Autor: José Rui

Quatro autores de Tex em Anadia

9.ª Mostra do Clube Tex Portugal decorre este fim-de-semana no Museu Vinho Bairrada.

A 9.ª Mostra do Clube Tex Portugal, realiza-se este fim-de-semana no Museu Vinho Bairrada, em Anadia, e pela primeira vez são quatro os autores convidados.
Criado em 1948 por Gianluigi Bonelli e Aurelio Galleppini, Tex nas suas aventuras percorreu os Estados Unidos, foi ao Canadá e ao México e chegou mesmo à Argentina, no notável “Patagónia”, que tem edição portuguesa da Polvo.
E desde 2014, vem anualmente a Anadia, onde ano foi apanhado nos vinhedos locais, perto da estação, a comer um cacho de uvas enquanto bebe o néctar que delas sai, numa caneca com o símbolo da autarquia local. Esta imagem, desenhada por Fabio Civitelli, ilustra um dos cartazes da 9.ª Mostra do Clube Tex Portugal, cujos autores convidados geralmente agradecem desenhando o herói junto dos locais e símbolos marcantes da cidade da Anadia. O mesmo fez Sandro Scascitelli, que ilustrou Tex e Kit Carson numa adega local.
A autêntica peregrinação dos fãs da personagem a cada mostra, vindos de Portugal, Holanda, Brasil ou França, é oportunidade para um convívio intenso e conversas com autores, editores e tradutores e os indispensáveis autógrafos dos convidados. Este ano, para lá de Civitelli e Scascitelli, que têm exposições na mostra, o clube Tex Portugal traz também ao nosso país Ivo Milazzo e Pedro Mauro, este o primeiro brasileiro a desenhar uma história de Tex.


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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Contar sempre a mesma história

O eterno triângulo amoroso, com novas roupagens. Mestria gráfica de Marini faz a diferença em “Noir Burlesc.

Há quem defenda que só existe um punhado de histórias para contar e o que varia são as épocas, os locais e as roupagens com que são vestidas as personagens que as vão interpretar. E acima de tudo, a forma como são (re)contadas.
Por essa ordem de ideias, “Noir Burlesco” é (mais) uma variação de uma temática tantas vezes abordada, aquela que tem por base o eterno triângulo amoroso.
Apertando a grelha, desta vez, Marini, o seu autor, localiza a acção nos Estados Unidos pós-II Guerra Mundial – mais precisamente em 1950, em Filadélfia – e entrega o protagonismo a um trio: Terry Slick, um bandido que gosta de trabalhar sozinho, segundo o seu próprio código de honra, de regresso à cidade após ter sido desmobilizado; Rex, um dos chefes mafiosos locais, com quem Slick tem contas a ajustar, a mais recente das quais ele ter noivado com a sua ex-namorada; e esta última, a bela e sensual Deb Caprice, que deixa os leitores a suspirar, de olhos esbugalhados, e se revela capaz de tudo para servir os seus próprios propósitos. A par deles, passa perante os nossos olhos uma forte galeria de personagens secundárias, que se revelam fundamentais para o desenvolvimento do relato e para dar diversidade, maior conteúdo e consistência ao todo.
Uma das principais diferenças na narrativa de Marini, é a mestria gráfica com que dá vida à sua narrativa, com um traço realista e credível, que representa na perfeição os cenários urbanos, os automóveis de época ou a figura humana, tudo pintado com uma variada gama de tons de cinzento e aplicações pontuais de vermelho vivo que tanto podem destacar buracos de bala ensanguentados como os lábios sensuais de Caprice.
Para além disso, Marini deixa que a imagem prevaleça sobre o texto, reduzindo este aos diálogos essenciais, curtos, assertivos e acutilantes, aqui e ali com uma pitada de humor negro, inevitável num registo policial do mesmo tom, duro e violento quanto baste, com algumas surpresas no percurso.

A edição do segundo tomo deste díptico, de novo em co-edição entre a Arte de Autor e A Seita, permite que a leitura das 240 páginas da história seja feita como ela pede: de seguida, sem paragens nem interrupções, para a fruirmos completamente outra vez, mas pela primeira vez.

Noir Burlesco 2
Marini
Arte de Autor/A Seita
136p., 29,50€


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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A corrida energética contra o relógio

Exposição divertida sobre as questões climáticas sedutora para todos os leitores. “O Mundo sem Fim” foi o livro mais vendido em França em 2002, considerando todos os géneros.

Dentro do novo paradigma da banda desenhada em Portugal, que passa por mais editoras a apostar no género e por uma maior diversidade temática, “O Mundo sem Fim”, edição recente da Ala dos Livros, é uma das apostas mais arrojadas.
Afirmá-lo não questiona a qualidade intrínseca da obra, a sua actualidade ou interesse, mas destaca a sua temática, pois aborda questões como as alterações climáticas, os vários tipos de energia, os mais aconselháveis e as limitações dos recursos energéticos, que muitos não esperariam ver tratados em banda desenhada.
Com mais de um milhão de exemplares já vendidos em França, onde foi o livro mais vendido em 2022, considerando todos os géneros e não apenas a BD, tem por base uma longa conversa entre Jean-Marc Jancovici, um renomado especialista em questões energéticas e alterações climáticas, e Christophe Blain, responsável, por exemplo, pelas versões de autor de Lucky Luke.
Se o tema se poderia ter tornado maçador, pesado e até desinteressante, Blain conseguiu transformar a exposição numa narrativa viva e dinâmica, com pequenos apontamentos de humor gráfico, referências que todos podem compreender e uma capacidade de expor graficamente perante os olhos do leitor as questões tratadas, proporcionando uma leitura fluída e apaixonante que custa interromper. Para aqueles que gostam de apontar a banda desenhada como modelo de virtudes didáticas, este é um exemplo concreto, tanto capaz de seduzir os que já lêem esta arte regularmente, quanto os que muitas vezes ainda continuam a olhá-la de soslaio.
Em “O Mundo sem fim”, somos confrontados com problemas incontroláveis, questões inadiáveis, soluções aparentemente miraculosas que não o são, a ilusão das energias renováveis ou daquelas que hoje parecem o truque de magia saído da manga, questões que são polémicas, assustam e obrigam a pensar sobre o rumo que queremos tomar.
Num tom que não é catastrofista, mas apenas profundamente realista e não tem medo de expressar opiniões fortes e pouco consensuais, este livro mostra claramente que, ao contrário do que o seu título parece indicar, não vivemos num mundo sem fim; tem limitações e recursos finitos e, em nome da nossa sobrevivência, convém estarmos alertados e tomarmos medidas, mesmo que incómodas, para não termos de assistir ao seu ocaso.

O Mundo sem Fim
Jancovici e Blain
Ala dos Livros
196p., 35,00€


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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Criador de “O Expresso do Amanhã” regressa com nova história de superação

Confronto entre um pastor e um lobo, nos Alpes franceses, é o tema da obra

Em Portugal, Jean-Marc Rochette é conhecido como autor dos dois volumes de “O Expresso do Amanhã” (Levoir, 2020), a banda desenhada que esteve na origem da série homónima da Netflix, uma história de sobrevivência de uns quantos eleitos ou privilegiados, transformada em luta de classes no interior de um extenso comboio, que circula a grande velocidade, numa viagem interminável pela superfície coberta de neve do planeta Terra.
Revelado na época áurea da mítica revista “(À Suivre)”, Rochette tem agora editado pela Arte de Autor “O Lobo” que, curiosamente, é também uma história de sobrevivência, de novo numa paisagem regularmente coberta de neve, os Alpes franceses.
Desta vez, são só duas as personagens no terreno, um pastor e um lobo, que as circunstâncias específicas – a ocupação de um e o instinto de outro – e os acasos provocados pela natureza colocam violentamente em lados opostos, num crescendo natural mas bizarro, que culminará numa longa, arriscada e potencialmente mortal perseguição.
Como elementos adicionais à trama, surgem a solidão do homem, traumatizado por em pouco tempo ter perdido o filho, na guerra, e a mulher, como consequência, a dívida de gratidão do animal para com ele, por ter sido poupado quando ainda era uma cria, e o facto de os lobos serem uma espécie protegida no parque natural alpino em que decorre a acção.
Com a imponência dos contrafortes rochosos como cenário, o traço de Rochette revela-se mais duro, agreste e conscientemente impreciso do que é habitual, retratando de forma muito realista as dificuldades de vida e deslocação, o lado selvagem do animal e as belezas naturais que são simultaneamente perigosas armadilhas.
Alternando sequências mudas, que pontuam os ciclos naturais e evidenciam como nascimento e morte fazem parte da mesma realidade, com monólogos do protagonista e narrativa em off impessoal, que reforça e se sobrepõe ao que as imagens transmitem, para acentuar a mensagem, Rochette proporciona-nos uma leitura intensa e de certa forma dolorosa, por nos sentirmos divididos entre o homem e o lobo, afinal apenas seres vivos a tentarem sobreviver, cujo final nunca é evidente, até ao desfecho em que a aparente pacificação contrasta com o trágico pormenor evidenciado.

O Lobo
Jean-Marie Rochette
Arte de Autor
112p., 25,00€


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

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Dois anos de vida num mundo de homens

Solidão e frustração como caminho para resolver situação financeira, “Patos” foi distinguido com dois Eisner, um dos mais prestigiados prémios para a BD do mercado norte-americano

A mudança de paradigma em relação à banda desenhada, em Portugal, nos últimos anos, é evidente e só isso explica, por um lado, a multiplicação de edições que fogem à oferta mais óbvia e, por outro, a aposta neste género por parte de editoras que ainda há poucos anos não a incluíam nos seus catálogos.
“Patos”. de Kate Beaton, é um dos exemplos recentes disto. Distinguida com dois Eisner, um dos prémios para a BD mais prestigiados nos EUA, é uma obra autobiográfica que, ao longo de mais de 400 pranchas conta a experiência vivida pela autora nas areias petrolíferas canadianas.
Passo a contextualizar: terminados os estudos numa área artística, Kate Beaton teve de encontrar um emprego bem pago para fazer face aos pesados encargos do seu empréstimo de estudante. Na época, em 2005, para uma jovem da pequena localidade de Cabo Bretão, a zona das areias petrolíferas de Alberta soava como o Eldorado, pois os empregos, nos armazéns de ferramentas, a conduzir maquinaria pesada ou na exploração das minas, eram pagos bem acima da média.
No reverso da medalha, implicava viver num local que, pelo seu isolamento natural, funcionava quase como uma prisão, para mais num mundo maioritariamente de homens – em média cinquenta para cada mulher – com todo o tipo de consequências imagináveis, do assédio ligeiro e bem intencionado, se é que tal existe, até à violação.
Entre a necessidade de resolver o seu problema financeiro, com o inevitável excesso de horas de trabalho, a solidão implícita num local de onde raramente se sai, as muitas frustrações experimentadas, os equívocos, a vontade cíclica de deixar tudo, a falta de distracções e o sentimento de culpa por algumas das decisões tomadas, Kate Beaton narra de forma contida, sem intenção panfletário, de modo quase sistemático, com um certo desprendimento que funciona como defesa e até a compreensão de quem consegue avaliar os vários pontos da questão, os dois anos que passou em diversas explorações de petróleo.
O traço utilizado para o fazer é algo simplista e caricatural, o que ajuda a atenuar a carga dramática da obra, mas eficaz em termos narrativos e foi mesmo através da banda desenhada que a autora encontrou o equilíbrio necessário e a forma de combater e ultrapassar os efeitos nefastos que aquele tipo de vida provoca.

Patos
Kate Beaton
Relógio D’Água
440 p., 26,00€


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Sweet Wind #02

Tema

Banda Desenhada

Entidade

Gorila Sentado

Autor

Daniel da Silva Lopes

Colaboradores

N/A

Local e Data

Porto, Fevereiro de 2024

País

Portugal

Idioma

Inglês

Descrição

210x280mm, 28 páginas, cores, impressão digital

Tiragem

100 exemplares

Código Bedeteca

N/A

Cota Bedeteca

N/A

Origem

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Sweet Wind #01

Tema

Banda Desenhada

Entidade

Gorila Sentado

Autor

Daniel da Silva Lopes

Colaboradores

N/A

Local e Data

Porto, Dezembro de 2023

País

Portugal

Idioma

Inglês

Descrição

210x280mm, 28 páginas, cores, impressão digital

Tiragem

Segunda edição, 100 exemplares

Código Bedeteca

N/A

Cota Bedeteca

N/A

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In the Dust of Our Planet #02

Tema

Banda Desenhada

Entidade

Gorila Sentado

Autor

Daniel da Silva Lopes

Colaboradores

N/A

Local e Data

Porto, Dezembro de 2023

País

Portugal

Idioma

Inglês

Descrição

210x280mm, 28 páginas, cores, impressão digital

Tiragem

Segunda edição, 100 exemplares

Código Bedeteca

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N/A

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