Etiqueta: Tintin

Tintin et le Merchandise

Tema

Gestão

Entidade

Editions du Cercle de la Libraire

Local e Data

Paris, 1991

País

França

Idioma

Francês

Descrição

160x240mm, cores, preto e branco, offset

Código Bedeteca

N/A

Cota Bedeteca

N/A

Origem

Colecção Comicarte

Ver Também

Tintin

Direitos de Autor

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Revista “Tintin” belga nasceu há 77 anos

Versão portuguesa foi publicada entre 1968 e 1982

A 26 de Setembro de 1946, chegava aos quiosques belgas o primeiro número de uma nova publicação para os jovens. Tinha por título “Tintin” e seria um dos marcos da banda desenhada franco-belga.
No número de estreia, apenas 4 das 12 páginas apresentavam BD: Hergé retomava “Tintin e o Templo do Sol”, Jacobs estreava “Blake e Mortimer em O Segredo do Espadão”, Cuvelier começava a narrar “As aventuras de Corentin” e Laudy introduzia “La légende des quatre fils Aymon”.
Surgida no difícil período pós-guerra, assente no sucesso de Tintin e com Hergé a definir a linha editorial, a nova publicação teve um enorme sucesso e os 60 mil exemplares esgotaram rapidamente.
Pela revista dos “jovens dos 7 aos 77 anos”, slogan consagrado na capa a partir de 1950, iriam passar outros heróis que marcaram gerações: Alix, Michel Vaillant, Lefranc, Ric Hochet, Chlorophille… a que se juntariam, a partir de 1965, numa renovação levada a cabo por Greg, então chefe de redacção, Comanche, Bruno Brazul, Bernard Prince, Oliver Rameau, Robin Dubois e, mais tarde propostas mais adultas como Spirit, Corto Maltese, Jonathan ou Simon du Fleuve.
O sucesso da “Tintin” belga fez nascer títulos homónimos noutros países, a começar pela França, logo em 1948, seguindo-se edições na Holanda, Congo, Canadá, Cambodja e… Portugal. Esta última estreou-se a 1 de Junho de 1968 e apresentava uma enorme mais-valia: os heróis oriundos da publicação original tinham a companhia dos que então faziam furor na “Pilote”: Astériz, Lucky Luke, Blueberry… E se alguns deles tinham passado pelas páginas do “Diabrete”, “Foguetão” ou“Cavaleiro Andante”, a verdade é que foi na “Tintim” que encontraram a casa ideal, graças ao conjunto de heróis reunidos e à qualidade do papel e da impressão. A versão portuguesa acabou em 1982 e a sua ‘mãe’ belga, ‘órfã’ de Tintin desde 1976, chegaria ao fim a 29 de Novembro de 1988.
Agora, esta data simbólica é assinalada pela Le Lombard com duas edições: “Tintin – Numéro Spécial 77 Ans”, ressuscita em 400 páginas muitos dos heróis originais, revisitados por autores contemporâneos, enquanto que “La Grande Aventure du Journal Tintin 2 – Escale em France” reúne nas suas 777 (!) páginas bandas desenhadas publicadas na versão francesa e inéditas na Bélgica.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

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Novo álbum de Fernando Relvas nos 50 anos da revista Tintin

A Bedeteca da Amadora, integrada na Biblioteca Fernando Piteira Santos, inaugura hoje, às 17 horas, a exposição “Revista Tintin, 50 anos”.
Na mesma altura será apresentado o livro “O Espião Acácio”, que reedita integralmente a banda desenhada com que Fernando Relvas, recentemente falecido, se estreou na revista, em 1978. Crónica humorística da Primeira Grande Guerra, inspirada pela leitura da “Ilustração Portuguesa”, “O Espião Acácio” conta mais de 100 páginas de traço vivo e humor desconcertante e é uma das obras marcantes do percurso de um dos mais importantes autores nacionais de BD.
Lançada a 1 de Junho de 1968, a revista “Tintin” terminou a 2 de Outubro de 1982, tendo marcado o imaginário de várias gerações de leitores.


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F. Cleto e Pina

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Os Irmãos Mais Novos de Tintin

Joana, João e o Macaco Simão foram criados por Hergé há 75 anos

Corria o ano de 1936. O sucesso de Tintin – então a viver a sua sexta aventura, “O Ídolo Roubado” – era crescente, mas não fazia a unanimidade. A prová-lo, chegava a Hergé uma carta da revista católica francesa “Coeurs Vaillants”, onde se lia que o herói “não ganha a sua vida, não vai à escola, não tem pais, não come, não dorme… Isso não é lógico”. E, em jeito de encomenda, desafiava Hergé a criar alguém “cujo pai trabalhe, que tenha uma mãe, uma irmã mais nova, um animal de estimação”, contou o desenhador numa entrevista a Numa Sadoul.
Recuperando personagens de um trabalho publicitário Hergé criou assim Jo, Zette e Jocko (rebaptizados em Portugal como Joana, João e o Macaco Simão), estreados há 75 anos, a 19 de Janeiro de 1936, e que viveriam três aventuras a preto e branco, (remontadas e) divididas por cinco álbuns quando foram coloridas, nos anos 1950. Os seus protagonistas eram os irmãos Joana e João, o pai, o engenheiro Legrand, a mãe, doméstica, e Simão, um macaco, o tal animal de estimação da “encomenda”.
O traço e a estrutura narrativa estavam próximos dos utilizados em Tintin, com bastante humor e uma boa dose de ficção-científica, fruto da ocupação do pai. Em cada aventura, a célula familiar desfazia-se rapidamente porque, enquanto os miúdos se metiam em alguma enrascada, o pai e a mãe ficavam em casa, aflitos e expectantes, aguardando o seu regresso do destino distante e exótico para onde os tinham conduzido as aventuras ingénuas e rocambolescas.
Em Portugal, estes “irmãos mais novos” de Tintin estrearam-se em 1964 na revista Zorro, passando pelo suplemento “Quadradinhos” de “A Capital”, antes da edição em álbum, pela Editorial Verbo, em 1982. A ASA, que actualmente está a reeditar As Aventuras de Tintin, ainda não agendou a reedição desta série, recuperada pela Casterman num único volume em 2008.

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A Lua em (todos os) quadradinhos

Musa inspiradora de poetas e escritores, pintores e escultores, a Lua também não deixou indiferente os criadores de banda desenhada, tendo alguns enviado até lá os seus heróis de papel.
O mais célebre de todos os astronautas da banda desenhada é, com certeza, Tintin que por lá andou quase 20 anos antes de Neil Armstrong, no diptíco “Rumo à Lua”/”Explorando a Lua” começado a publicar a 30 de Março de 1950. Partindo da imaginária Sildávia, num foguetão concebido pelo Professor Tournesol, numa viagem com imensas semelhanças com aquela que a NASA organizou em 1969, Tintin, Haddock, Milu e os Dupont foram até ao satélite da Terra numa aventura que, se se enquadra no tom aventuroso normal da série, é também bastante plausível do ponto de vista científico, graças à profunda investigação que Hergé levou a cabo antes de a iniciar. Mais tarde, o autor voltaria ao tema, narrando, numa BD de apenas quatro páginas, a aventura vivida por Armstrong.
À mesma Lua, por diversas vezes, foram os heróis Disney. Numa das mais famosas, “The Loony Lunar Gold Race“, escrita pelo “homem dos patos”, Carl Barks, em 1964, Donald e Patinhas procuram lá ouro, mas Mickey e Pateta também foram astronautas mais do que uma vez, como agora, na recém-editada “Topolino e il guardiano lunare”, que assinala os 40 anos da chegada do homem à Lua. Claro está, nunca se cruzaram com o solitário Astronauta, de Maurício de Sousa, que percorre o espaço na sua nave esférica, nem com o Spirit de Will Eisner e Wally Wood, que também lá foi, em perseguição de um criminoso, no ano de 1952, em “Outer Space”. E se os heróis Disney, mais do que uma vez encontraram selenitas, no insuspeito policial Dick Tracy, criação célebre de Chester Gould, o filho do protagonista desposava uma bela… lunática. Da Lua provinha também a pedra que dava super-poderes à Moon Girl, uma super-heroína dos anos 40, criada por Max Gaines, Gradner Fox e Sheldon Moldoff, com vários pontos de contacto com a Mulher Maravilha, bem como o broche que transforma Usagi Tsukino na bela Sailor Moon, reencarnação de uma guerreira lunar e protagonista do manga a que dá título.
A adaptação do sucesso televisivo “Espaço 1999”, que teve edição portuguesa, mostrou o nosso satélite como base de naves espaciais, ideia usada em muitas outras histórias aos quadradinhos de ficção-científica, como é o caso de “Nathan Never”, um polícia que vive 200 anos no futuro, originário da Casa das Ideias Bonelli, imaginado por Medda, Serra e Vigna em 1988.
Para além disso, essa mesma Lua, onde o trapalhão Gaston Lagaffe, de Franquin, tem permanentemente a cabeça, testemunhou alguns dos banquetes de Astérix, Obélix e dos outros gauleses irredutíveis, assistiu aos oníricos passeios na cama andante do Little Nemo, de Winsor McKay, e foi companhia dos devaneios do errante Corto Maltese, de Hugo Pratt.
A terminar, duas curiosidades: em “Carson de Vénus”, que o Mundo de Aventuras publicou há cerca de um quarto de século, uma novela de Edgar Rice Burroughs, o criador de Tarzan, adaptada aos quadradinhos por Mike Kaluta, o herói, após meses de exaustivos preparativos, parte rumo a Marte, acabando por chegar a Vénus… por se ter esquecido da Lua nos seus cálculos! E dez anos antes de Armstrong descer na Lua, numa tira diária publicada no jornal inglês “Daily Express” de 21 de Novembro de 1959, Jeff Hawke, herói de ficção-científica criado por Sydney Jordan, para assinalar a sua presença no satélite terrestre, colocava uma placa na qual se lia esta previsão quase exacta: “A 4 de Agosto do ano terrestre de 1969, o primeiro ser pisou a Lua. Chamava-se Homo sapiens”!


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F. Cleto e Pina

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Tintin octogenário

Foi a 10 de Janeiro de 1929 que o “Le petit Vingtième” publicou a primeira prancha de Tintin, dando início a uma aventura cuja actualidade, 80 anos depois, se faz cada vez mais distante da BD.

Nessa primeira prancha, a preto e branco, tal como as oito aventuras que se lhe seguiram, mais tarde redesenhadas a cores, Tintin partia de comboio para o País dos Sovietes, onde escreveria a sua primeira e única reportagem. Era um início marcado pela ingenuidade e pelo desenvolver do argumento ao correr dos desenhos, mas onde Hergé já revelava as qualidades – legibilidade, domínio da planificação, dinamismo do traço, construção da trama – que fariam dele um dos nomes maiores da 9ª arte.
Depois da Rússia, retratada de forma crítica e parcial, por influência do director do jornal católico que o publicou, Hergé levaria o seu herói a África e aos Estados Unidos, à América do Sul, um pouco por toda a Europa e mesmo à Lua, 20 anos antes de Armstrong. Com Tintin, construiu uma obra equilibrada e deslumbrante, traçada num primoroso estilo linha clara, tendo por principais vectores a aventura, a amizade, a lealdade e o sentido de justiça.
E que hoje em dia permanece perfeitamente legível – e inalterada devido à vontade expressa nesse sentido por Hergé – e na qual se encontram algumas obras-primas da BD. Mas que, nalguns casos, necessita de ser lida e interpretada à luz da época e do contexto em que foi criada, para evitar acusações ridículas e ignorantes como “racista”, “defensor de maus tratos aos animais” ou “colaboracionista”, que regularmente são feitas a Hergé, quase sempre por gentinha em bicos-de-pés em busca de 15 minutos de (triste) fama à sombra de Tintin. O caso mais recente veio esta semana à luz nas páginas do respeitável “The Times”, num artigo (risível) de Matthew Parris, antigo deputado britânico, intitulado “Claro que Tintin é gay. Perguntem a Milu”, de imediato desmontado por estudiosos e defensores da obra de Hergé.
A venda de originais tem também feito sucessivas manchetes, como em Abril último, quando o desenho a guache que serviu de capa à primeira edição de “Tintin na América”, datado de 1932, foi leiloado por 762 mil euros.
Com mais de 200 milhões de álbuns vendidos, a actualidade de Tintin a nível editorial (uma vez que o último álbum original data de 1976 e que Hergé faleceu em 1983) vem das sucessivas reedições em novas línguas e dialectos (que somam já mais de meia centena) e formatos, como o recente “Tout Tintin” (Casterman), que compila as 24 histórias num único tomo de 1694 páginas.
Isto, a par do filme (ver caixa) e da inauguração do Museu Hergé, marcada para 22 de Maio, data do 101º aniversário do nascimento do pai de Tintin. Situado em Louvain-la-Neuve, na Bélgica, foi desenhado com a forma de um prisma, quase sem ângulos rectos, que parece flutuar, pelo arquitecto francês Christian de Portzamparc. Com fortes preocupações ambientais, ao nível do aquecimento, tratamento do ar e poupança de energia, o edifício com 6 700 m2 de superfície, divididos por quatro andares, acolherá o espólio da Fundação Moulinsart, sendo a parte museológica concebida pelo autor holandês Joost Swarte.

[Caixa]

Um filme atribulado

A vontade de Steven Spielberg adaptar Tintin levou-o a conversar com Hergé sobre o assunto, tendo adquirido os seus direitos cinematográficos logo em 1983, adivinhando alguns a sua sombra em Indiana Jones, nomeadamente no espírito de aventura pura que percorre os filmes e nalgumas cenas de acção.
Em 2007, após acordo com os herdeiros de Hergé, Spielberg anunciou uma trilogia com actores de carne e osso, em parceria com Peter Jackson, devendo o primeiro filme, dirigido por si e baseado no diptíco “O segredo da Licorne”/”O Tesouro de Rackham o terrível”, estrear em 2008. O segundo filme, dirigido por Jackson, seria baseado em “As Sete bolas de Cristal”/”O Templo do Sol”, juntando-se os dois para a realização da última película, sobre “Rumo à Lua”/”Explorando a Lua”.
Só que, as dificuldades para conseguir os 130 milhões de dólares de financiamento necessários para o projecto (pouco atractivo para o mercado norte-americano onde Tintin não vingou), atrasaram-no sucessivamente, estando agora previsto o início das filmagens para Fevereiro e a estreia em 2010.
Isso inviabilizou a participação de Thomas Sangster, como Tintin, onde ainda só estão confirmados Andy Serkis, como Capitão Haddock, e Nick Frost e Simon Pegg para interpretar a dupla Dupont & Dupond, (surpreendentemente) transformada numa espécie de Bucha e Estica de formas moderadas…


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F. Cleto e Pina

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O crepúsculo do Western no centenário de um dos seus criadores

Possivelmente uma das mais famosas imagens dos westerns aos quadradinhos, é a vinheta final dos álbuns de Lucky Luke, na qual canta “Sou um pobre cowboy solitário, muito longe de casa”, cavalgando rumo ao pôr-do-sol. Imagem que, de alguma forma, pode ilustrar o crepúsculo que vive o género na banda desenhada – e também nas outras artes…
A perda do fascínio e do mistério que o Oeste selvagem em tempos exerceu e que desapareceu neste tempo globalizado em que toda a informação está ao nosso alcance; a transferência daquele fascínio para mundos siderais, onde as aventuras narradas, em muitos casos são puros westerns… espaciais; a substituição do ser humano – protagonista por excelência dos westerns, enquanto narrativa de superação – pela máquina, em tantas situações; o aparecimento de outras fontes de entretenimento, são algumas das justificações para esse estado. Às quais Gianfranco Manfredi, em entrevista recente ao site Universo HQ, acrescentou o facto de “os novos desenhadores terem dificuldades em desenhar cavalos e o oeste em geral”, ao anunciar para 2010 o fim de Mágico Vento (um aclamado misto de western e terror, bem condimentado com a exploração dos costumes índios e o paralelismo ficcional à realidade histórica, distribuído mensalmente entre nós em edição brasileira da Mythos).
Por isso, é cada vez mais difícil substituir as imagens que estão na memória de todos aqueles que algum dia cavalgaram juntamente com o insubordinado Blueberry, foram companheiros de Jerry Spring, vibraram com o duelo de Red Dust e Kentucky ou viveram as preocupações humanistas de Buddy Longway ou Ken Parker. Isso, porque são poucos os que vêm renovar o género – Gus, Bouncer ou Preacher, são parcos exemplos – juntando-se aos resistentes: Blueberry, Lucky Luke, Túnicas Azuis, Jonah Hex, Zagor ou Tex.
Tex que é o mais duradouro western da BD, algo que Giovanni Luigi Bonelli, nascido a 22 de Dezembro de 1908, em Milão, estaria longe de imaginar quando o concebeu, em 1948, como um herói duro e determinado, capaz de usar a força das balas para obter justiça. Antes dessa estreia, com o desenhador Aurelio Galleppini, G. Bonelli, consumidor voraz de romances e filmes de aventura, cujo centenário do nascimento, se cumpriu no passado dia 22, tinha já uma assinalável carreira na BD, na literatura para a juventude e como editor. Tex, inspirado nos grandes êxitos cinematográficos do género, seria a sua grande criação e, depois da chegada do seu filho Sergio à direcção da editora, tornou-se um imenso sucesso e a face mais visível dos fumetti (a BD italiana). Forçado a abandoná-lo, devido à idade e à doença, em 1991, Gian Luigi Bonelli deixou muitas outras criações (e westerns) populares, nas quais sempre exaltou a amizade, o companheirismo, a lealdade e o espírito de aventura.
Os 100 anos do seu nascimento ficam marcados pela atribuição do seu nome a uma rua de Agropoli, pela primeira reedição do único romance de Tex que escreveu – “Il massacro di Goldena” (1951) – e indissociavelmente ligados às comemorações do centenário do nascimento dos fumetti, com a revista “Il Corriere dei Piccoli”, cumprido exactamente hoje.
Quanto a Tex, mantém vendas mensais de cerca de um milhão de exemplares, no conjunto das suas várias colecções, pelo que custa a acreditar nas pessimistas previsões de Sergio Bonelli aqui ao lado, quase apetecendo dizer que, se Tex reflecte o crepúsculo da BD nos quadradinhos, muitos bandidos tombarão ainda perante as suas balas certeiras antes de chegar a noite escura e triste.

[Caixa]
Entrevista com Sergio Bonelli, editor de Tex e argumentista sob o pseudónimo de Guido Nolita

“Tex pode acabar daqui a 5 anos”

JN – Como era Gian Luigi Bonelli?
Sérgio Bonelli – Fisicamente era fascinante, muito musculoso e atlético para a estatura. Era alegre, muito extrovertido e adorava entreter os amigos com assuntos que surpreendiam pela originalidade e pelo seu anticonformismo.
JN – E o escritor?
SB – Gostava de improvisar página após página. Ele tinha orgulho no seu ofício de argumentista e dava-se completamente a Tex e aos protagonistas das suas histórias.
JN – Ele expressou alguma vontade em relação a Tex depois do seu desaparecimento?
SB – Nos últimos anos apercebeu-se que Tex se tinha tornado importante no mundo da BD e aceitou que outros continuassem a sua obra. Depois da decisão de o abandonar, desistiu de corrigir os textos dos outros; por simpatia e amor paterno, intervinha, com alguns conselhos, nas histórias escritas por mim.
JN – Tex está praticamente inalterado desde a sua criação. Por razões comerciais, artísticas ou sentimentais?
SB – Infelizmente não é verdade. Apesar do esforço de imitar o seu criador, todos os novos argumentistas introduzem diferenças que os leitores mais atentos não deixam de apontar.
JN – Os tempos actuais não pedem um Tex mais “politicamente correcto”?
SB – Pelo contrário, o rigoroso “politicamente correcto” exigido por alguns incomodaria outros. É difícil contentar todos. O mundo dos quadradinhos pode abrigar personagens de todo o tipo: o leitor facilmente encontra heróis “modernos” sem se desnaturar um “herói” tradicional.
JN – Tex continua a conquistar leitores?
SB – As novas gerações não gostam de western. Tex continua a ser a BD mais vendida em Itália, mas todos os meses perde leitores; pode ser que daqui a 5 ou 6 anos já não haja suficientes para o manter. Infelizmente, a BD está destinada a dar rapidamente lugar a outros divertimentos mais fáceis e cativantes.


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F. Cleto e Pina

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Tintin num só volume

Acaba de chegar ao mercado francófono uma nova edição das aventuras de Tintin que tem a particularidade de reunir num único volume a cores as 24 histórias que Hergé escreveu e desenhou. Nele, estão incluídas “Tintin no país do Sovietes”, a primeira história do herói, e “Tintin e a Arte-Alfa”, em que o autor trabalhava à data da sua morte, em Março de 1983, e que deixou inacabada, com apenas 42 pranchas pouco mais do que esboçadas e o argumento incompleto.
Num formato inferior ao habitual (193 x 250 mm), este imponente volume (com mais de 7 centímetros de altura e quase três quilogramas de peso ), tem 1694 páginas e custa 77 euros, ou não fossem as aventuras de Tintin para ”jovens dos 7 aos 77 anos”, tem uma tiragem de 35 mil exemplares, tendo a editora Casterman anunciado que não fará qualquer reedição, pelo que se transformará rapidamente num objecto de colecção.
A edição do livro antecipa a comemoração dos 80 anos do herói de poupa e calças de golfe, que se cumprem no próximo dia 10 de Janeiro.


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F. Cleto e Pina

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Original do Lótus Azul vendido por 167 000 euros

Um desenho original de Hergé, a preto e branco, feito a guache, em 1935, para ilustrar uma capa do “Le petit Vingtième” alusiva a “Tintin e o Lotus Azul”, foi vendida este fim-de-semana por 167 292 euros, apesar de as estimativas apontarem apenas para 35 mil. Mesmo assim ficou longe do recorde estabelecido pela ilustração original da capa da versão a preto e branco de “Tintin na América”, vendida por 780 mil euros em Março último. O original, foi posto à venda por alguém que trabalhou no jornal “Le XXe Siécle”, nos anos 30, e que encontrou o desenho num monte destinado ao lixo após publicação, como era costume de então.
No mesmo leilão, promovido, pela conceituada Artcurial, onde também havia originais de Bilal, Franquin, Jacobs, Pratt, Tardi, Druillet ou Morris e edições raras de álbuns de BD, esboços a lápis de carvão das pranchas 45 e 46 de “Voo 714 para Sidney” atingiram 142 500 euros, um lote de mais de 300 documentos epistolares de Hergé foi vendido por 90 mil euros e os esboços de três tiras de “Carvão no Porão” foram licitadas por 68 mil euros, mostrando que não há crise que chegue ao mercado de originais de banda desenhada, considerados valores seguros por aqueles que neles investem.


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Livro sobre Tintin adulto retirado do mercado

Autor espanhol mostra um Tintin adulto, deprimido pela perda de Milu e do Capitão Haddock; Fundação Moulinsart, detentora dos direitos sobre a obra de Hergé, proíbe reimpressão

O livro “El Loto Rosa”, escrito por António Alatarriba e com ilustrações de Ricard Castells e (do pintor hiperrealista) Javier Hernandez, lançado em Dezembro último em Espanha, a propósito do centenário do nascimento de Hergé, não será reeditado, devido às pressões exercidas pela Fundação Moulinsart, detentora dos direitos da obra do criador de Tintin.
Editado pela Edicions de Ponent, é composto por dois cadernos, o primeiro com diversos ensaios teóricos sobre a obra de Hergé e o segundo com uma ficção inédita, que totalizam mais de 100 páginas a cores, num misto de texto e ilustração, alvo de um apurado tratamento gráfico.
Com uma capa decalcada da de “O Lótus Azul”, com um Tintin (aparentemente) nu dentro do grande jarrão chinês a olhar para um sugestivo baton rosa, o livro pretendia ser, segundo explicou recentemente numa carta aberta o seu autor, professor de literatura francesa no País Basco, argumentista e especialista em BD, “uma homenagem a um autor que admiro, no qual apresento Tintin doze anos após morte do seu autor”. E continua: “Afastado de aventuras e de resoluções justiceiras, o mundo do nosso herói veio abaixo: Haddock caiu no alcoolismo, o professor Tournesol foi internado numa clínica psiquiátrica e – o pior – Milu morreu. Para tentar superar a depressão, Tintin recuperou a sua carteira de repórter, mas os tempos mudaram e só encontrou trabalho na imprensa sensacionalista cor-de-rosa”. E conclui: “a partir daí embarca numa aventura muito “tintinesca”, céptica e adulta, na qual acaba por se iniciar sexualmente”, num registo próximo do policial negro, ambientado nos meios cinematográficos.
Ao diário “El Pais” Altarriba afirmou pretender focar duas questões: “a ausência da passagem do tempo – Tintin é sempre adolescente – e a abolição da presença feminina – nas suas aventuras a única mulher é a Castafiore”.
Apesar de Tintin não surgir directamente nas imagens e nunca ser mostrado em cenas sexuais, o todo não deixou indiferente Moulinsart, que por muito menos tem posto os seus advogados em campo, que no início tentou impedir a circulação da obra, pressionando a FNAC para a retirar das prateleiras, depois ameaçando levar o caso à justiça, considerando que o relato “perverte a essência da personagem”.
Agora, as duas partes chegaram a um acordo que permite às Edicions de Ponent escoar os 1000 exemplares da edição, contra o compromisso de não reeditar a obra, o que fará dela, sem dúvida, um objecto apetecível para os coleccionadores.
Altarriba, que revela “ter aprendido francês nos álbuns de Tintin”, desabafa: “desfrutai das vinhetas enquanto vos for possível ou até onde deixarem os seus “direitodetentores”, mas muito cuidado com os modelos em que vos inspirais, com as alusões que fazeis ou com as referências que utilizais”. E conclui: “depois disto, nunca mais escreverei sobre Tintin”.


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