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Amadora BD, 20 anos depois

A abertura oficial do Amadora BD ’09 tem lugar hoje, às 21h30, no Fórum Luís de Camões, estando o público convidado para ir festejar as histórias aos quadradinhos e os 20 anos do evento a partir de amanhã, sábado.

A efeméride fica desde logo assinalada pela mudança de designação, tendo o mais pesado Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora dado lugar ao mais simples e chamativo Amadora BD, e também pela realização pelo terceiro ano consecutivo num espaço que se tem revelado amplo e polivalente e que a organização tem conseguido organizar e tornar acolhedor.
É lá que está o núcleo central do evento, subordinado ao pouco inspirado mote “O Grande Vigésimo”, onde se destaca um olhar aprofundado sobre o passado do festival, que marcou de forma incontornável a forma como a BD é vista no nosso país, através das mostras “Almanaque”, que evoca as duas décadas do evento, “Contemporaneidade Portuguesa”, sobre os autores nacionais em actividade”, “Colecção CNBDI”, uma selecção das pranchas que ao longo do ano este organismo tem recolhido junto dos autores que passaram pela Amadora, e “20 anos de Concursos”, mostrando-os como meio de descoberta de novos talentos, pois por ele passaram nomes como José Carlos Fernandes, Filipe Andrade, João Fazenda ou Rui Lacas.
Este último, criador da imagem em que assenta a linha gráfica este ano e um dos vencedores dos Prémios Nacionais de BD 2008 que o evento patrocina, é um dos autores em destaque no Amadora BD, que mais uma vez acarinha a produção nacional dedicando também exposições a José Garcês, Osvaldo Medina, António Jorge Gonçalves e José Ruy (esta na Escola Superior de Teatro e Cinema). Em termos de criadores estrangeiros, a América do Sul pintada por Emannuel Lepage e as memórias da antiga sede da PIDE exploradas pelo italiano Giorgio Fratini, são mais dois motivos de interesse para visitar o festival.
Num ano de aniversário redondo, destaque para as cinco (justas) homenagens que o festival promove (ver caixa), que ajudam a dar o tom festivo que o seu historial merece.
O manga, género preferido pelos mais jovens, marca presença através do estúdio NCreatures, sendo também colectivas as mostras dedicadas à 9ª arte da Polónia e do Canadá, os países convidados este ano, merecendo destaque, neste último caso, a obra de Cameron Stewart, que estará presente este fim-de-semana na Amadora, assim como
Emmanuel Lepage, Carlos Sampayo, Oscar Zarate e o caça-talentos da Marvel C.B. Cebulski, bem como os portugueses José Ruy, Rui Lacas, Filipe Pina, Filipe Andrade, David Soares, Osvaldo Medina, Nuno Duarte e João Mascarenhas, entre outros. Amanhã, serão lançados no festival “Mucha”, de David Soares, Osvaldo Medina e Mário Freitas, e “TX Comics”, de Cameron Stewart, Karl Kerschl e Ramon Perez (ambos da Kingpin Books).

[Caixa]

20 anos, 5 homenagens

Maurício de Sousa

Fórum Luís de Camões
O criador da Turma da Mônica terá duas exposições: uma de originais de cinco décadas de carreira e outra com a visão personalizada dos seus heróis feita por autores brasileiros para o livro “MPS 50”.

Astérix

Fórum Luís de Camões
Os 50 anos de Astérix são evocados através de uma mostra de coleccionismo, composta por brindes publicitários, copos, álbuns antigos e figuras em pvc, nacionais e estrangeiros.

Adolfo Simões Muller

Casa Roque Gameiro
Originais de Fernando Bento, condecorações e primeiras edições relembram o director do “Papagaio”, “Diabrete”, “Cavaleiro Andante” ou “Foguetão”, onde estreou Tintin ou Astérix.

Héctor Oesterheld

CNBDI (até Fevereuro de 2010)
Morto pela ditadura militar argentina, o argumentista de Pratt (em “Sargento Kirk”) ou Breccia (“Mort Cinder”), é revisitado através de retratos, textos, revistas e pranchas de BD.

Vasco Granja

Galeria Municipal Artur Bial
O seu papel fundamental na divulgação do cinema de animação (na RTP) e da BD (na revista “Tintin”), evocado numa exposição sobre o cidadão e as suas áreas de interesse.


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Terry, os piratas e belas mulheres nasceram há 75 anos

Há exactamente 75 anos o Chicago Tribune estreava nas suas páginas uma das mais elogiadas bandas desenhadas de aventuras de todos os tempos: “Terry and the Pirates”.
Nela, Terry Lee, um jovem americano, inteligente e dinâmico, chega à China em companhia de Pat Ryan, em busca de uma mina legada por um tio. Era o início de uma longa viagem, por um país que na época era sinónimo de mistério, exotismo e desconhecido, no qual conheceram a graciosa Dale Scott e o “telível” e “tlapalhão” chinês Connie, e enfrentaram sanguinários piratas e belas e sensuais mulheres fatais, entre as quais a enigmática vilã Dragon Lady, inspirada em Marlene Dietrich, a sofisticada Normandie Drake ou a intrigante Burma, que ficaram como imagens marcantes da série, uma das primeiras a fazer alusão ao sexo na imprensa norte-americana.
O seu autor era Milton Caniff, citado como referência por Pratt, Eisner ou Kirby, pelo seu traço realista rigoroso, expressivo e dinâmico, e pelo magistral uso do pincel para definir os contrastes de luz e sombra, com os quais deu corpo a intrigas palpitantes, plenas de mistério, acção, algum humor e, progressivamente, com uma consistente base documental.
Com a invasão de Pearl Harbour pelos japoneses, Caniff colou-se à realidade e alistou Terry no exército americano para os combater mas, no início de 1946, deixaria os seus heróis a George Wunder, que, sem grande brilho, fez de Terry soldado profissional, envolvido na guerra fria contra chineses, comunistas e vietnamitas, num longo declínio que se prolongaria até ao seu final, em Fevereiro de 1973. Uma curta ressurreição, entre 1995 e 1997, não deixou saudades.
Há dois anos, assinalando o centenário de Caniff (1907-1988), autor também da pin-up “Male Call” e do aviador “Steve Canyon”, as tiras e pranchas dominicais de “Terry and the Pirates” de sua autoria foram reunidas pela IDW Publishing, em seis luxuosos volumes.


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Astérix poderá ter novos autores

Quem sucederá a Uderzo? Esta pergunta, que há anos se vem ouvindo nos meios da BD e que ganhou maior actualidade no início deste ano, quando o desenhador de Astérix decidiu ceder ao grupo Hachette a autorização para continuar as aventuras do pequeno guerreiro gaulês após a sua morte, pode estar prestes a ter uma resposta.
Em entrevista concedida esta semana à agência de notícias francesa AFP, o autor reiterou o desejo que Astérix lhe sobreviva e referiu o bom trabalho que tem sido feito pelos irmãos Frédéric e Thierry Mébarki, contratados para fazerem ilustrações para publicidade e merchandising, que muitas vezes têm passado como feitas pelo próprio Uderzo. Os dois já o auxiliaram na passagem a tinta e na aplicação das cores no álbum “O céu cai-lhe em cima da cabeça”, pelo que a hipótese de desenharem futuras histórias de Astérix ganha força.
Para além disso, não passou despercebida a ninguém a presença do argumentista Christophe Arleston, autor de sucessos como “Trolls de Troy” e “Lanfeust de Troy” e de várias das histórias de homenagem incluídas nos álbuns “Uderzo visto pelos seus amigos” e “Astérix e os seus amigos”, na conferência de imprensa do passado dia 9, em que Uderzo falou sobre o álbum “O Aniversário de Astérix e Obélix – O Livro de Ouro”, que será posto à venda em 15 países europeus, Portugal incluído, no próximo dia 22. Dados os 72 anos de Uderzo e os problemas físicos que tem na mão direita, com que desenha, este poderá ser o último título ilustrado por ele, embora na mesma entrevista tenha revelado possuir “uma vaga ideia” para uma próxima história, havendo rumores de que as novas aventuras de Astérix poderão começar já em 2010.
Entretanto, anteontem, Uderzo e Anne Goscinny, a filha do argumentista de Astérix, falecido em 1977, descerraram uma placa evocativa na fachada do nº 3 da Rue des Rameaux, em Bobigny, onde Astérix foi criado em 1959, em apenas duas horas (!), num apartamento do terceiro andar, onde Uderzo então habitava. Depois, na Universidade de Paris 13, o desenhador foi distinguido com o diploma de honra do estabelecimento, tal como Goscinny, este a título póstumo. Neste mesmo local foi inaugurado o evento “Drôles de Gaulois”, que durará até 30 de Novembro, que inclui jornadas científicas, exposições e cinema de animação evocando o nascimento de Astérix em Bobigny e estabelecendo um paralelo entre os gauleses da BD e aqueles a arqueologia descreve.
A outro nível, os 50 anos de Astérix originaram diversos produtos de colecção e merchandising, destacando-se, em França, um Obélix em resina pintada à mão, com 1,40 m de altura, de que o atelier especializado Leblon-Delienne fez apenas 125 exemplares, pelo preço módico de 3990 €, e uma peça do estúdio Attakus, que imortaliza as célebres zaragatas entre gauleses, com 42 cm de largura e 37 de altura, que obriga a despender 1500 € para adquirir um dos 500 exemplares fabricados. Para outras bolsas, existe a colecção de oito figuras alusivas ao novo álbum oferecida pelos ovos Kinder, também disponível em Portugal. Igualmente no nosso país, a editora ASA preparou diversos brindes publicitários, entre os quais ímanes, bases para rato, placas metálicas, agendas, cadernetas de postais e posters, oferecidos na compra da novidade ou de títulos do fundo de catálogo.


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E há 50 anos Crumb criou Fritz the Cat

Há 50 anos, Robert Crumb, nascido em 1943, esboçava Fritz the Cat, longe de imaginar o sucesso que lhe traria uma personagem inspirada num gato que teve em criança e na personagem então criada para divertir as suas irmãs e que só seria impresso cinco anos mais tarde.
Marco na história da banda desenhada underground norte-americana, de que muitos consideram Crumb o pai, Fritz é um animal antropomórfico, que serviu ao autor para criticar de forma ácida e mordaz a América dos anos 60 e a suacultura pop, em narrativas delirantes e politicamente incorrectas, em que tudo é questionado. Nas primeiras histórias o traço de Crumb, onde se reconhecem ainda influências de Disney, é limpo e despojado, rápido e ágil, como se a urgência de narrar a tal obrigasse, mas, com o passar dos anos, emerge o estilo personalizado do autor, mais impressivo e sujo e com os cenários bem preenchidos.
Morador numa grande cidade, preguiçoso, egocêntrico, interesseiro, volúvel, sem princípios éticos ou morais, provocador de conflitos e desejoso de experiências sexuais com qualquer fêmea, independentemente da sua raça, o felino fez de Crumb tudo aquilo que ele não desejava: um autor respeitado e aclamado, com a sua criação transformada num objecto de desejo da sociedade de consumo. A boa aceitação da longa-metragem com o seu nome, dirigida por Ralph Bakshi, em 1972 – que foi o primeiro filme de animação a ser classificado para adultos nos EUA – foi a gota de água, que levou o desenhador a decidir acabar com a ele. Isso sucederia nesse mesmo ano, em “The death of Fritz the Cat”, em que o felino morre às mãos de uma ex-namorada, uma avestruz neurótica e enciumada, armada com um picador de gelo, ainda antes da estreia do segundo filme animado, “The nine lives of Fritz the Cat” (1974).
Publicado inicialmente na revista “Help” e depois em alguns jornais e em publicações underground, “Fritz the cat”, cujas histórias, pin-ups e ilustrações diversas continuam a ser regularmente reeditadas, fez uma breve aparição em Portugal, no jornal “Lobo Mau” (1979).


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Obama e Homem-Aranha juntos em Portugal

A revista “Homem-Aranha #87“, já distribuída nos quiosques portugueses, traz a banda desenhada em que Barack Obama encontra o Homem-Aranha, que foi alvo de grande atenção mediática aquando da sua publicação original nos Estados Unidos, em Janeiro deste ano.
A acção das cinco páginas escritas por Zeb Wells e desenhadas por Todd Nauck e Frank D’Armata, decorre minutos antes da cerimónia de tomada de posse do Presidente, quando surgem em cena dois Obama, sendo necessária a intervenção do Homem-Aranha que descobre que um deles é o vilão Camaleão, prendendo-o e permitindo que a cerimónia decorra sem problemas.
A capa desta edição brasileira, protagonizada pelo Presidente norte-americano, é a que foi mais disputada nos EUA, onde a revista “The Amazing Spider-Man #583”, teve quatro reimpressões, sempre com capas diferentes, sendo o comic mais vendido dos últimos anos.


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Pessoas que não sabem desenhar na Mundo Fantasma

É inaugurada hoje, sábado, na galeria Mundo Fantasma, situada na livraria especializada em banda-desenhada com o mesmo nome, no Centro Comercial Brasília, no Porto, uma exposição do português Esgar Acelerado.
Ilustrador, com ligações à banda-desenhada, onde assinou, entre outros, os argumentos de “Superfuzz”, página semanal publicada no (então) jornal semanário “Blitz”, protagonizada pelo Paiva, gerente de uma loja de discos e à edição musical alternativa, através da sua editora, LowFly Records, Esgar Acelerado demonstra, com esta exposição, composta por instantâneos de gente e situações comuns (ou nem tanto), sem margens para dúvidas, que há pessoas que não sabem desenhar.
A mostra é constituída por 25 giclées (impressões digitais de alta qualidade), em edições limitadas de cinco exemplares, assinados pelo autor e disponíveis para venda, e pode ser visitada até ao próximo dia 4.
Também hoje, às 16.30 horas, e no Porto, na livraria Central Comics, é apresentado o álbum “BRK”, com a presença dos autores, Filipe Pina (argumento) e Filipe Andrade (desenho).


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Prendas para Astérix nos seus 50 anos

Em conferência de imprensa realizada ontem, quinta-feira, em Paris, Albert Uderzo revelou o título e a capa do novo álbum de Astérix que chegará simultaneamente às livrarias de 15 países – Portugal incluído – no próximo dia 22, uma semana antes do herói completar 50 anos de vida, já que a sua estreia se deu no número inaugural da revista “Pilote”, publicada a 29 de Outubro de 1959.
O 34º álbum das aventuras do pequeno guerreiro gaulês intitula-se “O Aniversário de Astérix e Obélix – O Livro de Ouro”, tem 56 páginas e é constituído por histórias curtas inéditas, com ligação entre si. Como fio condutor está um convite endereçado pelo chefe da aldeia, Matasétix, aos cerca de 300 personagens que ao longo dos anos se cruzaram com os gauleses, entre as quais Júlio César, Cleópatra ou o capitão dos piratas, para virem à aldeia com um presente de aniversário para Astérix e Obélix. “A minha intenção foi que todos os que apareceram nos álbuns pudessem manifestar-se neste aniversário”, explicou o desenhador, que também assina os argumentos desde 1977, data da morte de René Goscinny. O álbum, que inclui ainda um texto inédito deste último, entre outras surpresas contém algumas paródias a obras-primas da pintura e escultura, cujos originais serão expostos nos jardins do Museu de Cluny, em Paris, de 22 de Outubro a 3 de Janeiro de 2010.
A tiragem mundial do álbum ronda os três milhões e meio de exemplares, dos quais 1,1 milhões em França. A tiragem da edição portuguesa, naturalmente mais modesta, é de 60 mil exemplares, mesmo assim mais dez mil dos que os inicialmente previstos, dada a procura que o título já tem tido.


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Herdeiros de Kirby reclamam os direitos de 45 heróis Marvel

Os herdeiros de Jack Kirby, um dos maiores desenhadores de super-heróis de sempre, iniciaram um processo para reaver os direitos sobre 45 personagens Marvel, tendo contratado para o feito o advogado que conseguiu um semi-êxito no caso que opôs os herdeiros de Jerry Siegel, co-criador de Superman, à DC Comics.
Kirby, falecido em 1994, é reconhecido como co-autor do Capitão América, Quarteto Fantástico, Homem-de-Ferro ou X-Men, cujas primeiras histórias desenhou, mas segundo os seus quatro filhos terá participado também na criação e/ou na concepção gráfica de outros heróis Marvel, entre os quais o Homem-Aranha, que seria inspirad numa criação sua dos anos 50. Aliás, só não foi Kirby a desenhá-lo porque Stan Lee, o argumentista, pretendia um herói menos atlético e por isso recorreu a Steve Ditko.
Segundo a lei norte-americana, um criador pode recuperar os direitos autorais vendidos a uma empresa, 56 anos após a primeira publicação da personagem, desde que expresse esse desejo dez anos antes do prazo terminar. Ora, a cessação de direitos do Quarteto Fantástico cumpre-se em 2017, os do Homem-Aranha e do Hulk em 2018 e os dos X-Men em 2019. No entanto, mesmo perdendo os direitos, a Marvel continuaria detentora das marcas registadas que permite a publicação e comercialização das personagens, mas alguns analistas admitem que este processo possa atrapalhar a recém-anunciada compra da companhia pela Walt Disney Company, que ainda não foi rectificada pelos accionistas desta última. Para já, os herdeiros de Kirby notificaram aquelas duas empresas e também os diversos estúdios que têm transposto os super-heróis Marvel para o cinema.


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Astérix e Turma da Mônica festejam meio século na Amadora

O 20º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora (FIBDA), que começa no próximo dia 23, fica marcado pela comemoração dos 50 anos de Astérix e companhia, revisitados através de uma mostra de coleccionismo, uma temática cada vez mais presente nas mostras de banda desenhada, e dos 50 anos de carreira de Maurício de Sousa.
Com o núcleo central mais uma vez localizado no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, o festival tem como tema “O Grande Vigésimo”, numa alusão ao seu próprio aniversário, cujas comemorações, face ao programa agora divulgado, ficam aquém do expectável, já que há muitas repetições e poucas novidades. A efeméride é revisitada na exposição central intitulada “Consequências e Heranças do FIBDA”, dividida em quatro núcleos: Almanaque, Contemporaneidade Portuguesa, Colecção CNBDI e 20 anos de Concursos.
No mesmo local estarão também exposições individuais dedicadas ao italiano Giorgio Fratini, autor do livro “Sonno Elefante – As Paredes têm Ouvidos”, que explora as memórias do edifício que serviu de sede à PIDE, aos Prémios Nacionais de 2008 (Rui Lacas, António Jorge Gonçalves, Emmanuel Lepage, Madalena Matoso e Isabel Minhós Martins) e aos portugueses Osvaldo Medina e José Garcês. Em termos colectivos, a Polónia e o Canadá são os países convidados este ano, marcando o manga presença através dos Ncreatures.
Como habitualmente, o festival, que decorre até 8 de Novembro, estende-se por vários espaços da cidade destacando-se a homenagem a Vasco Granja, na Galeria Municipal Artur Bual, o centenário de Adolfo Simões Muller, na Casa Roque Gameiro, e, no CNBDI, a retrospectiva/biográfica do argumentista Héctor Germán Oesterheld, uma das vítimas da ditadura argentina.
Entre os convidados já confirmados contam-se Maurício de Sousa, Cameron Stewart, Giorgio Fratini, C. B. Cebulski, argumentista e um dos principais caça-talentos da Marvel, Javier Isusi, Johan de Moor, Emmanuel Lepage e Carlos Sampayo, o argumentista de Alack Sinner.


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“Sinto-me uma criança a contar histórias a outras crianças!”

Diz Artur Correia, autor do “Romance da Raposa” em BD

Chama-se Artur Correia, nasceu em Lisboa a 20 de Abril de 1932, tem uma vida dedicada à BD e ao cinema de animação e o pretexto para a conversa foi o lançamento recente do “Romance da Raposa”, baseado na obra de Aquilino Ribeiro.

Iniciou a carreira “aos 14 anos, no “Papagaio”, após o curso na Machado de Castro”, mas desde “os sete que copiava tudo o que era bonecada, influenciado pelo “Mosquito” que era mentor e substituía o cinema, enquanto influenciador da nossa fantasia”. No site que o filho lhe dedicou evoca que “na altura recebia 7$50 por ilustração e 20 escudos por página ou capa” e confessa que era um dos que “alargava os desenhos das histórias do Tim-Tim” (era assim que então se escrevia), “transformando uma prancha única numa dupla, para ocupar a página central”!
Autodidacta, com formação “baseada apenas no gosto pelo desenho, feita no contacto com mestres da BD e ilustradores”, conseguiu através da banda desenhada – “de que outra maneira poderia comunicar?” – suprir a necessidade de transmitir “pensamentos, humores, alegria, etc.”. A opção pelo traço humorístico e pelo tom infanto-juvenil surgiu da sua preferência por obras nesse estilo “com que alimentava aquela parte de criança que vive em nós”! É com ele que chega melhor às crianças, que adora, e revela que ao criar BD se sente “como uma criança a contar histórias a outras crianças”! O que fez no “Camarada”, “Cavaleiro Andante”, “Fagulha” ou “Pisca-Pisca”, em histórias como “As Aventuras de Dom João e Cebolinha”, “O Neto de Robin dos Bosques” ou “Madrepérola em vaso”. Ou, mais recentemente, nos álbuns “História Alegre de Portugal” ou “Super-Heróis da História de Portugal”.
Com uma passagem de quase 30 anos (1965-1994) pelo desenho animado, com estúdio próprio, o Topefilme, que foi forçado a fechar “por falta de encomendas”, reconhece que a animação o “influenciou enormemente na forma de fazer BD”, pois nela descobriu “as linhas de força” “plongés”, multiplanos, etc.”!
Aliás, o recém-editado livro – formato escolhido pela Bertrand Editora de que gosta, considerando que “os desenhos não perderam” – “Romance da Raposa”, tem origem na série de 13 filmes que realizou no final da década de 90, a partir do romance de Aquilino Ribeiro, e as personagens agora desenhadas “baseiam-se nas que foram criadas para o desenho animado” por si e por Ricardo Neto. É “uma obra fresquinha”, diz, cujas mais de 200 páginas lhe tomaram “um ano de trabalho gostoso, em que lutou afincadamente para a execução dessa obra de mestre Aquilino”.
Apontando a falta de revistas “que revelaram tantos autores e onde outros encontravam resposta ao seu talento”, como a principal razão para os tempos difíceis que a BD vive em Portugal, mantém “o amor por esta arte” e aponta como seu lema “terminar uma obra e começar outra, mesmo que não tenha encomenda!”. Por isso, trabalha já numa adaptação de “Shakespeare naquilo que ele tem de menos trágico”. E a finalizar, dos 70 anos de desenho que soma, guarda, para “além da coluna vertebral torcida”, como “melhor privilégio e compensação, a atenção tantas vezes dedicada” ao seu trabalho.


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