Etiqueta: Festival da Amadora

Os Livros da Kingpin

Com mais ou menos visitantes, o Festival da Amadora continua a condicionar o calendário da edição de BD em Portugal, especialmente no que se refere às pequenas editoras. E a Kingpin Books, de Mário Freitas, é, sem dúvida a editora que melhor tem sabido aproveitar a dinâmica do Festival para potencializar a carreira comercial das suas edições.

Foi o que sucedeu mais uma vez este ano, com a edição de “Off Road”, obra de estreia como autor completo do desenhador americano Sean Gordon Murphy, conhecido pelos seus trabalhos para a DC Comics, com destaque para a colaboração com Grant Morrison em “Joe, the Barbarian”, que foi um dos convidados do Festival.
Publicado num agradável formato livro, que acentua as características de novela gráfica da obra, “Off Road”.é a história de uma viagem “todo o terreno” em que tudo acaba por correr mal, protagonizada por três amigos e um jipe amarelo. Leve, divertida e bem contada história de camaradagem, que se lê bem, mas se esquece rapidamente, “Off Road” mostra bem o talento narrativo de Murphy, que lhe valeu um prémio da American Library Association. Com um traço estilizado e semi-caricatural em que são visíveis influências do mangá, a arte de Murphy funciona muito bem a preto e branco, sobretudo neste formato mais compacto do que o habitual “comic book”.

E este parece ser definitivamente o formato eleito para as novas edições da Kingpin, que reedita neste formato uma edição revista e recolorida da mini-série “Agentes do C.A.O.S.
Série de espionagem, inicialmente publicada em três volumes, cuja acção se inicia em Portugal nos inícios dos anos 80, para terminar 13 anos depois, em Lisboa, com uma passagem pela Rússia de Boris Yeltsin, C.A.O.S., melhorou gradualmente de número para número, tanto em termos do desenho, bastante agradável, de Filipe Teixeira, como das cores, ainda assim demasiado planas de Carlos Geraldes.
E mesmo o argumento, sem primar especialmente pela originalidade, vai ganhando em eficácia e fluência narrativa, resultando numa movimentada história de acção que se lê bem, com um ritmo e um aparato nas cenas de tiroteio (dignas de um filme de Hollywood) pouco habituais na BD portuguesa.
Mas a verdade é que “Agentes do C.A.O.S.”, ganha outra coerência nesta nova edição, revista e recolorida por Mário Freitas. Mas vai ser preciso esperar pelo novo título da série, que revelou o inspector Franco (um bem conseguido cruzamento “tuga” entre o Dirty Harry e o Comissário Gordon), que está a ser desenhado por Osvaldo Medina, a lançar em 2011, para ver se “C.A.O.S. confirma inteiramente as potencialidades que esta primeira história já deixa antever.

(“Off Road”, de Sean Murphy, Kingpin Books, 128 pags, 17,99€
“Agentes do C.A.O.S: A Conspiração Ivanov”, de Fernando Dordio, Filipe Teixeira e Mário Freitas, Kingpin Books, 84 pags, 16,99 € )

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Público faltou ao Amadora BD

Encerra este domingo no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, o 21º Amadora BD, que foi uma edição de contrastes. Por um lado, pela fraca afluência de público nos dois primeiros fins-de-semana, por outro, pela qualidade de algumas exposições que mereciam bem mais visitantes.
De qualquer forma a organização terá que tirar ilações de alguns erros cometidos. À cabeça, a divulgação tardia do evento – e a falta de informação sobre o mesmo durante o seu decurso – e a quase total ausência de nomes sonantes, os tais que são capazes de chamar visitantes – Schuiten e Peeters foram as excepções. A par disto, a menor aposta na cenografia das exposições e a ausência de surpresas nas mesmas (como acontecera em 2009, por exemplo, com os belos originais dos autores polacos) também tornaram o evento menos chamativo para o grande público. Finalmente, porque o manga e os comics americanos, géneros preferidos pelos mais novos, continuam a primar pela quase total ausência.
É verdade que este ano, tendo por tema aglutinador o Centenário da República, a organização assumidamente quis apostar nos autores portugueses, mas estes não são, só por si, suficientes para garantir o público.
Isto não invalida que o Amadora BD, não tenha grandes exposições: as dedicadas à República e ao centenário de Fernando Bento (embora esta esteja “escondida num canto”), pela sua diversidade e pela qualidade dos documentos expostos, merecem os maiores encómios. A não perder são também a magnífica instalação dedicada “Às Cidades Obscuras”, de Schuiten e Peeters, e as mostras de Sean Murphy, Cristina Sampaio ou Korky Paul, capazes de surpreender os visitantes.
Uma referência final para a melhor disposição dos diversos espaços no Fórum Luís de Camões, com especial relevo para o espaço comercial, mais amplo e arejado, apesar de algumas lojas terem pouca visibilidade, e para o bom número de lançamentos de títulos de autores portugueses, resultado da aposta que o festival tem feito na produção nacional.
Neste fim-de-semana, para lá de muitos autores portugueses, o festival contará com a presença do britânico Korky Paul, autor de “A Bruxa Mimi”, Jô Oliveira (Brasil), Lindomar Sousa (Angola), Zorito e Machado da Graça (Moçambique).


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F. Cleto e Pina

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Amadora BD distingue Rui Lacas

Em cerimónia realizada ontem nos Recreios da Amadora, foram revelados os vencedores dos Prémios Nacionais de BD, atribuídos pelo Amadora BD, após uma votação feita por profissionais ligados à 9ª arte.
“Asteroid Fighters #1 – O Início” (ASA), de Rui Lacas, um registo de acção futurista, que apresenta a Terra sob ameaça de destruição por uma chuva de asteróides, foi considerado o Melhor Álbum Português. A distinção para Melhor Argumento coube a Filipe Melo por “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy” (Tinta da China) e, no que respeita a Melhor Desenho, o contemplado foi Filipe Andrade por “BRK #1” (ASA). “O Homem que ia contra as Portas” (Everest Editora), valeu a Richard Câmara o troféu para Melhor Ilustração para Livro Infantil e, ainda em termos de autores nacionais, “Célibataires” (Joker Editions), de Nélson Martins, foi a única obra a concurso para Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira.
“Paixão e outros usos para Hormonas em excesso” (Gradiva), uma compilação de Zits, que o Jornal de Notícias publica diariamente, foi considerado o Melhor Álbum de Tiras Humorísticas, e “Os Passageiros do Vento – A Menina de Bois-Caiman – Livro 1” (ASA), de François Bourgeon o Melhor Álbum de Autor Estrangeiro. O Prémio Clássicos da 9ª Arte foi para “Corto Maltese: Mü, A Cidade Perdida” (ASA), de Hugo Pratt, e o número dos “Cadernos Moura BD” dedicado a Fernando Bento foi distinguido como melhor fanzine.Finalmente, o troféu de Honra foi entregue a António Gomes de Almeida, argumentista, entre outras obras, da “História Alegre de Portugal”, desenhada por Artur Correia.
O Amadora BD 2010, que decorre no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, até ao próximo dia 6 de Novembro, conta este domingo com a presença do norte-americano Sean Gordon Murphy bem como de alguns dos autores nacionais premiados.


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F. Cleto e Pina

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Autores portugueses em destaque no Amadora BD 2010

Abre hoje as suas portas o 21ª edição do Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que se prolonga até ao dia 7 de Novembro. São 17 dias, dezenas de autores e centenas de pranchas que mais uma vez trazem a festa dos quadradinhos ao Fórum Luís de Camões, na Brandoa, núcleo central do evento, e a diversos espaços da cidade.
A edição deste ano dá um grande destaque à 9ª arte nacional, ou não fosse o Centenário da República o seu mote. Por isso é esta a temática da retrospectiva que revela como a BD, a caricatura e o cinema de animação anteciparam e têm mostrado a República ao longo de mais de 100 anos, e também do making of de “É de noite que faço as perguntas”, narrativa ficcionada dos acontecimentos que levaram à queda da monarquia, escrita por David Soares e desenhada por seis autores portugueses.
Em português ainda, são as mostras dedicadas a Richard Câmara, autor do cartaz e da imagem gráfica do festival, e a Fernando Bento, cujo centenário de nascimento se assinala dia 26, e as monográficas de Luís Diferr, Paulo Monteiro, Bernardo Carvalho, Cristina Sampaio, José Carlos Fernandes e Luís Henriques.
Curiosa é a abordagem de “Lusofonia – A Nona Arte em Língua Portuguesa”, que, através da BD, se propõe mostrar as particularidades da língua portuguesa falada em Portugal, Brasil, Angol e Moçambique.
Da programação continuam ausentes a produção japonesa e norte-americana, capazes de cativar o público mais jovem para ir descobrir a produção portuguesa. Este ano há também falta de nomes sonantes do panorama internacional, sendo o norte-americano Sean Gordon Murphy (“Joe the Barbarian”) e os belgas François Schuiten e Benoit Peeters (“A Teoria do Grão de Areia”) as excepções. Estes dois, juntamente com Aude Samama, Alfonso Azpiri, Seri Aoi e Kim Hakhyun estarão no festival durante o fim-de-semana.


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F. Cleto e Pina

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Amadora BD sob o signo da República

A 21ª edição do Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora – vai decorrer de 22 de Outubro a 7 de Novembro e, a exemplo dos últimos anos, o seu núcleo central, estará localizado no Fórum Luís de Camões, na Brandoa.
Como já tinha sido divulgado o seu tema é “O Centenário da República”, revisitado através de uma viagem cronológica de mais de um século pelas obras dos artistas nacionais que abordaram o tema. “Os Caretos da República”, caricaturas de Pedro Ferreira, Carlos Laranjeira e Ricardo Galvão, e as obras participantes no Concurso de BD, são duas outras visões da República aos quadradinhos, complementadas pelo making of do livro “É de Noite que faço as Perguntas” (a lançar durante o festival), escrito por David Soares e desenhado por Richard Câmara, Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho e Daniel Silvestre Silva, uma narrativa ficcional que segue com rigor a história e cronologia republicanas, tendo início em 1891, na sequência do Ultimato Inglês, e terminando com o desfecho do Golpe Militar de 28 de Maio de 1926.
Fernando Bento, cujo centenário do nascimento se comemora no próximo dia 26, um autor de traço personalizado e original, cujas adaptações literárias marcaram gerações de leitores de revistas como “O Diabrete” ou “O Cavaleiro Andante”, será outro dos grandes destaques do evento.
Como é habitual, haverá mostras dedicadas aos vencedores dos Prémios Nacionais de BD de 2009, os belgas François Schuiten e Benoit Peeters, criadores das “Cidades Obscuras” e os portugueses Luís Henrique e José Carlos Fernandes, distinguidos pelo livro “A Metrópole Feérica”. Richard Câmara, autor do desenho original do cartaz e dos diversos materiais gráficos será o autor nacional em destaque.
O Fórum Luís de Camões acolhe igualmente mostras individuais de Cristina Sampaio, Paulo Monteiro, Korky Paul, autor de “A Bruxa Mimi” e Sean Gordon Murphy, desenhador de “Joe the Barbarian”.
“Lusofonia – A Nona Arte em Língua Portuguesa”, revela como as particularidades da língua portuguesa são utilizadas por Nuno Saraiva (em Portugal), Jô Oliveira (Brasil), Lindomar Sousa (Angola) e Zorito e Machado da Graça (Moçambique). Já “City Stories” aborda os resultados de uma residência artística dinamizada pelo festival de BD de Lodz (Polónia), com Moscovo, Londres, Lyon, Lucca e Amadora.
Como é habitual, o festival, que contará com a habitual feira do livro, sessões de autógrafos e lançamento de diversas obras, vai levar os quadradinhos a diversos espaços da cidade, nomeadamente a Galeria Municipal Artur Bual (com uma mostra de Luís Diferr) e os Recreios da Amadora (Augusto Cid, Vangelis Pavlidis e Jean Plantu).


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AmadoraBD promove concursos de BD e Cartoon

Integrado no 21º Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada 2010, a Câmara Municipal da Amadora promove o seu 21º Concurso Nacional de Banda Desenhada e Cartoon, com o objectivo de incentivar a sua produção e promover a descoberta de novos valores nacionais, sendo que em edições anteriores foram distinguidos autores hoje consagrados como José Carlos Fernandes, Rui Lacas, Filipe Andrade ou João Fazenda.
O tema do concurso, obrigatório, é “A República”, comum ao festival que vai decorrer de 22 de Outubro a 7 de Novembro, no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, onde, como habitualmente, estarão expostos os originais de todos os trabalhos participantes.
Os concorrentes, que deverão entregar as suas obras até dia 15 de Setembro, serão divididos por três escalões etários (12 aos 16 anos, 17 a 30 anos e mais de 30 anos, estes últimos não podendo ter trabalhos editados nem ter sido premiados em anteriores concursos), somando os diversos prémios previstos mais de 7 mil euros. O regulamento completo pode ser consultado no site do Festival (www.amadorabd.com).


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F. Cleto e Pina

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BD comemora 100 anos da República

Os presidentes da C.M. da Amadora, Joaquim Raposo, e da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República, Artur Santos Silva, vão assinar hoje, pelas 10 horas, nos Recreios da Amadora, um Protocolo de Colaboração com vista à realização da programação de BD no âmbito daquelas comemorações.
Na altura serão divulgados os eventos previstas, entre as quais se destaca a exposição “A primeira república na génese da BD e no olhar do século XXI”, a inaugurar no Centro Nacional de BD e da Imagem a 2 de Junho, composta por cinco núcleos: “A 1ª República e a Amadora”, “A Caricatura Modernista e a 1ª República”, “O primeiro filme de animação português”, “A Génese da Moderna BD Portuguesa” e “A 1ª República na BD portuguesa contemporânea”.
O Amadora BD ’11, a decorrer entre 22 de Outubro e 7 de Novembro, terá o mesmo mote e acolherá a mostra “É de Noite que Faço as Perguntas”, baseada no álbum homónimo escrito por David Soares e desenhado por Richard Câmara, André Coelho, Daniel Silvestre, João Maio Pinto e Jorge Coelho, a lançar durante o certame, tal como uma reedição das “Aventuras de Quim e Manecas”, de Stuart Carvalhais, publicadas entre 1915 e 1918, no “Século Cómico”.


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Amadora BD vai a meio: Centenas de originais e concorridas sessões de autógrafos

O Amadora BD 2009 cumpriu ontem o seu segundo fim-de-semana, o que já permite um balanço, positivo mas com aspectos a corrigir, da edição em que se cumprem 20 anos da grande festa nacional dos quadradinhos.
Desde logo, é notório que a efeméride não teve a pompa que o passado do festival justificava, faltando-lhe, principalmente, (mais) um ou outro nome sonante. O que não invalida a qualidade da programação nem um dos grandes méritos do evento, as centenas de originais expostos, alguns enquadrados por apelativas cenografias, como as exposições de Rui Lacas (autor da conseguida linha gráfica do evento), Giorgio Fratini, António Jorge Gonçalves ou Osvaldo Medina. Ou os que valem só por si, como os belíssimos desenhos de Emannuel Lepage ou a mostra de BD polaca, a surpresa deste ano pela diversidade e riqueza gráfica.
Neste contexto, pela negativa, surge a mostra mais mediática do festival, que percorre meio século de carreira de Maurício de Sousa, homenageado com o Troféu de Honra dos 20 anos, “perdida” nos fundos do piso inferior e onde os muitos originais, dos primórdios até ao beijo da Mônica e do Cebolinha na Turma da Mónica Jovem, mereciam um melhor enquadramento cénico, pese embora a presença de um gigantesco coelh(inh)o Sansão, e que a sua especificidade até facilitava. Por si só, justificava-o a popularidade do pai da Mónica, revelada, no sábado, pela fã que se desfez em lágrimas perante o abraço do homem que há 10 anos lhe enviou uma revista autografada em resposta a uma carta ou pelo facto de a fila de autógrafos para o autor ter sido fechada antes ainda de ele chegar ao recinto! Filas bem grandes tiveram também Boucq e Achdé, este mesmo sem a organização ter feito qualquer alusão ao facto de ele ser o actual desenhador de Lucky Luke, o que aponta outro aspecto a rever: a ausência de informações relevantes sobre os convidados.
Outra nota negativa vai para a arquitectura da zona comercial, com algumas bancas minúsculas e outras interiores e com pouca visibilidade, num menosprezo de um factor importante porque se os originais de BD são belos e atractivos, esta arte é antes de tudo para fruir através da leitura da obra impressa. E nisso, o Amadora BD continua a afirmar-se como data de eleição para o lançamento ou divulgação de obras nacionais, como “Mucha” (Kingpin Books), de David Soares e Osvaldo Medina, “Asteroid Fighters”, de Rui Lacas, “Israel Sketchbook”, de Ricardo Cabral, “BRK” (todos da ASA), de Filipe Andrade e Filipe Pina, ou “Bang Bang Ultimate #1” (Pedranocharco), de Hugo Teixeira, ilustrativas da diversidade de propostas da nossa BD e cujos autores também provocam concorridas sessões de autógrafos.


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F. Cleto e Pina

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José Carlos Fernandes e Luís Henriques vencem na Amadora

O álbum “A Metrópole Feérica – Terra Incógnita, vol. 1” (Tinta da China) foi o grande vencedor dos Prémios Nacionais de BD, anunciados ontem no Amadora BD 2009, ao arrecadar os galardões para Melhor Álbum Português, Melhor Argumento (para José Carlos Fernandes) e Melhor Desenho (Luís Henriques).
Segundo o argumentista, esta é uma série de “histórias curtas surreais, que têm em comum cidades ou lugares imaginários”, mas que são muito próximos da nossa realidade, através das quais explora até à exaustão pressupostos absurdos tornados incomodamente possíveis ou exagera tiques de modelos governativos totalitários, que provocam sorrisos, mas também obrigam pensar até que ponto o controle do indivíduo não pode tornar-se uma obsessão perigosa, num tempo em que é tão fácil ser escrutinado cada instante do nosso quotidiano…
Em termos nacionais, o grande derrotado, acaba por ser “A Fórmula da felicidade, vol. 1” (Kingpin Books), da autoria de Nuno Duarte e Osvaldo Medina, igualmente nomeado nas três categorias e sem dúvida um dos grandes álbuns portugueses do último ano.
Outro vencedor foi o primeiro tomo de “A Teoria do Grão de Areia” (ASA), de Schuiten e Peeters, distinguido como Melhor Álbum Estrangeiro e também com o Prémio Juventude. A mesma editora arrecadou ainda o troféu Clássicos da 9ª Arte, por “Blake e Mortimer – A Marca Amarela”, de Edgar P. Jacobs.
“Cão fedorento” (Gradiva), de Mike Peters, foi eleito o Melhor Álbum de Tiras Humorísticas, a Cristina Sampaio foi entregue a distinção para Melhor Ilustração para Literatura Infantil, pelo livro “Canta o Galo Gordo” (Editorial Caminho), enquanto que a escolha de Melhor Fanzine recaiu no “Venham + 5” (Bedeteca de Beja), coordenado por Paulo Monteiro.
O Amadora BD 2009, a decorrer no Fórum Luís de Camões até dia 8 de Novembro, tem como destaques hoje as presenças de Maurício de Sousa, autor da Turma da Mônica, de Achdé, actual desenhador de Lucky Luke, e de Giorgio Fratini, autor do surpreendente e muito interessante “Sonno Elefante – As paredes têm ouvidos” (Campo de Letras), sobre as memórias do edifício que serviu de sede à PIDE.


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F. Cleto e Pina

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Amadora BD, 20 anos depois

A abertura oficial do Amadora BD ’09 tem lugar hoje, às 21h30, no Fórum Luís de Camões, estando o público convidado para ir festejar as histórias aos quadradinhos e os 20 anos do evento a partir de amanhã, sábado.

A efeméride fica desde logo assinalada pela mudança de designação, tendo o mais pesado Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora dado lugar ao mais simples e chamativo Amadora BD, e também pela realização pelo terceiro ano consecutivo num espaço que se tem revelado amplo e polivalente e que a organização tem conseguido organizar e tornar acolhedor.
É lá que está o núcleo central do evento, subordinado ao pouco inspirado mote “O Grande Vigésimo”, onde se destaca um olhar aprofundado sobre o passado do festival, que marcou de forma incontornável a forma como a BD é vista no nosso país, através das mostras “Almanaque”, que evoca as duas décadas do evento, “Contemporaneidade Portuguesa”, sobre os autores nacionais em actividade”, “Colecção CNBDI”, uma selecção das pranchas que ao longo do ano este organismo tem recolhido junto dos autores que passaram pela Amadora, e “20 anos de Concursos”, mostrando-os como meio de descoberta de novos talentos, pois por ele passaram nomes como José Carlos Fernandes, Filipe Andrade, João Fazenda ou Rui Lacas.
Este último, criador da imagem em que assenta a linha gráfica este ano e um dos vencedores dos Prémios Nacionais de BD 2008 que o evento patrocina, é um dos autores em destaque no Amadora BD, que mais uma vez acarinha a produção nacional dedicando também exposições a José Garcês, Osvaldo Medina, António Jorge Gonçalves e José Ruy (esta na Escola Superior de Teatro e Cinema). Em termos de criadores estrangeiros, a América do Sul pintada por Emannuel Lepage e as memórias da antiga sede da PIDE exploradas pelo italiano Giorgio Fratini, são mais dois motivos de interesse para visitar o festival.
Num ano de aniversário redondo, destaque para as cinco (justas) homenagens que o festival promove (ver caixa), que ajudam a dar o tom festivo que o seu historial merece.
O manga, género preferido pelos mais jovens, marca presença através do estúdio NCreatures, sendo também colectivas as mostras dedicadas à 9ª arte da Polónia e do Canadá, os países convidados este ano, merecendo destaque, neste último caso, a obra de Cameron Stewart, que estará presente este fim-de-semana na Amadora, assim como
Emmanuel Lepage, Carlos Sampayo, Oscar Zarate e o caça-talentos da Marvel C.B. Cebulski, bem como os portugueses José Ruy, Rui Lacas, Filipe Pina, Filipe Andrade, David Soares, Osvaldo Medina, Nuno Duarte e João Mascarenhas, entre outros. Amanhã, serão lançados no festival “Mucha”, de David Soares, Osvaldo Medina e Mário Freitas, e “TX Comics”, de Cameron Stewart, Karl Kerschl e Ramon Perez (ambos da Kingpin Books).

[Caixa]

20 anos, 5 homenagens

Maurício de Sousa

Fórum Luís de Camões
O criador da Turma da Mônica terá duas exposições: uma de originais de cinco décadas de carreira e outra com a visão personalizada dos seus heróis feita por autores brasileiros para o livro “MPS 50”.

Astérix

Fórum Luís de Camões
Os 50 anos de Astérix são evocados através de uma mostra de coleccionismo, composta por brindes publicitários, copos, álbuns antigos e figuras em pvc, nacionais e estrangeiros.

Adolfo Simões Muller

Casa Roque Gameiro
Originais de Fernando Bento, condecorações e primeiras edições relembram o director do “Papagaio”, “Diabrete”, “Cavaleiro Andante” ou “Foguetão”, onde estreou Tintin ou Astérix.

Héctor Oesterheld

CNBDI (até Fevereuro de 2010)
Morto pela ditadura militar argentina, o argumentista de Pratt (em “Sargento Kirk”) ou Breccia (“Mort Cinder”), é revisitado através de retratos, textos, revistas e pranchas de BD.

Vasco Granja

Galeria Municipal Artur Bial
O seu papel fundamental na divulgação do cinema de animação (na RTP) e da BD (na revista “Tintin”), evocado numa exposição sobre o cidadão e as suas áreas de interesse.


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F. Cleto e Pina

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