Categoria: Recortes

Retrato do outro lado

Wanted
Mark Millar (argumento), JG Jones (desenho) e Paul Monts (cor)
BDMania

Wesley Gibson leva uma vida banal e miserável, até saber que o espera uma fabulosa herança se substituir o pai, o mais mortal dos assassinos. Se isto soa familiar é porque esta é a BD que inspirou o filme “Procurado”, com James McAvoy e Angelina Jolie.
Mas só no conceito de que dentro de nós há um desconhecido à espera de ser despoletado, porque na forma ela é mais dura e violenta e está ambientada num mundo (diferente?) que os super-vilões controlam desde que eliminaram todos os super-heróis (e qualquer lembrança deles).
Este conceito original, bem narrado, assenta em diálogos bem construídos por Millar, que não se inibe de concluir a obra com uma bofetada que insulta mas faz pensar o leitor.


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F. Cleto e Pina

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Gaston Lagaffe em desenho animado

Técnica inovadora vai dar vida ao herói criado por Franquin

Gaston Lagaffe, uma das mais marcantes criações da banda desenhada franco-belga, imaginada por Franquin, vai ganhar nova vida numa série de desenhos animados. O anúncio, feito pelo Syndicat des Producteurs de Films d’Animation (SPFA), dá conta do envolvimento na sua produção da Normaal Animation, da Marsu Productions e da cadeia televisiva France 3, as duas últimas já responsáveis pela passagem ao pequeno ecrã de outro herói de Franquin, o exótico Marsupilami.
Segundo o comunicado, nesta série de animação Gaston “aparecerá pela primeira vez nos ecrãs de televisão graças a uma nova técnica que permitirá animar directamente os desenhos originais do autor”, estando prevista a produção de 78 episódios de 7 minutos cada um. Este aspecto é dos que mais dúvidas tem levantado sobre a transposição de Lagaffe da 9ª arte para a TV, dado que as histórias originais, providas de um ritmo intenso e de um acentuado sentido de humor, decorriam em apenas uma ou duas pranchas. Outra das questões levantadas pelos muitos fãs de Franquin, é a questão da voz da personagem que cada leitor sempre “ouviu” de forma diferente na BD…
Integralmente editado em Portugal, Gaston Lagaffe, nasceu em 1957, no número 985 da revista “Spirou”, com aspecto ajuizado devido ao cabelo cortado curto e ao casaco e lacinho que vestia. Semanas depois, o cabelo tornou-se mais revolto e passou a vestir uns jeans, uma camisola verde de gola alta e umas alpercatas, que o acompanhariam toda a vida. Após algum tempo a vaguear (literalmente) pelas páginas da publicação, Lagaffe revelou os seus dotes de preguiçoso inveterado, uma invulgar aptidão para originar confusões e criar as mais mirabolantes (mas inúteis) invenções, desesperando os seus colegas da redacção da revista “Spirou”, cujo prédio destruiu por várias vezes. Dessa forma, André Franquin (1924-1997) fez dele um dos mais divertidos anti-heróis da BD, afirmando o seu sentido de humor transbordante e contagiante, e o seu traço pessoal, dinâmico, vivo e extremamente expressivo.


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F. Cleto e Pina

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Da espada ao avental

Com “Hägar, o Horrendo”, massacres e pilhagens tornam-se divertidas

Manuel Caldas, depois da notável restauração das pranchas originais dos primeiros volumes do “Príncipe Valente” e do western humanista “Lance”, duas obras realistas, propõe agora o humor de “Hägar, o horrendo”, um clássico das tiras diárias norte-americanas. Comum aos três projectos é o cuidado apaixonado posto nas edições e o grande respeito pela obra original e (consequentemente) pelo autor.
Hägar é um vicking atípico, ou não divida ele o tempo entre as actividades inerentes à sua “profissão” – invadir, pilhar, saquear – e as banais tarefas domésticas quotidianas a que Helga, a sua mulher – que usa cornos maiores, símbolo do poder entre os vickings de Browne – o obriga.
Com um universo reduzido – inspirado na sua família e amigos – que junta a Hägar e Helga, Hamlet, o filho letrado, Honi, a filha que sonha com proezas guerreiras, Lute, o trovador pacifista que aspira ao seu coração, Eddie (nada) Felizardo, companheiro de batalhas, e poucos mais, Browne explana um humor simples mas eficaz, assente num traço arredondado, simpático, expressivo e desprovido de pormenores desnecessários, com divertidos anacronismos e desfecho sempre surpreendentes, parodiando não só a época de Hägar mas também o quotidiano de todas as épocas, mostrando que dentro de cada um de nós há um pouco deste vicking permanentemente insatisfeito e rude mas também submisso, e transformando as pilhagens e massacres cometidos pelos vickings, um dos mais violentos povos da História, em algo divertido por que ansiamos página após página.

Obra da maturidade

Hägar, um vicking de sorriso inofensivo e feliz – Ano I
Dik Browne
Editor: Manuel Caldas; Distribuição: Gradiva

Não é vulgar, mas quando Dik Browne (1917-1989) imaginou Hägar, em 1973, já passara os 55 anos. Até aí, tivera uma carreira mediana, com um Prémio Reuben (1963) para a tira familiar “Hi and Lois”, criada e escrita por Mort Walker, como ponto alto.
E sem alguns problemas de visão, que o levaram a querer precaver o futuro da família, talvez Hägar nunca tivesse saltado duma folha de papel para 1900 jornais de todo o mundo, privando-o do Reuben de 1973, da fama e dinheiro que nunca tivera e da completa realização pessoal e artística.


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F. Cleto e Pina

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Insólito humor animal

Pérolas a Porcos #6 – Os Sopratos
Stephan Pasis
Bizâncio

Apesar do exemplo das relações predador/presa entre crocodilos e zebras e orcas e focas e do protagonismo de um rato (cínico), de um porco (burro – passe o paradoxo) e de um bode (estranhamente sensato), esta não é uma “enciclopédia animal”. Porque com eles – e com personagens tão improváveis como uma anémona-do-mar, um par de nozes, um violento pato empalhado, bonequinhos vickings efeminados ou Barbara Bush – Pastis, com um humor ácido e um irresistível nonsense, demole tudo, do relacionamento (humano?) à religião, dos programas televisivos aos grupos de auto-ajuda, não poupando sequer ele próprio, a sua criação ou outras tiras de BD famosas (como na incursão terrorista do rato a “Baby Blues”).


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F. Cleto e Pina

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Banda Desenhada Portuguesa mostra-se na China

Obras de seis autores nacionais patentes em Xangai; Parceria com o FIBDA prevê exposição de autores chineses em Outubro, na Amadora

Começou ontem em Xangai e decorre até dia 1 de Julho, a 4ª China International Animation Cartoon and Game Fair, que conta no seu programa com uma exposição de banda desenhada de autores portugueses. A sua presença começou a tomar forma num encontro no Festival de BD de Angoulême, França, em Janeiro último, entre Nelson Dona, director do Festival Internacional de BD da Amadora (FIBDA), e um dos responsáveis do National Center for Developing Animation Cartoon and Game Industry, que organiza aquele evento chinês, para o qual têm sido convidados autores europeus de diversas nacionalidades, como forma de combater a predominância da banda desenhada japonesa (manga) na China.
Nesta primeira participação lusa no certame, o FIBDA optou por seleccionar autores de diferentes áreas e estilos, com obra publicada no estrangeiro, com uma excepção: Luís Henriques, desenhador de “Black Box Stories #1 – Tratado de Umbrografia” (Devir), por ser o autor em destaque na edição deste ano do FIBDA. Os restantes nomes eleitos, que escolheram cerca de uma dezena de pranchas para serem reproduzidas na mostra de Xangai, foram Daniel Maia (com diversos trabalhos para o mercado de comics norte-americano), Rui Lacas (“Merci patron”, Suiça), Miguel Rocha (“Beterraba”, Espanha), José Carlos Fernandes (“A Pior Banda do Mundo”, Espanha, Brasil e Polónia) mas que optou por levar originais do segundo volume das suas “Black Box Stories” , a editar ainda este ano, desenhado por Roberto Gomes, e Richard Câmara (“Cappuccetto Rosso”, Itália). Este último, autor de um curioso “O Capuchinho Vermelho na versão que as crianças mais gostam!” (Polvo), na qual a história tradicional é narrada, em paralelo e em simultâneo, sem palavras, segundo o ponto de vista da menina, do lobo, do caçador e da avozinha, e com inusitadas variações, é o único autor presente em Xangai.
Esta parceria agora iniciada, e que se estenderá pelo menos até 2009, prevê a presença em Outubro e Novembro próximos, no 19º Festival de BD da Amadora, de um responsável daquele festival e de um autor chinês, bem como de uma exposição de banda desenhada chinesa subordinada ao tema genérico que o FIBDA escolheu para este ano: “Ficção-científica e Tecnologia”.


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F. Cleto e Pina

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Turma da Mónica Jovem para adolescentes

Heróis de Maurício de Sousa mais velhos em Agosto; nova versão pretende focar temas como o sexo e as drogas numa perspectiva educativa; adoptado estilo manga para seduzir novos leitores

A notícia não é nova, pois há mais de um ano que Maurício de Sousa faz referências a este projecto, mas a divulgação das primeiras imagens da Turma da Mónica em estilo manga (designação da BD japonesa) prometem causar polémica, que já está instalada nos blogs e sites brasileiros de quadradinhos, com os potenciais leitores divididos entre dar o benefício da dúvida e a recusa pura e simples.
Na verdade, a Turma da Mónica Jovem (assim baptizada por votação dos fãs pela Internet) faz uma ruptura total com os heróis que gerações acompanham há quase meio século, quer na sua temática, quer no seu grafismo. Ou não fossem a Mónica, Cebolinha, Cascão ou Magali retratados na sua adolescência e claramente vocacionados para esta faixa etária, grande apreciadora de quadradinhos japoneses, uma vez que as revistas tradicionais da Turma dividem o seu público maioritariamente entre crianças e adultos. Por isso, a temática das novas histórias abordará “temas diversos, como drogas, bebidas e sexo”, como afirmou o desenhador ao jornal brasileiro “Estado de S. Paulo”, numa perspectiva educativa e didáctica, porque “o autor deve tratar o leitor como filho e, por isso, tem a responsabilidade de o educar”.
Graficamente, Mónica, Cebolinha, Cascão, Magali e os restantes membros da Turma, rondam agora os 15, 16 anos e, embora mantendo o traço arredondado e bem definido e as suas características próprias, ganham um aspecto mais realista, mais humano, com roupas e acessório bem modernos e mesmo um toque de sensualidade no que às meninas diz respeito.
A nova publicação será lançada em Agosto, em paralelo com as demais revistas de Maurício de Sousa, porque “uma linha não invalida a outra” e a ideia é “lançar números mensais por pelo menos um ou dois anos para sentir a recepção do público”. No interior, a preto e branco, tal como a maioria dos manga, estão bem patentes algumas das características daquele género de BD: olhos grandes, bocas desmesuradamente abertas ou uso profícuo de linhas indicadoras de movimento. A Portugal, onde os títulos regulares da turma da Mónica são distribuídos mensalmente, a nova revista deverá chegar no início de 2009. Nos quiosques está actualmente a mini-série “Tina e os Caçadores de Enigmas“, uma nova versão da turma da Tina, na linha de modelos como Indiana Jones ou Tomb Raider, que Maurício de Sousa lançou no início deste ano, também o mesmo objectivo de chegar ao público jovem.


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F. Cleto e Pina

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Schtroumpfs vão surgir com actores de carne e osso

Segundo a Variety, a Columbia Pictures adquiriu os direitos dos Schtroumpfs para produzir um filme de animação com actores de carne e osso, com a Sony Pictures Animation. O produtor será Jordan Kerner, decorrendo negociações com David Stem e David Weiss (“Schreck”) para a escrita do guião.
Os Schtroumpfs foram criados em 1958, por Peyo (1928-1992), e são pequenos anões azuis cujo quotidiano pacífico apenas é perturbado pelo choque das características que cada um ostenta (o Schtroumpf pintor, o Schtroumpf rabugento, o Schtroumpf brincalhão, etc.) ou pelas investidas do feiticeiro Gasganete.
Nos anos 80 os estúdios Hanna-Barbera produziram uma série de desenhos animados que durou uma década e 256 episódios, repetindo o sucesso europeu da BD e fazendo dos (rebaptizados) “Smurfs” um imenso sucesso de merchandising. A sua edição em DVD acaba de regressar ao nosso mercado, comemorando os seus 50 anos.


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F. Cleto e Pina

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Blake e Mortimer a caminho do grande ecrã

Blake e Mortimer a caminho do grande ecrã
Alex de la Iglesia vai adaptar ao cinema “A Marca Amarela”, o mais famoso álbum da fleumática dupla britânica

Várias vezes anunciada, a adaptação ao grande ecrã de Blake e Mortimer, a fleumática dupla britânica, parece finalmente bem encaminhada, tendo Alex de la Iglesia (“Crimen ferpecto”, “The Oxford Murders”) sido escolhido para a realizar. Anteriormente tinha circulado o nome de James Huth, mas este está actualmente empenhado em fazer Lucky Luke regressar ao grande ecrã com actores reais, com Jean Dujardin no principal papel, já em 2009. O “cowboy que dispara mais rápido que a própria sombra” já foi interpretado no cinema por Terence Hill, que também dirigiu o filme, em 1991.
“As aventuras de Blake e Mortimer”, uma hábil combinação de ficção-científica e mistério – ou não fosse o primeiro um agente da Scotland Yard e Mortimer um cientista – foram criadas por Edgar P. Jacobs em 1946, para o primeiro número da revista Tintin belga, de que se tornaram rapidamente um dos pilares. Apesar de contar apenas oito histórias em onze álbuns, Blake e Mortimer são um dos grandes clássicos da banda desenhada franco-belga, e, depois da morte do seu criador, em 1987, foram retomados por diversas duplas de autores, tendo sido objecto também de uma versão animada.
O emblemático “A Marca Amarela”, datado de 1953, especula em torno do controle da mente para dotar o ser humano de poderes especiais e é considerada por muitos o álbum perfeito, devido ao opressivo ambiente de suspense, ao famoso M estilizado com que o vilão Olrik assina as suas proezas criminosas e à forma hiper-realista como Jacbs recriou as nevoentas docas londrinas. Uma das suas sequências mais famosas, a invasão do apartamento dos dois heróis por Olrik, foi recriada, em jeito de homenagem, no mais recente álbum da dupla, “O santuário de Gondwana” (ASA), assinado por Yves Sente e André Juillard.
Já orçado em cerca de 22 milhões de euros, o filme será falado em inglês e deverá estrear ainda em 2008, isto apesar de ainda não haver qualquer indicação quanto ao seu elenco. Mas Alex de la Iglesia, que também escreverá o argumento, já afirmou que imagina “Kevin Kline, com 40 anos, no papel de Olrik, Jude Law como Blake e Clive Owen como Mortimer… Mas como dizia Hitchcock, se tiveres um bom vilão, tens boas hipóteses de teres um bom filme”.


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Chuck: da televisão para os quadradinhos

Série exibida pela RTP 2 estreia em comic-book nos EUA; Versão em papel dá nova dimensão ao herói protagonizado por Zachary Levi

Chuck Bartowski, o protagonista da série que a RTP 2 exibe semanalmente à quarta-feira, vai fazer a sua estreia como herói de papel no próximo dia 11, quando o primeiro número (de seis) da revista com o seu nome chegar às bancas norte-americanas.
Vulgar empregado de da loja Buy More, o protagonista, um viciado em computadores, vê-se involuntariamente transformado em agente secreto da NASA quando um acidente transfere a base de dados daquela agência governamental para o seu cérebro, obrigando-o a uma vida dupla, no momento em que experimenta o seu primeiro relacionamento afectivo em 10 anos.
Os responsáveis pela banda desenhada são Peter Johnson (também argumentista da versão em BD de “Sobrenatural”, uma outra série já exibida em Portugal) e Zev Barow, estando os desenhos entregues a Jeremy Haun e Phil Noto (que também assina as capas). Em entrevista a um site norte-americano, Johnson revelou que as suas aventuras em papel, editadas pela Wildstorm, um dos selos da DC Comics, levá-lo-ão mais longe do que a série televisiva, dada a inexistência de limites orçamentais. Assim, um dos episódios decorrerá numa prisão de Tóquio, onde estarão todos os vilões que já venceu, havendo planos para o levar também a Moscovo ou ao Rio de Janeiro.
Para consolidar a personagem, em cada revista haverá flahbacks para mostrar, por exemplo, a sua infância com Bryce, ou a apresentação de um possível futuro alternativo, para relatar o seu casamento com Sarah. Zachary Levi, o actor que o interpreta no pequeno ecrã, escreveu uma delas. E também a actualidade terá um lugar de relevo, já que no primeiro número, “possivelmente, aparecerá o próximo Presidente dos Estados Unidos”.


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Gordon Brown combate extraterrestres

Primeiro-ministro britânico surge ao lado de super-heróis numa revista da Marvel; história faz parte da saga Secret Invasion a decorrer nos principais títulos da editora

O primeiro-ministro britânico Gordon Brown tem uma pequena participação involuntária no nova revista “Captain Britain and MI13”, com a qual a Marvel pretende relançar os seus super-heróis ingleses. O político surge no segundo número desta mini-série, que hoje chega às bancas norte-americanas. Numa reunião com, entre outros o Captain Britain, Spitfire e Pete Wisdom, incorpora-os no fictício MI13 (alusão aos serviços secretos MI5 e MI6) e envia-os para fazerem face à ocupação das montanhas de Cheviot, na região de Northumberland, no norte da Inglaterra. Esta é parte na invasão da Terra pelos extraterrestres de raça Skrull que está na origem da saga “Secret Invasion” actualmente a decorrer nos principais títulos da Marvel.
Aliás, o chefe de governo mostra-se surpreendido pelos invasores escolherem uma região “sem qualquer valor estratégico”, desconhecendo que existe lá um acesso a um universo com poderes sobrenaturais. Gordon Brown desconhece também que, tal como fizeram com alguns super-heróis, três dos invasores assumiram a identidade de ministros do seu governo, embora estes não sejam especificados nem mostrados na BD.
A ideia partiu do argumentista da série, Paul Cornell, admirador confesso do primeiro-ministro, que afirmou estar satisfeito “por lhe dar uma ajuda de relações públicas entre os dois lados do Atlântico e ao redor do mundo”. Os desenhos da série são da responsabilidade de Leonard Kirk.
Sendo mais ou menos vulgar a aparição de presidentes norte-americanos em revistas de super-heróis (ver caixa), esta estreia aos quadradinhos de Gordon Brown levou a imprensa britânica a interessar-se por aquela revista de banda desenhada, que conseguiu assim uma publicidade extra, desconhecendo-se, no entanto, se este facto servirá para relançar a popularidade do governante.
Criado por Chris Claremont, que marcou uma época como argumentista dos X-Men, e por Herb Trimpe, o Captain Britain fez a sua primeira aparição em Outubro de 1976, e pretendia ser a réplica inglesa do Capitão América. O seu alter-ego, Brian Braddock, transformava-se nele apertando um amuleto místico que usava ao pescoço, que teria tido origem no mago Merlin, e que lhe conferia força e energia sobre-humanas bem como um ceptro que lhe permitia voar. A sua melhor fase correspondeu ao período em que Alan Moore assumiu o argumento, estando então os desenhos entregues a Alan Davis.

[Caixa]
Políticos nos quadradinhos
Uma das aparições mais marcantes de presidentes dos EUA ao lado dos super-heróis é a participação de Ronald Reagan no clássico “The Dark Night returs”/”O regresso do Cavaleiro das Trevas” (1986), de Frank Miller. Primeiro, numa sequência carregada de simbolismos, enviando Superman para conter, de qualquer forma, o revoltado Batman, depois anunciando a invasão de uma ilha significativamente chamada Corto Maltese, desencadeando um conflito nuclear com os soviéticos, o que faz com que apareça com um fato anti-radição algumas pranchas mais à frente. O que não impediu que Batman o defendesse de um atentado, apenas dois anos volvidos (em “Batman #417”).
A utilização de políticos reais com os super-heróis de papel nasceu praticamente com estes, ou não tenha o Capitão América de Joe Simon e Jack Kirby esmurrado Hitler, logo em 1941, na capa da sua primeira revista, ou o Superman levado o ditador alemão juntamente com Estaline para serem julgados num designado “Tribunal da Liga das Nações”, na mesma época.


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F. Cleto e Pina

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