Etiqueta: Nuno Sousa

A Máquina Zero #1: Apagão

Tema

Banda Desenhada

Entidade

Clube de Desenho

Autor

Nuno Sousa

Colaboradores

N/A

Local e Data

Porto, Dezembro de 2024

País

Portugal

Idioma

Português

Descrição

170x240mm, 32 páginas, preto e branco, impressão offset

Tiragem

200 exemplares

Código Bedeteca

N/A

Cota Bedeteca

N/A

Origem

Oferta Clube de Desenho

Ver Também

Clube de Desenho

Carlos Pinheiro e Nuno Sousa editam no Clube de Desenho

O desenho é uma das bases fundamentais da Banda Desenhada. E é, na maior parte das vezes, a primeira porta de entrada para qualquer amante da BD. É o desenho que nos atrai para a fruição do livro. É o desenho que estimula a nossa leitura. A narrativa é gráfica e as palavras transmitem-se também com as imagens. Um bom desenho consegue transmitir muitas palavras. E uma sequência de bons desenhos consegue transmitir um mundo.

Carlos Pinheiro e Nuno Sousa (Cronologia da BD Portuguesa) são dois artistas que pertencem ao Clube do Desenho e que não são novos nas andanças da BD.

Já publicaram em fanzines e revistas e em 2012 publicaram em conjunto um livro onde cada um deles desenvolvia uma história (Sobrevida, edição Imprensa Canalha).

Agora surgem novamente juntos – mas em edições separadas -, com a publicação de dois capítulos de obras que ambos estão a desenvolver.

A publicação surge na sequência do projecto que o Clube de Desenho submeteu ao Programa Criatório (promovido pela Ágora – Cultura e Desporto do Porto, E.M., S.A.) e que compreendia a programação na sua galeria entre o fim de 2023 e meados de 2024.

O projecto apoiado previa a “edição de obras narrativas e ensaio gráficos contemporâneo” e encerra-se agora com a publicação destes dois livros.

Carlos Pinheiro (a partir de um texto de Mónica Faria) desenvolve um capítulo de uma novela que atravessa três gerações e que pretende contar a história de uma família e de um país. A narrativa irá acompanhar esta família ao longo do antigo regime, atravessa a revolução de Abril, e a passagem do milénio até encontrar a sua conclusão possível na actualidade.

Assim deste projecto – Alma Penada –, o livro apresenta o que será o terceiro capítulo de uma obra mais longa.

Nuno Sousa, por seu lado, publica o primeiro capítulo de uma narrativa que pretende desenvolver – Máquina Zero –, que assenta em pequenas histórias, autoficções e ensaios visuais.

O Apagão, assim se chama este primeiro vislumbre de uma obra, obra essa que se irá alimentar das memórias autobiográficas e familiares do autor.

A Bedeteca apoiou estas duas edições e disponibiliza agora e em ante estreia – por um curto espaço de tempo –, a fruição das duas obras em formato digital.

A Máquina Zero #1: Apagão

Alma Penada

Alma Penada
Desenhos de Carlos Pinheiro a partir de texto de Mónica Faria.
Máquina Zero #1: O Apagão
Texto e Desenho de Nuno Sousa

Editado pelo Clube de Desenho

Apoio

Bedeteca
Turbina Associação Cultural
Programa Criatório da Ágora – Cultura e Desporto do Porto, E.M., S.A.

A Banda de Cá

Um panorama alargado da banda desenhada portuguesa: revelação e balanço

Se a encararmos como um campo alargado, que inclua a caricatura e a ilustração, a banda desenhada é, sem dúvida, e ao lado do cinema, um dos produtos culturais mais paradigmáticos da modernidade. Filho da vida urbana, do divertimento, mas também das sociedades abertas com suas liberdades públicas, o mundo dos ‘quadrinhos’ passaria dos jornais para os livros, gerando ao longo do século XX um novo género de narrativa gráfico-literária que se exprime quase sempre numa linguagem popular mas capaz de abrir todo um novo território de experimentações visuais.

Como todas as existências icónicas da sociedade de massas, a BD disseminou-se por todo o Ocidente, ganhando fortíssimas e singulares tradições na Bélgica, na França, ou nos EUA, criando mercados alargados em países como a Itália e a Espanha e gerando especificidades importantes no Leste da Europa.

Portugal não foi exceção a esta contaminação, ainda que, como noutros domínios artísticos, a produção portuguesa conheça as dificuldades inerentes a um mercado estreito e demasiado condicionado pela visão ‘infanto-juvenil’ da BD e pela supremacia franco-belga na oferta e na procura.

Estas condições não impediram, porém, o florescimento nas últimas décadas de uma banda desenhada de autor, exigente do ponto de vista gráfico e, em alguns casos, com um arrojo experimental.

“Tinta nos Nervos”, uma exposição comissariada por Pedro Vieira de Moura, que revisita a produção lusa recente nesta área, mostra precisamente este panorama, construindo uma visão de conjunto largamente satisfatória.

Seja pela diversidade de abordagem e sensibilidades estéticas, seja pela real valia de alguns dos participantes, a BD portuguesa aproxima-se nesse particular das restantes artes visuais locais: na ausência de escolas dominantes, ela vive sobretudo da dissonância estética entre as suas personalidades mais vivas.

Mostrando pranchas e sequências que salvaguardam as condições narrativas da BD, mas também livros seminais, revistas e fanzines historicamente marcantes e objetos que se aproximam da linguagem gráfica, a exposição tem a enorme vantagem de mostrar esta diversidade através do trabalho de 40 autores.

Lado a lado, coexistem trabalhos que valorizam a dimensão social e política (Teresa Câmara Pestana, Miguel Rocha), ou vincam visões da cidade (António Jorge Gonçalves, José Carlos Fernandes), caracterizam os costumes (Pepedelrey) ou comentam a cultura local (Janus, Nuno Sousa, Miguel Carneiro), exibem estilos mais realistas (Marco Mendes), aproximam-se do fantástico (Victor Mesquita, João Maio Pinto), do onírico (Luís Henriques), da abstração (Cátia Serrão) ou especulam sobre as próprias condições gráficas (Jucifer), adotam visões mais literárias (Diniz Conefrey), tiram partido da cor em visões pop (Nuno Saraiva) ou da tonalidade expressionista (Ana Cortesão, André Lemos, Pedro Zamith), com humor (Alice Geirinhas, Carlos Zíngaro) ou pela exploração de subgéneros como a autobiografia (Marcos Farrajota, Paulo Monteiro). Entretanto, há ainda espaço para sinalizar algumas zonas de fronteira com a pintura, pelo campo comum do desenho (Isabel Baraona, Mauro Cerqueira), pela partilha de uma mesma cultura pop e vocação satírica (Eduardo Batarda), ao mesmo tempo que se incluem dois antecedentes (Rafael Bordalo Pinheiro e Carlos Botelho) que ajudam a dar profundidade histórica ao campo.

Como imagem de fundo de uma nebulosa tão heteróclita fica uma genérica capacidade de infiltração temática nos mais diversos assuntos e contextos sociais, com uma variedade de abordagens que pode oscilar entre o humor e a metafísica.

“Tinta nos Nervos” — A BD Levada a Sério…

Foi inaugurada, no passado dia 10 de Janeiro, a exposição “Tinta nos Nervos – Banda Desenhada Portuguesa”, no Museu Colecção Berardo do Centro Cultural de Belém.
Estendida por diversas salas do Museu, e comissariada por Pedro Moura, a mostra irá estar patente até ao dia 27 de Março.
Uma das mais importantes montra de que há memória na Banda Desenhada portuguesa, a exposição comissariada por Pedro Moura apresenta obras de Alice Geirinhas, Ana Cortesão, André Lemos, António Jorge Gonçalves, Bruno Borges, Carlos Botelho, Carlos Pinheiro, Carlos Zíngaro, Cátia Serrão, Daniel Lima, Diniz Conefrey, Eduarda Batarda, Filipe Abranches, Isabel Baraona, Isabel Carvalho, Isabel Lobinho, Janus, João Fazenda, João Maia Pinto, José Carlos Fernandes, Jucifer (Joana Figueiredo), Luís Henriques, Marco Mendes, Marcos Farrajota, Maria João Worm, Mauro Cerqueira, Miguel Carneiro, Miguel Rocha, Nuno Saraiva, Nuno Sousa, Paulo Monteiro, Pedro Burgos, Pedro Nora, Pedro Zamith, Pepedelrey, Rafael Bordalo Pinheiro, Richard Câmara, Teresa Câmara Pestana, Tiago Manuel e Victor Mesquita.
Como bem refere Jorge Machado-Dias no seu blog Kuentro, «(…) é uma oportunidade única para aceder a tão vasta (embora não auto-conclusiva) informação sobre a actual BD portuguesa (…)».
E este crítico, editor e divulgador, diz ainda: «(…) À partida, a filosofia de que partiu esta abordagem à Banda Desenhada – tratando-se especialmente da portuguesa –, é algo com que estamos plenamente de acordo e cuja visita deveria ser obrigatória para os directores dos Festivais de banda desenhada em Portugal, para perceberem como fazer um festival de BD de larga abrangência e potencialmente cativador de maiores e mais variados públicos. Isto apesar de, diga-se de passagem, Paulo Monteiro, o director do Festival de Beja, ter vindo propositadamente de Beja para esta inauguração, sendo que é também, um dos autores expostos…
Para já, deixo ficar apenas uma nota sobre a feliz escolha por Pedro Vieira Moura, da expressão que melhor define a BD portuguesa actual: banda desenhada de autor! Nada mais apropriado, uma vez que os portugueses são especializados em algumas áreas “de autor”, sendo o cinema a mais conhecida. E tal como o cinema português é parcamente visto pelos portugueses, também a BD portuguesa sofre do mesmo mal: vende-se pouco! E isto não é uma crítica, é uma constatação. Aliás a Sara Figueiredo Costa aborda alguns pontos desta questão no texto que produziu para o Catálogo desta exposição – o porquê das fracas vendas da BD portuguesa (…).
O catálogo da exposição, com textos de Pedro Moura, Sara Figueiredo e Domingos Isabelinho contém 138 ilustrações e a biografia de todos os autores expostos, sendo distribuído pela Chili Com Carne.
A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada no Museu Colecção Berardo, Praça do Império, Lisboa, até 27 de Março, de domingo a sexta, das 10h00 às 19h00 e sábado das 10h às 22h.

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