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Descoberto Sandokan inédito de Hugo Pratt

Sessenta e quatro pranchas inéditas de Hugo Pratt foram encontradas, treze anos após a sua morte, a 20 de Agosto de 1995. Trata-se de uma versão inacabada de “Sandokan”, o grande clássico de aventuras escrito por Emílio Salgari (1862-1911) no final do século XIX, que narra a luta contra a tirania (um tema caro a Pratt), no caso britânica, de Sandokan, um príncipe malaio, secundado pela bela Mariana e pelo português Yanez de Gomera.
Com texto de Milo Milani, estas pranchas, datadas de 1971, pertencem a duas histórias incompletas – “Tigri di Monpracem” e “La riconquista di Mompracem” – , originalmente destinadas a serem publicadas semanalmente no “Corriere dei Piccoli”, o suplemento infantil do “Corriere della Sera”. Acontece que Pratt se atrasou na sua entrega, acabando mesmo por não as concluir, pelo que nunca foram publicadas, revelou Alfredo Castelli, o responsável pela descoberta. Especialista em banda desenhada e também autor (enquanto criador e argumentista de “Martin Mystère”), Castelli encontrou-as há cerca de um ano, em condições que só revelará no prefácio que vai escrever para a edição italiana da Rizzoli Lizard, prevista para Maio próximo. No Outono, terá lugar a edição francesa da Casterman.
A única prancha até agora revelada, composta por apenas duas tiras, desenhadas com o traço a preto e branco característico de Pratt, mostra Mompracem como uma pequena ilha fustigada pelo mar e pelo vento, vendo-se, na última vinheta, o jovem Sandokan, de cara limpa, sem as barbas que Kabir Bedi celebrizou na versão televisiva, sentado numa cadeira de vime numa pose que Corto Maltese, a grande criação de Pratt, haveria de imitar.


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F. Cleto e Pina

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Grande prémio de Angoulême para Blutch

Blutch foi distinguido com o Grande Prémio de Angoulême pelo conjunto da sua obra, num palmarés que, este ano, prima pelo destaque dado à banda desenhada de autor.

De seu verdadeiro nome Christian Hinckler, Blutch nasceu em Estrasburgo a 27 de Dezembro de 1967, tendo publicado a sua primeira BD aos 20 anos na revista “Fluide Glacial”. Inicialmente marcadas pelo humor, as suas histórias rapidamente passaram a registos poéticos ou oníricos, uma das suas imagens de marca, juntamente com a plasticidade das suas pranchas, extremamente originais, esquemáticas no traço vivo e dinâmico, quase sempre em tons de preto e branco. Isso aproximou-o dos editores independentes, em registos de uma grande virtuosidade gráfica e, muitas vezes, de tom autobiográfico, sendo um dos cabeças de cartaz de uma geração responsável por muito do experimentalismo que tem aberto novas portas e soluções à BD nos últimos 20 anos.
Pode dizer-se que Blutch foi o grande triunfador deste ano, já que o seu álbum “Le petit Christian – tome 2” (L’Association), foi também escolhido como um dos Essenciais de 2008, onde se contam também “Lulu” (Futuropolis), de Étienne Davodeau, “Martha Jane Cannary“ (Futuropolis), de Blanchin e Perrissin, “Spirou, le Journal d’un Ingénu“ (Dupuis), de Émile Bravo e “Tamara Drewe“ (Denoël Graphic), de Posy Simmonds. O Fauve d’or para Melhor Álbum do Ano coube a “Pinocchio“ (Les Requins Marteaux), de Winschluss.
Neste palmarés, equilibrado e recheada de obras indiscutíveis que merecem ser descobertas, destaque ainda os prémios Essencial Revelação – entregue a “Le Goût du chlore“ (Kstr/Casterman), de Bastien Vivès -, Essencial Património – “Opération Mort“ (Cornélius), de Shigeru Mizuki – e Essencial Juventude – para “Le petit prince“ (Galimard), de Joann Sfar, o único destes títulos editado em Portugal (pela Editorial Presença).
Um dos pontos altos da Cerimónia de entrega de prémios, cuja assistência ovacionou de pé a escolha de Blutch, foi a homenagem a Claude Moliterni, um dos fundadores do Festival de Angoulême e um dos maiores especialistas em BD, recentemente falecido.


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F. Cleto e Pina

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Turma da Mónica Jovem chega a Portugal

A Turma da Mónica Jovem, a versão adolescente em estilo manga de Mônica, Cebolinha e Cascão, o mais recente sucesso de Maurício de Sousa, chega aos quiosques portugueses hoje, dia 29.

Na origem do projecto, desenvolvido ao longo de mais de um ano, esteve a vontade do autor de chegar também ao público adolescente. Daí o facto de os heróis da Turma que todos conhecemos como crianças, rondarem agora os 15, 16 anos, com as diferenças óbvias, reveladas desde logo nas poses sensuais de Mônica e Magali (que continua a comer muito, mas de forma equilibrada), no facto do Cebolinha – agora Cebola – só trocar os “rr” pelos “ll” quando está nervoso ou de o Cascão já tomar banho.
O facto de a colecção ser especialmente vocacionada para os adolescentes foi decisivo na escolha do estilo manga, aquele que eles mais lêem, e na adequação da temática aos seus interesses, dando-lhe mesmo um tom de aventura fantástica nos primeiros quatro tomos. A partir do quinto, o quotidiano e as suas preocupações serão a temática dominante pois, como referiu Maurício de Sousa ao JN durante a sua passagem pelo Festival de BD da Amadora, em Novembro último, a Turma da Mônica Jovem (nome escolhido por votação dos fãs pela Internet) “vai permitir-nos abordar temas importantes para os jovens como acne, namoro, sexo seguro, gravidez indesejada ou incorporação no exército, numa perspectiva educativa e didáctica”.
A Turma da Mônica Jovem (publicada em volumes mensais de 130 páginas a preto e branco, que custarão 2,10 € no nosso país), começou com tiragens de 50 mil exemplares que esgotaram rapidamente o que obrigou a várias reimpressões, tendo no quinto volume atingido os 400 mil exemplares, distribuídos em quiosques e livrarias (onde têm estado recorrentemente no top dos mais vendidos) o que faz dela a revista mais vendida no Brasil nos últimos 30 anos.


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F. Cleto e Pina

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“Renovação permanente é a palavra-chave de Eternus 9”

“É necessário ousar, renovar, saltar no escuro sem garantias de qualquer espécie”

Chama-se Victor Mesquita, tem 69 anos e esteve na origem da revista Visão, onde ficou incompleto “Eternus 9 – Um filho do Cosmos”, editado em álbum – há muito esgotado – em 1979.
Agora, uma nova edição, com alguns extras, está nas livrarias “na sequência de um excelente encontro com o Dr. Guilherme Valente, da Gradiva, em que o entusiasmo circulou como fogo-de-santelmo. Antes de assinar o contrato, avancei com o trabalho parado 15 anos atrás, do qual saiu a nova capa”.
Nos anos 70, conta o desenhador, “viajei um ano ao lado de Eternus, ouvindo o silêncio que ele fazia, sondando o ser estranho e familiar que crescia a meu lado, que me ajudaria a crescer”. E guarda como “recordação dominante desse meu período existencial, a mão a dar uma volta à chave, fechando-me no estúdio, as pranchas surgindo semana a semana, suspensas por molas como um estendal de roupa”.
Da génese de Eternus 9, revela que “foi prefigurado na minha cabeça mais do que no papel”, num processo contínuo, em que “estabeleci os pontos-chave que seriam preenchidos ao sabor do risco de cada instante da criação, de modo a que me sentisse sempre a viver uma aventura na qual as coisas corriam à medida que eu avançava, sujeito a cair a cada passo, firmando-me e descobrindo um novo chão a cada passada”.
Relato em estilo barroco, visualmente impactante, de teor humanista, filosófico e de “antecipação científica”, explora conceitos então ainda quase ignorados, como a ecologia, pois “sempre me preocupou a ideia do planeta e da sociedade caminharem por onde não deveriam, para a extinção das reservas de energia natural. Estou apaixonado pela Terra, pela transcendência que rodeia o nosso planeta, algo que se move e nos move sem nos apercebermos”. O que contribui decisivamente para que este não seja um álbum datado, a par de “no fundo, não passar de uma criação seminal, logo incompleta, em que tudo se encontra em aberto. E que no segundo álbum – A Cidade dos Espelhos, a lançar no final de 2009 – “se renova muito para além do que já foi dito, porque Re9vação permanente é a sua palavra-chave”.
“Esta reedição”, afirma o autor, “marca o regresso de Eternus 9 e de alguém que no segundo álbum afirma não ter nada a ver com Victor Mesquita”! Sem se abrir, afirma que “a resposta cabal será dada em A Cidade dos Espelhos, algo completamente novo, em que exploro de que matéria são feitos os sonhos”. E prossegue: “é preciso abrir portais mágicos no real; as crises são óptimas: é preciso é sair delas com sugestões novas, evitando cair no fosso das anteriores. É necessário ousar, renovar, saltar no escuro sem garantias de qualquer espécie; em suma: acreditar”.
A sequela, de que já concluiu “o primeiro de seis capítulos” existe desde o início, pois “sempre vi o primeiro álbum como o ovo a partir do qual nasceriam mais nove, já traçados em termos de título e contexto”. Mesmo assim, “não previa que o segundo evoluísse como evoluiu, com a história a surpreender-me a cada passo, transformada num organismo com vida própria”. E levantando um pouco a ponta do véu, conta que nele, “um portal caleidoscópico atravessará um mundo cujo coração será Lisboa, depois da Guerra Nuclear que transfigurou a face do planeta. A placa tectónica deslocada por efeito de subducção ao longo do rio Tejo, fragmentou a Lisboa de hoje até quase não se poder reconhecê-la, mas onde continuam as referências que a distinguem, o espírito de lugar que a possui”. E a par do qual desenvolve “um Diário de Trabalho e Apontamentos, integrado na própria ficção que diz o que no álbum não é dito”, que é, afinal, “a história do dia a dia do autor vista do lado de fora da novela gráfica”.

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“Gostava de repetir a experiência da Visão!”

Em 1975, surgiu nas bancas uma luxuosa revista intitulada Visão, um projecto de autores “para uma nova BD portuguesa”, que, devido a conflitos internos duraria apenas 12 números. Victor Mesquita, saído a meio, foi um dos seus fundadores e confessa que “gostaria de repetir a experiência, com outra gente, claro, outro tipo de relacionamento e colaboração”.
Respeitando “as diferenças inerentes à época actual”, acredita que seria possível retomá-la “com o mesmo estatuto de criação inovadora, criando dinâmicas paralelas”. E revela: “tenho o título, o estatuto e a forma que ela teria se surgisse financiamento; simples e rápida de executar, a sair, como O Mosquito, duas vezes por semana, 16 páginas, a cor e a preto e branco”. E remata: “a BD é uma fonte de riqueza inesgotável, só tem de ter qualidade e uma nova filosofia de comunicação”.

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Projectos

Entre muitos projectos à espera de “um editor verdadeiramente empenhado”, conta “um manga de samurais”, de que já elaborou “a história, a sinopse e uma introdução de impacto”, protagonizado por alguém que “existe em carne e osso, uma velha samurai que descende em linha directa de um dos mais famosos shoguns do século XVII e que matou o marido num combate singular”.
E fala, com entusiasmo, como sempre que a BD é o tema, da “história de Ernesto Santelmo, um engenheiro genético neto de um pescador de Tavira e de mãe americana que descobre a cura para uma das piores pandemias que assolam o planeta e se vê envolvido numa espiral de intrigas científicas”. E que foi atropelado pela realidade, porque “o envio das primeiras pranchas para os EUA estava previsto para a semana a seguir ao 11 de Setembro, e elas abriam com um atentado, um arranha-céu em chamas, ao fundo as Torres Gémeas ainda de pé… Uma das muitas coincidências de que a minha vida está recheada”.


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F. Cleto e Pina

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Popeye octogenário

Há exactamente 80 anos, Elzie Crisler Segar desenhava pela primeira vez numa vinheta, um marinheiro que, apesar de baixo, careca e pouco inteligente, viria a tornar-se famoso sob o nome de Popeye (“zarolho”, daí a pala preta que ostentava).

Nela, o devorador de espinafres mais conhecido do mundo, em resposta à pergunta “É um marinheiro?”, disparava esta curiosa resposta: “Penso que sou um cowboy!”, mais tarde substituída pela carismática: “Eu sou o que sou!”. Mas as curiosidades não se ficavam por aqui já que, ao contrario de quase todos os outros heróis dos quadradinhos, a sua estreia deu-se numa série avulsa, “The Thimble Theatre” (Teatro em Miniatura), uma tira diária de imprensa, inicialmente publicada na vertical, que Segar assinava desde 19 de Dezembro de 1919. Nela, de forma teatral, quase sempre em tiras auto-conclusivas, foi apontando alguns dos podres da sua América: a volatilidade das fortunas, o novo-riquismo, as desigualdades sociais, baseando-se no quotidiano da família Oyl, onde predominavam o colérico Castor, a sua irmã Olive (Olívia Palito), e o seu noivo Ham Gravy. A partir de 1925 a série ganhou uma prancha dominical colorida, na qual Segar pode explanar o seu sentido de espectáculo e desenvolver narrativas longas que combinavam cenários rurais e marítimos, a sede de aventura, a superstição, a magia e o medo do desconhecido.
É na sequência de uma delas que Popeye surge, conquistando de imediato os leitores – chegou a ser mais popular do que Mickey Mouse – apesar da sua falta de atributos físicos, graças às tiradas inesperadas, à força sobre-humana (de início sem qualquer relação com os espinafres, a sua imagem de marca nos desenhos animados), à resistência a murros, facadas e tiros e, ao mesmo tempo, ao seu carácter contraditório tão humano, igualmente capaz de se dedicar inteiramente a um bebé (Swee’pea, introduzido em 1933) como a acreditar que pode resolver tudo com os punhos (o que levou alguns a considerá-lo uma má influência para as crianças). A sua popularidade levou Segar a alterar o título da sua criação para “The Thimble Theatre Starring Popeye”, logo em 1931. O sonhador e devorador de hambúrgueres, Wimpy, o pai, Poopedeck Pappy, o estranho animal Eugene the Jeep, a malévola Sea Hag (Bruxa do Mar), o brutamontes Blutus e tantos outros foram-se juntando numa notável galeria, que Segar animou, em narrativas cada vez mais surreais, até à sua morte, vítima de leucemia, em 1938. A série prosseguiu com diversos autores, com destaque para Bud Sagendorf, que lhe conferiu um carácter mais humorístico e próximo da versão animada e a assinou entre 1958 e 1994.
Muito antes, logo em 1933, os estúdios Max Fleischer juntavam Popeye e Betty Boop o breve tempo de um desenho animado, para em seguida desenvolverem uma série com o marinheiro, que até hoje já protagonizou mais de 750 animações, onde foi cimentada a sua actual imagem de marca: a força dependente dos espinafres (que levou Cristal City, no Texas, a maior produtora deste vegetal, a erigir-lhe uma estátua em 1937, agradecendo-lhe o aumento de 33 % no seu consumo nos EUA), a paixão pela anoréxica Olive (cuja silhueta inspirou um perfume de Moschino), a sua rivalidade com Blutus e a sua afirmação como marinheiro (“I’m Popeye, the saylor man”, cantava a música), tantas vezes negada na BD. Nos anos 60, foi a estrela de uma série televisiva e, em 1981, chegou ao grande ecrã, numa película dirigida por Robert Altman, que teve como (único) mérito revelar Robin Williams, como Popeye, contracenando com Shelley “Olive” Duvall.

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No domínio público

Desde o passado dia 1, Popeye passou ao domínio público na Europa, ou seja, qualquer um poderá utilizá-lo nos suportes que desejar, sem necessitar de qualquer autorização ou de pagar direitos. Isto acontece porque a leia europeia considera que os direitos de autor vencem 70 anos após a morte do criador. Nos EUA é diferente, já que são considerados 95 anos após a data da criação, ou seja a imagem de Popeye está protegida até 2024.
Na prática, as coisas não serão assim tão simples, já que continua em vigor a “marca registada”, pertença da King Features, que distribui as bandas desenhadas do marinheiro, pelo que é bem possível que utilizações de Popeye não autorizadas acabem nas barras dos tribunais, pois a sua imagem ainda rende anualmente cerca de 1,6 milhões de euros.


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F. Cleto e Pina

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Barack Obama encontra o Homem-Aranha

Antes da tomada de posse, Barack Obama vai encontrar-se com o Homem-Aranha na revista “The Amazing Spider-Man #583”, à venda nos EUA dia 14 e disponível nas lojas especializadas nacionais a partir de dia 31.

O encontro terá lugar numa história especial de cinco páginas, escrita por Zeb Wells e desenhada por Todd Nauck e Frank D’Armata, que decorre em Washington, durante a cerimónia de tomada de posse, que o Camaleão vai tentar boicotar, provocando a intervenção do Homem-Aranha, de quem é um dos mais antigos inimigos.
Joe Quesada, editor-chefe da Marvel, explicou que “quando soubemos que o Presidente eleito Obama é fã do Homem-Aranha e coleccionados das suas revistas, decidimos que eles tinham de se encontrar”, acrescentando que “momentos históricos como este têm que se reflectir nos comics, pois o universo Marvel está definido no mundo real”.
A participação de Obama na revista deve levar a um aumento da sua procura pelos coleccionadores, sendo de esperar uma reimpressão dentro de poucos dias. Menos certo, embora previsível, é que algum dos exemplares disponíveis nas lojas portugueses tenha a capa variante desenhada por Phil Jiménez, que reúne o Homem-Aranha e Obama, uma vez que “geralmente a Marvel oferece uns tantos exemplares com capas especiais em função das quantidades encomendadas”, explicou ao JN Vasco Carmo, da livraria Mundo Fantasma no Porto, que, tal como a BDMania (Lisboa), conta disponibilizar a revista aos seus clientes a partir de dia 31.
A primeira aparição de Obama numa história de super-heróis aconteceu na revista “Savage Dragon #145”, onde este herói dava os parabéns ao recém-eleito presidente, colocando-se ao seu dispor. Nada de surpreendente, se tivermos em conta que o seu autor, Erik Larsen, antes das eleições expressou o seu apoio à candidatura de Obama exactamente na capa do número 137 da sua revista, que por isso teve direito a três edições, ultrapassando todas as expectativas de vendas.
Desta forma, Obama passa a fazer parte de uma restrita galeria de Presidentes dos EUA que contracenaram com super-heróis, onde já estavam, entre outros, John Kennedy, Ronald Reagan e Bill Clinton.


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F. Cleto e Pina

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Tintin octogenário

Foi a 10 de Janeiro de 1929 que o “Le petit Vingtième” publicou a primeira prancha de Tintin, dando início a uma aventura cuja actualidade, 80 anos depois, se faz cada vez mais distante da BD.

Nessa primeira prancha, a preto e branco, tal como as oito aventuras que se lhe seguiram, mais tarde redesenhadas a cores, Tintin partia de comboio para o País dos Sovietes, onde escreveria a sua primeira e única reportagem. Era um início marcado pela ingenuidade e pelo desenvolver do argumento ao correr dos desenhos, mas onde Hergé já revelava as qualidades – legibilidade, domínio da planificação, dinamismo do traço, construção da trama – que fariam dele um dos nomes maiores da 9ª arte.
Depois da Rússia, retratada de forma crítica e parcial, por influência do director do jornal católico que o publicou, Hergé levaria o seu herói a África e aos Estados Unidos, à América do Sul, um pouco por toda a Europa e mesmo à Lua, 20 anos antes de Armstrong. Com Tintin, construiu uma obra equilibrada e deslumbrante, traçada num primoroso estilo linha clara, tendo por principais vectores a aventura, a amizade, a lealdade e o sentido de justiça.
E que hoje em dia permanece perfeitamente legível – e inalterada devido à vontade expressa nesse sentido por Hergé – e na qual se encontram algumas obras-primas da BD. Mas que, nalguns casos, necessita de ser lida e interpretada à luz da época e do contexto em que foi criada, para evitar acusações ridículas e ignorantes como “racista”, “defensor de maus tratos aos animais” ou “colaboracionista”, que regularmente são feitas a Hergé, quase sempre por gentinha em bicos-de-pés em busca de 15 minutos de (triste) fama à sombra de Tintin. O caso mais recente veio esta semana à luz nas páginas do respeitável “The Times”, num artigo (risível) de Matthew Parris, antigo deputado britânico, intitulado “Claro que Tintin é gay. Perguntem a Milu”, de imediato desmontado por estudiosos e defensores da obra de Hergé.
A venda de originais tem também feito sucessivas manchetes, como em Abril último, quando o desenho a guache que serviu de capa à primeira edição de “Tintin na América”, datado de 1932, foi leiloado por 762 mil euros.
Com mais de 200 milhões de álbuns vendidos, a actualidade de Tintin a nível editorial (uma vez que o último álbum original data de 1976 e que Hergé faleceu em 1983) vem das sucessivas reedições em novas línguas e dialectos (que somam já mais de meia centena) e formatos, como o recente “Tout Tintin” (Casterman), que compila as 24 histórias num único tomo de 1694 páginas.
Isto, a par do filme (ver caixa) e da inauguração do Museu Hergé, marcada para 22 de Maio, data do 101º aniversário do nascimento do pai de Tintin. Situado em Louvain-la-Neuve, na Bélgica, foi desenhado com a forma de um prisma, quase sem ângulos rectos, que parece flutuar, pelo arquitecto francês Christian de Portzamparc. Com fortes preocupações ambientais, ao nível do aquecimento, tratamento do ar e poupança de energia, o edifício com 6 700 m2 de superfície, divididos por quatro andares, acolherá o espólio da Fundação Moulinsart, sendo a parte museológica concebida pelo autor holandês Joost Swarte.

[Caixa]

Um filme atribulado

A vontade de Steven Spielberg adaptar Tintin levou-o a conversar com Hergé sobre o assunto, tendo adquirido os seus direitos cinematográficos logo em 1983, adivinhando alguns a sua sombra em Indiana Jones, nomeadamente no espírito de aventura pura que percorre os filmes e nalgumas cenas de acção.
Em 2007, após acordo com os herdeiros de Hergé, Spielberg anunciou uma trilogia com actores de carne e osso, em parceria com Peter Jackson, devendo o primeiro filme, dirigido por si e baseado no diptíco “O segredo da Licorne”/”O Tesouro de Rackham o terrível”, estrear em 2008. O segundo filme, dirigido por Jackson, seria baseado em “As Sete bolas de Cristal”/”O Templo do Sol”, juntando-se os dois para a realização da última película, sobre “Rumo à Lua”/”Explorando a Lua”.
Só que, as dificuldades para conseguir os 130 milhões de dólares de financiamento necessários para o projecto (pouco atractivo para o mercado norte-americano onde Tintin não vingou), atrasaram-no sucessivamente, estando agora previsto o início das filmagens para Fevereiro e a estreia em 2010.
Isso inviabilizou a participação de Thomas Sangster, como Tintin, onde ainda só estão confirmados Andy Serkis, como Capitão Haddock, e Nick Frost e Simon Pegg para interpretar a dupla Dupont & Dupond, (surpreendentemente) transformada numa espécie de Bucha e Estica de formas moderadas…


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F. Cleto e Pina

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Flash Gordon nasceu há 75 anos

A 7 de Janeiro de 1934, os jornais norte-americanos publicavam a primeira prancha de Flash Gordon, de Alex Raymond, iniciando o período mais tarde baptizado como a Época de Ouro das tiras de imprensa.

Na verdade, alguns consideram que ela tinha nascido no mesmo dia, mas cinco anos antes, com o Tarzan, de Hal Foster e Buck Rogers de Philip Nowlan e Dick Calkins, mas a verdade é que 1934 fica indelevelmente marcado na história da BD nos jornais também pelas estreias de Jungle Jim (no mesmo dia e também de Raymond), Secret Agent X-9, Mandrake, Li’l Abner ou Terry and the Pirates.
Curiosamente, o Flash Gordon de Raymond – considerado por Umberto Eco uma das dez obras mais representativas da cultura ocidental – nasceu como resposta ao êxito de Buck Rogers, e inicia-se com uma ameaça de colisão entre a Terra e Mongo, um planeta à deriva, inspirando-se livremente no romance “When Worlds Collide”, de P. Wylie e E. Balmer.
Flash e a sua (eterna) noiva, a belíssima Dale Arden (por quem muitos suspiraram) seguiam a bordo de um avião que, atingido por um meteorito, caiu junto ao laboratório do sábio (meio louco) Hans Zarkov. Partem então com ele num foguete, apostados em desviar a rota de Mongo, onde acabam por despenhar-se. Perseguidos pelo ditador Ming, (também) apaixonado por Dale, inicia-se então a verdadeira aventura, uma luta pela libertação de um mundo que Raymond, com uma imaginação transbordante, tornou fabuloso com o seu traço fino, detalhado, barroco e hiper-realista, exigente na representação da anatomia humana mas sem limites na recriação das criaturas fantásticas com que o povoou.
O êxito da serie transpôs Flash Gordon para a TV e o cinema logo em meados da década de 30 e levou à criação de uma tira diária, em 1940, por Austin Briggs, tendo Raymond assegurado as pranchas dominicais até ser incorporado, em 1944, sucedendo-lhe, entre outros, Mac Raboy, Dan Barry, Paul Norris ou Al Williamson.
Em Portugal, o herói, por vezes rebaptizado Relâmpago ou Roldan, estreou-se no Mundo de Aventuras em 1946. A criação de tiras de imprensa originais seria suspensa em 2003, estando em publicação, pela Ardden Entertainement, comic com uma versão actualizada aos nossos dias, assinado por DeMatteis, Deneen e Paul Green.


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Hillary Clinton, Sarah Palin e Michelle Obama biografadas em BD

Após o sucesso das biografias em banda desenhada de Barak Obama e John McCain, então ainda candidatos a Presidente dos Estados Unidos, a Bluewater Productions decidiu explorar este segmento com a colecção “Female Force”, destinada a contar aos quadradinhos “as biografias de mulheres notáveis que estão a fazer e a moldar a história moderna”.
O primeiro número, lançado a 20 de Janeiro próximo, dia da posse do novo presidente norte-americano, será dedicado a Hillary Clinton e, nas suas 32 páginas, debruçar-se-á sobre o impacto histórico da senadora democrata como primeira mulher nomeada para presidente dos EUA. O argumentista, Neal Bailey, afirmou ter começado a escrever “do ponto de vista de alguém que não a admirava mas que durante o processo de pesquisa ficou fascinado por ela”. O desenho é de Daniel Croiser e o design da capa segue de perto o modelo das edições “masculinas” da IDW, com a figura da senadora sobreposta à bandeira norte-americana.
O segundo tomo da colecção, dedicado a Sarah Palin, está previsto para Fevereiro e como foi anunciada antes das eleições, previa dois finais diferentes, um apresentando a Governadora do Alasca como nova ocupante da casa Branca como Vice-Presidente de John McCain, e o outro contando a sua derrota nas eleições presidenciais. O seu argumentista é também Neil Bailey que afirmou que “é importante estarmos informados sobre o mundo à nossa volta e sobre as pessoas que o influenciam, e os comics continuam a ser uma das formas mais acessíveis de o mostrar”, cabendo o desenho a Ryan Howe.
Agora, acaba de ser anunciada a terceira protagonista da colecção, Michelle Obama, a futura primeira-dama norte-americana, uma vez que “a sua influência potencial nas futuras decisões políticas a torna uma figura fascinante”, segundo Darren G. Davis, presidente da Bluewater Productions. Vinnie Tartamella, o desenhador escolhido para este comic, previsto para Abril de 2009, que acompanha Michelle Obama desde a sua juventude em Chicago até à vitória do marido nas presidenciais, afirmou que “ao criar a imagem da futura primeira-dama, tentei mostrar a sua classe, beleza e inteligência”.


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Faleceu Zé Paulo, um dos autores da Visão

José Paulo Abrantes Simões, autor de BD, ilustrador, caricaturista e pintor que assinava Zepaulo, faleceu aos 71 anos, vítima de cancro.
Nascido em Lisboa, fez o curso de Pintura da Escola de Artes Decorativas António Arroio, e deu os primeiros passos nos quadradinhos, em pranchas publicitárias para “O Camarada”, tendo colaborado também em “A Capital”. Após o 25 de Abril destacou-se como um dos participantes na aventura da revista Visão, que teve 12 números editados entre 1974 e 1976, e onde publicou, entre outras, “Os Loucos da Banda”, “Histórias que a minha avó contava para eu comer a sopa toda” e “A Família Slacqç”. “A Direita de Cara à Banda (Desenhada)” (Caminho, 1977), colectânea de cartoons publicados no jornal “Diário” foi o seu primeiro álbum, a que se seguiria “Memórias do último eléctrico do Carmo” (1979).
Dono de um traço expressivo e detalhado, quase sempre trabalhado a preto e branco, e de um humor certeiro, sarcástico e de tom anarquista, Zepaulo foi uma presença irregular em diversas publicações (“Fungagá da Bicharada”, “DL Fanzine”, “O Inimigo”, “Vida de Preto”) ao longo dos anos, tendo o seu último trabalho sido uma prancha intitulada “Esperman”, integrada na obra colectiva “Super-Homem no Século XXI” editada este ano por Geraldes Lino.


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