Etiqueta: Jornal de Notícias

Blacksad: um novo álbum e um filme

As Edições Asa distribuem hoje nas livrarias nacionais, em simultâneo com a edição original francesa, o álbum “Blacksad: O inferno, o silêncio”, quarto tomo desta série escrita por Juan Díaz Canales e desenhada por Juanjo Guarnido.
Com inúmeros prémios conquistados e os favores do público e da crítica, “Blacksad”, que retoma a tradição dos grandes autores do género, é um policial negro ambientado em meados do século XX que já revisitou temas como a intriga em meios cinematográficos, o racismo e o Ku-Klux-Klan ou a caça aos comunistas nos EUA. No novo álbum, que sai após um intervalo de 5 anos, encontramos o detective na Meca do jazz, Nova Orleães, à procura de um pianista toxicodependente.
A principal marca distintiva da série é, no entanto, o grafismo pois, em “Blacksad”, todos são animais antropomorfizados, cujas características correspondem às das personagens que interpretam. Assim, o detective que o protagoniza é um ágil felino, os duros que tem de enfrentar gorilas, ursos ou lobos, as personagens femininas, belas e sensuais, uma gata ou uma leoparda, etc. A par disso, o desenho, hiper-realista e servido por belas cores, é magnífico, notando-se ao nível da composição das pranchas e do ritmo imposto à narrativa, as influências do trabalho de Guarnido como animador nos Estúdios Disney
Integralmente editada em português, a série inclui ainda um álbum especial – “Blacksad – Os bastidores do inquérito”- com esboços, estudos e desenhos inéditos, em que os autores revelam a génese do herói e a sua forma de trabalhar.
Entretanto, Blacksad pode estar em vias de ser transposto para o grande ecrã, pois o realizador Alexandre Aja (“Piranha 3D”) revelou estar interessado no projecto, em parceria com Thomas Langmann. Este último já esteve envolvido em adaptações cinematográficas doutros heróis dos quadradinhos, nomeadamente Astérix e Blueberry.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

60 anos de inépcia militar

Há 60 anos, Beetle Bailey, eterno recruta, estreava-se numa dúzia de jornais mas o seu criador estava longe de imaginar o seu sucesso e de como este dependeria da sua estreita relação com o exército norte-americano.

Símbolo por excelência da preguiça – “não faças amanhã, o que podes deixar para depois de amanhã”, poderia ser o seu lema – e de uma contestação suave e desarmante ao autoritarismo da instituição militar, Bailey (em Portugal mais conhecido como Recruta Zero) sobrevive até hoje, sendo publicado diariamente em centenas de jornais por todo o mundo.
Para o seu progenitor, Mort Walker, nascido a 3 de Setembro de 1923, em El Dorado, no Kansas, desenhar cartoons foi sempre algo tão natural como comer ou beber. Por isso, publicou o primeiro desenho no jornal escolar aos 10 anos, vendeu o primeiro cartoon aos 11, criou a primeira série regular – “Limejuicers” – aos 13, tornou-se cartoonista profissional aos 15, dirigiu a primeira revista aos 18 (e criou durante a sua carreira outras séries famosas, como “Hi & Lois”, “Boner’s Ark” ou “Betty Boop and Felix”). Em 1948, após cumprir o serviço militar na II Guerra Mundial (“quatro anos de pesquisa”, dizia ele) e terminar a sua formação universitária, mudou-se para Nova Iorque, onde viu recusados cerca de 200 cartoons, antes de conseguir emprego como editor na Dell Publishing Company.
Dois anos depois, cansado do excesso de trabalho e do baixo salário decidiu reciclar Spider, um jovem desengonçado e desleixado, com olhos pequenos e que fumava cachimbo, que era personagem recorrente dos seus gags, tornando-o protagonista de uma tira diária, em meio universitário. A King Features aprovou o projecto, embora mudando o título para Beetle Bailey.
A estreia da tira diária foi modesta, apenas numa dúzia de jornais, que tinham aumentado para o dobro ao fim de seis meses, número insuficiente para justificar a sua manutenção, não tivesse a realidade influenciado a ficção. É que a 25 de Junho desse ano, tinha-se iniciado a Guerra da Coreia, o que veio a introduzir um ponto de viragem na vida de Bailey, que a 13 de Março de 1951 se alistou para servir no exército norte-americano, vivendo nos quadradinhos da tira de jornal o que experimentavam os seus pares do mundo real.
Destacado para Camp Swampy (pantanoso), o novo recruta, de quem os quadradinhos nunca mostraram os olhos, sempre sob um chapéu ou boné, viu recrudescer a sua preguiça e demonstrou a maior inépcia para a vida militar, originando as maiores confusões, provocando o caos e tornando-se no alvo preferencial do colérico (mas sentimental) sargento Orville Snorkel. Da sua vida anterior, levou apenas a namorada, destacando-se na nova galeria personagens como “Killer” Diller, um mulherengo, Otto, um cão antropomórfico, ou o General Amos Halftrack, caquéctico e alcoólico, mais interessado no golfe e na (bela) secretária do que nas suas atribuições.
Com eles, demonstrando um enorme sentido de humor, especial predilecção por gags puramente visuais e a capacidade de (re)inventar situações, pondo constantemente em causa a autoridade militar, Walker transformou Beetle Bailey num grande sucesso, difundido por centenas de jornais, entre os quais o próprio “Star & Strips”, órgão oficial do exército.
Com o final da guerra, em 1953, uma tentativa de regresso à vida civil do recruta foi imediatamente rejeitada, provocando centenas de cartas de protesto por parte dos leitores e condenando Bailey a uma eterna vida militar, se é que assim se pode designar o seu desempenho, para gáudio dos seus leitores, que se foram renovando ao longo dos anos.
E a verdade é que o próprio Exército dos EUA, apesar de tudo, se mostrou grato pela sua criação, atribuindo a Mort Walker, no ano 2000, a mais alta condecoração com que é possível distinguir um civil.

[Caixa]

Temas polémicos

Com a vida no exército como tema, Beetle Bailey foi sempre uma fonte de polémica. A primeira, significativa, surgiu no final da guerra da Coreia, quando o novo responsável do “Star & Strips”decidiu suspender a sua publicação, considerando-a atentatória da moral (?!) e má para a disciplina do exército, o que incendiou a imprensa em defesa da série.
Quase 20 anos depois, em 1970, a situação repetiu-se quando Walker, apesar da oposição da distribuidora, introduziu um oficial negro, o tenente Flap, sendo acusado pelos negros de os estereotipar e pelos brancos de proselitismo, numa época em que o racismo era uma realidade nos EUA.
Em 1997, as atenções constantes do general Halftrack em relação à sua sedutora secretária, a bela Miss Sheila Buxley, criada em 1982, levaram os movimentos feministas a acusar o autor de promover o assédio sexual.
Em todos estes momentos, após pousar a poeira das críticas, a série saiu sempre reforçada junto do público e incrementou a sua difusão nos jornais.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

AmadoraBD promove concursos de BD e Cartoon

Integrado no 21º Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada 2010, a Câmara Municipal da Amadora promove o seu 21º Concurso Nacional de Banda Desenhada e Cartoon, com o objectivo de incentivar a sua produção e promover a descoberta de novos valores nacionais, sendo que em edições anteriores foram distinguidos autores hoje consagrados como José Carlos Fernandes, Rui Lacas, Filipe Andrade ou João Fazenda.
O tema do concurso, obrigatório, é “A República”, comum ao festival que vai decorrer de 22 de Outubro a 7 de Novembro, no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, onde, como habitualmente, estarão expostos os originais de todos os trabalhos participantes.
Os concorrentes, que deverão entregar as suas obras até dia 15 de Setembro, serão divididos por três escalões etários (12 aos 16 anos, 17 a 30 anos e mais de 30 anos, estes últimos não podendo ter trabalhos editados nem ter sido premiados em anteriores concursos), somando os diversos prémios previstos mais de 7 mil euros. O regulamento completo pode ser consultado no site do Festival (www.amadorabd.com).


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

A obra de Augusto Cid: bílis em estado puro

Se mais méritos não tivesse – e tem, desde logo pela (mediática) chamada de atenção para expressões artísticas (cartoon, caricatura, ilustração) raras vezes suficientemente valorizadas para além da efémera existência nas páginas de jornais e revistas – o Prémio Stuart instituído pelo El Corte Inglés deu também origem a uma colecção de obras monográficas sobre os seus vencedores.
Por essa notável galeria do humor gráfico nacional já passaram clássicos – Stuart Carvalhais, Bordallo Pinheiro – ou contemporâneos cuja obra podemos admirar diariamente – João Fazenda, André Carrilho. Ou, ainda, clássicos contemporâneos, se assim se podem definir, como João Abel Manta ou, agora, Augusto Cid, vencedor em 2009 e tema do mais recente tomo.
Como os restantes, é da autoria de João Paulo Cotrim, cuja escrita nem sempre é fácil – e poucas vezes linear, com uma prosa de grande carga poética, que geralmente, sugere mais do que expõe – mas que, nesta colecção, tem reduzido os seus textos ao mínimo, avançando apenas pistas de interpretação e análise, destacando características ou técnicas ou inserindo o cartoon ou a ilustração no contexto – mediático, político, artístico – em que foi criado/publicado, dando assim o máximo destaque ao trabalho gráfico do homenageado, que se encontra em profusão nas cerca de duas centenas de páginas do livro.
Por isso, se Cotrim é o autor, o protagonismo pertence a Augusto Cid, de quem são mostrados cartoons, tiras e bandas desenhadas de diversas épocas e temáticas: ultramar, processos, Eanes, Soares, touradas, animais, mendigos, sexo, motas, auto-retratos… Para que o seu traço personalizado, seguro e sintético e o seu olhar mordaz, cruel, independente e provocador, cumpram o seu papel: divertir, revelar, acusar, apontar o nu. Porque Cid “mexe com o objecto, incomoda com a perspectiva e a caneta”; “o seu humor ultrapassou qualquer noção de bom ou mau: é bílis em estado puro” e “como bom cartoonista, ignora a culpa e aspira à mais absoluta liberdade”.
Como pode ser (re)descoberto nesta colectânea que, mais do que ser o culminar ou a súmula de uma carreira marcante, deve servir apenas como ponto de partida para novas viagens e explorações.

Cid
João Paulo Cotrim
Assírio & Alvim e El Corte Inglés

Divulgador e argumentista

Primeiro director da Bedeteca de Lisboa, João Paulo Cotrim – que, enquanto argumentista, tem tido experiências episódicas nalgumas destas artes – é um dos grandes responsáveis pela divulgação e credibilização da banda desenhada, do cartoon, do desenho de imprensa e da ilustração nacionais nas últimas duas décadas.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Futuro dos quadradinhos passa pelo digital

Nascida há pouco mais de um século, com o advento da imprensa, a banda desenhada dá agora os primeiros passos nos novos suportes digitais, que alguns anunciam como o seu futuro.

“Oficiosamente”, a banda desenhada nasceu a 25 de Outubro de 1896. A data assinalava o primeiro balão de texto do The Yellow Kid, de Richard F. Outcault, e também a sua massificação pela imprensa. Para a sua escolha, por um grupo de especialistas, entre os quais Vasco Granja, reunidos em Lucca, em 1989, pesou também a proximidade dos seus primeiros 100 anos. E, pode dizer-se, nasceu para ser lida em papel, primeiro nos jornais, depois em revistas, mais recentemente em álbuns e livros.
Mas, com o advento das novas tecnologias, a BD também as tem experimentado, a diversos níveis. Através da leitura directa em ecrãs (área em que se têm multiplicado os scanners piratas que as editoras combatem cada vez mais ferozmente) ou tendo a internet já como suporte original, como forma de combater as dificuldades relacionadas com a edição, o lançamento de novos autores e a distribuição dos livros. O que, por exemplo, popularizou o formato geralmente designado como “italiano” (horizontal), mais próximo das medidas dos ecrãs tradicionais. Isto, segundo alguns (saudosistas?), retira aos quadradinhos características fundamentais: a textura do papel, o cheiro da tinta, o peso físico do objecto livro, a facilidade de avançar e recuar voltando as páginas, a possibilidade de apreciar uma página inteira ou mesmo páginas duplas… Ou, indo mais longe, tornando impossível as edições de luxo e as tiragens limitadas, tão ao gosto dos coleccionadores. Do outro lado da barricada, apontam-se como vantagens a diminuição radical do espaço de arrumação dos livros impressos ou a facilidade de transporte das obras.
Com o crescendo da aposta das editoras neste formato, as ferramentas informáticas têm sido utilizadas para aproximar os quadradinhos digitais do formato original (“virar” das páginas) ou acrescentar-lhes algo no novo suporte (ampliação de vinhetas ou animações limitadas, os designados “motion comics”).
Por isso, cada vez mais, é possível aceder online a excertos de obras novas, a títulos esgotadas ou difíceis de encontrar e mesmo a novas edições. Gratuitamente, alugando por períodos mais ou menos limitados, por assinatura ou pagando o título desejado. Mas sempre num nível (ainda com muito de) experimental e de teste a um mercado que para já é apenas potencial. E que ainda possui muitas limitações: o aluguer não garante propriedade, uma falha de sistema pode significar a perda da “biblioteca”, o fecho ou mudança do site vendedor também…
Actualmente, a facilidade de acesso a leitores como o iPad, Kindle, iPod, iPhone, Courier (e às suas muitas potencialidades) abre novas portas. Ou não, como o confirma o facto de em Junho último um dos mais importantes operadores franceses de comics digitais ter vendido apenas cinco títulos…
Mas os sinais de que o novo suporte veio para ficar (quanto mais não seja para servir a geração vindoura já “nascida” a ler digitalmente…) multiplicam-se, tal como as aplicações que os suportam: ComiXology, iVerse, BD Touch. Recentemente, como o JN noticiou, a Marvel lançou pela primeira vez em simultâneo um comic – do Homem de Ferro – em versão papel e digital. A DC Comics anunciou em grandes parangonas a entrada no mundo virtual; outras editoras, como as igualmente norte-americanas IDW, Dark Horse ou Aspen, dão também passos firmes nesse sentido. Na Europa, o panorama não é muito diferente: a Soleil e os Humanoides Associèes têm já on-line o seu catálogo na DigiBidi, enquanto que a Casterman, a Dupuis, a Dargaud, a Lombard e a Fluide Glacial criaram a Izneo onde têm distribuído (também) desta forma alguns dos seus títulos mais chamativos. Questões como o preço da versão digital relativamente à de papel ou os pagamentos aos autores, são outros pontos – não pacíficos – que aguardam resolução.
Por isso, sendo tantas as questões e dúvidas e ainda tão poucas as respostas e esclarecimentos, para terminar parece ajustado um modelo que foi recorrente no tempo das revistas (em papel) de histórias aos quadradinhos: (continua).

[Caixa]

A pré-história do digital

Se a BD digital está na ordem do dia, há muito que o computador se tornou (mais) um utensílio para muitos dos autores, nomeadamente para a coloração das pranchas.
No entanto, ainda há duas décadas tal não acontecia, o que levava a DC Comics a anunciar orgulhosamente, em 1990, “Batman: Digital Justice” como “a primeira novela gráfica inteiramente gerada por computador”.
Escrita por Doug Murray e Pepe Moreno, era também desenhada por este último juntamente com Bob Fingerman. Registo isolado da cronologia da editora, passava-se num futuro tecnológico e tinha como protagonista James Gordon, neto do comissário original, que assumia a identidade do Homem-Morcego para combater um vírus libertado pelo Joker.
Se na altura constituiu uma grande novidade (que chegou a Portugal através da edição brasileira da Abril Jovem), a sua análise hoje evidencia as enormes limitações que estas tecnologias ainda tinham.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Cathy, o fim aos 34 anos

Cathy, a neurótica protagonista da tira diária de imprensa com o seu nome, viverá os seus últimos quadradinhos no próximo dia 3 de Outubro, após 34 anos de publicação ininterrupta.
Estreada em Novembro de 1976, esta banda desenhada que chegou a ser publicada diariamente em 1400 jornais e conquistou um Prémio Reuben em 1992, atribuído pela National Cartoonists Society, destacou-se desde logo por ser escrita e desenhada por uma mulher – Cathy Guisewite – e por ter como base algumas das questões que preocupam (especialmente) o belo sexo – aspecto, dietas, relações, trabalho – abordadas de um ponto de vista especificamente feminino.
Ao longo das suas tiras e pranchas dominicais, Cathy, uma mulher solteira, trintona, anafada, independente, neurótica, explorada no trabalho, insegura quanto ao sexo oposto, dividida entre a vontade de comer e a necessidade de dietas que não consegue cumprir, com dificuldades em aceitar o proteccionismo dos pais e as semelhanças com a mãe, divertiu gerações de leitoras, com quem partilhou diariamente as suas desventuras com Irving (namorado, ex-namorado, outra vez namorado e, finalmente, marido), os pais, os colegas de trabalho, o chefe prepotente ou a sua cadela.
Agora, mais de três décadas depois, a autora, nascida no Ohio, a 5 de Setembro de 1950, decidiu pôr fim a esta aventura gráfica, para se dedicar à família. Às fãs de Cathy – e aos fãs também – resta-lhes reler as muitas colectâneas, cronológicas ou temáticas, existentes, das quais mais de duas dezenas foram editadas em português pela Gradiva, com títulos sugestivos como “Pernas elegantes nem daqui a 30 anos”, “Os homens deviam vir com manual de instruções” ou “Melhor que chocolate só mesmo um par de sapatos novos”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

João Mascarenhas no 7º. Luanda Cartoon

O argumentista e desenhador português João Mascarenhas é o convidado especial do 7º Festival de Banda Desenhada e Animação – Luanda Cartoon, que vai decorrer na capital Angolana entre os dias 20 e 27 do corrente mês e que contará com uma exposição do autor de O Menino Triste.
A principal exposição da mostra incluirá obras do também português Filipe Melo, cineasta e argumentista de “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy”, desenhadas pelo argentino Juan Canvas, dos brasileiros Marcelo D’Salete e Gabriel Rocha e do chadiano Adjim Danngar, para além de cerca de três dezenas de autores locais.
O evento, terá lugar nas instalações do Instituto Camões, que o co-organiza juntamente com o Estúdio Olindomar. Do seu programa constam diversas exposições de BD e cartoon, uma feira do livro, lançamentos, sessões de autógrafos, uma “Cartoon Party” com caricaturas ao vivo, um espectáculo de hip-hop designado “Pocket Show” e um seminário sobre banda desenhada, animado pelo angolano Teodoro Fernandes.
Parte das exposições estão patentes no Salão Internacional da União Nacional dos Artistas Plásticos, podendo ser visitadas até 20 de Setembro.
João Mascarenhas trabalha actualmente em “Punk Redux”, um novo álbum de O Menino Triste, que deverá ser editado até final do ano.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

A Origem pode ser inspirada em BD Disney

O filme A Origem (Inception) , actualmente em exibição, realizado por Chris Nolan e com Leonardo DiCaprio no papel principal, poderá ser inspirado numa banda desenhada Disney protagonizada pelo Tio Patinhas.
A notícia, que circula na internet, aponta as coincidências entre os argumentos do filme e de “The Dream of a Lifetime”, uma BD com 26 páginas, originalmente publicada na Noruega, em 2002. O seu autor é Keno Don Rosa, um dos mais conceituados autores Disney, responsável por estabelecer uma cronologia detalhada da vida do Tio Patinhas, na multipremiada história “The Life and Times of Scrooge McDuck” (de 1992), que em Portugal foi publicada como “A Saga do Tio Patinhas”. Aliás, o episódio agora em causa, que pode ser lido gratuitamente no site da Disney (http://disneycomics.free.fr/Ducks/Rosa/show.php?num=1&loc=D2002-033&s=date)
é um capítulo extra da biografia do pato mais rico do mundo.
Nele, os Irmãos Metralha roubam uma máquina inventada pelo professor Pardal, para entrarem nos sonhos do Tio Patinhas e descobrirem o segredo para entrar na caixa-forte. Para os impedir, Donald utiliza o mesmo equipamento, numa perseguição atribulada pelas memórias do Tio Patinhas, em cenários em constante mudança, como o velho oeste, as planícies australianas ou o Titanic.
No filme, também escrito por Nolan, um bando de assaltantes invade os sonhos das suas vítimas para se apoderar dos seus segredos. O realizador norte-americano já contestou a notícia, afirmando que começou a desenvolver a ideia há cerca de dez anos, mas a verdade é que alguns sites já colocam em causa uma eventual nomeação do filme ao Óscar de Melhor Argumento Original.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Maré negra no Golfo do México inspira BD

A editora norte-americana Aspen Comics anunciou para o próximo mês de Setembro uma edição especial de Fathom que terá como tema de fundo a maré negra que teve lugar no Golfo do México, em Abril último e cujos efeitos ainda se fazem sentir.
Escrita pelo vice-director da Aspen, Vince Hernandez, esta banda desenhada ficará disponível apenas em formato digital, em diversas plataformas, assinalando assim também a entrada da editora neste segmento em expansão, que muitos apontam como suporte preferencial dos quadradinhos num futuro próximo.
A protagonista curvílinea de Fathom, Aspen Mathews, já tem os oceanos como seu cenário primordial pelo que, segundo o argumentista, faz todo o sentido envolvê-la com a maior catástrofe ambiental não provocada de todos os tempos, o que levará a heroína a auxiliar os seres vivos afectados pelo derrame. E como o propósito é “não só falar do que aconteceu” mas também “ajudar a combater os seus efeitos”, os lucros desta edição destinam-se ao National Wildlife Federation, um fundo dedicado à preservação da vida selvagem.
O desenho foi entregue à tailandesa Siya Oum, de 30 anos, já com experiência em comics e animação, que tentou manter-se fiel ao estilo da série criada por Michael Turner (1971-2008) em 1998, para a Top Cow.
Esta edição poderá dar um novo alento ao eventual filme baseado em Fathom, a que o nome de James Cameron chegou a estar associado. Recentemente Megan Fox mostrou-se interessada em protagonizá-lo, tendo manifestado a sua aprovação a um argumento que lhe foi submetido. As últimas notícias dão conta que a Twentieth Century Fox procura um realizador para concretizar o projecto.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Bugs Bunny, 70 anos irrequietos

Há 70 anos, Bugs Bunny – ou Pernalonga como entre nós foi conhecido durante muitos anos – fazia a sua primeira aparição, garantindo desde logo boa disposição.

A sua estreia, com o nome que o celebraria como uma das maiores estrelas da animação – ou mesmo a maior de sempre, segundo a “TV Guide”, em 2002 – foi a 27 de Julho de 1940, em “A Wild Hare”, curta-metragem de 8 minutos, dirigida por Tex Avery, em que pela primeira vez faz a cabeça em água ao também estreante caçador Elmer J. Fudd (a quem dá também o primeiro e sonoro beijo). A imagem que hoje lhe reconhecemos, da responsabilidade de Robert McKimson, só chegaria mais tarde, mas a sua voz inimitável já se devia a Mel Blanc, que a definiu como “uma mistura do sotaque do Bronx e de Brooklyn”.
No entanto, o protótipo de Bugs Bunny, um certo Happy Rabbit (Coelho Feliz) aparecera pela primeira vez a 30 de Abril de 1938, em “Porky’s Hare Hunt”, com o pêlo completamente branco e uma personalidade quase paranóica, semelhante à de Daffy Duck, tendo sido figurante de mais quatro filmes, em que apresentou ainda uma gargalhada muito semelhante à que viria a ficar como imagem de marca de Woody Woodpecker (Picapau).
No entanto, segundo alguns historiadores, a sua linha genealógica deveria começar a ser traçada mais atrás, pois a personagem teria sido inspirada em Max Hare, um outro coelho animado, criado por Walt Disney em 1935. Outros, no morder da cenoura, apontam-lhe influências de Groucho Marx e do seu charuto, bem como na repetição de uma frase que aquele popularizou: “Of course you know, this means war!”.
Independentemente destas considerações, o seu “cartão de cidadão” aponta 27 de Julho de 1940 como data oficial de nascimento, embora não especifique se se trata de um coelho ou de uma lebre… Quem o conhece – e há quem não o conheça, afinal? -, tem dificuldade em limitar os adjectivos necessários para o caracterizar: inteligente, mordaz, sarcástico, rápido, decidido, irritante, provocador…
Da sua biografia constam participações na II Guerra Mundial, contra Mussolini, Hitler e os japoneses, e a presença nos aviões de diversas esquadrilhas, como mascote. A conquista de um Óscar – em 1958, por “Knighty Knight Bugs” – em três nomeações e uma estrela na calçada da fama de Hollywood, são alguns dos pontos altos da longa carreira de Bugs Bunny, a quem, após a morte de Blanc, em 1989, também emprestaram a voz Jeff Bergman, Greg Burson e Billy West. E Paulo Oom, na versão portuguesa.
Hoje, apesar das suas setenta primaveras, o “velho Pernalonga” continua ágil e imprevisível, a soltar com o seu jeito inimitável o característico e sonoro “What’s up, doc?”, garantia infalível de boas gargalhadas.

[Caixa]

Outras vidas

Para lá das dezenas de curtas-metragens que fizeram a sua merecida fama, Bugs Bunny foi também inspiração ou modelo de um infindável número de artigos de merchandising e de uma emissão filatélica nos EUA e estrela de outros suportes, como os videojogos.
Mas muito antes disso, logo em 1941, o sucesso da versão animada transportou-o para os quadradinhos, no número inaugural da “Looney Tunes and Merrie Melodies” (da Dell Publishing), desenhado por Win Smith. Um ano depois estreava título próprio, com o grafismo a cargo de Carl Buettner e, em 1943, passava a protagonizar também tiras diárias de imprensa, que duraram até 1993, menos um ano que a sua revista. Nos quadradinhos conta-se ainda um estranho encontro com Superman, Batman e os outros membros da Liga da Justiça, em 2000.
No cinema que o viu nascer, participou também em longas-metragens como “Who Framed Roger Rabbit” (1988), “Space Jam” (1996), em que dividia o protagonismo com a estrela do basquetebol Michael Jordan, ou “Looney Tunes: Back to Action” (2003)
Se a passagem do grande para o pequeno ecrã foi pacífica e natural, este estreou duas curiosas versões: os Baby Looney Tunes (em 2002), que reúnem Bugs Bunny, Tweety, Silvester, Daffy Duck, Lola e Tazz ainda bebés, e “Loonatics Unleashed” (2005), uma visão futurista dos mesmos protagonistas, “travestidos” de super-heróis.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem