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Lançamentos ASA 2010

A ASA prevê lançar no nosso país durante 2010 os primeiros tomos de “Dragon Ball”, de Akira Toryiama (ainda no primeiro semestre), “Yu-Gi-Oh”, de Kazuki , e “AstroBoy” e “A Princesa e o Cavaleiro”, ambos criações de Osamu Tezuka, o “pai” do manga (BD japonesa) moderno. Até agora a editora apenas lançara manga de origem norte-americana, dada a grande dificuldade em negociar com as editoras nipónicas tiragens tão pequenas como são as portuguesas. Conforme revelou ao Jornal de Notícias a Drª Maria José Pereira, responsável pelo departamento de BD da ASA, estas edições seguirão o formato original “Tankobon”, a preto e branco, com cerca de 200 páginas por volume e sentido de leitura japonês, ou seja, do fim para o princípio e da direita para a esquerda, e permitirão finalmente descobrir em português títulos relevantes de um género que chegou ao Ocidente há cerca de 20 anos e que detém quotas de mercado na ordem dos 40 % na França, Espanha, Alemanha ou Estados Unidos.

Mas não só de manga viverá o catálogo de BD da editora, que já este mês, com “Mú”, acolherá uma nova colecção de Corto Maltese, a grande criação de Hugo Pratt, a cores, com novas introduções e num formato ligeiramente inferior ao habitual. Ainda sem data definida continua o início da edição integral das aventuras de Tintin, de Hergé, com nova tradução.

Contrariando uma das principais críticas desde sempre feitas à edição de BD em Portugal, a ASA propõe-se concluir este ano pelo menos quatro das séries que tem em curso: “Passageiros do Vento”, de Bourgeon (com a chegada às livrarias, ainda em Janeiro, do sétimo volume “A menina de Bois-Caiman #2”), “Bórgia”, de Jodorowsky e Manara (com dois tomos em 2010), “A Teoria do Grão de Areia – vol. 2”, de Schuiten e Peeters, e “Murena”, de Dufaux e Delaby, e continuar com algumas séries do seu catálogo como Lucky Luke ou Dilbert.

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Jap Xpress leva cultura japonesa à baixa do Porto

Decorre de hoje até domingo o Jap Xpress, em diversas lojas das ruas do Bonjardim e do Bolhão, na baixa portuense, entre as quais a Central Comics (especializada em BD) e a Press Play (jogos), que organizam o evento.

A cultura nipónica estará em destaque através da comida, música, oficinas de Iniciação aos Kanji (escrita japonesa) ou a projecção do filme “Evangelion 1.01”. Haverá concursos de ilustração e dança Shin Chan e um torneio de videojogos.

No sábado, com a presença de Gothic Lolitas e Maid e Butler Caffé e da banda rock Trabalhadores do Comércio, será lançado o fanzine “All Girlz’ Banzai” (16h), com mangas de Joana Lafuente e Selma Pimentel, e terá lugar o concurso de Cosplay (16h30), em que os participantes se vestem e imitam as suas personagens de manga ou anime preferidas.

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BD portuguesa no feminino

Nas duas últimas décadas, a banda desenhada viu despontar muitos talentos femininos. O JN apresenta-lhe algumas das portuguesas que optaram pela BD como forma de expressão e que poderão marcar os próximos anos.

Na verdade, durante décadas a 9ª arte foi considerada tarefa de homens, possivelmente devido à prevalência dos géneros cómico e aventura, destinadas a um público – masculino – juvenil e à especificidade do labor quase eremítico.

Nos anos 60 do século passado, o movimento undeground nos Estados Unidos – e depois o Maio de 68 na Europa – modificaram um pouco esta situação, tendo o surgimento de temáticas mais intimistas e de romances desenhados provocado uma (quase) revolução a partir dos anos 1990, ao nível autoral e (da adesão) das leitoras. Isto no Ocidente, pois no Japão, a profusão de temáticas e públicos-alvo já tinha dado lugar relevante às mulheres na produção de manga.

Em Portugal, em que houve algumas percursoras (ver caixa), os anos 90 também fizeram despontar diversas autoras, muitas delas com ligações ao design ou à arquitectura, visível no tratamento gráfico dado a temáticas em voga como a autobiografia ou a crónica quotidiana, que publicavam em edições independentes ou, pontualmente, em álbuns a solo, que são a memória palpável do talento de Ana Cortesão, Vera Tavares, Ângela Gouveia, Maria João Worm ou Alice Geirinhas.

Em anos recentes, muitas daquelas que se expressam (também) em BD, têm como principal referência gráfica (e temática…) os manga japoneses, como Catarina Sarmento (com o webcomic “Children of the night”), Ana Freitas (que desenhou o “primeiro manga português”…) ou Catarina Guerreiro, Sara Martins, Telma e Tânia Guita (editoras do “Luminus Box”), elegem a Internet para divulgarem a sua arte, participam (e muitas vezes ganham) concursos de BD, nacionais e estrangeiros. A exemplo da geração que as precedeu, estão confinadas à auto-edição ou à publicação em fanzines ou (mini-)álbuns independentes, geralmente colectivos, nem sempre (só) em Portugal.

Outros nomes (recorrentes) são Andreia Rechena (que se auto-edita em “Reject”) e que com Sónia Oliveira, Inês Casais, Ana Biscaia, Selma Pimentel ou Joana Lafuente, tem marcado presença no “All-Girlz” (publicação só com autoras, cujo tomo Banzai, será lançada no próximo dia 9, na Central Comics, no Porto). As duas últimas estão já noutro patamar, pois Joana Lafuente aplica as cores na versão em BD dos mediáticos “Transformers” para a editora norte-americana IDW, e Selma Pimentel tem em curso diversos projectos para o estrangeiro.

No atelier Toupeira, origem do Festival de BD de Beja e do fanzine “Venham +5”, despontaram Maria João Careto e Susa Monteiro, autora do recente “A Carga” e um dos mais promissores talentos da 9ª arte nacional. Teresa Câmara Pestana, com mais anos de militância nos quadradinhos e influências underground, divulga a sua arte – e a daqueles que com ela comungam ideais e preferências estéticas – no “Gambuzine”, tendo também editado a solo, “Postais de Viagem”.

Quantas destas criadoras conseguirão afirmar-se, num mercado limitado como o nosso ou no (grande) mercado global que as novas tecnologias aproximam, só o tempo permitirá dizer. Para já, cabe-nos desfrutar o seu talento e criatividade.

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As percursoras

É ponto pacífico apontar Amélia Pae da Vida (1900-1997) como a primeira desenhadora portuguesa de BD, nos anos 20 do século passado. Depois dela, sucederam-se entre diversas outras, Raquel Roque Gameiro, Guida Ottolini, Bixa (Maria Antónia Cabral) ou Maria Alice Andrade Santos, em especial em títulos como “Lusitas”, “Menina e Moça” ou “Fagulha”, lançadas a partir de 1943 pela Mocidade Portuguesa Feminina.

A abertura proporcionada pelo 25 de Abril, possibilitou novas abordagens também nos quadradinhos, destacando-se então Isabel Lobinho, hoje pintora, adaptando Mário Henrique Leiria ou em produção própria de cariz erótico, e também Catherine Labey (de origem francesa mas há muito radicada em Portugal), que criou quadradinhos de ficção e adaptou temas infantis, populares ou históricos, ainda no activo nas áreas da tradução, legendagem ou aplicação da cor.

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Boule e Bill, 50 anos duma amizade indestrutível

A história da amizade de um rapazinho e o seu cão é a base dos gags de Boule e Bill, criados por Jean Roba há 50 anos na revista Spirou, e que hoje em dia continuam pelo traço de Laurent Verron.

Foi na véspera de Natal, no número 1132 da revista belga Spirou, que fizeram a sua primeira aparição Boule, o rapazinho ruivo de 6 anos, e Bill, o seu cocker spaniel, numa data perfeitamente ajustada para uma banda desenhada humorística, terna e ingénua, baseada na infância e na amizade. A história curta, intitulada “Boule et les Mini-Requins”, mostrava os dois com os traços menos arredondados do que aqueles que lhes conhecemos hoje, característicos da escola de Marcinelle.

A sua publicação regular só começaria em Setembro de 1960, ao ritmo de uma prancha semanal, com a acção a decorrer quase sempre em casa, no bairro ou na escola e a galeria de personagens composta essencialmente pelos pais de Boule, os seus amigos, alguns vizinhos, os cães companheiros de Bill e, mais tarde, a tartaruga Caroline. Com eles, com um humor, ternura e ironia mas sem maldade, Roba, que começou na BD como assistente de Franquin, demonstrou um enorme sentido de observação e uma invulgar capacidade de transportar para o papel as mil e uma (pequenas) peripécias do quotidiano, o que rapidamente fez da série uma das mais apreciadas pelos leitores da Spirou e permitiu que perdurasse ao longo de cinco décadas.

Nem a morte do seu criador, em 2006, impediu a sua continuação, uma vez que em 2003 ele já a tinha entregue a Laurent Verron, seu antigo assistente, que desde então tem assegurado o desenho, em colaboração com diversos argumentistas.

Com passagem discreta por Portugal, nas revistas Jacaré, Spirou, Jornal da BD e Mundo de Aventuras, Boule e Bill venderam já cerca de 30 milhões de álbuns, foram homenageados pelos correios belgas (1999) e franceses (2002), ilustram uma das paredes de Bruxelas, têm uma estátua em Jette e tiveram várias versões animadas, a mais recente das quais, fiel ao original, foi exibida há pouco tempo na RTP2, rebaptizada Bruno e Bill.

Os 50 anos de Boule e Bill ficam marcados pela edição do 32º álbum das suas aventuras, “Mon meilleur ami”, e de “Roba Illustrateur” (Dargaud), que aborda outras facetas do talento do seu criador.

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Regina Pessoa: “O Douro é o País das Maravilhas!”

Autora da premiada animação História Trágica com Final Feliz, Regina Pessoa acaba de fazer uma incursão pela BD em que associa a origem do Vinho do Porto à história de Alice no país das Maravilhas.

No passado sábado, esteve na Galeria Mundo Fantasma, no Shopping Brasília, para inaugurar uma mostra (patente até 24 de Janeiro) de originais do livro “RubyDum e TawnyDee in NiePOoRTland”, que nasceu “na sequência dum convite da Niepoort”, para contar em banda desenhada “o processo do Vinho do Porto e a diferença entre os vinhos Ruby e o Tawny, que quase ninguém conhece”.
Após visitas “às caves, ao Douro e às vinhas, associei o que me contaram à Alice no País das Maravilhas, de que sou fã” e claro que “o Douro é o País das Maravilhas!” Daí resultou uma história muda, fantástica e onírica, vendida num estojo com duas garrafas com as personagens que criou, pois a companhia “em cada país convida um desenhador para ilustrar o rótulo do vinho de mesa; nos EUA, por exemplo, foi Bill Plympton”, mestre da animação.
Embora goste bastante de BD, especialmente alternativa, como Mattotti, Stefano Ricci ou Eric Lambert ou “a editada pela Frémok, a minha editora de eleição”, nunca tinha experimentado esta arte. Por isso os originais expostos surpreendem pela pequena dimensão e por as vinhetas serem todas independentes, uma vez que trabalhou “como nos filmes”.
Virada a página, está de regresso às imagens animadas com “Kali, o pequeno vampiro”, que “com os dois filmes anteriores irá formar uma trilogia dedicada à infância, aos medos, ao escuro”. Novamente uma co-produção entre Portugal, Canadá e França, deverá “estar pronta no final de 2010”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Portugal aos quadradinhos

Tal como as celebridades da música ou do cinema, também os heróis de papel por vezes escolhem Portugal como destino, no caso para viverem emocionantes histórias aos quadradinhos. Shania Rivkas, aliás Lady S., é o caso mais recente.

Foi em “Salade Portugaise” (Dupuis), lançado há mês e meio, que a jovem estoniana, que trabalha como intérprete no Parlamento Europeu, e às ordens da CIA, sob o nome de código Lady S., chegou a Lisboa para seguir uma pista que a podia levar a reencontrar o pai, que julgava morto, ao mesmo tempo que contribuía para desmantelar um atentado terrorista da Al Qaeda. Escrito por Jean Van Hamme e desenhado por Philippe Aymond, tem na capa a protagonista em trajos menores, tendo por fundo uma boa perspectiva da cidade e do castelo de S. Jorge, e no interior uma atribulada refeição à sombra da ponte 25 de Abril, uma animada perseguição pelas ruas lisboetas com um eléctrico envolvido e um aparatoso acidente automóvel nos arredores de Sesimbra.
Pelas mesmas (?) ruas do Bairro Alto pass(e)ou também Michel Vaillant, em 1984, em “O Homem de Lisboa”, que combina espionagem industrial com a participação de Steve Warson e Julie Wood no Rali de Portugal, a que as estradas nacionais – e os pouco cívicos espectadores – servem de pano de fundo. As primeiras pranchas mostram o par enamorado em passeio turístico pela Praça do Comércio, o Elevador de Santa Justa ou a Torre de Belém. E, mais uma vez, os típicos eléctricos lisboetas. E tal como em Lady S., os protagonistas utilizam um avião da TAP. Clichés turísticos que se nalguns casos não passam disso, noutros são parte integrante destas histórias de autores estrangeiros.
Treze anos antes em “5 filles dans la course”, traduzido como “Rali em Portugal”, Michel e Steve já tinham corrido nas estradas portuguesas, com este último a fazer equipa com a lusa Cândida Maria de Jesus.
Também Monsieur Jean, o trintão celibatário imaginado por Dupuy e Berbérian, esteve na capital em “Le voyage à Lisbonne” (1992), em busca de inspiração para escrever um romance. Foi igualmente a Portugal, mais concretamente aos Açores, que Jacobs enviou Blake e Mortimer em “O Enigma da Atlântida” (1957), para os dois aventureiros descobrirem no subsolo da ilha de São Miguel os descendentes dos habitantes daquele continente mítico. E em “O segredo de Coimbra” (1991), a cidade dos estudantes do século XVIII foi escolhida pelo belga Étienne Schréder como local de acção para uma narrativa sobre um príncipe prisioneiro e a construção de uma ponte sobre o rio Mondego, tendo por base o uso de anamorfoses.
Mas se podemos considerar de certa forma normal que heróis europeus nos visitem, será mais surpreendente saber que Hellboy, o demónio saído dos infernos que combate nazis, fantasmas e monstros, esteve em território nacional em 1992, como conta “In The Chapel of Moloch” (2008), que tem início nas ruas estreitas de Tavira e utilizou como inspiração a capela de S. Sebastião. E no mesmo registo de terror, registo habitual nos fumetti (BD italiana) populares da Sergio Bonelli Editore, Dampyr, um caçador de vampiros, em “Lo Sposo della Vampira” (2006), esteve em Trás-os-Montes, “na localidade de Riba Preta” inspirada em diversas aldeias reais visitadas pelo argumentista Mauro Boselli. Desenhada por Alessandro Bocci, aborda a lenda do Castelo de Monforte da Estrela, supostamente assombrado por uma vampira, e no final o protagonista é salvo in extremis por um pastor luso, Vitorino Rocha.
Mais natural, é o aparecimento de pormenores da cidade do Porto nas páginas do diário ilustrado do norte-americano James Kochalka, cultor da autobiografia em BD, a propósito da sua passagem pelo Salão de BD portuense, em 1999.

[Caixa]

O país na BD moderna portuguesa

Para além das óbvias utilizações de Portugal como cenário, em bandas desenhadas de temática histórica ou sobre cidades e vilas nacionais, estas geralmente com atrocínio autárquico, são várias as criações da moderna BD portuguesa que têm (re)visitado, de forma inspirada, o nosso país.

BRK, tomo 1
Filipe Andrade e Filipe Pina
ASA
História urbana, protagonizada por David, um adolescente que acaba envolvido com uma organização terrorista, decorre maioritariamente em Almada e fica marcada pelos atentados contra o McDonalds da Praça da Liberdade, no Porto, e o Cristo-Rei.

As aventuras de Filipe Seems
Nuno Artur Silva e António Jorge Gonçalves
ASA
Recentemente reeditadas numa caixa com os três álbuns, as aventuras de Filipe Seems, investigador privado num futuro indefinido, decorrem numa Lisboa retro-futurista, semi-submersa e percorrida por gôndolas, que evoca múltiplos imaginários.

O Menino Triste – A Essência
João Mascarenhas
Qual Albatroz
Embora maioritariamente ambientada na “sereníssima” Veneza, é na sua Coimbra (natal?) que o Menino Triste começa este percurso iniciático que cruza amizades, sociedades secretas, dúvidas existenciais e… muita(s) Arte(s).


Obrigada, Patrão
Rui Lacas
ASA
Com a paisagem serena da Zambujeira como fundo, esta é a história opressiva de um drama rural, que versa sobre as prepotências dos senhores das terras e a destruição dos sonhos de infância.


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F. Cleto e Pina

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BD para Ver – Regina Pessoa na Mundo Fantasma

“Mistério e Alquimia” é o título da exposição de originais de Regina Pessoa que é inaugurada hoje na Galeria Mundo Fantasma, situada na loja com o mesmo nome, no Shopping Brasília, no Porto.
Nascida em Coimbra, em 1969, Regina Pessoa tem uma licenciatura em Pintura nas Belas Artes do Porto e é conhecida principalmente pela sua actividade no cinema de animação, iniciada no estúdio Filmógrafo, com participações em diversos filmes de Abi Feijó como “Os Salteadores”, “Clandestino” ou “Fado Lusitano”.
Em 1999 realizou o seu primeiro filme a solo, “A Noite”, em gravura sobre placas de gesso, tendo seis anos depois dirigido o muito premiado “História Trágica com Final Feliz”, que deu origem a um livro homónimo, publicado pela Afrontamento em 2007.
Este ano, voltou à banda desenhada, tendo criado, a convite da Niepoort, o álbum “RubyDum e TawnyDee in NiePOoRTland”, em que explica porque razão no Vinho do Porto existem categorias diferentes, Ruby e Tawny, usando como inspiração personagens e situações do clássico “Alice no País das Maravilhas”, em especial nos gémeos TweedleDum e TweedleDee. A partir delas criou uma história bela, dinâmica e onírica, narrada num álbum em formato italiano (deitado), que é vendido num estojo, acompanhado por duas garrafas cujos rótulos são também da sua autoria.
A exposição, que estará patente na Mundo Fantasma até 24 de Janeiro de 2010, é baseada nestas duas obras, estando à venda desenhos originais da autora, bem como dois giclées (impressões de alta qualidade, de tiragem limitada), numerados e assinados por Regina Pessoa.


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F. Cleto e Pina

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The Simpsons, 20 anos depois

Se alguém tivesse adormecido em frente à televisão há 20 anos e agora, ao acordar, o aparelho ainda ligado estivesse a transmitir a mesma série, ela apenas poderia ser The Simpsons, a mais antiga série televisiva em exibição, já na 21ª temporada nos Estados Unidos.

Foi a 17 de Dezembro de 1989 que a disfuncional família composta por Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie fez a sua estreia como série autónoma, com um episódio especial de Natal, que antecedeu a primeira temporada, exibida entre Janeiro e Maio de 1990. Por isso, ao completar 20 anos, já com contrato assinado até 2011, deixam para trás os 12 anos dos Flinstones, até então a mais longa animação televisiva, e Gunsmoke, antiga recordista, com 20 temporadas entre 1955 e 1975. Mas 635 episódios, mais do que os Simpsons que, até domingo passado, contam “apenas” 450 capítulos. Ou quase meio milhar, se lhes adicionarmos os 48 do período em que existiram como rubrica curta no The Tracey Ullman Show, entre 19 de Abril de 1987 e 14 de Maio de 1989, onde se deu a sua estreia absoluta.
Antes disso, conta a lenda, Matt Groening criou-os num quarto de hora, enquanto aguardava por uma entrevista na Fox, para uma eventual adaptação em desenho animado da sua série de cartoons “Life is Hell”, protagonizada por Sheba e Binky, um casal de coelhos antropomórficos, que mostrava todos os aspectos que infernizam a vida quotidiana, do trabalho ao amor, do sexo à morte. Para não perder os direitos sobre a sua criação de papel Groening, que por vezes também se desenhava nos cartoons, terá rabiscado uns bonecos que viriam a originar os Simpsons tal como os conhecemos. Ou nem tanto, pois a evolução gráfica da série nos primeiros anos é por demais evidente, com o arredondamento das formas, a saída dos olhos das órbitas, um ganho de expressividade e uma melhor definição dos seus volumes. O que não impediu que continuassem a ser feios, com apenas quatro dedos e possuidores de um humor cáustico e cruel, muitas vezes subversivo, que não conhece limites temáticos, apontando as suas baterias ao quotidiano banal dos norte-americanos – cujas mudanças vai acompanhando e assimilando – e aos temas que vão fazendo a actualidade política, cultural, desportiva ou social, satirizando de igual forma o sexo e a morte, a educação e a saúde, a economia e a própria televisão.
Apesar de (ou por isso), têm percorrido uma senda de sucesso planetário, que lhes garante audiências semanais de milhões de espectadores por todo o mundo, gera milhões de dólares de lucro provenientes da venda dos DVD com os episódios e do imenso merchandising associado à marca Simspon, tornou ricos os seus produtores e faz com que desde que os Aerosmith apareceram num episódio em 1991, celebridades de todas as áreas se ofereçam para participar nas histórias, dobrando os seus próprios bonecos.
Que nos continuam a divertir, episódio após episódio, enquanto nos mostram o pior do ser humano. De nós.


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Curiosidades

Até domingo passado os Simpsons protagonizaram 450 episódios regulares mais 48 no The Tracey Ullman Show.

Já conquistaram 23 Emmy, 22 Annie, um Peabody e uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood.

Em 1998, a Times considerou-os a melhor série televisiva do século XX.

No genérico da série, quando Maggie passa na caixa registadora do supermercado, o preço exibido é 847,63 dólares.

A cena do sofá que abre cada episódio já variou entre os 5 e os 46 segundos.

Matt Groening escolheu o nome de Springfield para lar dos Simpsons porque nos EUA existem 121 cidades com essa denominação em 36 estados.

Para baptizar os Simpsons, Matt Groening recorreu aos nomes do pai (Homer), mãe (Marge) e sobrinhas (Lisa e Maggie).

Os Simpsons são amarelos por opção do colorista Gyorgi Peluci, porque Bart, Lisa e Maggie não tinham uma linha que separasse o cabelo da testa, e com um tom de pele realista iria parecer que tinham feito uma lobotomia!

Uma cronologia oficiosa dá 39 anos a Homer, 37 a Marge, 10 a Bart, 8 a Lisa e 2 a Maggie. No entanto, as datas de nascimento e casamento apresentam variações entre episódios.

As vozes de quase todas as personagens dos Simpsons são feitas por apenas seis pessoas.
A voz de Bart pertence a uma mulher e na versão dobrada em português do filme, foi também uma, Carla de Sá, quem lhe emprestou a voz.

A célebre interjeição de Homer – “d’oh” – foi proferida 377 vezes nas primeiras 15 temporadas e está registada no The Oxford English Dictionary.

Homer já teve 46 profissões diferentes. E já morreu várias vezes, quase sempre nos sangrentos episódios especiais “Treehouse of Horror”.

Na versão árabe, Home bebe soda e não cerveja e os seus cachorros quentes são feitos com salsichas egípcias, não de carne de porco.

O Q. I. de Lisa é de 159 pontos.

Os Simpsons moram no 742 de Evergreen Terrace (nome da rua onde Groening morou em criança), mas o número da porta também já foi 59, 94, 723 e 1094.

Pelos Simpsons já passaram mais de duas centenas de figuras reais da política, desporto, artes ou economia. Os primeiros foram os Aerosmith, em 1991.

No tempo de The Tracey Ullman Show, cada filme demorava quatro semanas para ficar pronto. Hoje, cada episódio tem cerca de 24 mil desenhos, 8 meses de trabalho e um custo que ronda um milhão de dólares.

Ao longo dos episódios, já ocorreram 31 mortes de personagens, a mais marcante das quais a de Maude Flanders, esposa do beato Ned, empurrada involuntariamente por Homer do topo de um estádio, porque a actriz que lhe dava voz exigia um aumento salarial. Desta forma, foi despedida.

Os Simpsons já foram capa de revistas como a Rolling Stones, Maxim, Playboy ou Super-Interessant e protagonizaram publicidade da Renault, uma colecção de moda de Linda Evangelista ou campanhas pelo consumo de leite ou segurança no trabalho.

Quando os Simpsons andam de carro, Homer é o único que não usa o cinto de segurança.

Um concurso recente para a criação de uma nova personagem para os Simpsons teve mais de 25 000 participantes. A vencedora foi Peggy Sue, que propôs Richard Bomb, um mulherengo sul-americano.

[Caixa]

Polémicas

Dado o tipo de humor praticado e a não existência de temas tabus, não surpreende que os episódios dos Simpsons provoquem polémica. A surpresa vem do nível que ela pode atingir.
Durante a campanha para as presidenciais norte-americanas, Homer ao votar em Obama na urna electrónica, vê serem somados dois votos a… John McCain! O alvo da piada era a empresa responsável pelo fabrico das máquinas, que tinha ligações ao Partido Republicano e contribuíra para a campanha de George W. Bush.
A outro nível, o episódio mostrado este fim-de-semana na RTP 2, provocou celeuma quando foi exibido no Reino Unido, por Homer acusar um novo vizinho de ser terrorista apenas por ser muçulmano e chamar Oliver a Alá. A escuta parcial de conversas de Amid leva-o a descobrir que este vai explodir um centro comercial… algo perfeitamente normal para quem trabalha numa empresa de demolições! Na sequ~encia desta demonstração de xenofobismo gratuito, Homer provoca a demolição de uma ponte.
Em 2008, o presidente venezuelano Hugo Chávez proibiu um canal privado de transmitir os Simpsons na programação matinal infantil devido à sua “má influência americana”. A série de Matt Groening foi substituída pela Marés Vivas.
Num episódio da 19ª temporada, durante uma conversa no bar do Moe, Carl e Lenny dizem que estão cansados da democracia e que preferiam uma ditadura como “a de HYPERLINK “http://pt.wikipedia.org/wiki/Juan_Per%C3%B3n” o “Juan Perón” Juan Perón, porque quando ele desaparecia com alguém… era para sempre e a sua mulher era a Madonna”! Temendo reacções adversas, a própria Fox decidiu não exibir o episódio na América Latina.
Seis anos antes a visita da família amarela ao Brasil provocou uma onda de protestos, quer pela erros primários – os brasileiros falavam espanhol, a Amazónia ficava junto ao Rio de Janeiro – quer pela imagem do país apresentada, com cobras e macacos nas ruas, violência juvenil, sequestros frequentes e apresentadoras de programas infantis sexualmente provocantes. A secretaria de Turismo do Rio de Janeiro chegou mesmo a ponderar processar os produtores da série.
E bem antes disso, em 1996, num dos episódios mais polémicos, o ex-presidente George Bush, muda-se para Springfild em busca de paz. Algo difícil quando os vizinhos se chamam Simpson. Depois de Bart triturar o seu livro de memórias, o ex-presidente responde com palmadas, desencadeando uma guerra aberta entre as duas famílias. Esta foi a resposta a um comentário de Bush em 1990, quando afirmou que preferia que as famílias americanas fossem parecidas com os Waltons – uma simpática família da TV, dos anos 70 – do que com os Simpsons.


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F. Cleto e Pina

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Comanche e Clifton de parabéns hoje

Há quatro décadas, eram publicadas as primeiras pranchas de Comanche, um dos mais notáveis westerns da banda desenhada. Dez anos antes, tinha nascido o Coronel Clifton, o fleumático investigador inglês.

A 16 de Dezembro de 1969, os leitores do “Tintin” belga, descobriam uma nova série intitulada “Comanche”. Se as primeiras pranchas, ambientadas num vasto espaço selvagem e com um empolgante duelo logo na página 3, davam o mote para mais um western aos quadradinhos, ela viria a revelar-se uma das mais referenciadas (e reverenciadas) abordagens realistas a um género que a BD explorou até à exaustão, então (ainda) na moda.
O seu argumentista era Greg, rigoroso na construção das histórias, hábil na escrita dos diálogos, que situou a acção no período de transição entre a prevalência da lei das armas e dos mais fortes e a chegada da civilização às regiões mais inóspitas do velho Oeste. E escolheu um lote de protagonistas de todo improvável – Comanche, uma jovem, dona do rancho “666”, o velho Ten Gallons, o negro Toby, o miúdo Clem, o índio “Mancha de Lua” – todos excluídos socialmente, que lhe permitiram abordar em segundo plano questões como o lugar da mulher, o racismo ou o massacre dos peles-vermelhas. E, claro, Red Dust, a estrela da companhia, elo de união entre todos, capaz de potenciar o melhor de cada um, irlandês, ruivo, ex-pistoleiro, decidido e humano. E talvez este seja, também, o adjectivo que melhor define a série: humana porque “Comanche” é antes de tudo um tratado sobre seres humanos, sobre a sua adaptação às circunstâncias e a um novo mundo, sobre superação e sobre amizade.
O desenho foi entregue a Hermann que progressivamente se revelou como um dos grandes mestres realistas europeus, com uma planificação multifacetada e dinâmica, tal como o traço, nervoso, com o evoluir da série mais atraente e depurado, ágil e servido por belas cores, tão capaz de retratar os grandes espaços como o ser humano, de mostrar o quotidiano como os (muitos) momentos de tensão e violência.
Em Portugal, a série foi publicada integralmente na revista “Tintin” e oito dos seus dez tomos foram editados em álbum pela Bertrand e/ou Distri.
Anos mais tarde, em 1989, Greg (ninguém é perfeito…) voltou a Comanche para mais cinco aventuras (a última terminada por Rudolphe, devido à sua morte, em 1990). Mas a verve narrativa já não era a mesma, o tempo do western tinha (também) passado e o traço de Rouge ficava muito distante da arte de Hermann.

Na mesma revista “Tintin” belga, no mesmo dia, mas 10 anos antes, nascia Harold Wilberforce Clinton, coronel aposentado e, por vezes, chefe de escuteiros, para resolver enigmas policiais e de espionagem, secundado pelos seus gatos e por Mrs. Patridge, a sua governanta. Inglês de nascença, fleumático por natureza, inimigo do uso da violência a não ser em último caso, foi criado pelo mestre Raymond Macherot, também autor de Chlorophylle e Minimum, que no espaço de três álbuns lançou as bases da série, concebida com muito humor e uma elegante linha clara, dinâmica e legível. Publicado em Portugal no Tintin e pontualmente em álbum pela Ibís e a ASA, Clifton seria depois continuado (descaracterizado e banalizado), numa vintena de álbuns, entre outros, por Greg, Jo-El Azara, Turk, De Groot e, na actualidade, Rodrigue.


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F. Cleto e Pina

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Já começou a corrida pelo novo filme de Astérix

O regresso de Astérix ao grande ecrã era um dado adquirido desde o sucesso de “Astérix nos Jogos Olímpicos” (2008), o terceiro filme interpretado por actores de carne e osso. E a verdade é que a corrida para a sua produção já começou.

Nos meios cinematográficos franceses, surgem já nomes de vários interessados num quarto filme baseado nas aventuras do célebre guerreiro gaulês criado por Goscinny e Uderzo em 1959: as produtoras Europacorp, de Luc Besson, e Fidélité, que indicaria Laurent Tirard como provável realizador, e ainda Thomas Langmann.
No primeiro caso, é o próprio Luc Besson que assume o de se encarregar da realização, o que por si só seria uma garantia, dado o seu historial no que diz respeito a ligações entre as 7ª e 9ª artes, a mais recente das quais, a adaptação de “Adéle Blanc-Sec, de Tardi. Thomas Langmann tem dois argumentos principais a seu favor, por um lado, ter realizado “Astérix nos Jogos Olímpicos”, o segundo filme mais visto de sempre em França, com quase 15 milhões de espectadores; por outro, Clovis Cornillac e Gérard Depardieu (os interpretes de Astérix e Obélix nesse filme) teriam assinado um contrato de exclusividade com ele, que os impediria de participar numa adaptação feita por outrem. Recorde-se que Christian Clavier fez de Astérix nos dois primeiros filmes com actores de carne e osso – “Astérix e Obélix contra César” (1999) e “Astérix e Obélix: Missão Cleópatra” (2002) – cedendo depois o seu lugar a Clovis Cornillac para a terceira película, enquanto que Gérard Depardiu assumiu o papel do seu companheiro carregador de menires desde o filme inicial.
Langmann, filho do também realizador Claude Berri, pretenderia adaptar em conjunto com Christophe Barratier o álbum “A Volta à Gália”, nos quais os dois heróis percorrem grande parte do território francês, comprovando a sua passagem pelas diferentes regiões com a recolha de especialidades gastronómicas locais, na sequência de uma aposta feita com os romanos, o que indicaria nova aposta no mercado interno.
Quanto a Laurent Tirard (responsável pela adaptação de “O menino Nicolau”, outra criação de Goscinny, o maior sucesso cinematográfic deste ano em França) apostaria em “Astérix entre os bretões”, que leva os gauleses ao território britânico do outro lado do canal da Mancha, o que poderia ser um trunfo em termos de maior projecção internacional do filme.
A última palavra cabe como sempre às Éditions Albert-René e a Albert Uderzo, que não deverão protelar demasiado a escolha entre os candidatos posicionados para esta corrida, pois após a recente mediatização do 50º aniversário de Astérix, a marca necessita de continuar a fazer a actualidade e um novo filme é um óptimo pretexto para tal.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

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