Categoria: Recortes

Mais um português na Marvel

Daniel Maia vai desenhar história completa de Ms. Marvel

Depois de João Lemos, Nuno Alves e Ricardo Tércio, desenhadores de “Avengers Fairy Tales”, em que super-heróis protagonizam contos infantis, agora foi Daniel Maia a ser contratado pela Marvel. Mais uma vez, o intermediário foi C. B. Cebulski, argumentista daquele projecto e editor da “Casa das Ideias”, que seleccionou Maia durante o Cherterquest, um périplo que fez pela Europa e Austrália, para descobrir novos talentos para a Marvel.
Ao JN, Maia, revelou que “quando Cebulski passou por Portugal, em Novembro, levei um portfólio para lhe mostrar; mais tarde fui contactado pela editora, que se mostrou interessada em contratar-me extra-concurso”, pois a ideia inicial era seleccionar apenas 12 novos autores, mas “encontramos muito mais talento do que esperávamos”, revelou Cebulski durante a New York Comic Con.
O autor português está já a desenhar “Ms. Marvel Special #02, uma história completa, que dá continuação ao especial anterior, de novo com guião do Brian Reed”, tendo como objectivo apenas “ter a melhor performance possível neste trabalho”, embora não esconda as suas ambições pois sabe que “conforme o resultado final, a Marvel pode atribuir-me mais especiais ou mini-séries ou até passar-me para um título mensal”.
Ainda sem data de publicação, “Ms. Marvel #2 insere-se “na grande aposta na personagem por parte da editora”, sendo, na sua óptica, “um baptismo de fogo, com tudo o que se imagina poder haver num comic da Marvel: bases secretas ao estilo Silver Age, piratas, monstros, sequências passadas no espaço, em ilhas tropicais, metrópoles etc! O que é óptimo, porque me permite mostrar versatilidade e fôlego gráfico”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Turma da Mônica: As tiras clássicas e a biografia do autor em BD

Colectânea recolhe primeiras tiras dos heróis, originalmente publicadas nos anos 60; Edições distribuídas esta semana em Portugal

Para além das revistas regulares de Mónica, Cebolinha, Cascão, Magali ou Ronaldinho Gaúcho, que desde há quase um ano chegam mensalmente às bancas e quiosques portugueses, esta semana haverá duas edições especiais da Turma da Mónica que merecem atenção especial.
A primeira é “As tiras clássicas da Turma da Mônica – vol. 1” que reúne, no formato tradicional quadrado (21 x 21 cm) das recolhas das tiras de imprensa, as primeiras 360 tiras da Turma da Mônica publicadas originalmente entre 1962 e 1964 na imprensa brasileira, muitas delas integralmente escritas e desenhadas por Maurício de Sousa, pois são anteriores à criação do seu estúdio. São 128 páginas a preto e branco que mostram o aspecto original, nalguns casos bem diferente do actual, dos heróis hoje mundialmente famosos, e como a sua importância relativa dentro da série se foi alterando, com a curiosidade de comentarem aspectos da actualidade (de então) da sociedade brasileira, o que, em alguns casos, as tornaria incompreensíveis, sem as notas explicativas existentes no final da edição
A segunda é “Maurício de Sousa – Biografia em quadrinhos”, disponível em capa brochada ou cartonada, e conta – em banda desenhada – o percurso do autor, as suas origens ou em quem se inspirou para dar vida aos seus heróis. Tudo narrado com o traço e o humor habituais do autor, como se se tratasse de uma grande gala comemorativa de mais um aniversário de Maurício, na qual marcam presença não só Mônica, Cebolinha, Cascão e companhia (que atrapalham constantemente a narrativa com as habituais brincadeiras), mas outros grandes heróis da BD como Mickey, Astérix, Super-Homem ou Flash Gordon, bem como alguns dos seus criadores. A edição é complementada com fotografias do autor ao longo dos anos e uma entrevista conduzida pelo jornalista brasileiro Sidney Gusman.
Nos próximos dias será igualmente distribuída a revista “Clássicos do Cinema #4 – Coelhada nas Estrelas”, uma sátira da Turma da Mônica à saga “Star Wars – Guerra das Estrelas”.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Spirou nasceu há 70 anos

Efeméride comemorada com novo álbum, renovação da revista, exposição antológica e emissão filatélica

Foi a 21 de Abril de 1938 que o mundo conheceu um simpático groom de hotel, com o seu típico uniforme e barrete vermelhos, destinado a viver dezenas de espantosas aventuras, deliciando gerações ao longo dos anos.
O seu criador foi um obscuro Rob-Vel, de quem a BD não guarda mais recordações, mas, depois de uma passagem pelas competentes mãos de Jijé, que lhe juntou Fantásio, foi com o genial Franquin (de 1946 a 1968) que Spirou se assumiu como um dos grandes heróis de BD. Com ele, o conde de Champignac, Zorglub e o incrível Marsupilami ganharam vida e o humor irreverente andou a par da acção, numa série de histórias inesquecíveis.
Depois, com maior ou menor inspiração, Fournier, Nic e Cauvin, Tome e Janry ou Morvan e Munuera, foram-no adaptando aos tempos que viviam – gráfica e tematicamente – mantendo-se sempre uma referência. Em tempos mais recentes, tem vivido aventuras atípicas, no espaço de um só álbum. Na mais recente, “Jounal d’un ingénu”, Bravo fá-lo regressar às origens de paquete de hotel, como que fechando um ciclo, antes de mais algumas décadas de vida.
Com ele, em 1938, nascia também a sua revista, “Le Journal de Spirou”, que 70 anos depois, orgulhosa do título de mais antiga da Europa, continua fiel à linha traçada, com predominância do humor e direccionada para o público juvenil. A efeméride justificou remodelação, com mais séries e autores, retomando a tradição dos suplementos especiais e apresentando o número (#3653!) evocativo da data, envolto num “papel de embrulho” que esconde uma das suas quatro capas alternativas.
Na Bélgica foi lançado um bloco filatélico, baseado em desenhos de Franquin, e uma grande exposição retrospectiva da revista está patente até 8 de Junho no Centro Belga de BD, em Bruxelas, e, em França, a Casa da Moeda emitiu uma medalha especial alusiva.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Morreu Ollie Johnston

Ollie Johnston, o, último animador clássico da Disney, faleceu dia 14, aos 95 anos.
Trabalhou nos estúdios de 1935 a 1978, tendo participado em grandes clássicos de animação como “Branca de Neve”, “Pinóquio”, “Fantasia”, “Bambi” ou “Peter Pan”. O seu último filme foi “Bernardo e Bianca”, no qual foi caricaturado como o gato Rufus.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Homenagem a João Abel Manta no CNBDI

É inaugurada hoje, às 19 horas, e decorre até dia 28 deste mês, uma exposição de homenagem a João Abel Manta, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora.
A ideia desta manifestação de apreço pela vida e obra do cartoonista e pintor, partiu da Humorgrafe, de Osvaldo de Sousa, e do BDJornal, de Machado Dias, como forma de assinalar os 80 anos do seu nascimento, a 29 de Janeiro de 1928.
Para além de originais do autor, cedidos pelo Museu da Cidade de Lisboa, estarão também expostos os trabalhos dos autores que corresponderam ao apelo da organização para homenagearem graficamente o mestre, nomeadamente Alexandre Algarvio, Álvaro Santos, André Oliveira, António Amado, António José Lopes, António Santos (Santiagu), Brito, Carlos Amorim, Daniel Moreira, David Pintor, Eriço Junqueiro Ayres, Filipa Malaquias, Joaquim Aldeguer, João Mascarenhas, José Ruy, José Santos, Luís Afonso, Luís Veloso, Michel Casado, Nelson Santos, Nuno Pardal, Paulo Fernandes, Paulo Santos, Pedro Alves, Ricardo Galvão, Romeu Cruz, Vasco Gargalo e Zé Oliveira.
Arquitecto de formação, João Abel Manta praticou também a pintura, decoração, tapeçaria, cerâmica e cenografia, sendo ainda uma das figuras marcantes do design gráfico nacional. Como cartoonista político, publicou no “Diário de Lisboa”, “O Século Ilustrado”, “Seara Nova”, “Sempre Fixe”, Diário de Notícias” ou “Jornal de Artes e Letras”, tendo dois álbuns editados: “Cartoons” (1975) e o célebre “Caricaturas Portuguesas dos anos de Salazar” (1978).


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

“Realizei o meu sonho de criança”

Diz Nuno ‘Plati’ Alves, desenhador de “Avengers Fairy Tales #2” posto hoje à venda nos EUA; Fábula de Pinóquio serve de base à história protagonizada por super-heróis Marvel

É distribuído hoje nos Estados Unidos “Avengers Fairy Tales #2”, projecto de C. B. Cebulsky, que faz de alguns super-heróis da Marvel protagonistas de contos infantis. Depois de Peter Pan, desenhado por João Lemos, agora foi Nuno ‘Plati’ Alves, nascido em 1975, a dar nova vida a Pinóquio.
Ilustrador, com experiência em BD limitada a “8 páginas publicadas pela Image Comics”, cita influências “como Toth, Moebius, Mignola, Jacobs ou Franquin” e revela o desejo “de desenhar, numa onda retro, uma mini-série de Thor ou do Silver Surfer, clássicos com universos muito ricos, da mitologia à ficção-científica”.
De “Created Equal”, diz ser “a história de um inventor caído em desgraça “, o gigante Hank Pym, “que deixou de acreditar em finais felizes”, lê-se logo na primeira prancha de uma versão mais negra do que a original. E “que cria um filho de metal, no qual descobre rapidamente uma forte rebeldia”. Este, o Visão, não quer ser humano mas é empurrado pelo pai/inventor para “aceitar o mundo em que vive e tentar ser aceite por ele”, envolvendo-se assim “em acontecimentos extraordinários”, que demoraram “dois meses e pouco” a colocar no papel.
Começou por “receber a sinopse e criar as personagens. Após aprovação, chegou o guião e desenhei as 22 páginas de layouts, que, novamente aprovados, foram desenhadas de seguida e pintadas”, adaptando-se “à ideia que o produto final nunca fica como idealizamos. Mas para todos os efeitos estava a realizar o meu sonho de criança!”. Talvez por isso, “não alterava nada no livro; devemos conviver com os erros e fazer melhor na próxima vez”.
E conclui, “o projecto é um híbrido, inspirado em Pinóquio, com os heróis Marvel, que, encarado de forma leve e divertida, poderá agradar a gregos e troianos” (os fãs de Collodi e os da Marvel). “Espero que seja bem recebida pelos leitores e que divirtam”.
Agora está “a preparar algum material para apresentar aos editores na New York Comic Con”, de 18 a 20 de Abril, porque deseja “fazer mais comics”.
Em Junho, o quarto “Avengers Fairy Tales” é de novo “desenhado em português”, por Ricardo Tércio.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Super-heróis invadem contos infantis

Personagens Marvel protagonizam histórias clássicas para crianças; Segundo número de “Avengers Fairy Tales” posto à venda esta semana nos EUA; João Lemos, Nuno ‘Plati’ Alves e Ricardo Tércio desenharam três dos quatro volumes da série

Com o primeiro número recém-chegado às livrarias portuguesas especializadas em banda desenhada, é distribuído na próxima quarta-feira no mercado norte-americano o segundo dos quatro fascículos previstos para “Avengers Fairy Tales”.
Projecto do conceituado argumentista e editor da Marvel, Chester B. Cebulski, tem como ponto de partida conhecidos contos infantis – Peter Pan, Pinóquio, Alice no País das Maravilhas, O feiticeiro de Oz – recontados com os protagonistas substituídos por alguns super-heróis da Marvel. Foi assim que, no primeiro tomo, o Capitão América assumiu o papel de Peter Pan, Thor e o Homem de Ferro foram dois dos Meninos Perdidos e a Vespa fez de fada Sininho. Agora, no segundo, Gepeto e o seu boneco de madeira darão lugar ao gigante inventor Hank Pym e ao Visão, um robot por ele construído que quer ser como os outros meninos, o que se torna possível graças à Fada Azul, agora colorida de (Feiticeira) Escarlate! Nos dois volumes finais, previstos para Maio e Junho, Cassie Lang (Stature), a filha do segundo Homem-Formiga, que pode encolher e aumentar de tamanho e tem poderes telepáticos, dará corpo à curiosa Alice e Mercúrio ao Coelho Branco, enquanto que na versão de O Feiticeiro de Oz o papel que Judy Garland interpretou no cinema é agora da Mulher Hulk, acompanhada por um Homem (de Lata) de Ferro!
Uma das particularidades do projecto é que três dos números são desenhados por autores portugueses – João Lemos (#1), Nuno ‘Plati’ Alves (#2) e Ricardo Tércio (#4) – tendo o restante sido entregue ao canadiano Takeshi Miyazawa. Tércio participara já, no ano passado, num outro projecto similar de Cebulski, os “Spider-Man Fairy Tales, no qual o Homem-Aranha encarnava o Capuchinho Vermelho.
Curiosamente, os desenhadores lusos foram escolhidos por um daqueles acasos que normalmente só acontecem… nos contos de fadas ou nas histórias de super-heróis! João Lemos, contou ao JN como tudo se passou: “Encontrei, por acaso, o Joe Quesada, director da Marvel Comics, no festival de BD de Angoulême, em 2005, e dei-lhe uma cópia do meu portfolio, esperando vir a ter umas dicas dele enquanto desenhador. Meses depois, num suspeito 1 de Abril, recebo um mail do C.B. Cebulski a perguntar-me se estaria interessado em desenhar para a Marvel. Mais tarde, com o aparecimento dos Fairy Tales o convite foi concretizado”.
E com bons resultados, pois Cebulski referiu-se a “Avengers Fairy Tales #1”, desenhado por João Lemos, como “um livro único, dos mais belos que a Marvel tem lançado”, e, nalguns sites especializados, críticas bastante entusiastas classificavam-no entre 7 e 9 numa escala de 10.

[Caixa 1]

Marvel Comics

Também conhecida como “Casa das Ideias”, a Marvel Comics é uma das duas grandes editoras de BD nos Estados Unidos (a outra é a DC Comics, de Batman e Superman).
Fundada nos anos 30, por Martin Goodman, sob a designação Timely Comics, editou a primeira revista de super-heróis, exactamente “Marvel Comics”, em 1939, lançando o Tocha Humana e Namor e, na década seguinte, o Capitão América.
Seria, no entanto, só nos anos 60, que Stan Lee, um dos grandes génios dos quadradinhos, daria o impulso que a viria a transformar no colosso que é hoje, ao criar super-heróis com problemas bem humanos, como o Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, X-Men e muitos outros, que saltaram, com igual sucesso, do papel para outras realidades, como a TV e o cinema.

[Caixa 2]

Desenhar para fora

Durante décadas, a BD nacional acomodou-se ao facto de Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005), primeiro em França, depois em Itália, ser o único autor português a trabalhar – e com justo reconhecimento – no estrangeiro. Em 1995, a ascensão de Joe Madureira, um luso-americano de segunda geração, a desenhador principal dos X-Men, foi outra excepção.
Nos últimos anos, com os avanços possibilitados pelas novas tecnologias, especialmente ao nível da comunicação e do envio de imagens, tornou-se mais fácil trabalhar “lá para fora, cá de dentro”. Actualmente, no mercado norte-americano, para além de Lemos, Alves e Tércio, podemos encontrar Eliseu ‘Zeu’ Gouveia, Miguel Montenegro ou Ricardo Venâncio.
E, Rui Lacas, após uma visita a Angoulême, conseguiu um contrato para editar “Obrigada, patrão” na suiça Pacquet, antes da versão nacional da ASA.

[Caixa 3]

Outras versões aos quadradinhos

Se os contos infantis clássicos, foram inúmeras vezes revisitados em versões aos quadradinhos, mais ou menos conseguidas, mais ou menos fiéis aos originais, há a destacar dois casos, ambos editados em português, pela forma original e diversa como os abordaram.
O primeiro é “Pinóquia” (Meribérica/Líber, 1997), de Gibrat e Leroi, uma versão erotizada do clássico de Carlo Collodi. O segundo, é o “Peter Pan” (dois tomos Livraria Bertrand, 1993-94; dois tomos Booktree, 2002), que Régis Loisel recriou magistralmente como um menino de rua da época vitoriana, combinando o lado onírico da narrativa de J. M. Barrie, com uma violência cruel incontida, que o torna incontornável.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Humpá-Pá completa meio século

Criação de Goscinny e Uderzo é anterior a Astérix; Reedição portuguesa prossegue em Maio

Completam-se hoje 50 anos sobre a estreia de Humpá-Pá, o pele-vermelha, na revista “Tintin” belga, possivelmente a mais bem sucedida criação conjunta de René Goscinny e Albert Uderzo, a seguir a Astérix, claro está.
Mas poderiam ser 57 anos, pois os primeiros esboços do herói datam de 1951. Com Goscinny recém-chegado dos Estados Unidos, o fascínio pelo velho oeste era evidente, mas a abordagem humorística, no formato tiras de imprensa, não surtiu os efeitos desejados e Oumpah-pah (no original) teve que passar mais alguns anos na gaveta das (geniais) ideias de Goscinny.
Quando renasceu, tinha sofrido alterações de monta. Primeiro, adoptava o formato tradicional da BD franco-belga, depois, o grafismo de Uderzo tinha-se depurado e era mais solto, de traço arredondado, bem dotado de sentido de movimento, legível, expressivo… Finalmente, Goscinny, já espraiava a sua ironia fina e o seu sentido de humor apurado, revelado quer graficamente, quer nos jogos de linguagem, que viria a mostrar-se em todo o esplendor em Astérix.
Humpá-Pá, nesta nova existência, recuava para o século XVIII, em pleno conflito entre (índios,) britânicos e franceses pela posse do território dos futuros Estados Unidos da América. O astuto membro da tribo dos Savanas estava ao lado destes últimos e juntamente com o voluntarioso mas desajeitado cavaleiro Humberto-da-Massa-Folhada, viveria uma mão-cheia de aventuras, parodiando hábitos e costumes e os estereótipos sobre os “selvagens”.
Apenas uma mão-cheia porque, entretanto, Astérix tinha nascido, em 1959, juntamente com a revista “Pilote”, e o grande sucesso de ambos – bem como o muito trabalho que davam – levou ao abandono da série, depois adaptada em versão áudio e em desenhos animados, que tem sido alvo de sucessivas reedições ao longo destes 50 anos.
Em Portugal, Humpá-Pá estreou-se no “Zorro” (1963), tendo passado também pela versão nacional da revista “Tintin”, e foi sucessivamente editado em álbum pela Íbis, Bertrand e Meribérica/Líber. A ASA tem em curso mais uma reedição integral, cujo primeiro volume, “Humpá-Pá, o pele-vermelha” (2005), inclui as tiras originais de 1951, devendo o segundo (dos três previstos) ser lançado em Maio próximo.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Original de Hergé rende 764 mil euros

Um desenho a gouache, feito por Hergé em 1932, foi vendido por 762 400 euros num leilão realizado no passado fim-de-semana.
Com um preço base de 280 000 euros, o desenho que serviu de capa á primeira dição em álbum de “Tintin na América” e que representa o herói, vestido de cowboy, sentado numa pedra, a comer de uma frigideira, com Milu ao seu lado a roer um osso, espreitado por índios, tornou-se o mais caro original de banda desenhada de sempre. Até agora, este recorde pertencia a uma prancha de Enki Bilal, pertencente ao álbum “Bleu sang”, vendida há sensivelmente um ano por uns modestos 177 mil euros.
Nesta mesma venda, uma outra prancha de Bilal, da “Tetralogia do Monstro”, alcançou os 145 mil euros e um retrato de Corto Maltese, feito por Hugo Pratt, rendeu 250 mil. A Artcurial, promotora do leilão, informou ainda que no total foram vendidas 650 obras, que totalizaram cerca de 3,4 milhões de euros.
Segundo a empresa, “o mercado de originais de banda desenhada é hoje um negócio em ascensão, com compradores por toda a Europa”. No entanto, a sua maior limitação é a “dificuldade em encontrar peças interessantes”, pois os autores europeus têm muita renitência em separar-se dos seus originais.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem

Direitos do Super-Homem também pertencem aos herdeiros dos autores

Decisão de juiz norte-americano é mais simbólica do que prática

Um juiz federal dos Estados Unidos deu razão às herdeiras de Jerry Siegel, co-criador do Super-Homem, decidindo que têm direito a parte dos direitos de autor referentes à revista “Action Comics” #1, onde o herói apareceu pela primeira vez.
Siegel e Shuster – falecidos em 1996 e 1992, respectivamente – criaram o Super-Homem (como vilão!!) em “The Reign of Superman”, e, em 1937, apresentaram a diversas editoras uma nova versão, já com o protagonista do lado do bem, com a capa, o logótipo com o “S” no peito e a identidade secreta de Clark Kent. A National Comics, futura DC Comics, mostrou-se interessada na BD, com algumas modificações, resultando daí a história de 13 páginas inserida no primeiro número de “Action Comics”, publicado a 18 de Abril de 1938, que lhes valeu 130 dólares contra a assinatura de um documento garantindo à editora os direitos perpétuos do herói.
Em 1947 os autores moveram um processo, reclamando uma contrapartida dos lucros, que lhes valeu, através de um acordo extra-judicial, 94 mil dólares, e à National Comics os direitos de Superboy, um outro projecto a dupla, recusado em 1938, mas retomado em 1944 sem a sua autorização. Em 1975 a DC Comics passou a pagar-lhes 20 mil dólares (mais tarde 30 mil) por ano, mas uma alteração da lei sobre os direitos de autor nos EUA, em 1976, originou o actual processo, datado de 1997.
Apesar de saudada pelas famílias e por autores e especialistas em quadradinhos, esta decisão é apenas um primeiro passo, quase simbólico, que não afecta os direitos internacionais da personagem, nem especifica se outras companhias, como a Warner, produtora do filme “Superman Returns”, que rendeu 200 milhões de dólares nas bilheteiras norte-americanas, têm também que prestar contas aos herdeiros de Siegel.
Agora, numa primeira fase, há que calcular quanto a DC Comics deve à família de Siegel (esta decisão tem efeitos retroactivos desde 1999), mas é de esperar um apelo da editora.
Entretanto, os herdeiros de Shuster poderão avançar com igual requerimento em 2013 que, a ser vitorioso, faria depender deles a publicação de novas histórias do herói.
O mais certo é que tudo se venha a resolver de novo extra-judicialmente.


Escrito Por

F. Cleto e Pina

Publicação

Jornal de Notícias

Futura Imagem