Categoria: Recortes

Tarzan

Entre muitas e boas leituras, algumas partilhadas aqui, a que me deu maior prazer nos últimos tempos foi “Tarzan – Vol. 1 – Pranchas Dominicais de Russ Manning 1968-1970” (Bonecos Rebeldes).
Não pelo traço vigoroso e dinâmico de Manning que, num preto e branco contrastante, produziu o “mais limpo” Tarzan de sempre, rigoroso na reprodução de homens (e belíssimas mulheres) e animais, capaz de (quase) nos fazer sentir a humidade da verdejante selva africana, o calor abrasador do deserto, o nevoeiro denso dos mundos misteriosos, os cheiros intensos de homens e animais, os seus gritos e uivos, capaz de transmitir dor, raiva, fúria, alegria ou surpresa pela simples expressão dos rostos…
Não pelas histórias, leves e bem ritmadas, que combinam episódios quase ecológicos com aventura pura, o fascínio da selva com mundos fantásticos, o confronto desigual entre as civilizações branca e negra…
Foi, apenas (?!), porque reencontrei um herói de juventude, o seu universo misterioso e sedutor, os brados arrepiantes – “Kreegah!”, “Bundolo!” – que preencheram muitas brincadeiras, porque relembrei imagens fortes e marcantes que a memória guardou – os homens-formiga, os primitivos habitantes de Opar e La, a sua sedutora rainha, Tarzan em combate à frente dos animais, a sua selvagem celebração de vitória com os grandes macacos… -, porque (re)descobri um encantamento que o tempo não foi capaz de apagar.


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F. Cleto e Pina

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A maioridade na Amadora

Festival de Banda Desenhada começa hoje; Ziraldo, Cameron Stewart, Achdé e Gerra, autores de Lucky Luke, presentes este fim-de-semana; Previsto o lançamento de uma dezena de obras de autores portugueses

Começa hoje a 18ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, que abre as suas portas para o fantástico mundo dos quadradinhos até 4 de Novembro. Do programa, destaque para as exposições “Salazar, Agora na Hora da sua Morte”, sobre a obra de Miguel Rocha e João Paulo Cotrim, que venceu os Prémios Nacionais de BD para Melhor Álbum Português, Melhor Argumento e Melhor Desenho, em 2006, “As 10 BD’S do Século XX” (passeio pelos universos de “Little Nemo in Slumberland”, “Krazy Kat”, “Tintin”, “Batman”, “Spirit”, “Peanuts”, “Astérix”, “Blueberry”, “Corto Maltese” e “Maus”, “Astérix e seus Amigos”, uma homenagem de diversos autores a Uderzo, pelos seus 80 anos, e o espaço dedicado às novidades editoriais e a projectos em curso nacionais. Aliás, é de salientar o facto de estar previsto o lançamento, durante o FIBDA, de mais de uma dezena de obras de autores portugueses.
O tema desta edição, no ano em que o FIBDA comemora 18 anos, é “Maioridade” mas, como em qualquer ser humano, não é o simples atingir do patamar dos 18 anos que concede aquele estado. Esta opinião é partilhada por diversos intervenientes ligados à 9ª arte nacional, que referiram ao JN alguns aspectos em que, segundo eles, o Festival necessita de crescer. À cabeça é apontada o local de realização do festival que este ano se mantém no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, reconhecidamente com as características logísticas necessárias para albergar um evento deste tipo, mas mal situado em termos de acessibilidade. Por isso João Miguel Lameiras, crítico e livreiro, aponta a necessidade “de arranjar uma casa fixa, em vez de mudar de dois em dois anos”, sendo secundado por Geraldes Lino, especialista em fanzines, que pede que “o núcleo principal se localize, definitivamente, num ponto central da Amadora, como era a saudosa Fábrica da Cultura”.
Puxando a brasa à sua sardinha, Marcos Farrajota e Teresa Câmara Pestana, autores e editores de fanzines, gostariam, respectivamente, de mudar “tudo” e de “ter os autores marginais como principal atracção do festival”, enquanto que Machado Dias, editor da pedranocharco e do “BDJornal” apostaria numa “equipa organizadora maior com um orçamento compatível”, a quem Lameiras pediria “uma maior profissionalização”.
Outro ponto referido, por José Freitas, editor da Devir, é a obrigatoriedade de “uma maior ligação com a realidade efectiva do público e dos seus interesses, ou seja, deixar de fazer um FIBDA para leitores de BD franco-belga com mais de 50 anos e admitir finalmente que o público de BD de hoje não é o mesmo de há dez ou quinze anos atrás”, pois prefere comics de super-heróis e manga (BD japonesa).
A mesma ideia é partilhada por Hugo Jesus, responsável pelo portal Central Comics, que pede à organização para “virar o festival para um publico mais jovem” e “para apostar definitivamente na área comercial”, desejo indirecto de José Freitas quando sugere ao FIBDA para “passar a olhar minimamente para o mercado para saber o que se editou e o que vende”. José Carlos Fernandes, o mais destacado autor português dos últimos anos, pensa que a maioridade só será atingida se (e quando) “houver um mercado saudável de BD em Portugal” pois, “se houver mercado, surgem editoras e autores nacionais”; sem isso, “o FIBDA será sempre a fachada enganadora de um edifício inexistente”. O que reitera Lameiras que, considerando “as crises de adolescência do Festival um reflexo das debilidades do próprio mercado nacional de BD” tem algumas reservas “pois o estado semi-comatoso do mercado deixa antever um prognóstico reservado quanto ao futuro do festival…”. 

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Destaques

Do programa do primeiro fim-de-semana do Festival de BD da Amadora, enquanto se aguarda por Manara (a 27 e 28) e Trondheim (3 e 4 de Novembro) destaca-se a presença do brasileiro Ziraldo, autor, entre outros títulos destinados à infância, de “O Menino Maluquinho”, Achdé e Guerra, actuais responsáveis de Lucky Luke, Cameron Stewart, desenhador de “Cat Woman”, “B.P.R.D.” ou “Seaguy”, Ilan Manouach, Godi, Zidrou e Jean-Louis Marco.
No que respeita a lançamentos, destaque para o regresso do Corvo, o mais desajeitado super-herói português, em “Laços de Família” (ASA), com desenhos de Luís Louro e argumento de Nuno “Homem-que-mordeu-o-cão” Markl, a par do sexto e derradeiro volume de “A Pior Banda do Mundo” (Devir), de José Carlos Fernandes.
Terão também apresentação “Obrigado patrão” (ASA), que Rui Lacas lançou este ano nas Éditions Pacquet”, “SuperPig #3”, de Carlos Pedro e Mário Freitas, e “C.A.O.S.#3”, de Filipe Teixeira, Fernando Dordio Campos e Carlos Geraldes (ambos da Kingpin Comics), “Sexo, Mentiras e Fotocópias”, de Álvaro, “Portfólio”, de José Abrantes, bem como das revistas “BDjornal #20” e “BDVoyeur #2” (pedranocharco).


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F. Cleto e Pina

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“Queremos leitores que queiram envolver-se”

Afirma António Jorge Gonçalves, co-autor com Rui Zink de “Rei”, um romance gráfico que acaba de ser lançado

Depois do lançamento “oficial” em Lisboa, António Jorge Gonçalves e Rui Zink estiveram no Porto, para falarem de “Rei” (ASA), o seu novo “romance gráfico”, 328 páginas condensadas num vídeo, disponível no YouTube.
“Rei” é a segunda colaboração entre os dois autores, depois de “A Arte Suprema” (ASA, 1997, agora reeditada), já uma obra graficamente experimental, que combinava desenho, fotografia, técnicas digitais e colagem. Este reencontro, “há muito desejado, demorou 10 anos, pois foi necessário que encontrássemos uma paixão comum, no caso o Japão”, revela Rui Zink, daí a aproximação “intencional, em jeito de homenagem, ao formato manga (bd japonesa)”.
“Rei”, continua, “pode ser considerado dois livros em um” pois é o “cruzamento de duas histórias. A primeira, a viagem de um rapaz de 20 anos ao Japão, onde se perde e mergulha numa montanha russa de experiências” e conhece a protagonista que dá nome ao livro pois “Rei, em japonês, é um nome feminino tão vulgar como Maria em Portugal”. A segunda, é “a história da sua mãe, uma mulher autocrática, inspirada em Manuela Ferreira Leite com o look de Teresa Patrício Gouveia”, brinca Rui Zink, “que vai procurar o filho e tentar ter uma relação com ele”. Os dois, como todas as personagens, “como todos nós, têm falta de algo; são destroços de si mesmos, pois todas as experiências de vida nos marcam e despojam de algo”. Estas duas histórias estão separadas no livro por “dois estilos gráficos distintos”, com o “traço simples feito à mão, trabalhado e preenchido depois no computador”, dois estilos que revelam mais uma vez um António Jorge Gonçalves em busca de inovação e experimentação, tingidos de “rosa, que é uma cor muito japonesa”.
Neste “livro de silêncios, com poucas palavras”, que “ocupou dois anos das nossas vidas, e no qual demos o nosso melhor”, afirma Zink, argumento e desenho foram sendo feitos “progressivamente”, com cada um dos autores constantemente “a tentar surpreender e deslumbrar o outro”, esperando também “que encontremos leitores que queiram envolver-se e encontrar a sua própria leitura, a sua própria história”, complementa o desenhador.
Embora avesso a definições estanques, Zink considera que se trata de um “romance (gráfico), com personagens, com texturas, cheiros…” e, acrescenta Gonçalves, uma “história que tinha de ser contada”. Um romance gráfico “que é banda desenhada, mas também literatura”, confessando o escritor que “gostava que a editora o enviasse para um concurso literário”.
Os dois autores estarão na FNAC do Colombo, amanhã, sexta-feira, às 18h30, onde “Rei” será apresentado por Miguel Vale de Almeida, e no Teatro S. Luís, a 29 de Outubro, às 22h, na Noite Wenceslau de Moraes.


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Tal pai…

Sem dúvida um dos melhores argumentistas franco-belgas das últimas décadas, Jean Van Hamme, anunciou há meses o desejo duma (merecida e) descansada reforma, tendo por isso decidido abandonar as várias séries que criou, com excepção de Largo Winch. Aos seus desenhadores, deu toda a liberdade para encontrarem substitutos, o que fez Rosinski, buscando em Yves Sente, argumentista de Blake e Mortimer, quem, após 29 álbuns, continuasse com as aventuras de Thorgal, ou melhor, de Jolan, numa invulgar sucessão dinástica, que é caso raro nos anais da BD, embora aquele possa ser sempre presença recorrente.
Por isso, “Moi, Jolan” (Le Lombard), em que Rosinski explana de novo a sua técnica de cor directa com a qual nos proporciona belíssimas imagens, alterna entre a busca iniciática empreendida pelo filho do vicking das estrelas, “deixando definitivamente a sua infância” para “se tornar um homem” como o seu pai, e a nova vida deste e da sua família, fazendo assim a ponte entre o passado da série e o seu novo rumo.
Num álbum de transição, Jolan encontra um grupo de (inicialmente) concorrentes, com quem aprende a compartilhar experiências e que, possivelmente, protagonizará com ele as futuras aventuras que Sente promete já ao leitor, neste aperitivo bem escrito e construído, no qual deixa adivinhar promissores e surpreendentes desenvolvimentos, relacionados com o passado, a diversos níveis.


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F. Cleto e Pina

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Avril Lavigne + Lupin III

Lupin the IIIrd (1 e 2 de 5)
Monkey Punch
Mangaline Edições
600 pp., pb, 12,50 €

Avril Lavigne – Pede 5 desejos (1 de 2 )
Joshua Dysart (argumento) e Camilla d’Errico (desenhos)
Gradiva
154 pp, cor, 12,50 €

Estamos no século XXI. Toda a Europa foi invadida pelos manga (banda desenhada japonesa)… Toda? Não! Um pequeno rectângulo à beira-mar plantado, resiste ainda e sempre, orgulhosamente, ao invasor. Mas, ao contrário de Astérix e demais gauleses, a resistência portuguesa de vez em quando abre brechas e o invasor consegue penetrar neste mercado pequeno e inconstante, pouco apetecível para os editores nipónicos habituados a números com muitos zeros.
Caracterizados por terem centenas ou milhares de páginas, personagens de olhos grandes, muitas linhas indicadoras de movimento e privilegiarem a acção ao diálogo, os manga têm neste momento dois títulos em curso de edição entre nós. A Mangaline – formada exclusivamente para a edição de manga – recentemente voltou com um clássico com 40 anos, “Lupin the IIIrd”, um manga de acção e humor, inspirado no célebre ladrão de casaca francês, Arséne Lupin, quanto aos roubos espectaculares e impossíveis, e em James Bond, para a tecnologia avançada, as perseguições frenéticas e a presença recorrente de belas mulheres. Protagonizado por Lupin, um gangster cáustico e impiedoso e um sedutor irresistível, sempre um (ou mais) passos à frente da polícia ou dos seus inimigos, tem a coadjuvá-lo uma galeria, curta mas rica, de personagens secundárias, que tem à cabeça o incompetente inspector Zenigata, que alguém equiparou ao desajeitado Clouseau. Numa edição que merecia ter sido mais cuidada, no que à impressão e tradução diz respeito, e que mantém o sentido original de leitura, da direita para a esquerda e do “fim” do livro para o “princípio” – por isso tantos exemplares são expostos com a anónima contracapa para cima! – “Lupin the IIIrd” apesar de datado nalguns aspectos (desde logo no contido erotismo – sempre são 40 anos…), conta com argumentos leves e divertidos e decorre em bom ritmo graças ao desenho ágil e vivo e à planificação dinâmica.
Quanto a “Pede 5 desejos” é quase um paradoxo: se por um lado exemplifica algo cada vez mais vulgar nos EUA e França, devido à popularidade dos manga junto do público feminino (algo que os comics de super-heróis e a BD franco-belga nunca conseguiram) e dos adolescentes, a criação de manga – enquanto um género com características próprias – por autores ocidentais, por outro lado acaba por só se aproximar dos quadradinhos japoneses pelo desenho, simpático e expressivo, já que, narrativamente, segue modelos ocidentais, devido ao ritmo apropriadamente lento que lhe permite desenvolver e aprofundar o carácter de cada interveniente.
Equiparável ao shojo (manga destinado ao público juvenil feminino), cola-se à popularidade de Avril Lavigne, inspiradora do projecto e personagem enquanto amiga imaginária da protagonista, Hanna, e à temática das suas canções – as dificuldades de vida dos adolescentes – para traçar um retrato realista da enorme solidão que boa parte dos jovens vivem nos nossos dias, perdidos em frente a ecrãs (de TV, computador, telemóvel…), onde assumem identidades e vidas que não passam de sonhos ou ilusões, mas incapazes de um relacionamento normal com seres humanos de carne e osso. Hanna vive assim, solitária, fechada sobre si própria, até que a encomenda num site de um pequeno demónio que, qual lâmpada de Aladino, lhe pode conceder 5 desejos, muda a sua vida. Mas é este toque de fantástico que a torna mais real, levando-a a falhar quando se esforça por acertar, descobrindo-se quando se aproxima dos outros, procurando oferecer aos que a rodeiam a felicidade que deseja para si, hesitando entre o altruísmo e o egoísmo na concretização dos tais cinco desejos.


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O mundo dos quadradinhos regressa à Amadora

Maioridade é o tema central da 18ª edição do Festival de BD que começa a 19 de Outubro; “As 10 BDs do século” e “Salazar”, visto por João Paulo Cotrim e Miguel Rocha, são os principais destaques; Milo Manara e Lewis Trondheim são cabeças de cartaz; mão cheia de lançamentos em português

O mundo maravilhoso dos quadradinhos, através de algumas das suas muitas facetas, vai regressar à Amadora de 19 de Outubro a 4 de Novembro, de novo no Fórum Luís de Camões, na Brandoa, que reúne sem dúvida boas condições logísticas para acolher o evento, embora deixe a desejar quanto à acessibilidade através de transportes públicos. Aquela que é a 18º edição do Festival Internacional de BD, terá como tema central a Maioridade e pretende dar uma visão global de uma arte centenária. Reflexo disso, é a principal exposição, “As 10 BD’s do Século”, que evocará as obras mais votadas pelos especialistas de todo o mundo no inquérito que o Festival promoveu em 2004, ou seja “Little Nemo in Slumberland”, “Krazy Kat”, “Tintin”, “Batman”, “The Spirit”, “The Peanuts”, “Astérix”, “Blueberry”, “Corto Maltese” e “Maus”.
No mesmo local estarão também os originais de “Salazar – Agora, na hora da sua morte”, o livro de João Paulo Cotrim e Miguel Rocha que recolheu no ano passado a unanimidade da crítica (Prémios Nacionais de BD para Melhor Argumento, Desenho e Álbum) e do público.
Astérix marca presença em dose dupla já que os 80 anos de Uderzo, cujo álbum comemorativo que reúne diversas homenagens feitas ao desenhador do pequeno gaulês pelos seus colegas de profissão, será lançado pela ASA durante o evento, dará o mote a outra das exposições.
O Fórum Luís de Camões, onde funcionará a Feira do Livro de Banda Desenhada, bem como sessões de autógrafos (para as quais está prevista a presença de nomes como Milo Manara, Lewis Trondheim, Ziraldo, Achdé e Guerra, estes dois os actuais responsáveis por Lucky Luke), conferências, etc., acolherá igualmente mostras de Alain Corbel (autor da linha gráfica do festival deste ano), Roberto Goiriz, Danijel Zezelj, Sixto Valência, Mathieu Sapin, Fábio Zimbres, Ilan Manouach, Warren Craghead, Frédéric Coché e Amy Lee, bem como a do Centenário de Cardoso Lopes, um dos grandes nomes do jornalismo infanto-juvenil em Portugal da primeira metade do século XX, o Espaço Infantil, preenchido com originais de “Menino Boavida”, de Godi e Zidrou, “Rosco Le Rouge”, de Jean-Louis Marco, “Uma Mesa é uma Mesa”, de Madalena Matoso e Isabel Martins e “Pê de Pai”, de Bernardo Carvalho e Isabel Martins, e o “espaço adulto”, onde os maiores de 18 anos poderão admirar a arte de Mattioli, Liberatore, Milo Manara e Leone Frollo.
Como é habitual, o Festival espraia-se pela cidade: a Galeria Municipal Artur Bual, mostra a obra de Ziraldo, a Casa Roque Gameiro acolhe ilustrações de Teresa Lima, Prémio Nacional de Ilustração Infantil do IPLB, os Recreios da Amadora, têm diversas mostras de Cartoon, e no CNBDI está patente “007, Ordem para Humorar”, um conjunto de divertidas abordagens ao mítico agente secreto que o cinema imortalizou.

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Lançamentos em português
Afirmando-se mais uma vez como o local por excelência para a divulgação da 9ª arte nacional, o Festival deverá assistir este ano ao lançamento dos seguintes títulos:
“O Corvo III” (ASA), de Luís Louro e Nuno Markl
“Obrigado Patrão” (ASA), de Rui Lacas
“Evereste” (ASA), de Ricardo Cabral
“Sexo, Mentiras e Fotocópias” (pedranocharco), de Álvaro
“Super Pig” (Kingpin Comics), de Carlos Pedro e Mário Freitas
“C.A.O.S.” (Kingpin Comics), de Filipe Teixeira, Fernando Dordio Campos e Carlos Geraldes


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Infantil

Fundamental como (praticamente único) meio de criação de leitores habituados desde infância à leitura de banda desenhada (algo que não é tão linear quanto pode parecer….), a BD infantil tem sido descurada no nosso país, talvez porque muitos, mesmo com responsabilidades na área, acreditem que os leitores se criam só com (os excelentes) Tintin ou Astérix.
Por isso se saúda a aposta da Gailivro no sector, ainda para mais com dois autores portugueses, de traço limpo e agradável. Do veterano José Abrantes, já há 30 anos a produzir quadradinhos, é “A Tia Névoa”, nova aventura do pré-histórico Homodonte que, para além dos muitos e gigantescos perigos da época, narrados com bom humor e ritmo, tem de suportar a tirania de uma tia vegetariana, numa sátira leve aos exageros que provoca a obsessão pelo politicamente correcto nos nossos dias.
De “A Praia da Rocha Amarela”, terceira aventura de Zé Leitão e Maria Cavalinho, da autoria de Pedro Leitão, destaca-se à cabeça a forma encadeada como os heróis passam de cena para cena, como só nos sonhos (e na BD…) é possível, num animado e fantástico passeio em registo familiar.
Sendo os “belos livros” a mais pesada herança da BD franco-belga, ainda com peso significativo no nosso mercado, acredito que ambas as edições (pela redução do desenho, aperfeiçoando-o) e os leitores (no preço final) beneficiariam de um formato menor.


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A morte de Manfred Sommer

Criador de Frank Cappa e actual desenhador de Tex foi um dos rostos do boom da BD espanhola nos anos 80
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Manfred Sommer, um dos rostos do grande boom da banda desenhada espanhola nos anos 80 (com Torres, Prado, Ortiz, Segura, Abulli ou Bernet) faleceu aos 74 anos, vítima de doença. Nascido em San Sebastian, com apenas 9 anos tornou-se aprendiz de Jesus Blasco (criador de “Cuto”), tendo assinado as suas primeiras histórias aos 14 anos. Fez BD para Espanha e para o estrangeiro, trabalhando simultaneamente em cinema de animação e publicidade, mas só em 1981 conheceria o sucesso, com a criação de Frank Cappa na revista “Cimoc”, um foto-jornalista livremente inspirado em Robert Capa, o célebre fotógrafo da agência Magnum.
Criado “por uma urgência quase visceral” de alguém cansado “de ficar impotente diante dos horrores que a televisão mostra”, Cappa, publicado em Portugal no “Mosquito” (5ª série) e no álbum “Frank Cappa no Brasil” (Meribérica/Líber), interessava-se mais pelos seres humanos protagonistas das notícias que cobria, do que pelos acontecimentos em si. Canadiano no passaporte mas cidadão do mundo, que percorreu de lés a lés, serviu a Sommer para transmitir dele a sua visão melancólica e desencantada, através de um preto e branco contrastado e ritmado, inspirado em mestres como Pratt e Caniff.
Depois de alguns anos afastado da 9ª arte, para se dedicar à pintura, Sommer voltou aos quadradinhos em 2003, para desenhar Tex, o célebre ranger da Bonelli, tendo deixado incompleta uma história.


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Grão de areia

Universo fantástico, só possível em BD, paralelo ao nosso, com múltiplos pontos de contacto, referências ou desenvolvimentos, combinando presente, passado e futuro e dotando cidades (quase) com vida própria – as verdadeiras protagonistas de cada livro – onde se distinguem alguns habitantes, testemunhas ou desencadeadores dos pormenores que despoletam cada história, a série “As cidades obscuras” associa o traço sumptuoso de François Schuiten, que cria e recria arquitecturas e mundos, e os argumentos inteligentes, ao mesmo tempo profundos e claros, de Benoit Peeters.
No recente “La Théorie du grain de sable”, que começa com factos aparentemente sem (?) ligação – a morte por atropelamento de um bárbaro, a acumulação de areia num apartamento, de pedras noutro, a progressiva perda de peso de um chefe de cozinha – mostrando o perigo do crescimento descontrolado de pequenos problemas de fácil solução na sua origem, Peeters e Schuiten constroem uma fábula ecológica que alerta para os perigos do aquecimento global.
Nele, reencontramos a (já não pequena) Mary (de “L’enfant penchée”), e Constant Abeels (“Brusel”), como observadores dos insólitos fenómenos que pontuam a acção deste livro, em formato italiano (deitado), que marca o regresso ao preto e branco… e branco – puro, uma “terceira” cor, de que só os leitores e Mary se apercebem – mas cuja mancha vai crescendo progressivamente.


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O Cão-Aranha contra a Chihuahua Invisível

Empresa especializada em roupas para chihuahuas lança colecção com motivos dos super-heróis da Marvel

Se sempre sonhou com um cão de guarda feroz e assustador, mas o seu chihuahua o tem desiludido, não desespere. Talvez a Chi Wow Wow tenha a solução para o seu caso. Esta empresa especializada em equipamento e pronto-a-vestir para cães daquela raça, lançou no mercado uma nova colecção de vestuário canino com super-heróis da Marvel – Homem-Aranha, Capitão América, Hulk, Wolverine e Mulher Invisível – no seu visual clássico das décadas de 60 e 70, inspirado na arte de Jack Kirby, John Buscema e John Byrne.
Com eles vestidos, pode ser que o seu animalzinho esqueça a timidez ou a falta de graça e revele facetas que até agora lhe escondeu como garras retrácteis em adamiantum – o metal mais resistente do universo… Marvel – superforça ou a capacidade de voar.
Mas não fique horrorizado ao imaginar os pobres cãezinhos com as cuecas por fora de colants justas, pois a CWW apenas tem camisolas e casacos mas não fatos completos. E, claro está, para fazer conjunto, também vende coleiras e trelas decoradas com os motivos Marvel.
Do seu catálogo consta igualmente vestuário decorado, por exemplo, com motivos Hello Kitty, Disney e Scooby Doo, ou de bandas rock como os Greenday e os Metallica.
A CWW tem igualmente uma ampla gama de produtos para cães, onde se podem encontrar óculos de sol, bolsas para transporte, calçado, jóias (que incluem cristais Svarovski), brinquedos (como carrinhos, “sapatos de alto design” para roer ou jornais em plástico), mobiliário (onde se encontram camas com a forma de carros, barcos ou do escudo do Capitão América), produtos de higiene e limpeza (champôs, perfumes, cremes e escovas) ou louça para as suas refeições.

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Tamanhos e preços
Embora especializada em chihuahuas, a CWW não esqueceu as outras raças, pelo que a sua linha de vestuário começa no tamanho XXS, adequado aqueles e a Poodles e Yorkies, e vai até ao XXL (só por encomenda) que serve a Pit Bulls e buldogues.
Os preços é que poderão ser uma desagradável surpresa, já que uma peça de vestuário Marvel para um chihuahua não custa menos de 48 dólares (cerca de 35 euros), calçado só acima dos 34 dólares (17 €), um colar Svarovski pode atingir 120 dólares (86 €) e uma mala de transporte, de edição limitada, os 400 dólares (290 €).


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F. Cleto e Pina

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