Categoria: Recortes

Ric Hochet, aniversário com BD e romance

Ric Hochet, o simpático jornalista parisiense com propensão para investigar crimes, criado por André-Paul Duchateau e Tibet, completa hoje 55 anos e a festa poderia ser bem maior, se o desenhador não tivesse falecido no passado dia 12 de Janeiro.
Mesmo assim, a data fica marcada pelo lançamento este mês de dois novos títulos pelas Éditions du Lombard. O primeiro, é o 77º álbum das suas aventuras aos quadradinhos, que Tibet deixou pronto (bem como as 28 primeiras pranchas do tomo seguinte, que deverá ser concluído por outro desenhador), intitulado “Ici 77!”. Nele, Ric Hochet tem que investigar o caso de um louco que quer ser argumentista de uma série policial tendo-o a ele por protagonista, provocando uma série de atentados para o forçar a aceitar. O segundo lançamento é uma estreia, pois trata-se de um romance – com um toque autobiográfico – escrito por Duchateau, o primeiro protagonizado por Ric. Tem por título “Reconnaissance de meurtres” e é uma espécie de auto-retrato em forma de relato policial, no qual o jornalista/detective narra, na primeira pessoa, o seu inquérito inicial.
Quando Ric Hochet surgiu pela primeira vez, na revista belga “Tintin”, a 30 de Março de 1955, tinha apenas 13 anos e era protagonista de enigmas policiais ilustrados que os leitores eram desafiados a desvendar. O sucesso dessa fórmula levou-o rapidamente para os quadradinhos, que protagoniza já na idade adulta, como jornalista do “La Rafale”, com um traço mais realista, em aventuras partilhadas com o comissário Bourbon e a sua sobrinha Nadine (sua noiva durante muitos anos e finalmente sua esposa), cujos enredos, recheados de mistério, suspense e acção e que ao longo dos anos foram sempre acompanhando a actualidade, conquistaram os leitores e fizeram dele um dos sustentáculos da revista.
A imagem de marca de Ric Hochet passa também pelo Porsche amarelo (que destrói sucessivamente ao longo das suas investigações), pela farta cabeleira sempre impecável e por vestir roupa sempre igual (jeans azuis, camisola de gola alta vermelha e blazer branco-sujo ou gabardina bege, de que possui inúmeros exemplares no seu guarda-fatos). Em Portugal, o herói foi também presença marcante nas páginas da versão lusa da revista “Tintin”, tendo algumas das suas aventuras sido pontualmente editadas em álbum.


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F. Cleto e Pina

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José Antunes e Dick Giordanno: a banda desenhada ficou mais pobre

O autor português de banda desenhada José Antunes faleceu no passado sábado. Natural de Lisboa, nasceu a 25 de Maio de 1937, estudou desenho na Escola António Arroio e publicou os seus primeiros trabalhos na revista Flama, em 1955.
Nos anos seguintes executou diversas histórias aos quadradinhos para o Mundo de Aventuras e o Camarada, com heróis de sua criação como Toni Tormenta, ou biografias de figuras históricas como Luís de Camões, Marco Pólo ou Geraldo, o sem pavor, e em 1968 publicou “Maître Biber” no Tintin belga.
Autor de diversas colecções de cromos para a Agência Portuguesa de Revistas, desenhou capas e/ou cartoons para o Sempre Fixe, Cara Alegre, Pisca-Pisca ou Diário de Notícias, e foi também publicista, maquetista e director artístico do Círculo de Leitores.
Uma versão de A Lenda de Moura em BD, publicada no álbum colectivo Salúquia, editada por aquela autarquia em 2009, foi o seu último trabalho em BD.
Também no sábado, vítima de leucemia, faleceu Dick Giordanno, nascido em Nova Iorque, a 20 de Julho de 1932.
Depois de estagiar no estúdio de Jerry Iger, em 1953 entrou como freelancer para a Charlton Comics, onde chegou a editor administrativo e promoveu super-heróis como o Questão, Capitão Átomo e Besouro Azul. No final da década de 1960, foi para a DC Comics juntamente com o argumentista Denny O’Neil, com quem, na década seguinte, revolucionou heróis como Batman, Lanterna Verde ou Arqueiro Verde. Nos anos 80 criou o logotipo de Batman no qual as letras evocam um morcego, terminando o seu percurso na DC Comics como vice-presidente e director editorial, tendo sido responsável pela edição de Watchmen ou Dark Night Returns.


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F. Cleto e Pina

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Crepúsculo chega à banda desenhada

Depois dos livros – que venderam 85 milhões de exemplares em mais de 50 países – e do filme com Robert Pattinson e Kristen Stewart, a saga Crepúsculo tem também uma versão em quadradinhos, cuja edição nacional, da Gailivro, chegará às livrarias no próximo dia 20 de Abril.
Lançada nos Estados Unidos no passado dia 16, pela Ien Press, com uma tiragem de 350 mil exemplares, “Crepúsculo – A novela gráfica” é da autoria da sul-coreana Young Kim, podendo por isso ser designado como manwha, nome dado à banda desenhada coreana, próxima do estilo japonês, actualmente o preferido pelos leitores mais jovens.
Trata-se da primeira obra desta autora, que até agora apenas tinha ilustrado capas e trabalhado em animação, que se baseou na história de amor entre a jovem Bella e o vampiro Edward Cullen, originalmente escrita por Stephenie Meyer. Esta, que supervisionou de perto a adaptação, em especial ao nível dos diálogos e da escolha das cenas a incluir, comentou que “Young fez um óptimo trabalho ao transformar as palavras que escrevi em belas imagens “.
Este volume, com 224 páginas a preto e branco, é o primeiro dos dois tomos previstos, mas a data de lançamento do segundo ainda não é conhecida.


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F. Cleto e Pina

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Cartoonista Glauco assassinado em casa

O cartoonista brasileiro Glauco morreu ontem em São Paulo, vítima de quatro tiros. O desenhador ainda chegou vivo ao hospital, mas não conseguiu resistir aos ferimentos, tal como o seu filho Raoni, de 25 anos. Na origem do sucedido parece ter estado uma discussão em torno do culto de Santo Daime, que ele praticava, embora a versão inicial indicasse um assalto.
Criador de Geraldão, Casal Neuras, Geraldinho ou Nostravamus, Glauco, de 53 anos, era colaborador regular do jornal Folha de São Paulo e fez parte com Angeli e Laerte da revista “Chiclete com Banana”, que revolucionou o humor brasileiro aos quadradinhos nos anos 1990.


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F. Cleto e Pina

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Alex Gozblau expõe na Mundo Fantasma

“Má Raça” é o título da exposição de originais de Alex Gozbalu, que é inaugurada esta tarde, pelas 17 h, na galeria Mundo Fantasma, no Shopping Center Brasília, no Porto, com a presença do autor.
Natural de Perugia, Itália, onde nasceu em 1971, está há vários anos radicado em Portugal, onde tem construído a sua carreira artística na área da banda desenhada e da ilustração para jornais, revistas e livros para a infância e juventude – como “Romance do 25 de Abril”, escrito por João Pedro Mésseder -, tendo também incursões na escrita de banda desenhada – “Março”, com desenho de Miguel Rocha – e no cinema de animação – “Café”, João Fazenda.
Galardoado com o Grande Prémio de Ilustração do Prémio Stuart de Desenho de Imprensa em 2009, Gozblau apresenta nesta exposição, que ficará patente naquela galeria portuense até dia 25 de Abril, 22 desenhos originais que retratam, no seu estilo inconfundível, misto de pintura e colagem, em que as texturas ocupam uma função primordial, um conjunto de personagens e situações oriundas de universos nocturnos e fantásticos.


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F. Cleto e Pina

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“Portugal vai ficar feito em cacos!”

São dois novos heróis da BD portuguesa e acabam de salvar o mundo em “As Incríveis aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy”, um relato rocambolesco e delirante acabado de chegar às livrarias. O seu autor é Filipe Melo, “pianista de jazz de profissão”, sempre metido “em aventuras que não deixam muito tempo para o piano, como o cinema” – onde realizou “All see you in my dreams”, o mais famoso filme de zombies nacional, e a série televisiva “Mundo Catita” – e agora “também a BD”, para onde transportou influências do cinema fantástico (“Gremlins”, “Regresso ao Futuro”, “Matrix”, John Landis, que prefacia o livro) e da BD (“Hellboy”, “Dylan Dog”).
No início eram apenas ideias “anotadas em post-its”. Seguiu-se um retiro “em Tondela, onde em 20 dias” escreveu “o guião do que deveria ser um filme”, pois demorou muito tempo “a perceber que esta história tinha que ser contada em BD”. Hoje, satisfeito com esta “obra feita pelas razões certas, por gosto, não para ganhar dinheiro”, pensa que “teria dado um mau filme, pois não haveria verba para os efeitos especiais necessários!”
Após uma série de peripécias, acabou por “encontrar o desenhador na Argentina”, com quem ao longo de um ano trocou mails e conversou no Skype, para finalmente se conhecerem pessoalmente “há dias, quando Juan Cavia chegou ao nosso país”, para uma série de eventos de promoção do livro.
Para “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy” imagina como banda sonora “um grande arranjo orquestral” em que os seus (invulgares) heróis têm de “evitar o regresso do Quarto Reich”, com Lisboa como pano de fundo, “pois durante a II Guerra Mundial a capital portuguesa fervilhou de espiões e refugiados”.
Agora, qual bom zombie, está morto… “por convencer toda a gente a fazer a sequela”. Que já tem título – “Apocalipse” – e que parte das mesmas premissas: “acontecimentos estranhos, Lisboa como cenário e a missão de salvar o mundo em 12 horas”. Começará “cinco anos depois da primeira história” e nela “o Pizza Boy trabalha num call-center, a única actividade mais deprimente do que ser entregador de pizzas”. E como foi pensada desde o início como “novela gráfica, posso destruir muito mais coisas!” Por isso, revela Filipe Melo, no seu final “Portugal vai ficar feito em cacos!”


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F. Cleto e Pina

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BD portuguesa lançada no Fantasporto

O teatro Rivoli, no Porto, assiste hoje, às 18 horas, ao lançamento da Zona Fantástica, terceiro número (depois da Zona Zero e da Zona Negra) de um projecto alternativo nacional, desenvolvido especialmente através da Internet, que pretende promover e divulgar o trabalho de novos autores na área da banda desenhada e da ilustração. Com 80 páginas a cores e o fantástico como tema, reúne obras de quatro dezenas de autores, quase todos portugueses, uma dezena dos quais estará presente hoje para uma sessão de autógrafos.
Amanhã, à mesma hora, a BD volta ao Rivoli e ao Fantasporto, para a apresentação de “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy” (Tinta da China), uma das mais aguardadas produções nacionais aos quadradinhos. Esta novela gráfica, escrita por Filipe Melo (pianista de Jazz e autor da curta-metragem de terror “I’ll See You In My Dreams” e da série televisiva “Mundo Catita”) e desenhada pelo argentino Juan Cavia, reúne um entregador de pizzas, um detective do oculto, um demónio que encarnou numa criança e a cabeça duma gárgula, que percorrem as entranhas de Lisboa, para descobrir quem anda a raptar as crianças lisboetas e, juntamente com monstros e demónios, evitar o renascimento de uma (nova) ameaça nazi.
Os autores destas duas obras estarão no sábado, dia 6, na livraria Central Comics, no Porto, para autógrafos.


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Batman vence Super-Homem

Um exemplar em óptimo estado de conservação da revista “Detective Comics” #27, com a estreia de Batman, foi ontem arrematado por um comprador anónimo por 1.075.500 dólares (quase 800 mil euros), superando em muito as expectativas, num leilão que decorreu por telefone e pela Internet e que teve 17 licitações, anunciou a Heritage Auctions, a empresa especializada responsável pela venda.
Originalmente editada em Maio de 1939, com um preço de capa de apenas dez cêntimos de dólar, esta publicação torna-se a mais cara de sempre da história, superando o milhão de dólares pagos esta semana pela “Action Comics” #1, com a estreia do Super-Homem, datada de 1938. Antes destas duas vendas, o anterior máximo não ultrapassava os 317 mil dólares.
Embora invulgares – e para muitos mesmos disparatadas – estas duas vendas vêm apenas confirmar a cada vez maior apetência dos coleccionadores e investidores pela banda desenhada, seja por pranchas originais, seja por exemplares antigos e raros, como neste caso. Aliás, num mercado como o dos comics norte-americanos, em que abundam as edições especiais, pelo seu conteúdo ou características, há muita gente que compra exemplares de títulos actuais, com o único propósito de vir a rentabilizar (muito) o seu (pequeno) investimento, dentro de alguns anos.


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Natacha, 40 anos e nem uma ruga

Há 40 anos, as páginas da revista Spirou, habitualmente direccionadas para os mais novos, recebiam a surpreendente e inesperada visita de uma jovem curvilínea e atraente. Era Natacha, uma nova heroína, hospedeira do ar de profissão, que quebrava uma (quase) tradição que entregava o protagonismo dos quadradinhos a heróis masculinos – de quem Natacha nunca dependeu -, precedendo – sem o saber – diversas outras mulheres de papel mais livres e autónomas.
O seu criador era François Walthéry, belga, então com 24 anos, iniciado na BD no estúdio de Peyo, o criador dos Schtroumpfs, que com o seu traço caricatural semi-realista fazia realçar o lado bem feminino de Natacha. A seu lado, no argumento, estava Gos (aliás Roland Goossens) que tirava partido da profissão dela para a transportar para os mais exóticos cenários, em companhia de Walter, um comissário de bordo impulsivo e trapalhão, em aventuras, leves, bem ritmadas e com um toque de humor, que terminavam sempre com a vitória da justiça e do bem, ou seja perfeitamente integradas na tradição e no espírito da revista que a acolhera.
Se Walthéry se mantém ao leme dos destinos da sua pupila, depois de Gos, passaram também pela escrita das suas aventuras autores conceituados como Tillieux, Wasterlain, Peyo ou Cauvin, seguindo o caminho previamente traçado.
Hoje, quatro décadas, 21 álbuns e cerca de um milhar de pranchas depois, Natacha, não ganhou uma única ruga e, acompanhando os ventos de um tempo que também é o seu, viu até acentuar-se o seu lado sensual, sem transgredir, nos quadradinhos, as regras próprias do seu público – mas protagonizando, fora deles, portefólios com um toque de erotismo.
Em Portugal foi publicada na versão lusa do Spirou e no Jornal da BD, enquanto que na Bélgica está em curso a reedição integral das suas aventuras, pela editora Dupuis.


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F. Cleto e Pina

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Superman e Batman valem milhões

Um raríssimo exemplar da revista Action Comics #1, datada de 1938, com a estreia do Super-Homem, uma criação de Joe Shuster e Jerry Siegel, foi vendido na passada segunda-feira por um milhão de dólares (cerca de 735 mil euros), estabelecendo um novo recorde para este tipo de transacções. O anterior, de 317 000 dólares, era detido desde o ano passado por outro exemplar em pior estado da mesma publicação. Só são conhecidos 100 exemplares desta revista em quadradinhos, famosa por nela ter aparecido pela primeira vez um super-herói. O exemplar agora vendido através do site de leilões ComicConnect.com, cujo preço de capa original era de apenas 10 cêntimos de dólar, estava classificado como 8.0 pelo Certified Guaranty Company (CGC), uma tabela que varia de 0 a 10 segundo a raridade e o estado de conservação da peça, utilizado também para moedas e notas.
Entretanto, está a decorrer até 25 de Fevereiro um leilão on-line, organizado pela Heritage Auctions, no qual está disponível uma outra raridade, a “Detective Comics” #27, datada de Maio de 1939, na qual se estreou Batman, numa história escrita por Bill Finger e desenhada por Bob Kane. Os lances para a aquisição desta peça, “uma das melhores cópias conhecidas” da revista, igualmente classificada como 8.0 pelo CGC, já ultrapassaram os 500 mil dólares (cerca de 292 000 €). A revista, com o Homem-Morcego na capa, tinha sido comprada em 1960 por 100 dólares. O valor final atingido será conhecido durante uma hasta pública que decorrerá em Dallas, nos Estados Unidos, entre 25 e 27 de Fevereiro.


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F. Cleto e Pina

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