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A sensual Betty Boop estreou-se na BD há 75 anos

Frágil, elegante, olhos grandes, boquinha pequena, a formar beicinho, pernas bem torneadas, medidas exactas, ombros e pernas nuas, liga na perna esquerda, voz suave em que pronunciou vezes sem conta o famoso “boop-oop-a-doop”… Esta é a imagem de marca de Betty Boop que, se hoje pouco mais provoca do que um sorriso, quando chegou à BD, a 23 de Julho de 1934, em tiras diárias da autoria de Bud Couniham, possivelmente fez sonhar mais do que um leitor.
Esse foi, no entanto, o segundo nascimento da sensual pin-up dos anos 30, inspirada no visual da cantora Helen Kane, já que a sua estreia acontecera a 9 de Agosto de 1930, em versão animada, num filme intitulado “Dizzy Dishes”, da autoria de Grim Natwick e Max Fleisher. O que poucos sabem é que então era uma… cadela (literalmente!), fazendo parceria com o cãozinho Bimbo, numa tentativa de emular o sucesso crescente e imparável do par Mickey e Minnie Mouse. Como a ideia não teve sucesso, a evolução para figura humana surgiu como alternativa, em filmes ambientados no meio cinematográfico, bem explícitos quanto ao tema sexo, com a cantora e actriz a usar vestidos bem curtos e, por vezes, até transparentes. Depois de uma parceria com Popeye, em 1933, a entrada em vigor do Hays Act, uma lei censória que veio regulamentar e “limpar” o cinema e os quadradinhos, obrigou a despojar Betty Boop do carácter provocador e provocante que a distinguia, tornando-lhe a vida breve nos quadradinhos, marcados por um humor ingénuo. A tira diária terminou logo em Março de 1935 e as pranchas dominicais, iniciadas em Dezembro de 1934, resistiram apenas até Novembro de 1937. Nos anos 80, ensaiou novo regresso à BD, em parceria com o (em tempos também) popular Felix the Cat, mas a experiência terminaria ao fim de quatro anos.
Hoje, quando muitos ignoram as suas origens desenhadas, esta septuagenária que hoje cumpre as suas Bodas de Ouro na BD, não é mais do que uma popular referência retro, usada e abusada em merchandising.


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F. Cleto e Pina

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A Lua em (todos os) quadradinhos

Musa inspiradora de poetas e escritores, pintores e escultores, a Lua também não deixou indiferente os criadores de banda desenhada, tendo alguns enviado até lá os seus heróis de papel.
O mais célebre de todos os astronautas da banda desenhada é, com certeza, Tintin que por lá andou quase 20 anos antes de Neil Armstrong, no diptíco “Rumo à Lua”/”Explorando a Lua” começado a publicar a 30 de Março de 1950. Partindo da imaginária Sildávia, num foguetão concebido pelo Professor Tournesol, numa viagem com imensas semelhanças com aquela que a NASA organizou em 1969, Tintin, Haddock, Milu e os Dupont foram até ao satélite da Terra numa aventura que, se se enquadra no tom aventuroso normal da série, é também bastante plausível do ponto de vista científico, graças à profunda investigação que Hergé levou a cabo antes de a iniciar. Mais tarde, o autor voltaria ao tema, narrando, numa BD de apenas quatro páginas, a aventura vivida por Armstrong.
À mesma Lua, por diversas vezes, foram os heróis Disney. Numa das mais famosas, “The Loony Lunar Gold Race“, escrita pelo “homem dos patos”, Carl Barks, em 1964, Donald e Patinhas procuram lá ouro, mas Mickey e Pateta também foram astronautas mais do que uma vez, como agora, na recém-editada “Topolino e il guardiano lunare”, que assinala os 40 anos da chegada do homem à Lua. Claro está, nunca se cruzaram com o solitário Astronauta, de Maurício de Sousa, que percorre o espaço na sua nave esférica, nem com o Spirit de Will Eisner e Wally Wood, que também lá foi, em perseguição de um criminoso, no ano de 1952, em “Outer Space”. E se os heróis Disney, mais do que uma vez encontraram selenitas, no insuspeito policial Dick Tracy, criação célebre de Chester Gould, o filho do protagonista desposava uma bela… lunática. Da Lua provinha também a pedra que dava super-poderes à Moon Girl, uma super-heroína dos anos 40, criada por Max Gaines, Gradner Fox e Sheldon Moldoff, com vários pontos de contacto com a Mulher Maravilha, bem como o broche que transforma Usagi Tsukino na bela Sailor Moon, reencarnação de uma guerreira lunar e protagonista do manga a que dá título.
A adaptação do sucesso televisivo “Espaço 1999”, que teve edição portuguesa, mostrou o nosso satélite como base de naves espaciais, ideia usada em muitas outras histórias aos quadradinhos de ficção-científica, como é o caso de “Nathan Never”, um polícia que vive 200 anos no futuro, originário da Casa das Ideias Bonelli, imaginado por Medda, Serra e Vigna em 1988.
Para além disso, essa mesma Lua, onde o trapalhão Gaston Lagaffe, de Franquin, tem permanentemente a cabeça, testemunhou alguns dos banquetes de Astérix, Obélix e dos outros gauleses irredutíveis, assistiu aos oníricos passeios na cama andante do Little Nemo, de Winsor McKay, e foi companhia dos devaneios do errante Corto Maltese, de Hugo Pratt.
A terminar, duas curiosidades: em “Carson de Vénus”, que o Mundo de Aventuras publicou há cerca de um quarto de século, uma novela de Edgar Rice Burroughs, o criador de Tarzan, adaptada aos quadradinhos por Mike Kaluta, o herói, após meses de exaustivos preparativos, parte rumo a Marte, acabando por chegar a Vénus… por se ter esquecido da Lua nos seus cálculos! E dez anos antes de Armstrong descer na Lua, numa tira diária publicada no jornal inglês “Daily Express” de 21 de Novembro de 1959, Jeff Hawke, herói de ficção-científica criado por Sydney Jordan, para assinalar a sua presença no satélite terrestre, colocava uma placa na qual se lia esta previsão quase exacta: “A 4 de Agosto do ano terrestre de 1969, o primeiro ser pisou a Lua. Chamava-se Homo sapiens”!


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F. Cleto e Pina

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50 anos a animar a Turma

A 18 de Julho de 1959, Maurício de Sousa iniciava “oficialmente” a sua carreira com o cãozinho azul Bidu que, recorda, “foi assim baptizado no jornal Folha da Manhã, hoje Folha de S. Paulo”, apesar de já sair “em tiras a toda a largura da página, semanalmente, desde Maio”.
Eram os primeiros passos de um ex-repórter policial, hoje com 73 anos, que tentara a BD realista antes de (se) encontrar com a Turma da Mônica, que fez dele uma referência e um exemplo para sucessivas gerações. 50 anos e 200 personagens depois, vendeu mais de 1000 milhões de revistas, em 50 idiomas e 126 países, licenciou 3000 produtos, possui o maior estúdio de BD do Brasil e é o maior produtor de cinema de animação daquele país.
Para este sucesso, tem uma explicação simples: a Turma da Mônica é formada por crianças que agem como crianças e que reflectem valores imutáveis e fundamentais: “amizade, solidariedade, superação”.
Depois do Bidu, vieram o Franjinha, o Cebolinha, Mônica, a estrela da companhia, inspirada num dos dez rebentos que teve em seis casamentos. E também o Cascão e a Magali, Chico Bento, a tétrica turma do Penadinho, o mini-dinossauro Horácio, o Astronauta e até o português Alfacinha. Ou Pelezinho e Ronaldinho Gaúcho, mini-heróis de papel, sempre com a bola nos pés. E um filho de pais separados, uma menina cega, outro paraplégico, para que as suas criações reflictam sempre o mundo real, defendendo a integração, o direito à diferença, o respeito pelos outros.
Projectos nunca faltam: o regresso às bancas portuguesas, há dois anos, Mônica, Cebolinha e os outros, adolescentes, em estilo manga, campanhas educativas e de sensibilização, edições pedagógicas na China, Ronaldinho Gaúcho numa série animada em Itália, revistas em inglês e espanhol (“um velho sonho”), o desejo de ver Pelezinho como mascote do Mundial de 2014…
Agora, depois da Unicef fazer da “dentucinha” sua embaixadora, as comemorações incluem vários livros, uma homenagem de cartoonistas, a partir de 2ª-feira neste site, um documentário no Biography Channel e a exposição “Maurício 50 anos”, no Museu Brasileiro de Escultura, que traça o seu percurso e mostra os heróis da Turma reinterpretando obras de arte clássicos.


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Turma da Mônica explica acordo ortográfico

Chega hoje aos quiosques e bancas portuguesas a revista “Saiba Mais! – Turma da Mônica #16 – Reforma Ortográfica”, uma publicação com carácter didáctico, em os heróis criados por Maurício de Sousa explicam as novas regras de escrita para a língua portuguesa.
Publicada originalmente em Dezembro de 2008 no Brasil, no mês anterior à entrada em vigor do Acordo Ortográfico naquele país, a narrativa começa por explicar as razões que levaram à sua criação através de uma breve introdução histórica à difusão do português pelo mundo. Depois, associa mais um dos planos infalíveis do Cebolinha para derrotar a Mônica, à enumeração das principais mudanças que o acordo, ainda sem data de entrada em vigor no nosso país, vai introduzir na escrita do português, utilizado por cerca de 200 milhões de pessoas em todo o mundo.
As principais alterações com efeito no Brasil são explicadas pelo Manezinho, enquanto que o António Alfacinha, o “miúdo luso”, faz nova aparição nas histórias da Turma na última mão cheia de pranchas, para explicitar quais as mudanças mais relevantes no português de Portugal: perda das consoantes não pronunciadas em palavras como “acção”, “facto” ou “adopção” ou eliminação do “h” em “húmido”. Como nota negativa ficam dois erros graves: Timor-Leste é indicado como ficando na Indonésia e “erva” em Portugal ainda seria “herva”.
Depois das 20 pranchas de BD, que terminam com mais uma tradicional perseguição da Mônica ao Cebolinha, surgem mais 10 páginas de passatempos, já segundo as novas regras ortográficas. Como oferta, a edição, traz uma mini-revista com uma história do Franjinha que aborda o mesmo tema.


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Turma da Mônica homenageia Michael Jackson

Maurício de Sousa divulgou no passado sábado um guião de homenagem a Michael Jackson. É uma história intitulada “À espera de um astro”, escrita pelo argumentista Paulo Back e protagonizada pela Turma do Penadinho, composta por fantasmas, esqueletos, múmias, vampiros e lobisomens, que esperam pelo rei da Pop num cemitério. Enquanto aguardam, usam alguns dos acessórios típicos do cantor e tentam imitar os seus passos, evocando o videoclip de “Thriller”, mas com resultados desastrosos. No final, acabam desiludidos pois a Dona Morte informa que o cantor foi para o céu, onde o vemos a dançar com o Anjinho, entre outros.
São dez páginas, para já apenas na forma de esboço, que foram anunciadas no Twitter, podendo ser vistas aqui. Depois de desenhada e colorida, a história deverá ser publicada na revista “Mônica” #33, a editar no Brasil em Setembro e que deverá ser distribuída em Portugal em Março de 2010.
Esta não é a primeira vez que o cantor se cruza com os heróis da Turma da Mônica, já que na década de 80 teve diversas aparições nas revistas de Maurício de Sousa.


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Autores portugueses recontam Lenda de Moura em BD

Aproveitando o feriado municipal, a Câmara Municipal de Moura inaugura hoje, pelas 11 horas, no Conservatório Regional do Baixo Alentejo, a exposição dos originais que compõem o álbum “Salúquia – A Lenda de Moura em Banda Desenhada”, que ficará patente até dia 20 de Julho.
Obra colectiva, em gestação desde 2004, junta 15 desenhadores e um argumentista – Luís Afonso, Jorge Magalhães, Augusto Trigo, José Ruy, José Garcês, Artur Correia, Zé Manel, Carlos Alberto, Isabel Lobinho, Pedro Massano, Catherine Labey, José Abrantes, Baptista Mendes, Eugénio Silva, José Pires e José Antunes – já com muitas provas dadas na BD nacional, não só na temática histórica, mas também no campo do humor, do erotismo ou da ficção aos quadradinhos.
Apresentado hoje, o álbum, com 76 páginas, capa de Carlos Alberto e contra-capa de Isabel Lobinho, compila treze bandas desenhadas e duas ilustrações que são outras tantas versões, diferentes no estilo, nas técnicas e na abordagem, da lenda da moura Salúquia, que originou o actual nome da cidade de Moura.
Durante o lançamento e na inauguração da exposição, ocorrerão momentos musicais a cargo do Coro Polifónico “As Vozes da Moura” e de elementos do Conservatório Regional do Baixo Alentejo – Secção de Moura.


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Mundo Fantasma expõe Craig Thompson

A galeria Mundo Fantasma, no Centro Comercial Brasília, inaugura hoje às 17 horas uma exposição de originais do norte-americano Craig Thompson. Nascido em Traverse City, no Michigan (EUA) em 1975, Thompson cresceu no Wisconsin, algures na América profunda, entre trabalhos agrícolas e o fundamentalismo cristão da sua comunidade, experiência que narrou em “Blankets”, uma banda desenhada monumental com mais de 600 páginas, editada em 2003, a que pertencem cerca de metade das três dezenas de pranchas agora expostas.
Nomeada pela “Times” como melhor novela gráfica desse ano, valeu-lhe também diversos prémios da crítica e do público, entre os quais os prestigiados Eisner, Harvey e Ignatz.
Aquando da passagem do autor pelo Festival de BD de Beja, a Mundo Fantasma editou dois giclées coloridos (uma espécie de serigrafia digital, assinada e numerada pelo autor), que reproduz a primeira imagem em circulação de “Habibi”, um livro influenciado pela caligrafia árabe e a mitologia islâmica em que Thompson trabalha desde 2004, tendo desenhado já mais de 400 páginas, a editar pela Pantheon Books no início de 2011.


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Mandrake: 75 anos num passe de mágica

A 11 de Junho de 1934, o King Features Syndicate distribuía a primeira tira diária de “Mandrake”. Era a chegada à BD da magia que Houdini celebrizara e popularizara, e que constituiria mais uma válvula de escape para uns Estados Unidos ainda sob os efeitos da grande depressão de 1929.
Calmo, elegante, de bigodinho fino e belo porte, smoking, capa e cartola pretas, tendo aprendido as suas artes hipnóticas na escola de magia de seu pai, Theron, e vivendo na (sofisticada) mansão de Xanadu, com a bela princesa Narda, com quem casará décadas (!) mais tarde, Mandrake conta sempre com a ajuda (física) de Lotário, possivelmente o primeiro negro da história da BD, caricaturado com as suas roupas de peles de animais. No início usando magia pura, que desapareceu por pressão de sectores cristãos sendo substituída por dotes telepáticos e hipnóticos, Mandrake desde cedo enfrentou ladrões e extraterrestres, contando-se entre os seus principais inimigos o seu gémeo Derek e o meio-irmão Lúcifer, mais conhecido como Cobra, e a associação criminosa “8”.
Os seus autores foram Lee Falk (1911-1999) – que em 1936 criaria também o Fantasma – e Phil Davis (1906-1946), que se inspiraram no mágico (de carne o osso) Leon Mandrake, amigo de Davis. Juntos, prosseguiram com as aventuras do prestidigitador, até ao falecimento de Davis, que seria substituído por Fred Fredericks (1929), que desde 1999 também escreve esta série que acompanhou os leitores do Jornal de Notícias a partir de 1978, durante quase 30 anos.
O êxito dos quadradinhos levou Mandrake à rádio e ao pequeno ecrã logo em 1939 e nos anos 60 Fellini, amigo de Falk, chegou a pensar levá-lo ao cinema. Notícias recentes apontam de novo essa possibilidade, num filme dirigido por Mimi Leder, com Hayden Christensen (o jovem Anakin Skywalker/Darth Vader de Star Wars 2 e 3), como Mandrake, e Djimon Hounssou, como Lotário.


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F. Cleto e Pina

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75 anos e muitos quacks!

Há exactamente 75 anos, passava pela primeira vez nos ecrãs dos cinemas norte-americanos mais uma “Silly Symphonie” Disney, “The Wise Little Hen”, onde se estreou um dos mais importantes heróis de papel e celulóide de sempre: o Pato Donald.

Curiosamente, “a saída do ovo” poderia ter acontecido mais cedo, uma vez que ele já é mencionado no guião de um storyboard escrito por Walt Disney em 1931, tendo mesmo Ferdinand Horvath feito alguns esboços.
Mas acabou por acontecer eram decorridos pouco mais de dois minutos daquela animação baseada na fábula de Esopo, então criado pelo animador Dick Lundy, e interpretando o papel (secundário) de um dos preguiçosos que se recusam a ajudar a galinha que quer plantar milho para mais tarde ter alimento, surgindo apenas no final para (tentar) comer os frutos do trabalho dos outros. De personalidade ainda indefinida, já possuía a (semi-ininteligível) voz característica, da responsabilidade de Clarence Nash, que contribuiu bastante para o seu sucesso junto do público, embora fosse mais alto e pesadão e tivesse patas maiores.
De seu nome completo Donald Fauntleroy Duck, viria a revelar-se impulsivo, irascível, convencido, irritável, implicativo, explosivo, incapaz de pedir desculpa e reconhecer os seus erros, certo de ter sempre razão e um grande azarado (perdendo rapidamente a maldade que o levou a lançar uma âncora a um Pateta prestes a afogar-se ou a fazer-lhe cócegas quando o vê pendurado de um beiral, como se vê em duas das suas primeiras BDs). Veio também a descobrir-se sobrinho do pato mais rico do mundo apesar de pobretão, tio dos irrequietos Huguinho, Zezinho e Luizinho (surgidos em 1937) e eterno namorado de Margarida (1940). Na origem, já vestia o chapéu e camisa de marinheiro azuis com lista branca que se tornariam a sua imagem de marca (a par da ausência de calças, embora use sempre uma toalha em volta da cinta e pernas ao sair do banho…), mas ainda não soltava os seus inconfundíveis quacks!
Da sua carreira, constam cerca de 200 filmes animados, 12 nomeações para o Óscar e um conquistado (com ”A face do Fuehrer”, de 1943) e milhares de histórias de banda desenhada, onde se estreou no mesmo ano de 1934, numa adaptação de “The wise little hen”, escrita por Ted Osborne e desenhada por Al Taliaferro, sendo datada de 1938 a primeira revista com o seu nome. Seria no entanto apenas com Carl Barks, que desenhou mais de 500 das suas histórias entre 1942 (quando autonomizou Donald de Mickey, em ”Donald Encontra o Ouro dos Piratas”) e 1967, que se tornaria tal qual o conhecemos hoje. Barks, com o seu humor sarcástico, humanizou o pato, dotando-o de alguns dos maiores defeitos do ser humano, usando-o para criticar a sociedade e os seus vícios, e tornando-o assim numa inesgotável fonte de gargalhadas. E foi na BD também que, mais tarde, surgiu como alter-ego do Superpato e interpretou, emulando Indiana Jones, os Duck Tales.
Hoje, se as histórias aos quadradinhos estão em perda há muito (com excepções como os países nórdicos, a Itália, a Alemanha ou a Índia) e a participação em filmes animados diminuiu drasticamente, substituído por heróis do momento, de enorme mas breve êxito, a sua popularidade mantém-se (quase) intacta, identificado por milhões de pessoas e continua a aparecer em milhares de produtos licenciados um pouco por todo o mundo.

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Os homens do pato

Walt Disney (1901-1966)
Nascido em Chicago, após uma infância e juventude atribuladas, criou a Walt Disney Company, que geriu com pulso de ferro, apondo o seu nome a todas as criações nele surgidas, como Mickey, Donald e muitos mais heróis do papel e/ou do cinema animado, que marcaram inúmeras gerações em todo o mundo.

Carl Barks (1901-2000)
Como desenhador dos Estúdios Disney, criou o Tio Patinhas, Irmãos Metralha, Professor Pardal ou a cidade de Patópolis. Conhecido como “o homem dos patos”, pelas muitas histórias deles que escreveu e desenhou, foi o primeiro autorizado a assinar o seu nome junto aos palmípedes, nas pinturas a óleo a que se dedicou no final da vida.

Clarence Nash (1904-1985)
Nascido em Oklahoma, foi a voz de Donald nos filmes animados durante mais de 50 anos, em inglês, mas pontualmente também em espanhol e português (do Brasil). A voz que Nash criou para Donald, consistia fazer um tipo de “ruído” pelo canto da boca, que lembrava o grasnar de um pato.


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F. Cleto e Pina

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Príncipe Valente restaurada em Portugal à venda nos EUA

O site da editora norte-americana Fantagraphics Books destaca o livro “Prince Valiant Vol. 1: 1937-1938”, anunciando que é “importado de Portugal” e que se trata de “uma edição especial de um fã” feita “com as melhores provas, cuidadosamente restauradas”.
Esse fã do Príncipe Valente, é Manuel Caldas, natural da Póvoa de Varzim e um dos maiores especialistas da obra-prima de Hal Foster, que explicou ao JN tratar-se de “uma edição que fiz para o mercado inglês”, sob o selo Libri Impressi. No entanto, problemas com a sua colocação directa nas livrarias, goraram as intenções de Caldas que revela que se venderam apenas “uns 170 através do catálogo”.
Mas não só porque, “surpreendentemente”, a Fantagraphics, responsável pela reedição de clássicos como os “Peanuts”,” Popeye” ou o mesmo “Prince Valiant” a cores, encomendou 300 exemplares, agora disponibilizados. Mas que devem “esgotar no máximo em dois meses”, prevê a editora, que espera ver “exemplares altamente inflacionados no eBay até ao final do ano”.
E continua: “trata-se de uma esplêndida edição de grande formato em capa dura e é uma emoção ver o traço sumptuoso de Foster reproduzido com tanta pureza. Todos os fãs de Foster têm de a possuir!”. Isto só vem confirmar a altíssima qualidade do trabalho de Caldas, que tem dedicado muitas horas à restauração de cada uma das pranchas, para recuperar o traço original a preto e branco.
Responsável pelos seis primeiros volumes (doze anos) da série, em português e em espanhol, Caldas revela que tem ainda “uma montanha de cópias da edição de 2000 exemplares”, alguns dos quais têm servido para satisfazer “os espanhóis que me escrevem a pedir o edição espanhola, esgotadíssima”.


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