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Astérix e Turma da Mônica festejam meio século na Amadora

O 20º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA), que começa no próximo dia 23, fica marcado pela comemoração dos 50 anos de Astérix e companhia, revisitados através de uma mostra de coleccionismo, uma temática cada vez mais presente nas mostras de banda desenhada, e dos 50 anos de carreira de Maurício de Sousa.
Com o núcleo central mais uma vez localizado no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, o festival tem como tema “O Grande Vigésimo”, numa alusão ao seu próprio aniversário, cujas comemorações, face ao programa agora divulgado, ficam aquém do expectável, já que há muitas repetições e poucas novidades. A efeméride é revisitada na exposição central intitulada “Consequências e Heranças do FIBDA”, dividida em quatro núcleos: Almanaque, Contemporaneidade Portuguesa, Colecção CNBDI e 20 anos de Concursos.
No mesmo local estarão também exposições individuais dedicadas ao italiano Giorgio Fratini, autor do livro “Sonno Elefante – As Paredes têm Ouvidos”, que explora as memórias do edifício que serviu de sede à PIDE, aos Prémios Nacionais de 2008 (Rui Lacas, António Jorge Gonçalves, Emmanuel Lepage, Madalena Matoso e Isabel Minhós Martins) e aos portugueses Osvaldo Medina e José Garcês. Em termos colectivos, a Polónia e o Canadá são os países convidados este ano, marcando o manga presença através dos Ncreatures.
Como habitualmente, o festival, que decorre até 8 de Novembro, estende-se por vários espaços da cidade destacando-se a homenagem a Vasco Granja, na Galeria Municipal Artur Bual, o centenário de Adolfo Simões Muller, na Casa Roque Gameiro, e, no CNBDI, a retrospectiva/biográfica do argumentista Héctor Germán Oesterheld, uma das vítimas da ditadura argentina.
Entre os convidados já confirmados contam-se Maurício de Sousa, Cameron Stewart, Giorgio Fratini, C. B. Cebulski, argumentista e um dos principais caça-talentos da Marvel, Javier Isusi, Johan de Moor, Emmanuel Lepage e Carlos Sampayo, o argumentista de Alack Sinner.


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F. Cleto e Pina

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“Obrigada, patrão”, de Rui Lacas, Melhor Álbum Português de 2008

Foram divulgados ontem no 19º Festival Internacional de BD da Amadora, que decorre até ao próximo domingo, no Fórum Luís de Camões, os vencedores dos Prémios Nacionais de BD 2008.
O grande vencedor foi Rui Lacas que, com “Obrigada, patrão” (Edições ASA), conquistou os troféus para Melhor Álbum Português e Melhor Argumento Português. O livro, lançado originalmente no mercado francófono pelas Éditions Pacquet, já havia sido distinguido em 2007 como Melhor Álbum Português em Língua Estrangeira.
O prémio para Melhor Desenho Português contemplou António Jorge Gonçalves, pelo seu trabalho em “Rei” (Edições ASA), enquanto “Madalena Matoso” era distinguida com o prémio Melhor Ilustração para Livro Infantil por “O meu vizinho é um cão” (Planeta Tangerina).
“Muchacho,Tomo 2”(Edições ASA), de Lepage, foi considerado o Melhor Álbum de Autor Estrangeiro, “Zits – Amuado, Aluado, Tatuado” (Gradiva), de Jerry Scott e Jim Borgman, recebeu a distinção para Melhor Álbum de Tiras Humorísticas, e o diptíco “Blueberry: A Mina do alemão perdido”/”O Espectro das balas de Ouro” (Edições ASA/Público), de Charlier e Giraud, foi escolhido como Clássico da 9ª Arte.
“Venham + 5 nº5” (Bedeteca de Beja) recebeu o prémio para Melhor Fanzine, o Prémio Juventude (atribuído por uma turma de Artes de uma escola da Amadora) distinguiu “Wanya, Escala em Orongo” (Gradiva), de Nelson Dias e Augusto Mota, e a Câmara Municipal da Amadora atribuiu o Troféu de Honra a Victor Mesquita.


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Star Wars em destaque no Festival de BD da Amadora

A epopeia Star Wars é o grande destaque deste fim-de-semana no 19º Festival Internacional de BD da Amadora, a decorrer no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, até dia 9 de Novembro, subordinado à temática Tecnologia e Ficção-científica, revisitado sob as mais diversas formas e estilos através de pranchas originais de BD, dos anos 30 até à actualidade, enquadradas por uma espectacular concepção cénica do espaço.
Para além de uma mostra de objectos de colecção relacionados com a saga imaginada por Georges Lucas e desenvolvida também em dezenas de títulos aos quadradinhos, hoje e amanhã estará presente no FIBDA o actor Richard LeParmentier, que desempenhou o papel de “Admiral Motti”, o único personagem da Trilogia Original a afrontar Darth Vader, no filme “Episódio IV, Uma Nova Esperança”. Primeiro intérprete da saga a vir a Portugal, LeParmentier dará autógrafos e participará numa sessão de perguntas e respostas. A exibição do fan film “The Force Among Us”, as palestras “Imperial Illustrated Lecture” e “A Mitologia em Star Wars”, e workshops de construções em papel, organizadas pelo Star Wars Clube Portugal, são outros aspectos da programação relacionados com esta temática.
Hoje a amanhã, para autógrafos e conferências, estarão também presentes Maurício de Sousa (criador da Turma da Mónica), Ian Gibson (“Judge Dredd”), Rufus Dayglo (“Tank Girl”), Mathieu Sapin (“Sardine de l’Espace”) Zoran Janjetov (“Après l’Incal”) e Julio Ribera (“O Vagabundo dos Limbos”), bem como os portugueses José Ruy, Jorge Mateus, José Carlos Fernandes, Luís Henriques ou João Mascarenhas. Este último lançará o seu mais recente álbum “O Menino Triste – A Essência” (Qual Albatroz), que autografará com uma tinta especial, preparada com o seu próprio ADN.


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O futuro aos quadradinhos no Festival de BD da Amadora

Certame abre com Tecnologia e Ficção-científica como tema; pela primeira vez originais de Tex são expostos fora de Itália; Liberatore, Pat Mills, Kevin O’Neill, Dave McKean entre os convidados deste fim-de-semana

Começa hoje o 19º Festival Internacional de banda desenhada da Amadora, que vai decorrer até 9 de Novembro, no Fórum Luís de Camões, na Brandoa.
É lá que está patente o núcleo principal do festival, “Tecnologia e Ficção-científica”, que apresenta a evolução gráfica e temática da própria BD através da forma como tem abordado este tema, revisitando visões clássicas e modernas de desenhadores, argumentistas e revistas, através da obra de Alex Raymond, Christin e Meziéres, Esteban Maroto, Leo, Oesterheld, Breccia, Jodorowsky, Juan Gimenez, Janjetov, Moebius, Druillet, Pat Mills ou Kevin O’Neil. Uma panorâmica do tema na BD portuguesa (de Jayme Cortez, Fernando Bento e Vitor Péon, a Fernando Relvas, Vitor Mesquita e Luís Louro), uma colecção de objectos relacionados com a saga Star Wars e uma mostra colectiva de BD chinesa, são outras faces da forma como a 9ª arte tem mostrado o futuro (nalguns casos já presente ou mesmo passado) aos quadradinhos.
Fora desta temática, a par das exposições dedicadas aos Prémios Nacionais de BD 2007 (entre as quais “Tratado de Umbografia”, de Luís Henriques e José Carlos Fernandes, “Alguns meses em Amélie”, de Jean-Claude Denis, “Merci Patron”, de Rui Lacas, e “A trágica comédia ou cómica tragédia de Mr. Punch”, de Neil Gaiman e Dave McKean), destaque para duas exposições: “60 anos de Tex”, que apresenta pela primeira vez fora de Itália pranchas originais do famoso ranger dos fumetti (BD italiana), assinadas por Fabio Civitelli, autor da história colorida que assinalou a efeméride, Giovanni Ticci, Alfonso Font, Ernesto Garcia Seijas ou Marco Bianchini, e a retrospectiva de Liberatore, que visita o FIBDA este fim-de-semana, que ilustra o seu percurso do punk-futurista Ranxerox, a Lucy, uma mulher pré-histórica tratada com um soberbo desenho ultra-realista.
Para sessões de autógrafos e conversas, sábado e domingo o FIBDA acolherá igualmente Pat Mills, Kevin O’Neill, Dave McKean, Esteban Maroto, Li Hong, João Mascarenhas, José Carlos Fernandes ou Luís Henriques, merecendo destaque o lançamento de“Histórias do Lápis Mágico” (Viarco), de Rui Sousa, e “Camões, De vós não conhecido nem sonhado” (Plátano), de Jorge Miguel, bem como os workshops com Tara McPherson (autora de capas para Depeche Mode e Duran Duran) e de Construções em Papel Star Wars.


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Actor de Star Wars no Festival de BD da Amadora

Richard LeParmentier, que desempenhou o papel de “Admiral Motti”, o único personagem da Trilogia Original a afrontar Darth Vader, no filme “Episódio IV – Uma Nova Esperança”, estará no Festival de BD da Amadora, nos dias 1 e 2 de Novembro. O programa, subordinado ao tema “Tecnologia e Ficção-científica”, inclui uma mostra de objectos da saga Star Wars, complementada com palestras, workshops e filmes.


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Amadora em destaque na homenagem a José Ruy

“Como se desenham os sonhos – Homenagem a José Ruy” é o título da exposição que o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem da Amadora inaugura amanhã, quinta-feira, pelas 19 horas.
A mostra, que inclui os originais dos álbuns “Levem-me nesse sonho – História da Cidade da Amadora em Banda Desenhada” e “Levem-me nesse sonho… acordado” (uma versão mais actualizada daquele), para além da homenagem ao autor, um veterano dos quadradinhos nacionais, pretende também destacar a cidade e o seu património e a sua importância na divulgação das histórias aos quadradinhos. A exposição, patente até Março de 2009, dá também relevo ao processo criativo do autor: ideia, guião, planificação, esboços, textos, aplicação da cor e acompanhamento da impressão, sendo mostrados alguns dos elementos que utilizou como documentação para aquelas obras, nomeadamente fotografias da época e actuais de alguns dos elementos patrimoniais mais significativos da cidade, bem como objectos pessoais do autor.
José Ruy, que nasceu na Amadora a 9 de Maio de 1930 e conta já mais de seis décadas de dedicação aos quadradinhos, é o autor português de BD com mais títulos editados – 42 álbuns, fora reedições, versões estrangeiras, brochuras ou participação em obras colectivas – tendo doado o seu espólio, constituído por mais de 5000 originais, ao CNBDI.


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Caminhos para a BD em Portugal

O corvo III – Laços de família
Luís Louro (desenhos) e Nuno Markl (argumento)
Edições ASA
13,00 €

Evereste
Ricardo Cabral
Edições ASA
10,00 €

Obrigada, patrão
Rui Lacas
Edições ASA
15,00 €

O lançamento, no recente Festival de BD da Amadora, de uma dezena de obras de autores portugueses, longe de ser um atestado de vitalidade dos quadradinhos nacionais, reflecte a importância do evento enquanto local privilegiado para os autores e as suas obras encontrarem – e serem encontrados – os/pelos seus leitores. Até porque parte – pela tiragem reduzida ou por opção editorial – não tem sequer distribuição nacional, o que torna mais difícil chegarem aos seus (potenciais) leitores. Três deles mostram alguns caminhos que se abrem (podem abrir…) à BD em Portugal.
Em “O Corvo III – Laços de família”, Luís Louro, criador e até agora autor completa do Corvo, o (pobre) super-herói português que percorre as ruas de Lisboa com Robin, a sua bicicleta, às costas, decidiu apelar a Nuno Markl para a escrita do argumento, e há que reconhecer que a aposta foi ganha, a dois níveis. Logo à partida, pela associação de uma “celebridade” ao livro, o que lhe dá maior visibilidade; depois, porque o humor de Markl adapta-se bem ao desastrado super-herói, tendo originado uma aventura divertida e bem-disposta (que só peca por parecer curta demais), que faz a ponte com os anteriores álbuns, continuando a revelar-nos alguns dos estranhos super-heróis (bem) nacionais e a traçar um retrato sentido de uma certa Lisboa típica. E que tem alguns achados, mostrando a familiaridade de Markl com a temática, começando logo pela abertura, no cemitério, que evoca ambientes e poses típicos dos super-heróis (a sério), em especial do Homem-Aranha, para os desmistificar com o bem conseguido desfecho. Quanto a Louro (até neste texto quase esquecido – este é o perigo destas “parcerias”) continua igual a si próprio com o seu traço solto e dinâmico e uma planificação fluida que pontua o ritmo da história.
Quanto a “Evereste”, ancora-se na realidade contemporânea portuguesa ao adaptar aos quadradinhos o livro no qual o alpinista João Garcia conta a sua trágica ascensão ao cume do Evereste. Nele, o traço de Cabral umas vezes surge algo tolhido, talvez demasiado preso à documentação fotográfica que lhe terá servido de base, e noutras explode em belas imagens panorâmicas que nos ajudam a compreender a imensidão das montanhas cobertas de neve e a dimensão da proeza de João Garcia, assim transformado em herói (nacional), fazendo relembrar hábitos de tempos em que a censura limitava (forçava…) as escolhas dos autores.
Finalmente, “Obrigada, patrão” recordou-me (em antítese) os muitos autores que, ao longo dos muitos anos que levo ligado à BD, dizem não criar por não terem onde publicar, porque Rui Lacas, numa atitude rara entre nós, com umas quantas dezenas de pranchas prontas, foi ao festival de BD de Angoulême, França, mostrá-las. Encontrou editor na Suiça (Paquet), no ano passado e, só depois, agora, em Portugal. O seu desenho tem por base uma linha clara de traço grosso, expressiva e muito dinâmica, com multiplicidade de enquadramentos e belos achados, como a utilização de palavras como onomatopeias, tudo pintado predominantemente por tons de ocre, amarelo e castanho, que evocam a região onde se passa a história, a Zambujeira e o seu clima sufocante. Como sufocante é a narrativa, um retrato amargo da relação entre os senhores das terras e os trabalhadores rurais, mostrando como as prepotências daqueles cerceiam os sonhos destes, como as ilusões da infância podem ser espezinhadas pelas (tristes) realidades da idade adulta, e que culmina com um inesperado toque de humor negro, que valoriza o todo.


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Festival de BD da Amadora volta à Brandoa em 2008

Lewis Trondheim, fundador de L’Association é a grande figura do fim-de-semana; Festival da Amadora termina domingo; Mais lançamentos portugueses hoje

Termina domingo, dia 4, o 18º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, cujo tema central é “Maioridade”, já “atingida pelo festival em termos de idade”, nas palavras de Nélson Dona, o seu responsável, mas entendida pelos organizadores “como o questionar constante do nosso papel, do que fazemos e de como podemos dar resposta ao mundo editorial e ao público leitor, sempre em mudança”. Maioridade demonstrada pela “afirmação do festival como uma referência cultural a nível nacional” e pela sua “presença ino calendário internacional”, mas questionada por alguns pela pouca atenção dedicada aos comics (BD americana) e aos manga (BD japonesa), opção justificada por Nélson Dona, “pela pouca expressão editorial que esses géneros têm em Portugal”. No entanto, reconhece que ” são nichos de mercado muito importantes, preferidos pelo público mais jovem, por isso é nossa intenção inclui-los em programações futuras, sempre que a sua temática ou qualidade artística o justifiquem”. E confidencia que “está em estudo, em cooperação com o Festival de Angoulême (França) uma exposição sobre BD chinesa”, que, no entanto, não “deverá ser já para 2008”.
Aliás, certos no programa do próximo ano, “se aceitarem os convites, apenas os premiados deste ano: Luís Henriques e Jean-C. Denis”, decorrendo contactos com “autores importantes nos seus países, mas pouco conhecidos entre nós por estarem fora dos circuitos comerciais europeu e norte-americano”.
Para os últimos dias, que contarão com a presença de Lewis Trondheim, fundador da editora L’Association, que mudou a forma de ver e editar BD em França, Zidrou, Sapin e de membros do colectivo Les Requins Marteaux, Nélson Dona destaca, “em primeiro lugar, a exposição monográfica de Alain Corbel e “Salazar, Agora na Hora da sua Morte”, de Miguel Rocha e João Paulo Cotrim, dois autores portugueses determinantes e com um trabalho extraordinário; em segundo lugar, o trabalho de renovação e de ocupação do espaço do Fórum Luís de Camões”, na Brandoa, onde o núcleo central do evento tem lugar pelo segundo ano consecutivo, realçando “o destaque dado ao livro, quer pela criação de zonas de leitura, quer pelo melhoramento da zona comercial, mais confortável para expositores e visitantes”. A melhor ocupação do espaço tem sido consensual entre os visitantes, sendo assim boa notícia a confirmação que o FIBDA de 2008 também lá terá lugar, como já “anunciou o Presidente da Câmara na abertura do festival”.

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Lançamentos em português
1 de Novembro
“Evereste” (ASA); de Ricardo Cabral
“Bang Bang” (PedranoCharco), de Hugo Teixeira
“Formas de Pensar a BD – Entrevistas do BDesenhada.com” (PedranoCharco), de Nuno Pereira de Sousa
3 de Novembro
“ABZ do Sexo” (Arte Plural Edições), António Pedro Nobre e Manuel Sousa Fernandes


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“Tratado de Umbrografia” multipremiado na Amadora

José Carlos Fernandes e Luís Henriques distinguidos pela crítica e pelo público

“Tratado de Umbrografia”, primeiro volume das “Black Box Stories”, editado pela Devir, foi o grande vencedor dos Prémios Nacionais de Banda Desenhada, anunciados ontem durante o Festival Internacional de BD da Amadora, que está a decorrer no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, até 4 de Novembro. Para além de ter sido considerado o Melhor Álbum Português editado entre a anterior edição do Festival e a actual, viu os seus autores, José Carlos Fernandes e Luís Henrique, distinguidos, respectivamente, como Melhor Argumentista e Melhor Desenhador. O álbum foi ainda premiado com o Prémio Juventude, atribuído pelo público. “Tratado de Umbrografia” é uma colectânea de histórias curtas, nas quais Fernandes, com a ironia que o caracteriza, explana alguns dos seus temas recorrentes como os sonhos, o mundo da arte moderna, a sociedade de consumo ou a massificação, que Luís Henrique ilustra, adequando a cada uma o traço, a paleta cromática e a planificação.
Instituído este ano, o troféu para o Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira, coube a “Merci Patron” (Éditions Paquet”, de Rui Lacas, há dias lançado no FIBDA, em português, pela ASA, sob o título de “Obrigada, patrão”. Da mesma editora é “Alguns meses em Amélie”, de Jean-C. Denis, escolhido como o Melhor Álbum Estrangeiro editado em português, enquanto que o troféu Clássicos da 9ª Arte foi atribuído a “A Trágica Comédia ou Cómica Tragédia de Mr. Punch” (Vitamina BD), de Neil Gaiman e Dave McKean.
Nuno Markl conquistou o Troféu para Melhor Álbum de Tiras Humorísticas com “Há vida em Markl – Opus 2” (Gradiva) e Carla Pott o prémio para Melhor Ilustração para Literatura Infantil, por “O bicharoco que era oco” (Pena Azul). “Venham +5”, da Bedeteca de Beja o de Melhor Fanzine e o Troféu de Honra foi entregue ao autor brasileiro Ziraldo, um dos convidados do festival deste ano, onde hoje ainda está Milo Manara, o mestre da banda desenhada erótica.


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F. Cleto e Pina

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A maioridade na Amadora

Festival de Banda Desenhada começa hoje; Ziraldo, Cameron Stewart, Achdé e Gerra, autores de Lucky Luke, presentes este fim-de-semana; Previsto o lançamento de uma dezena de obras de autores portugueses

Começa hoje a 18ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que abre as suas portas para o fantástico mundo dos quadradinhos até 4 de Novembro. Do programa, destaque para as exposições “Salazar, Agora na Hora da sua Morte”, sobre a obra de Miguel Rocha e João Paulo Cotrim, que venceu os Prémios Nacionais de BD para Melhor Álbum Português, Melhor Argumento e Melhor Desenho, em 2006, “As 10 BD’S do Século XX” (passeio pelos universos de “Little Nemo in Slumberland”, “Krazy Kat”, “Tintin”, “Batman”, “Spirit”, “Peanuts”, “Astérix”, “Blueberry”, “Corto Maltese” e “Maus”, “Astérix e seus Amigos”, uma homenagem de diversos autores a Uderzo, pelos seus 80 anos, e o espaço dedicado às novidades editoriais e a projectos em curso nacionais. Aliás, é de salientar o facto de estar previsto o lançamento, durante o FIBDA, de mais de uma dezena de obras de autores portugueses.
O tema desta edição, no ano em que o FIBDA comemora 18 anos, é “Maioridade” mas, como em qualquer ser humano, não é o simples atingir do patamar dos 18 anos que concede aquele estado. Esta opinião é partilhada por diversos intervenientes ligados à 9ª arte nacional, que referiram ao JN alguns aspectos em que, segundo eles, o Festival necessita de crescer. À cabeça é apontada o local de realização do festival que este ano se mantém no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, reconhecidamente com as características logísticas necessárias para albergar um evento deste tipo, mas mal situado em termos de acessibilidade. Por isso João Miguel Lameiras, crítico e livreiro, aponta a necessidade “de arranjar uma casa fixa, em vez de mudar de dois em dois anos”, sendo secundado por Geraldes Lino, especialista em fanzines, que pede que “o núcleo principal se localize, definitivamente, num ponto central da Amadora, como era a saudosa Fábrica da Cultura”.
Puxando a brasa à sua sardinha, Marcos Farrajota e Teresa Câmara Pestana, autores e editores de fanzines, gostariam, respectivamente, de mudar “tudo” e de “ter os autores marginais como principal atracção do festival”, enquanto que Machado Dias, editor da pedranocharco e do “BDJornal” apostaria numa “equipa organizadora maior com um orçamento compatível”, a quem Lameiras pediria “uma maior profissionalização”.
Outro ponto referido, por José Freitas, editor da Devir, é a obrigatoriedade de “uma maior ligação com a realidade efectiva do público e dos seus interesses, ou seja, deixar de fazer um FIBDA para leitores de BD franco-belga com mais de 50 anos e admitir finalmente que o público de BD de hoje não é o mesmo de há dez ou quinze anos atrás”, pois prefere comics de super-heróis e manga (BD japonesa).
A mesma ideia é partilhada por Hugo Jesus, responsável pelo portal Central Comics, que pede à organização para “virar o festival para um publico mais jovem” e “para apostar definitivamente na área comercial”, desejo indirecto de José Freitas quando sugere ao FIBDA para “passar a olhar minimamente para o mercado para saber o que se editou e o que vende”. José Carlos Fernandes, o mais destacado autor português dos últimos anos, pensa que a maioridade só será atingida se (e quando) “houver um mercado saudável de BD em Portugal” pois, “se houver mercado, surgem editoras e autores nacionais”; sem isso, “o FIBDA será sempre a fachada enganadora de um edifício inexistente”. O que reitera Lameiras que, considerando “as crises de adolescência do Festival um reflexo das debilidades do próprio mercado nacional de BD” tem algumas reservas “pois o estado semi-comatoso do mercado deixa antever um prognóstico reservado quanto ao futuro do festival…”. 

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Destaques

Do programa do primeiro fim-de-semana do Festival de BD da Amadora, enquanto se aguarda por Manara (a 27 e 28) e Trondheim (3 e 4 de Novembro) destaca-se a presença do brasileiro Ziraldo, autor, entre outros títulos destinados à infância, de “O Menino Maluquinho”, Achdé e Guerra, actuais responsáveis de Lucky Luke, Cameron Stewart, desenhador de “Cat Woman”, “B.P.R.D.” ou “Seaguy”, Ilan Manouach, Godi, Zidrou e Jean-Louis Marco.
No que respeita a lançamentos, destaque para o regresso do Corvo, o mais desajeitado super-herói português, em “Laços de Família” (ASA), com desenhos de Luís Louro e argumento de Nuno “Homem-que-mordeu-o-cão” Markl, a par do sexto e derradeiro volume de “A Pior Banda do Mundo” (Devir), de José Carlos Fernandes.
Terão também apresentação “Obrigado patrão” (ASA), que Rui Lacas lançou este ano nas Éditions Pacquet”, “SuperPig #3”, de Carlos Pedro e Mário Freitas, e “C.A.O.S.#3”, de Filipe Teixeira, Fernando Dordio Campos e Carlos Geraldes (ambos da Kingpin Comics), “Sexo, Mentiras e Fotocópias”, de Álvaro, “Portfólio”, de José Abrantes, bem como das revistas “BDjornal #20” e “BDVoyeur #2” (pedranocharco).


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