Data
1991
Descrição
A4 (210x297mm), marcador sobre papel
1991
A4 (210x297mm), marcador sobre papel
Foi inaugurada, no passado dia 10 de Janeiro, a exposição “Tinta nos Nervos – Banda Desenhada Portuguesa”, no Museu Colecção Berardo do Centro Cultural de Belém.
Estendida por diversas salas do Museu, e comissariada por Pedro Moura, a mostra irá estar patente até ao dia 27 de Março.
Uma das mais importantes montra de que há memória na Banda Desenhada portuguesa, a exposição comissariada por Pedro Moura apresenta obras de Alice Geirinhas, Ana Cortesão, André Lemos, António Jorge Gonçalves, Bruno Borges, Carlos Botelho, Carlos Pinheiro, Carlos Zíngaro, Cátia Serrão, Daniel Lima, Diniz Conefrey, Eduarda Batarda, Filipe Abranches, Isabel Baraona, Isabel Carvalho, Isabel Lobinho, Janus, João Fazenda, João Maia Pinto, José Carlos Fernandes, Jucifer (Joana Figueiredo), Luís Henriques, Marco Mendes, Marcos Farrajota, Maria João Worm, Mauro Cerqueira, Miguel Carneiro, Miguel Rocha, Nuno Saraiva, Nuno Sousa, Paulo Monteiro, Pedro Burgos, Pedro Nora, Pedro Zamith, Pepedelrey, Rafael Bordalo Pinheiro, Richard Câmara, Teresa Câmara Pestana, Tiago Manuel e Victor Mesquita.
Como bem refere Jorge Machado-Dias no seu blog Kuentro, «(…) é uma oportunidade única para aceder a tão vasta (embora não auto-conclusiva) informação sobre a actual BD portuguesa (…)».
E este crítico, editor e divulgador, diz ainda: «(…) À partida, a filosofia de que partiu esta abordagem à Banda Desenhada – tratando-se especialmente da portuguesa –, é algo com que estamos plenamente de acordo e cuja visita deveria ser obrigatória para os directores dos Festivais de banda desenhada em Portugal, para perceberem como fazer um festival de BD de larga abrangência e potencialmente cativador de maiores e mais variados públicos. Isto apesar de, diga-se de passagem, Paulo Monteiro, o director do Festival de Beja, ter vindo propositadamente de Beja para esta inauguração, sendo que é também, um dos autores expostos…
Para já, deixo ficar apenas uma nota sobre a feliz escolha por Pedro Vieira Moura, da expressão que melhor define a BD portuguesa actual: banda desenhada de autor! Nada mais apropriado, uma vez que os portugueses são especializados em algumas áreas “de autor”, sendo o cinema a mais conhecida. E tal como o cinema português é parcamente visto pelos portugueses, também a BD portuguesa sofre do mesmo mal: vende-se pouco! E isto não é uma crítica, é uma constatação. Aliás a Sara Figueiredo Costa aborda alguns pontos desta questão no texto que produziu para o Catálogo desta exposição – o porquê das fracas vendas da BD portuguesa (…).
O catálogo da exposição, com textos de Pedro Moura, Sara Figueiredo e Domingos Isabelinho contém 138 ilustrações e a biografia de todos os autores expostos, sendo distribuído pela Chili Com Carne.
A exposição tem entrada gratuita e pode ser visitada no Museu Colecção Berardo, Praça do Império, Lisboa, até 27 de Março, de domingo a sexta, das 10h00 às 19h00 e sábado das 10h às 22h.
A autarquia de Lisboa decidiu reestruturar a Bedeteca da cidade e integrá-la na Biblioteca Municipal dos Olivais, para racionalizar recursos, disse hoje à Lusa o director municipal de cultura, Francisco da Motta Veiga. O responsável garantiu à Lusa que a Bedeteca não será extinta, mas integrada, como um serviço especializado, na Biblioteca dos Olivais, passando a ser gerida pela coordenadora desta biblioteca, Teresa Capela. “É preciso racionalizar e não se pode perder espaço e recursos. É uma questão de articular funcionalidades. A equipa [da Bedeteca] mantém-se e as actividades também na medida das disponibilidades financeiras”, disse Motta Veiga. A Bedeteca Municipal de Lisboa foi inaugurada a 23 de Abril de 1996 no Palácio do Contador-Mor, nos Olivais, onde está sedeada também a Biblioteca Municipal daquela freguesia. Durante quase uma década, a estrutura funcionou como um centro cultural dedicado à banda desenhada, ilustração e cartoon, com uma valência de preservação documental e outra de divulgação e apoio a esta expressão artística, com lançamentos editoriais e exposições. À frente da Bedeteca de Lisboa estiveram João Paulo Cotrim (1996-2002) e Rosa Barreto (2002-2010) e desde a saída desta última responsável registou-se um declínio na programação da estrutura cultural, grande parte causado pela redução de verbas. “Tomámos a decisão de articular as duas valências [Bedeteca e Biblioteca Municipal] que funcionam no mesmo edifício”, reforçou o director municipal de cultura, garantindo que a medida faz parte de um plano alargado – a concretizar a longo prazo – para a rede de bibliotecas municipais da capital. Fonte da Divisão de Bibliotecas Municipais de Lisboa explicou à agência Lusa que a Bedeteca chegou a ter uma equipa de dez pessoas a trabalhar em torno da banda desenhada, reduzida actualmente a apenas três elementos. A Bedeteca, que possui cerca de oito mil volumes, apoiou a edição de novos autores de banda desenhada, realizou exposições, encontros de promoção de leitura e o Salão Lisboa de Banda Desenhada e Ilustração, tendo sido elogiada, sobretudo na viragem do século, por ter impulsionado novos valores da BD contemporânea. “A Bedeteca está reduzida a um conjunto de estantes numa sala, perdeu-se a componente de preservação da memória e o estímulo à produção”, lamentou João Paulo Cotrim à agência Lusa. Para o antigo director da Bedeteca, a integração do organismo como um serviço especializado da Biblioteca Municipal dos Olivais é “um desrespeito pelos mais de dez anos de trabalho da casa”. “Nunca se produziu tantos ensaios e reflexões sobre a banda desenhada, ilustração e cartoon como naquele período. Havia gente a pensar e a escrever sobre exposições e autores”, disse João Paulo Cotrim. João Fazenda, Isidro Ferrer e Lorenzo Mattotti foram alguns autores da banda desenhada portuguesa e estrangeira que a Bedeteca editou e ajudou a divulgar. Actualmente no país existe uma Bedeteca, com biblioteca e programação, em Beja, e até ao verão de 2010 o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora, também tinha a valência de bedeteca. Desde então passou a ter apenas acervo ligado à BD e ilustração e a organizar exposições e o Festival Amadora BD. A componente de bedeteca foi incorporada na Biblioteca Municipal da Amadora.
Pedro Brito e João Fazenda estão hoje no Porto para darem a conhecer diversas facetas da sua criatividade em banda desenhada, cinema de animação e ilustração.
O dia começa às 17horas, na Galeria Mundo Fantasma, no Centro Comercial Brasília, para autógrafos e a inauguração da exposição “Mosaicos suburbanos”, composta por pranchas dos livros “Pano Cru”, que tem texto e desenho de Brito, “Loverboy”, três tomos desenhados por Fazenda a partir de argumentos de Marte, e “Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos”, com texto de Brito e desenho de Fazenda. Este último, considerado o Melhor Álbum Português de BD no Festival da Amadora, em 2001, foi recentemente editado em França e na Polónia.
Depois, às 22 horas, estarão na Casa da Animação, onde serão projectados diversos filmes animados de sua autoria, entre os quais “A Estrela de Gaspar” e “Sem dúvida, amanhã” (de Brito) ou “Algo Importante” (de Fazenda e João Paulo Cotrim), seguindo-se uma conversa com os dois.
Finalmente, às 23h30, na Gesto Cooperativa Cultural, será inaugurada a mostra “Construção Civil”, uma selecção ilustrações de João Fazenda.
Pedro Brito nasceu no Barreiro em 1975, licenciou-se em Design Visual pelo IADE em 1998 e faz formação na área da animação, a que dedicou os últimos anos. Recentemente regressou à BD, com uma biografia dos UHF, a editar pela Tugaland, e tem em mãos a curta-metragem, “Fado do homem crescido”, com argumento de J. P. Cotrim.
João Fazenda, quatro anos mais novo, licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Lisboa, dedica-se especialmente à ilustração para jornais e revistas, livros infantis, cartazes de cinema e capas de discos (Mariza, Carlos Paredes, Deolinda). Entre diversas distinções recebidas, conta-se o Grande Prémio Stuart de Desenho de Imprensa, em 2007.
F. Cleto e Pina
Jornal de Notícias
Sócrates a afogar-se no lamaçal do Freeport, Obama a fazer equilibrismo com a Casa Branca ou Manuela Ferreira Leite a braços com “parasitas” laranja, são alguns dos motes de pequenas animações disponíveis há alguns meses em HYPERLINK “http://www.spamcartoon.com” www.spamcartoon.com e que ilustram o que será possível ver na Sic Notícias diariamente, às 19h e às 22h, a partir de hoje.
O projecto, pioneiro a nível mundial “na produção de raiz de filmes com esta finalidade”, intitula-se SPAMCARTOON e consta de micro-filmes de 30 segundos que comentam temas da actualidade à maneira de um cartoon editorial. A ideia surgiu “há uns dois anos numa conversa com André Carrilho em torno da evolução do humor gráfico e da resposta a dar aos desafios da internet e das televisões”, contou ao JN João Paulo Cotrim, o seu argumentista. E acrescenta: “trabalhamos o conceito, desenvolvemos um grafismo feito de simplicidade e formou-se uma equipa (realizadores, sonoplasta, animadora, etc.)”, que hoje inclui os dois e, entre outros, Cristina Sampaio e João Fazenda (desenho) e José Condeixa (sonoplastia), que demora “uns bons 4 a 5 dias, da ideia à montagem final, para produzir um cartoon, apesar de termos uma lógica de guerrilha”.
A estreia ficará marcada por “um filme inédito em torno de Guantanamo”, que depois ficará disponível on-line. A passagem da net para a TV “não impôs qualquer limitação temática”, para além das já existentes: “o próprio olhar da equipa, os seus pressupostos ideológicos, as raivas e os prazeres de cada um”.
F. Cleto e Pina
Jornal de Notícias
“Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos”, Melhor Álbum Português de 2001, no Festival de BD da Amadora, foi esta semana editada em França, sob o título “Celle de ma vie, celle de mes rêves”, pela 6 Pieds Sur Terre, uma pequena “editora que lança uma vintena de livros por ano”, explica o seu responsável, Jean-Philippe Garçon.
Um dos best-sellers da Polvo, com 3000 exemplares vendidos – “um caso raríssimo para uma BD independente”, acentua Rui Brito, o editor, que revela que actualmente há “interesse de uma editora polaca neste título” – tem assinatura de Pedro Brito (argumento) e João Fazenda (desenho).
Minúscula gota de água “num universo editorial com excesso de produção”, diz Garçon, que registou em 2007 mais de 4000 títulos de BD, o livro, com “uma tiragem de 1400 exemplares”, foi escolhido “pelo notável trabalho gráfico de Fazenda e pelo humor frio com que Brito aborda as relações muitas vezes duvidosas entre o meio artístico e o seu lado comercial”.
Brito, nascido em 1975, licenciado em Design de comunicação pelo I.A.D.E., “há 12 anos a fazer cinema de animação, com quatro filmes realizados”, recorda a génese da obra: “foi a conjugação de várias ideias soltas que, se desenvolveram e formaram uma história só. Contei-a ao João Fazenda, ele gostou e convidei-o para a desenhar. Ainda bem que o fiz, a história ganhou imenso com isso”. Esse é, aliás, o ponto forte que todas as críticas apontam: o original grafismo, bicromático, “com a cor vermelha que se ajusta ao preto e branco, como um complemento indissociável (…) nalgumas vinhetas decompondo o movimento de uma forma muito original (…) O resultado é genial!”, pode ler-se num site especializado francês.
Brito, também desenhador, relembra que “o conceito e a planificação do livro foram feitos em conjunto; o João vinha sempre com ideias novas, a discussão e partilha de tudo foi bastante importante. Trabalhar com o João foi extremamente gratificante, adorava que voltasse a acontecer”.
Desse trabalho conjunto nasceu “um livro que sabíamos que era arrojado, mas era O Livro que realmente queríamos fazer, sem barreiras nem limitações de qualquer espécie”. Receosos da reacção do público – “pensámos que haveria bastante gente que não gostasse, ou porque o traço era quase esboço ou porque o argumento era quase banal, de situações quotidianas” – ficaram surpresos como “tanta gente se identificou com a história e o trabalho do João”.
Agora, oito anos depois, sente “um certo distanciamento em relação ao livro” que, apesar de tudo, “não mudou nada na minha vida”. Mas, vendo a edição francesa como “um acontecimento um tanto ou quanto distante”, não deixa de referir que ela “foi bem recebida em Angoulême”, e confessa que “pode dar um empurrãozinho, porque o bichinho da BD ainda anda por cá e pode ser que haja uma surpresa a médio prazo”.
[Caixa]
“Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos” para além de ter um belo título, é um relato com uma expressividade e um realismo poucas vezes vistos entre nós. Como pretexto, a história de um casal de artistas: ela, pintora em busca de mecenas; ele, (candidato a) escritor, em busca de editor para o seu romance, e de inspiração para uma banda desenhada. Inspiração que acaba por encontrar na sua própria vivência. O motivo real desta intensa história de Pedro Brito, simultaneamente sensível e violenta, é uma reflexão sobre a convivência dos casais e a falibilidade das relações, quando a felicidade existente é superada pelos conflitos, criados pela incapacidade de aceitação das diferenças, e trocada pelo desejo de incertas carreiras e pela perseguição de sonhos que, normalmente, não passam disso, embora o autor sugira (sonhando?) o contrário.
Fazenda, complementa o todo, com um traço fino, quase só esboço, com elegantes pinceladas de vermelho que dão cor, volume e substância ao desenho.. O seu traço “inacabado” retrata na perfeição a busca, a insegurança e a incerteza dos protagonistas que perpassa por toda a narrativa, bem como o lado onírico de algumas sequências.
F. Cleto e Pina
Jornal de Notícias