer justiça, a sanidade e a loucura.
Mas, 70 anos depois, por mais mortes e/ou sucessões que surjam, só uma certeza fica: a sombra do Homem-Morcego continuará a pairar sobre os becos mais recônditos de Gotham City, atemorizando todos aqueles que têm culpas na consciência.

[Caixa]

A actualidade

Na sequência de mais uma (quase?) morte, em “Batman: R.I.P.”, escrita por Grant Morrison (que poderá ser lida em Portugal dentro de sensivelmente um ano, nas revistas brasileiras do herói – “Batman” e “Batman e Superman” – que a Panini distribui mensalmente entre nós), a actualidade do Homem-Morcego passará pela revista “Batman”, sem Bruce Wayne, substituído pelo vencedor da corrida pela sua sucessão na mini-série “Battle for the Cowl”, ainda em curso, e pelos novos títulos “Batman and Robin”, de Grant Morrison e Frank Quitely, e “Batgirl – The Cure”, a lançar nos EUA em Agosto.
No cinema, o sucesso a todos os níveis de “Batman – The Dark Knight” (2008), , um dos filmes mais rentáveis de sempre com mais de 1000 milhões de dólares feitos nas bilheteiras protagonizado por Christian Bale e dirigido por Chris Nolan, parece incontornável um terceiro filme de Batman com ambos, embora ainda não haja nada concreto sobre o tema.


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Blake Bauer e Mortimer House

Kiefer Sutherland (o Jack Bauer da série televisiva “24”) e Hugh Laurie (o polémico dr. House) serão os protagonistas de mais uma adaptação cinematográfica de um clássico da banda desenhada, “A Marca Amarela”, a mais celebrada aventura de Blake e Mortimer. Os dois trabalharam juntos recentemente na versão original do filme “Monstros vs. Alien”, em exibição nos cinemas portugueses, dando a voz, respectivamente, ao General Monger e ao dr. Cockroach.
Alex de La Iglesia, o realizador indicado para dirigir a película, confirmou-o numa conferência de imprensa durante o 12º Festival de Cinema de Málaga, a cujo júri preside. A participação de Sutherland, que será o fleumático Capitão Francis Blake, do MI6, foi confirmada durante um almoço em Nova Iorque, cabendo a Laurie interpretar o cientista Philip Mortimer. Se a agenda dos dois actores o permitir, as filmagens decorrerão durante o primeiro semestre de 2010, estando previsto um orçamento de 26 milhões de euros para esta produção europeia que também contará com John Hurt e Mark Strong no elenco.
Blake e Mortimer foram criados por Edgar P. Jacobs (1904-1987), para o número inaugural da revista “Tintin” (1946) e as suas aventuras são um dos grandes clássicos de antecipação científica da BD franco-belga. Jacobs assinou 11 álbuns até à sua morte, tendo sido a série retomada depois, com grande sucesso, por outros autores. “A marca Amarela” (de 1953), sobre o controle da mente humana, é o seu álbum mais emblemático, decorrendo a acção numa Londres misteriosa e envolta em nevoeiro, onde uma misteriosa personagem aparentemente sobre-humana pratica crimes indecifráveis.


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Marco Mendes expõe na Mundo Fantasma

É inaugurada hoje, na galeria Mundo Fantasma, situada na loja com o mesmo nome no Centro Comercial Brasília, uma exposição de desenhos, bandas desenhadas e ilustrações recentes de Marco Mendes, que podem ser visto como fragmentos de um diário. O autor estará presente para comentar os seus trabalhos e dar autógrafos.
Nascido em Coimbra, em 1978, Marco Mendes vive no Porto, licenciou-se pela Faculdade de Belas Artes da Universidade desta cidade, é docente do Curso de Licenciatura em Banda Desenhada e Ilustração da Escola Superior Artística do Porto em Guimarães e da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto e mostra regularmente desenhos e pequenas histórias autobiográficas no seu blog “Diário Rasgado” ( HYPERLINK “http://diariorasgado.blogspot.com/” http://diariorasgado.blogspot.com/).
Depois de alguns títulos colectivos, publicados através do projecto de edição independente “A Mula”, que fundou em 2004 com Miguel Carneiro, lançou no ano passado, pela Plana, o livro “Tomorrow the Chinese Will Deliver the Pandas”.


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Carlos Zíngaro, desenhador

Está patente em Guimarães, na galeria do Museu Arqueológico Martins Sarmento, até dia 30 de Maio, a exposição “Da Ordem do Místico e do Perverso”, uma retrospectiva da obra em Banda Desenhada e Ilustração de Carlos Zíngaro.
Mais conhecido como músico ligado ao jazz e à improvisação, em especial enquanto violinista, Zíngaro tem também uma vasta obra gráfica menos divulgada em que aborda “preferencialmente o lado nonsense, a exploração gráfica extrema, a experimentação plástica/visual/conceptual”, conforme revelou ao site Divulgando BD.
A actual mostra, com cerca de 70 originais das últimas quatro décadas, a preto e branco ou a cores, alguns dos quais inéditos, inclui BD publicada na “Visão” (1975), ilustrações para o livro “A Caixa”, de Sérgio Godinho e capas de discos da Banda do Casaco ou de Júlio Pereira.
Comissariada por Marco Mendes, a exposição será complementada com um catálogo, que incluirá uma extensa entrevista realizada por Pedro Moura, um texto do Rui Eduardo Paes sobre o seu percurso musical e a relação deste com a sua obra gráfica e a reprodução de algumas obras a cores, a lançar em breve juntamente com um novo número da revista “Margens e Confluências” dedicado à BD e à Ilustração.
Esta é a primeira de um ciclo de exposições dedicado à Banda Desenhada e Ilustração portuguesa contemporâneas, organizado pelo Curso de Licenciatura em Artes – Banda Desenhada e Ilustração, existente desde 2006 na ESAP de Guimarães, estando já em preparação a próxima, dedicada a Isabel Lobinho.


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Cartoonista italiano censurada pela RAI

O cartoonista Vauro Sinesi foi suspenso pela RAI, a televisão estatal italiana, após ter mostrado num programa de que é colaborador habitual alguns cartoons alusivos ao terramoto que recentemente abalou a região de Abruzzo, causando perto de três centenas de vítimas.
Segundo o comunicado difundido pelo director-geral da RAI, Mauro Masi, o desenho causador da polémica intitula-se “Aumento delle Cubature – Dei Cimiteri” (Aumento da capacidade – Dos cemitérios), e é uma referência ao Plano Casa anunciado pelo primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, que pretende aumentar a superfície dos imóveis para impulsionar a construção civil. A direcção da RAI considerou o cartoon “gravemente lesivo da memória das vítimas”, achando que “vai contra a missão de serviço público” que é suposto a estação prestar. O desenho foi apresentado e comentado pelo autor no programa “Annonzero”, dirigido por Michele Santoro, um dos poucos a criticar a acção das autoridades italianas durante o terramoto.
Acrescenta ainda o comunicado que “a partir do próximo programa, deverá haver um equilíbrio necessário e obrigatório no noticiário, especialmente quanto às informações sobre a região de Abruzzo”, de imediato secundado pelo próprio Sílvio Berlusconi que comentou que “a televisão pública não pode se comportar deste modo”.
Embora desagradado com o desenho, o líder do Partido Democrático (PD), na Oposição, Dario Franceschini, considera “inaceitável” qualquer medida de censura em relação ao programa.
Outro dos desenhos mostrados, “Férias”, mostra dois sobreviventes da tragédia, junto a uma das tendas de campanha montadas para os acolher, comentando que “da próxima vez irão para a praia”, numa reacção a um comentário de Berlusconi, que noutro, intitulado “The New Town”, surge face às ruínas, personificando Nero com a sua harpa.
Depois das polémicas dos cartoons de Maomé publicados na Dinamarca ou do desenho polémico na África do Sul, esta atitude surgida no coração da União Europeia vem tornar mais difícil a tarefa dos que têm por missão fazer sorrir. No seu site o cartoonista, nascido em Pistia, em 1955, afixou a frase “”Não à censura! Sátira é liberdade!”.


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F. Cleto e Pina

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