Etiqueta: Pedro Moura

Clássicos da Literatura Portugueses revivem em BD

Mensagem”, de Fernando Pessoa, é o primeiro volume, hoje à venda

Chega hoje às livrarias o primeiro volume da coleção “Clássicos da Literatura Portuguesa em BD”, a “Mensagem”, de Fernando Pessoa, adaptada por Pedro V. Moura e Susa Monteiro.
Esta iniciativa da editora Levoir e da RTP surge na sequência do sucesso dos “Clássicos da Literatura em BD”, aferida pelo facto de “sete títulos terem sido TOP de vendas nas lojas FNAC”, revelou ao JN Sílvia Reig, editora da Levoir. E continua: “entre eles estavam as adaptações de “Os Maias”, “Amor de perdição” e “Auto da Barca do Inferno”, que revelaram que havia interesse por parte dos leitores portugueses” neste tipo de obras.
“Propor 13 títulos inéditos de adaptações de obras da literatura portuguesa, desenvolvidos por uma equipa de mais de 30 profissionais, entre argumentistas, ilustradores e professores, na sua grande maioria portugueses” adianta Sílvia Reig, “é um esforço financeiro enorme; um investimento oito vezes superior ao da anterior coleção, pois as obras são encomendadas de raiz”.
A colecção abre com “Mensagem” e Pedro V. Moura, o argumentista responsável pela adaptação, explica que “a obra integral de Fernando Pessoa fazia parte da lista alargada de textos a considerar, mas por uma questão de prioridades, clareza e tempo, foi seleccionada a mais famosa”.
O escritor adianta que “se por um lado conseguimos incluir todos os poemas, na íntegra, ao contrário de obras em que ‘cortar’ é absolutamente necessário”, as dificuldades surgiram porque “um meio visual oferece elementos não-previstos num texto literário, para mais um tão simbólico e lírico.” E prossegue: “Optámos por criar ciclos próprios na BD, através de personagens e elementos recorrentes, que criam uma espécie de narrativa paralela ao poema, que por vezes se intersecta com ele, e por diferenciar partes através de escolhas cromáticas e outras estratégias”.
A eleição de Susa Monteiro “foi feita em diálogo com a editora”, acrescenta Moura. A ilustradora confessa “que à partida a adaptação parecia difícil, mas isso foi ultrapassado pois o guião era muito claro e rico em propostas gráficas”, o que tornou “o processo muito fluido”. Mesmo assim, surgiram algumas dificuldades, como “a utilização de planos picados e contra-picados e a necessidade de desenhar elementos, como o mar, que habitualmente não utilizo”. Mas conclui: “acabou por ser um projeto muito desafiante em termos técnicos o que o tornou muito mais interessante”.
Para Pedro Moura, o propósito desta adaptação é “que as pessoas possam reler a “Mensagem” como que pela primeira vez e que estejam atentas à dimensão de banda desenhada semi-autónoma em relação ao texto”, enquanto Susa deseja que “o livro chegue a um público o mais vasto possível, chamando a atenção para o trabalho poético de Pessoa, mas também para as possibilidades gráficas e narrativas da BD”. E finaliza: “é uma coleção que tem o potencial de angariar novos leitores para a banda desenhada portuguesa”.
E a editora até os procura noutras paragens, pois, conforme revelou Silvia Reig, estes livros “estão a ser propostos a editoras brasileiras, espanholas e francesas e o mercado anglo-saxão também é um objectivo”.
O volume seguinte será “Farsa de Inês Pereira”, com argumento de André Morgado a partir do texto de Gil Vicente e desenho do brasileiro Jefferson Costa.

[Caixa]

13 Clássicos com nova roupagem

São 15 volumes, correspondentes a treze obras: “Mensagem”, “Farsa de Inês Pereira”, “Sermão de Santo Antonio aos peixes”, “Carta a el-Rei D. Manuel sobre o Achamento do Brasil”, “O Fato novo do Sultão”, “Frei Luís de Sousa”, “O Crime do Padre Amaro”, “Crónica de D. João I”, “Peregrinação” (volume duplo), “A Dama do Pé-de-Cabra”, “Menina e Moça”, “Maria Moisés” e “Os Lusíadas” (volume duplo).
De periodicidade mensal, com 64 páginas a cores, dossier pedagógico incluído e o preço de 15,90€, permitirão redescobrir Pessoa, Gil Vicente, Garrett, Eça, Camilo ou Camões com a nova roupagem conferida pelos estilos gráficos diferenciados de Bernardo Majer, Joana Afonso, Daniel Silvestre, Miguel Rocha, Manuel Morgado, Miguel Jorge ou Filipe Abranches.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

“Tinta nos Nervos” — A BD Levada a Sério…

Foi inaugurada, no passado dia 10 de Janeiro, a exposição “Tinta nos Nervos – Banda Desenhada Portuguesa”, no Museu Colecção Berardo do Centro Cultural de Belém.
Estendida por diversas salas do Museu, e comissariada por Pedro Moura, a mostra irá estar patente até ao dia 27 de Março.
Uma das mais importantes montra de que há memória na Banda Desenhada portuguesa, a exposição comissariada por Pedro Moura apresenta obras de Alice Geirinhas, Ana Cortesão, André Lemos, António Jorge Gonçalves, Bruno Borges, Carlos Botelho, Carlos Pinheiro, Carlos Zíngaro, Cátia Serrão, Daniel Lima, Diniz Conefrey, Eduarda Batarda, Filipe Abranches, Isabel Baraona, Isabel Carvalho, Isabel Lobinho, Janus, João Fazenda, João Maia Pinto, José Carlos Fernandes, Jucifer (Joana Figueiredo), Luís Henriques, Marco Mendes, Marcos Farrajota, Maria João Worm, Mauro Cerqueira, Miguel Carneiro, Miguel Rocha, Nuno Saraiva, Nuno Sousa, Paulo Monteiro, Pedro Burgos, Pedro Nora, Pedro Zamith, Pepedelrey, Rafael Bordalo Pinheiro, Richard Câmara, Teresa Câmara Pestana, Tiago Manuel e Victor Mesquita.
Como bem refere Jorge Machado-Dias no seu blog Kuentro, «(…) é uma oportunidade única para aceder a tão vasta (embora não auto-conclusiva) informação sobre a actual BD portuguesa (…)».
E este crítico, editor e divulgador, diz ainda: «(…) À partida, a filosofia de que partiu esta abordagem à Banda Desenhada – tratando-se especialmente da portuguesa –, é algo com que estamos plenamente de acordo e cuja visita deveria ser obrigatória para os directores dos Festivais de banda desenhada em Portugal, para perceberem como fazer um festival de BD de larga abrangência e potencialmente cativador de maiores e mais variados públicos. Isto apesar de, diga-se de passagem, Paulo Monteiro, o director do Festival de Beja, ter vindo propositadamente de Beja para esta inauguração, sendo que é também, um dos autores expostos…
Para já, deixo ficar apenas uma nota sobre a feliz escolha por Pedro Vieira Moura, da expressão que melhor define a BD portuguesa actual: banda desenhada de autor! Nada mais apropriado, uma vez que os portugueses são especializados em algumas áreas “de autor”, sendo o cinema a mais conhecida. E tal como o cinema português é parcamente visto pelos portugueses, também a BD portuguesa sofre do mesmo mal: vende-se pouco! E isto não é uma crítica, é uma constatação. Aliás a Sara Figueiredo Costa aborda alguns pontos desta questão no texto que produziu para o Catálogo desta exposição – o porquê das fracas vendas da BD portuguesa (…).
O catálogo da exposição, com textos de Pedro Moura, Sara Figueiredo e Domingos Isabelinho contém 138 ilustrações e a biografia de todos os autores expostos, sendo distribuído pela Chili Com Carne.
A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada no Museu Colecção Berardo, Praça do Império, Lisboa, até 27 de Março, de domingo a sexta, das 10h00 às 19h00 e sábado das 10h às 22h.

Futura Imagem