Um ano depois da exposição que lhe dedicamos, voltamos à Daniela Duarte convocando-a para o primero número da Colecção Bedeteca.
Apresentamos aqui o texto de apresentação desta obra:
Quer queiramos quer não, vivemos muito de ideias feitas. Ter as coisas no lugar que imaginamos dá-nos uma segurança, que não sendo real é, apesar disso, reconfortante.
Esta história desfaz-me uma dessas ideias construídas e confortáveis: sempre associei os lápis de cor à infância e a infância a algo de puro e inocente.
Há neles algo de memória dos tempos em que nada nos afligia e em que tudo era felicidade.
Mas também isso é uma ideia feita, construída. Esses tempos não existiram.
A infância não é pura e inocente.
Ou será que, esse conceito de puro e inocente, é outra ideia feita que nos impuseram? Ou antes, que na verdade aquilo o que nos incutiram como impuro e perverso, não o é na realidade.
Que, a vermos bem, é até bastante inocente e natural?
Os lápis de cor aplicam-se aqui a uma história a vogar entre a infância e a adolescência, onde a nossa perversão descobre aspectos menos inocentes, mas onde na realidade temos apenas um retrato real e sensível sobre alguns fantasmas que só nos assombram porque nos quiseram formatar com ideias feitas.
O Ricardo escreveu uma história para nos pôr a duvidar das nossas construções. Saibamos nós afrontar os leões e tudo fluirá. Idealmente com as cores bonitas destes lápis da Daniela.
Júlio Eme
Circus Minimus de Daniela Duarte (desenho) e Ricardo Henriques (argumento)
Colecção BEDETECA #1
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