Categoria: Recortes

Compartilhar a paixão por uma obra sublime

Foster e Val – Os trabalhos e os dias do criador de ‘Prince Valiant’
Manuel Caldas
Livros de Papel
25,00€

Príncipe Valente 1941-42
Harold R. Foster
Livros de Papel
25,00€

Na próxima terça-feira, dia 13, passam exactamente 70 anos sobre o início da publicação nos jornais norte-americanos de “Prince Valiant, In the Days of King Arthur”, rebaptizado em Portugal “Príncipe Valente”. Um acaso, daqueles em que a vida é fértil –  causado por problemas de distribuição – levou a que a chegada às livrarias de “Foster e Val –  Os trabalhos e os dias do criador de ‘Prince Valiant'”, quase coincidisse com aquela data, como que antecipando uma comemoração a todos os títulos justa daquela que é, seguramente, “uma da mais maravilhosas e monumentais bandas desenhadas de sempre”.

Versão “profissional” (revista, aumentada e melhorada) da obra com o mesmo título, que Manuel Caldas auto-editou em 1989, revela o profundo conhecimento que ele tem da obra – quase dando a sensação de que conhece de cor, vinheta a vinheta, as 2244 pranchas que Foster escreveu e desenhou, tal a minúcia da sua análise. Mas não se pense que, por isso, esta monografia – de que a banda desenhada em Portugal tem sido, infelizmente, parca – é um livro maçudo ou maçador e escrito apenas para os (que já são) admiradores da obra. Não, Caldas, escrevendo com pormenor, fá-lo de uma forma acessível e de leitura agradável, não como quem sente necessidade de justificar a excelência da arte de Foster e a sua (enorme) paixão por ela (“nascida de forma fulminante aos 11 anos”), antes mostrando-a ao leitor, com evidente prazer. Caldas mostra o que sabe, mas para compartilhar esse saber com os outros, no intuito de os levar a amar a obra que ele ama.

Após um primeiro capítulo em que traça uma longa biografia de Foster, na qual destaca a sua paixão pela natureza (bem expressa depois em “Príncipe Valente”) e o facto de inicialmente a banda desenhada ter sido encarada por ele como uma arte menor – assim era vista na época – Caldas mergulha a fundo na obra em si, citando-a profusamente – quase como que deixando-a falar por si – destacando as qualidades “de uma obra de proporções épicas” – excelência do desenho, qualidade literária das histórias, conjugação de factos históricos com pura ficção, alternância de episódios violentas com cenas familiares, combinação de “vivências, com sensibilidade e poesia, com grande sentido dramático e de humor” que tornam “a narrativa dos grandes momentos da vida de Val a experiência emocionalmente mais intensa que uma banda desenhada pode proporcionar”, “a autenticidade e profundidade” das personagens, etc. – mas mostrando também os seus aspectos menos conseguidos. Tudo profusa e adequadamente ilustrado, com as imagens muitas vezes reproduzidas dos originais de Foster, em tamanho real, com uma qualidade raramente (ou nunca) vista até hoje.

A forma de trabalhar de Foster, as suas outras histórias aos quadradinhos, as homenagens e/ou plágios ao “Príncipe Valente”, a análise das reedições deste e o seu percurso bibliográfico em Portugal, são os temas dos restantes capítulos de “Foster e Val” que “pretende convencer definitivamente da grandeza do artista e da sua obra” e cuja leitura só pode ter um resultado: criar no leitor o desejo de apreciar com os seus olhos a obra de Hal Foster. Que se aconselha seja feita na edição original portuguesa, igualmente da responsabilidade de Manuel Caldas, que lhe faz inteira justiça, estando disponíveis já os cinco primeiros tomos (dos vinte e dois previstos), correspondentes aos dez primeiros anos das aventuras do Príncipe Valente, nos quais Hal Foster explanou o melhor da sua sublime arte, algo “simplesmente sobre-humano”.


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

Mais clássicos

Integrada nas comemorações dos 60 anos das Éditions du Lombard – nascidas a 16 de Setembro de 1946 com o nº1 da revista “Tintin” – a colecção “Milésimes” recuperou alguns dos heróis que fizeram a história da editora ou, melhor, com os quais ela fez história no seio da banda desenhada franco-belga.

Foram doze volumes, em edição fac-simile, nos quais (re)encontramos Blake e Mortimer (de Jacobs), Corentin (Cuvelier), Chick Bill (Tibet), Chlorophylle (Macherot), Pom & Teddy (Craenhals), Le Chevalier Blanc (L. e F. Funcken), Monsieur Barelli (De Moor), Dan Cooper (Weinberg), Modeste e Pompon (Franquin), Michel Vaillant (Graton), Clifton (Macherot) e Bruno Brazil (Greg e Vance).

Raymond Macherot, o único autor “repetido”, para além de “Chlorophylle”, a sua grande criação, uma BD animalista que reflecte sobre os comportamentos humanos, assina também “Clifton”. Este último é um fleumático detective britânico, “o mais dotado e perspicaz desde Sherlock Holmes” (!) que apoia as suas descobertas na sua capacidade dedutiva, mas não se esquivando a uma luta, uma movimentada perseguição ou até a utilizar o seu guarda-chuva/carabina. Histórias policiais em registo de humor, ligeiro e descontraído, de que emana o melhor da BD enquanto divertimento puro, os inquéritos do Coronel Clifton são mais um exemplo do talento multifacetado de Macherot, um autor injustamente pouco lembrado.


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

Avril Lavigne protagoniza manga

Primeiro de dois volumes será lançado em Abril

A Del Rey Manga, uma subsidiária da Random House Inc., acaba de anunciar a publicação de um manga (termo que originalmente designa a banda desenhada japonesa, hoje em dia já utilizado para classificar qualquer obra com as características do género: personagens de olhos grandes, uso abundante de linhas de movimento e de onomatopeias, histórias de ritmo intenso em que a acção predomina) escrito e protagonizado pela cantora pop canadiana Avril Lavigne.

Intitulado “Make 5 Wishes”, será o primeiro manga americano do catálogo da editora e os seus dois volumes, com cerca de 160 páginas a cores cada um, serão lançados em Abril e Julho, estando já disponíveis para pré-encomenda nos catálogos especializados norte-americanos.

A história imaginada por Lavigne e desenvolvida pelo argumentista Joshua Dysart, com larga experiência no universo dos comics, onde escreveu histórias de “Swamp Thing”, “Van Helsing” ou “Conan”, conta como Hana, uma adolescente introvertida, consegue, através de um site Internet, contactar um demónio que lhe concede cinco desejos cuja concretização, no entanto, se revela bem diferente do esperado. Entra então em cena Avril Lavigne que ajudará a jovem a derrotar os seus demónios interiores. O desenho foi entregue a Camilla d’Errico, que deverá ver outros três mangas de sua autoria editados durante 2007 nos EUA.

A cantora, modelo e compositora, que já dobrou personagens de desenhos animados e cujo novo álbum, “The Best Damn Thing”, deverá ser lançado a 17 de Abril, uma semana depois do manga, afirmou: “Eu sei que muitos dos meus fãs lêem mangas, e estou muito empolgada por estar envolvida na criação de histórias que sei que eles vão gostar”.

Esta não é a primeira vez que uma cantora cria e protagoniza um manga, pois Courtney Love, a viúva de Kurt Cobain já havia feito o mesmo em “Princess Ai”, um dos grandes sucessos da editora norte-americana TokyoPop. Isso justifica a actual aposta desta editora no lançamento de romances, livros de poesia e arte, tiras diárias para jornais, um disco e mesmo um filme (em 2009, combinando actores de carne e osso e animação), baseados na personagem de Courtney.


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

StarTrek regressa em banda desenhada

Mini-série lançada agora nos Estados Unidos assinala os 40 anos da série e os 20 de Star Trek: Next Generation

Acaba de ser lançada nos Estados Unidos “Star Trek: The Next Generation: The Space Between”, que marca o regresso aos quadradinhos de uma das mais famosas séries de ficção-científica nascidas no pequeno ecrã.
Primeiro de uma série de lançamentos previstos pela IDW Publishing, editora que já tem no seu catálogo obras como “30 dias de noite”, uma obra que renovou o género de terror em BD, e versões e/ou extensões das séries “CSI” e “24”, tem como objectivo assinalar os 20 anos de “Star Trek: Nex Generation”, que se cumpriram este mês de Janeiro e também as quatro décadas da série-mãe, que estreou nas televisões norte-americanas em 1967.
Dado o êxito imediato alcançado, as aventuras do Capitão Kirk, de Mr. Spock e dos seus companheiros, que estiveram na origem de seis séries televisivas, dez filmes e dezenas de romances, seriam de imediato transpostas para as histórias em quadradinhos, adaptando as séries e filmes ou criando histórias originais, publicadas quer na forma de tiras diárias para os jornais, quer sob a forma de histórias completas em revistas próprias, primeiro pela Golden Key, e depois passando pelos dois gigantes norte-americanos da BD, a Marvel e a DC Comics, para, recentemente, as aventuras dos tripulantes da nave estelar U.S.S. Enterprise NCC-1701-D aparecerem na Tokyopop em registo manga (bd japonesa).
“Star Trek: The Next Generation: The Space Between”, é uma mini-série em seis números, cuja acção, escrita por David Tischman e desenhada por Casey Maloney, ambos fãs da série original, se passa no primeiro ano da nave Enterprise, comandada pelo Capitão Jean-Luc Picard, logo após receber a missão “de explorar novos mundos, procurar novas formas de vida e novas civilizações, indo onde ninguém ainda foi”. As capas são da autoria de Dennis Calero e Zach Howard e pintadas por Jeremy Geddes e Ken Kelly.
Este é apenas o primeiro de uma série de títulos que a IDW Publishing pensa produzir nos próximos meses, conforme revelou o seu editor-chefe, Chris Ryall, que afirmou “não poder estar mais contente do que estando à frente do regresso aos comics de Star Trek porque, apesar da abundância destes títulos no passado, conseguimos novas formas de transmitir vibração e criatividade à série”.


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F. Cleto e Pina

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Tex clássico

Com o fim das edições da Devir e o cancelamento de quase todos os títulos Disney, a BD nas bancas – em tempos o local por excelência da sua venda – está limitada ás edições Bonelli, que nos chegam pela brasileira Mythos Editora, e que actualmente são apenas três westerns, embora de características bem diferentes: Zagor, Mágico Vento (a que prometo voltar em breve) e o incontornável Tex.

Caso invulgar de longevidade (quase 60 anos de publicação ininterrupta), figura de quase culto para muitos, às oito colecções já existentes, vê agora somar-se mais uma: “Os grandes Clássicos de Tex”, cujo primeiro número está já distribuído entre nós. Destinada a recordar os momentos marcantes do percurso do ranger, esta colecção abre com o seu breve e invulgar casamento. Invulgar porque, ao contrário do habitual em muitas séries clássicas da BD, não surgiu após um namoro que parecia eterno, antes como fruto das circunstâncias (ou casava ou morria no poste das torturas…!), e breve, porque os autores rapidamente perceberam que Tex não era o tipo de herói que trabalha das 9 às 6 e volta a casa para jantar, e mataram a bela Lilith…

Para além da curiosidade, esta história, que começa com a investigação de um tráfico de armas, é um documento que mostra as origens daquele que é um verdadeiro ícone para muitos leitores, aqui pela mão dos seus criadores Giovanni Luigi Bonelli e Galep.


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F. Cleto e Pina

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Grande Prémio de Angoulême para José Muñoz

Encerrou ontem o 34º Festival de BD de Angoulême com a atribuição do Grande Prémio a José Muñoz. Escolha, consensual a todos os níveis, dos anteriores laureados, Muñoz conquistou-a “pela sua obra intensa e exigente” e por ser “um criador virtuoso”.

Um dos grandes mestres da BD a preto e branco, José Muñoz, nascido a 10 de Julho de 1942 em Buenos Aires, aprendeu com Alberto Breccia e Hugo Pratt, mas seria na Europa, a partir de 1974, que criaria fama, ao lado do também argentino e exilado político Carlos Sampayo. As aventuras de Alack Sinner, um policial de contornos humanos e sociais, são a obra mais conhecida de uma bibliografia vasta e adulta, política e socialmente empenhada, que inclui também “Viet Blues” ou “Billie Holiday”. Em português é possível apreciá-lo em “Nos Bares” (Asa, 2003) e no catálogo “José Muñoz – Cidade, jazz da solidão” (Livros Horizonte, 1994).

O Palmarés oficial de Angoulême, este ano renovado, sem os controversos prémios para argumento e desenho que “separavam” o que na BD deve ser inseparável, ficou assim definido: Melhor Álbum: “Non Non Bâ”, de Shigeru Mizuki (Cornélius); Álbuns Essenciais: “Black Hole”, de Charles Burns (Delcourt), “Lucille”, de Debeurme (Futuropolis), “Lupus”, de Frederik Peeters (Atrabile), “Le photographe”, de Guibert, Lefèvre e Lemercier (Dupuis), “Pourquoi j’ai tué Pierre”, de Olivier Ka e Alfred (Delcourt); Prémio Revelação: “Panier de singe”, de Mulot e Ruppert (L’Association); Prémio do Património: “Sergent Laterreur”, de Touïs e Frydman (L’Association).


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F. Cleto e Pina

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Corto Maltese regressa à BD

Quando todas as atenções do mundo da banda desenhada estavam centradas no Festival de Angoulême, que decorre até amanhã, a notícia chegou de surpresa: Corto Maltese vai viver novas aventuras aos quadradinhos, depois de uma pausa de 15 anos, pois “Mú”, a última aventura escrita e desenhada pelo seu criador, o italiano Hugo Pratt, data já de 1992. Agora, em entrevista ao jornal francês “Le Fígaro”, Patrizia Zanotti, primeiro colaboradora e depois também companheira de Hugo Pratt, e a actual detentora dos direitos das obras do mestre, declarou que “Hugo disse-me várias vezes que desejava que Corto prosseguisse as suas aventuras após a sua morte”.
Este desejo está então a tomar forma, pela mão de dois autores cuja identidade não foi ainda revelada, embora tenham sido divulgados já alguns esboços de Corto da sua autoria.
Segundo Zanotti, a nova aventura “deverá situar-se entre 1905 e 1913, preenchendo um vazio” na biografia do marinheiro errante, ou seja entre os acontecimentos narrados nos álbuns “A juventude 1904-1905” e o mítico “A balada do Mar Salgado”, no qual Corto fez a sua aparição, em Julho de 1967, nas páginas da revista italiana “Sgt. Kirk”. Talvez se fique a saber finalmente como Rasputine e Corto se conheceram e o que viveram juntos ou porque razão o segundo surge amarrado numa jangada no início de “A Balada…”, naquela que é uma das mais célebres vinhetas da história da BD.
Agora, resta esperar até meados de 2008 ou princípios de 2009, para saber se Corto, uma das mais emblemáticas personagens dos quadradinhos, pode viver para lá de Hugo Pratt, de quem sempre foi considerado o alter-ego.
Esta não é, no entanto, a primeira vez que uma obra de Pratt é retomada após a sua morte, em 1995, pois em 2005, Pierre Wazem assinou um novo episódio de “Os escorpiões do deserto”, então com boa receptividade da crítica e dos leitores.


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F. Cleto e Pina

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Efémero

Está nas bancas a revista “Marvel Especial #8” (Devir). Cumprimento tardio de uma promessa – a conclusão das histórias “Wolverine: Massacre no Texas” e “Guerra suprema” (daí as duas capas da publicação) deixadas em aberto com o cancelamento dos títulos “Os Espantosos X-Men” e “Ultimate Homem-Aranha” – marca o regresso efémero dos super-heróis aos quiosques portugueses (e o adeus da Devir a este segmento do mercado após 7 anos de publicações regulares), onde poderão voltar se se confirmarem os rumores que apontam para a distribuição das publicações brasileiras da Panini no nosso país.

Para os fãs do género (mas não só…), promete a Devir edições ocasionais para livraria, onde se encontram de momento dois títulos a ler. O primeiro é “Demolidor: Amarelo”, de Jeph Loeb e Tim Sale, que reconta, em tom pausado e melancólico, a origem do super-herói cego, na forma de carta à única mulher que ele amou, num registo próximo daquele que os dois autores já tinham utilizado em “Homem-Aranha: Azul”. O segundo é “Homenm-Aranha & Gata-Negra: O mal que os homens fazem”, de Kevin Smith, Terry e Rachel Dodson, uma agradável surpresa, pois uma banal história do género, com contornos românticos e policiais, acaba transformada numa humana e invulgar (para o meio) reflexão sobre questões como o abuso infantil, o incesto e a violação.


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

Festival de BD de Angoulême na encruzilhada

Maior manifestação europeia de banda desenhada começa hoje, ensombrada por questões logísticas e problemas de financiamento; Lewis Trondheim e Hergé atraem as atenções

Começa hoje a 34ª edição do Festival International de Bande Dessinée d’Angoulême, França, ensombrada por diversas questões que podem mesmo pôr em causa a continuidade da mais importante manifestação europeia dedicada aos quadradinhos, pelo menos nos moldes até agora utilizados.

À cabeça destas, surgem os problemas de financiamento que o festival experimentou este ano, acompanhadas de perto pela necessidade de montar as tradicionais feiras de BD num local situado a dois quilómetros do centro de Angoulême, onde estão as principais exposições, o que desagradou aos livreiros e põe em causa a imagem de marca do festival: uma cidade inteiramente consagrada à banda desenhada. Esta opção permitiu, no entanto, congregar num único espaço, com cerca de 10.000 m2, que se apresenta como a “maior loja de BD do mundo”, editores, fanzines e produtos derivados.

Esta edição nasceu desde logo envolta em polémica, ou não fosse Lewis Trondheim, contemplado com o Grande Prémio da Cidade em 2006, o Presidente. Polémico por natureza, disparou para todos os lados (direcção do festival, patrocinadores, imprensa), e a verdade é que deixa a sua marca. Quer no cartaz sóbrio e mais gráfico do que era habitual, quer na alteração do palmarés do festival (ver caixa), quer no facto de ter abdicado da tradicional exposição retrospectiva, substituindo-a por “Les 7 merveilles de la bande dessinée”, uma exposição-gag minimalista em que Trondheim e os seus amigos rendem homenagem à BD em todas as suas formas, em sete vinhetas gigantes irónicas, entre as quais “Pranchas originais dos Schtroumpfs”, “A prancha mais cara do mundo” e “Descobrir o mundo com Corto Maltese”. Por iniciativa de Trondheim, também, serão realizadas em Angoulême “As 24 horas de BD”, nas quais 24 autores criarão em 24 horas uma história de 24 páginas, que será difundida na Internet.

Outro dos grandes atractivos do festival é a primeira parte da “Exposition Universelle de la bande dessinée”, que tem por base uma exploração prospectiva da BD que se faz hoje em todo o mundo, buscando pontos de contacto e vias inovadoras, e que será desenvolvida ao longo de várias edições do evento.

Em ano de centenário de Hergé, que tem uma rua em Angoulême com o seu nome, tal como acontecerá este ano com Goscinny, o festival propõe uma grande evocação do desenhador e da sua herança artística através de encontros de críticos e autores e de uma exposição inédita – “Hergé: da viagem imaginária à viagem interior” – que explora os mecanismos da criação do pai de Tintin.

“O mundo de Kid Paddle”, uma exposição espectáculo vocacionada para os mais novos, uma mostra dedicada ao psicadelismo de Jim Woodring, um documentário sobre a influência da actualidade na série “Valérian”, o cada vez mais procurado “Espaço Manga” e os Encontros Internacionais, para os quais estão garantidos nomes como Gilbert Hernandez, Didier Comès ou Sergio Toppi, são outros dos pontos de interesse do festival que se desenrola até ao próximo domingo.

[Caixa]

Palmarés renovado

Entre as muitas críticas de Lewis Trondheim ao festival, avultava a questão do palmarés, que, entre outros atribuía prémios para melhor argumento e melhor desenho, como se numa banda desenhada fosse possível fazer esta separação. A sua tese venceu – e este poderia ser um bom exemplo a seguir pelo Festival da Amadora – e assim, este ano, o palmarés do festival será assim estabelecido: Melhor Álbum, seis Álbuns Essenciais, um dos quais também “Revelação”, e o Prémio do Património, a atribuir à reedição de uma obra clássica da 9ª arte.

As 50 obras pré-seleccionada para estes prémios estarão disponíveis ao público, no “Espaço Leitura”, criado este ano no Festival. 


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F. Cleto e Pina

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Jornal de Notícias

BD inédita do Quarteto Fantástico

Criada por Stan Lee e Jack Kirby, em 1970, chega às livrarias em Fevereiro

A Marvel vai publicar uma aventura inédita do Quarteto Fantástico, escrita por Stan Lee e desenhada por Jack Kirby, os criadores do primeiro grupo familiar de super-heróis, em 1961. A história, que data de 1970, deveria ter sido publicada no número 102 da revista “Fantastic Four” mas, na altura foi substituída por outra. Como a relação entre os dois criadores entretanto atingira o ponto de ruptura, devido a divergências criativas, esta banda desenhada não chegou a ser finalizada, tendo entretanto Jack Kirby sido substituído por John Buscema na arte.
Há pouco mais de um ano os seus originais foram encontrados e, agora, a banda desenhada, de que algumas pranchas estavam apenas esboçadas, foi finalizada por Stan Lee e Joe Sinnott, com base no trabalho a lápis de Kirby, que faleceu em 1994, e será publicada num número único intitulado “Fantastic Four: The Lost Adventure”, que chegará às livrarias em Fevereiro próximo.
A edição, que inclui também uma análise dos originais de Kirby, feita pelo especialista John Morrow, reedita “The Monstrous Mistery of the Nega-Man!”, história originalmente publicada em “Fantastic Four #108”, que, na época, utilizou algumas das pranchas de Kirby numa sequência em flashback.
O “Quarteto Fantástico” nasceu na banda desenhada em 1961, numa revista com título próprio, em cujo primeiro número é descrita a transformação sofrida por Reed Richards, Sue Storm, Johnny Storm e Bem Grimm, quando a nave que tripulam atravessa uma zona de raios cósmicos durante um voo aeroespacial não autorizado. Decidem então usar os seus super-poderes, que não pediram e que lamentam, para ajudarem a humanidade, mais do que para combaterem o crime, ao contrário de tantos outros super-heróis. Aliás, Lee quis “fazer destas personagens gente real”, com problemas corriqueiros como contas para pagar ou a necessidade de emprego para subsistirem. E, como família, vivem juntos e trabalham juntos, exactamente como uma família normal, pelo que grande parte das suas histórias gira em torno dos conflitos entre eles.


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F. Cleto e Pina

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