Categoria: Recortes

Hergé morreu de SIDA?

Segundo notícia divulgada ontem no jornal belga Le Soir, Hergé terá morrido com SIDA. No dia em que os tintinófilos do mundo inteiro celebravam o centenário do nascimento do autor, a suposição foi avançada por Philippe Goddin, um dos maiores especialistas em Hergé e na sua obra, que prepara uma nova biografia sobre o desenhador de Tintin, a lançar no Outono, após três anos de trabalho aturado, que Nick Rodwell definiu como “a primeira boa biografia de Hergé”, por ter por base longas conversas com a sua viúva Fanny Rodwell, sobre os 26 anos que passaram juntos.

Goddin afirmou que Hergé pode ter sido infectado por sangue contaminado, uma vez que nos últimos anos de vida sofreu múltiplas transfusões de sangue “para encher o depósito, como dizia aos amigos”. Elas foram necessárias porque “os problemas de saúde de Hergé estavam ligadas a uma coproporfiria hereditária. Esta doença, raríssima, explicaria a degradação progressiva da saúde mental da mãe de Hergé, falecida após ter sofrido diversas crises de loucura”.

Segundo a versão oficial, Georges Remi teria falecido devido a uma leucemia, o que não explica as diversas “gripes, pneumonias e bronquites de que padeceu desde que começou com as transfusões”. Na época, embora já conhecido, o VIH, vírus responsável pela transmissão da SIDA, “ainda não era identificável” – Hergé faleceu a 3 de Março de 1983 – “e a as transfusões faziam-se sem precauções especiais”, insiste Goddin,  professor de Artes Plásticas e autor de obras como “Hergé et Tintin”, “Tintin et les Bigotudos” (sobre a génese de “Tintin e os Pícaros” e, especialmente dos cinco monumentais volumes de “Hergé – Chronologie d’une oeuvre”, que reúnem toda a obra gráfica de Hergé.


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F. Cleto e Pina

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França violenta

A violência urbana em França, notícia em todo o mundo em 2001, 2005 e, recentemente, na sequência da eleição de Nicolas Sarkozy, é o ponto de partida de “Anarky T.01 – Riot” (Humanoides Associés”), mais um dos mangas europeus pré-publicados na revista mensal “ShonenMag”.

Decorrendo num futuro próximo (2011), mostra a sociedade francesa (em vésperas de uma eleição presidencial…), refém dessa violência, contrariada pela repressão policial e pela suspensão de muitos direitos civis, situando-se a acção entre as guerras aos gangs, o tráfico desenvolvido por estes últimos e os jogos políticos de bastidores pelo controle do poder que ameaçam criar um clima de verdadeira guerra civil.

Mostrando as vantagens do modelo manga, o argumentista Karos aproveita a não-limitação de páginas para aprofundar e desenvolver diálogos que se mostram cruciais para o desenvolvimento e compreensão da trama e que servem de contraponto às cenas de maior acção e violência, onde o desenho com algumas limitações, ainda em busca de um estilo próprio, de Pazo e Hobé se mostra mais eficaz.

O volume tem como bónus o making-off deste primeiro tomo no qual Karos esmiúça as várias fases da construção do argumento e, depois, da BD, que é também um interessante guia de leitura de uma obra que, descontando alguns exageros (?), mostra como a ficção pode andar a par (ou ligeira e assustadoramente à frente?) da realidade.


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F. Cleto e Pina

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Tintin e o ecrã: uma relação atribulada

A relação de Tintin com o cinema é bem anterior ao desejo de Spielberg de levar o herói de Hergé ao cinema. Logo nos anos 30 do século passado, pequenos filmes foram difundidos, tendo por base imagens fixas retiradas dos álbuns, comentadas no momento pelo projectista, e, em 1947, Claude Misonne e João Michiels realizaram uma versão de “O caranguejo das tenazes de ouro”, com marionetas animadas.

Em 1957, a Belvision, de Raymond Leblanc, editor da revista “Tintin”, produziu para televisão algumas dezenas curtas-metragens de animação com Tintin. O relativo êxito alcançado, devido mais à popularidade do herói do que à qualidade da animação, permitiu-lhe avançar, em 1969, para a longa-metragem “Le temple du Soleil” (que contou com um original de Jacques Brel na banda sonora), (fraca) adaptação do díptico “As 7 bolas de Cristal”/”O Templo do Sol”, e, em 1972, para “Le lac aux requins”, a partir de um (desinteressante) argumento original de Greg. Esta história foi adaptada em BD, com base nos fotogramas do filme, existindo igualmente pelo menos duas versões piratas desenhadas.

Mas antes disso, em 1960 e 1964, foram levadas ao grande ecrã duas histórias originais – “Le mystère de la Toison d’Or” e “Tintin et les oranges blues” – com actores de carne e osso: Jean-Pierre Talbot como protagonista e George Wilson como Capitão Haddock.

Os anos 90 viram uma nova série animada, mais cuidada e competente, mas menos fiel aos álbuns do que o desejado, que teve, pelo menos, o mérito de apresentar um herói sexagenário a uma nova geração mais próxima da tv do que da BD.

Para além do facto de “Tintin não ter no ecrã a mesma voz que nos álbuns”, como disse um miúdo à saída de um dos filmes, um ponto é comum a todas estas adaptações: a ausência do ritmo desenfreado e do verdadeiro espírito das aventuras de Tintin. Por isso, muitos consideram que Spielberg já concretizou este seu sonho há muito: nas aventuras de Indiana Jones.


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F. Cleto e Pina

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Quando a BD reinventa a literatura

Fagin, o judeu
Will Eisner
Gradiva
12,00€
128 pp.

E de repente, sem muito bem se saber porquê, a banda desenhada volta a descobrir os clássicos da literatura. Quer no mercado franco-belga, onde editoras como a Delcourt (ver texto ao lado), a Soleil, a Casterman e a Glénat estão a lançar títulos ou colecções dedicada às suas adaptações aos quadradinhos, quer nos EUA, onde a Marvel, detentora do Homem-Aranha ou do Quarteto Fantástico, anunciou também uma colecção com as mesmas premissas. Ou até no Brasil, onde a Conrad acaba de editar a (re)leitura que Marcati fez de “A Relíquia” de Eça de Queiroz. Mas estas adaptações não se anunciam como as maçudas e maçadoras versões de tempos idos, que nem BD eram, quando desenhadores anódinos ilustraram (mal) os textos integrais; hoje, elas estão entregues a autores de créditos firmados, que as escolheram como projectos pessoais em que se empenharam, transmitindo através de uma forma de expressão diversa o espírito da obra original e os sentimentos e as emoções que a sua leitura lhes proporcionou.
Marcando uma relação diferente entre a BD e a Literatura, surgem “Long John Silver #1”, de Dorison e Laufray (Glénat/Futuropolis), homenagem a “A Ilha do Tesouro”, de Stevenson, que explora as eventuais aventuras daquele pirata, ou “Fagin, o judeu”, de Will Eisner.
Como pressuposto, Eisner, nesta obra da velhice (data de 2003, tinha o grande mestre norte-americano já 86 anos), pretende desmontar a visão estereotipada dada dos judeus na versão original do romance clássico de Charles Dickens, “Oliver Twist”. Para isso, não (re)conta aos quadradinhos aquele drama vitoriano, mas sim a vida (inventada…) do seu vilão, Fagin (“o judeu”), mas não para o absolver dos crimes que cometeu nem sequer para o justificar; divergindo de Dickens, traça um retrato díspar de Fagin, mostrando-o não como a incarnação do mal mas como um ser humano como outro qualquer, com dúvidas, contradições e incertezas, empurrado para o crime pelas vicissitudes de uma vida que lhe foi por demais madrasta, equiparável, afinal, ao retrato delicodoce que Dickens nos deixou de Oliver Twist, com o senão de que a Fagin a fortuna nunca sorriu… ou sorriu demasiado tarde.
Para isso, aproveita a história base, num interessante diálogo com a literatura, para fazer um retrato expressivo da opressiva Londres vitoriana onde ela decorre e para onde transporta o leitor, das vielas lúgubres e esconsas às ricas mansões, através da riqueza, precisão e expressividade do seu traço, aqui servido por tons sépia, que nada retiram da força dos jogos de luz e sombra em que se mostra mais uma vez mestre incontestado, bem como no domínio do ritmo narrativo marcado à custa da forma como compõe as pranchas, construindo uma narrativa forte e bem estruturada através da qual defende o seu ponto de vista e tenta suavizar a imagem exageradamente anti-semita que o texto original de Dickens transmite, mesmo que involuntariamente.
E constrói, assim, uma obra de crítica social e de costumes e também histórica, na qual contextualiza a presença judaica numa Londres tolerante e liberal mas fechada, mostrando como os judeus da Europa Central (os asquenazitas, judeus de segunda, atrás dos (mais ricos) judeus ibéricos – sefarditas), eram empurrados para vidas feitas de esquemas e expedientes nada honestos, que estiveram ma origem da imagem estereotipada dos judeus, ainda hoje comum.


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F. Cleto e Pina

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Clássicos

Tem por título “Ex-Libris”, por objectivo adaptar em BD os grandes romances da literatura e é dirigida por Jean David Morvan, recém-despedido argumentista de Spirou e autor de êxitos como “Sillage”. Como premissas, apresenta “um profundo respeito pelas obras”, a sua recriação “por autores que pretendam revisitar um dos seus livros de cabeceira” e “adaptações fiéis mas personalizadas”

Já com Dickens, Mary Shelley, Victor Hugo ou Kafka em agenda, esta colecção da Delcourt estreou-se com os primeiros volumes das versões aos quadradinhos de “Les Trois Mousquetaires”, de Alexandre Dumas, e “Robinson Crusoé”, de Daniel Defoe.

No primeiro caso, o argumento de Morvan e Dufranne reteve a essência do original bem como o seu espírito, que o traço semi-caricatural de Rubén acentuou, realçando o lado divertido e alegre da narrativa, a par do dinamismo das muitas cenas em que imperam as espadas, tudo assente numa planificação multifacetada com profusão de vinhetas por prancha.

Já em “Robinson Crusoé”, o traço de Gaultier é bem mais esquemático e sombrio, quase intimidativo, como que antecipando a angústia das quase três décadas passadas na ilha deserta, às portas da qual deixamos o protagonista, depois de este viver algumas aventuras que não aplacaram a sua sede de descoberta, nas quais a grande expressividade dos desenhos permite muitas vezes a omissão do texto escrito.


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F. Cleto e Pina

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Duplo adeus

No espaço de um ano, as bancas portuguesas perderam cinco dos heróis Bonelli que a brasileira Mythos trazia até nós: “Martin Mystère”, “Dylan Dog”, “J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga”, “Mágico Vento” e “Zagor” (estes dois ainda nas bancas em Abril). E, curiosamente, os três últimos foram suspensos por decisão da distribuidora, insatisfeita com as vendas apesar de a editora ter opinião diferente! Fica assim, a oferta de BD em bancas reduzida aos diversos títulos de Tex e a “Conan”, enquanto se (des)espera (pel)a chegada das edições Panini, com a Marvel e a Turma da Mônica à cabeça.

“Mágico Vento” destacou-se desde a sua criação, em 1997, por Gianfranco Manfredi, como um western diferente, não só pela forma aprofundada como são desenvolvidas as personagens, mas também pelo seu lado místico (o protagonista, Ned Ellis, apesar de branco e parcialmente amnésico, é um feiticeiro com estranhos poderes) e pela combinação equilibrada entre ficção e realidade (são vários os seres de carne e osso – Custer, Calamity Jane, etc., que cruzam o caminho do herói). O seu interesse deve-se igualmente ao facto de se tratar de uma saga, em que cada história auto-conclusiva contribui, primeiro, para Ned descobrir o pai no seu maior inimigo, e, depois, no avanço para desvendar os responsáveis por uma grande conspiração, que para nós, portugueses, agora, continuarão desconhecidos…


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David B., Prado, Max e Rubín encabeçam programa aliciante

III Festival de BD de Beja começa hoje; Muitos autores portugueses também no programa

Tem início hoje o III Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja que, até dia 20 de Maio, propõe dezena e meia de exposições distribuídas por vários locais do centro histórico da cidade: Casa da Cultura (que alberga a Bedeteca de Beja), Conservatório Regional do Baixo Alentejo, Galeria do Desassossego, Museu Jorge Vieira – Casa das Artes, Museu Regional de Beja, Núcleo Visigótico – Igreja de Santo Amaro e Pousada de S. Francisco.

Considerado por muitos o segundo mais importante evento dedicado à BD do nosso país (a seguir ao Festival da Amadora) pelo bom gosto e cuidado posto na apresentação das exposições, quase todas elas apresentadas pela primeira vez entre nós, pela descoberta e divulgação de propostas aos quadradinhos inovadoras, e pelo ambiente acolhedor com que recebe os seus visitantes, a terceira edição do evento promete continuar a subir a fasquia com uma programação diversificada e a presença de alguns nomes que, embora se movam em meios de alguma forma marginais, devem merecer a atenção de quem gosta de banda desenhada e não só.

Assim, entre os 40 autores com originais expostos no certame, o principal destaque vai para David B. membro fundador de L’Association e autor de obras de cariz autobiográfico e grafismo expressivo, sendo importante referir também os espanhóis David Rubín (recém-premiado no Salão de Barcelona) e Max ou o alemão Ulf. K. Os seus originais estarão expostos, bem como os de muitos autores portugueses, que continuam a ser o prato forte do salão, dos veteranos Jorge Magalhães, Augusto Trigo e Artur Correia, aos autores a despontar, como as “mangakas” (autoras de manga) Gisela Martins e Sara Ferreira, ou os integrantes do atelier Toupeira, que funciona todo o ano e serviu, de alguima forma, de génese do festival, passando por valores firmes como André Lemos, Maria João Worm, Pedro Rocha Nogueira ou Alice Geirinhas.

Das retantes propostas, a par das inevitáveis sessões de autógrafos, workshops, apresentação de projectos editoriais, feira do livro e cinema de animação, há que destacar, diariamente, os jantares de fazer crescer água na boca, com ementas típicas propostas pelos autores que o festival convidou, juntando assim, à fruição visual e intelectual que a banda desenhada proporciona, em originais ou edições impressas, os prazeres da boa mesa.


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F. Cleto e Pina

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Os vilões do filme

Quando Stan Lee e Steve Dikto criaram o Homem-Aranha, acrescentando aos problemas (monetários, sentimentais, existenciais…) do anódino Peter Parker a grande responsabilidade inerente aos seus grandes poderes, esqueceram-se de incluir na máxima que o norteia que os grandes poderes também atraem muitos adversários. Daí que num percurso longo de 45 anos (a primeira aparição do Homem-Aranha foi na “Amazing Fantasy #15”, em Agosto de 1962) tenham sido muitos e variados os inimigos que teve de enfrentar. 

À cabeça, está o recorrente J, Jonah Jameson, o irascível director do Clarim Diário, que faz do Homem-Aranha o seu ódio de estimação, mas bem mais violentos, são os vilões que, com mais ou menos poderes, força bruta e/ou a inteligência, a solo ou em grupo, infernizaram a a vida de um dos mais amados super-heróis dos quadradinhos. No filme que hoje estreia, enfrenta três deles.

Homem-Areia

Um dos primeiros adversários do Aranha, o Homem-Areia, imaginado logo em 1963, na “Amazing Spider-Man #4”, por Lee e Ditko, nunca passou de um vilão de segunda categoria. William Baker de seu verdadeiro nome, ligado ao crime desde a infância, acabou preso, mas, após uma fuga da prisão, refugiou-se numa zona de testes nucleares onde, exposto à radiação, passou a poder transformar o seu corpo em areia, moldando-o conforme deseja.

Venom

Simbionte proveniente de outro planeta, pretendia dominar o Homem-Aranha. Acabou por se apossar do corpo de Eddie Brook, que odiava o herói, assumindo um aspecto assustador e poderes similares aos do herói, vivendo apenas com um objectivo: matá-lo. Apareceu pela primeira vez na “Amazing Spider-Man 299” (1988), sob o traço dinâmico e marcante de Todd McFarlane.

Duende Verde

Criado por Lee e Ditko na “Amazing Spider-Man 14”, de Julho de 1964, após uma experiência mal-sucedida do empresário e inventor Norman Osborn, que lhe aumentou a inteligência e a força mas o tornou insano, esta identidade seria assumida pelo seu filho Harry após a (suposta) morte acidental do pai num confronto com o Aranha. O Duende Verde original regressaria anos mais tarde, sendo um dos primeiros a mostrar que nas BD’s de super-heróis os bons e os maus, para além dos impressionantes poderes, são também imortais, porque há sempre uma ressurreiçãozinha milagrosa ou um substituto à espera ao virar da esquina, para que tudo possa continuar na mesma.


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F. Cleto e Pina

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Turma da Mônica parodia a série “Perdidos”

A edição “Lostinho – Perdidinhos nos quadrinhos” deve chegar a Portugal após o Verão

Acaba de ser distribuída no Brasil uma edição especial da Turma da Mônica, intitulada “Lostinho – Perdidinhos nos Quadrinhos” que é uma paródia à série televisiva norte-americana “Perdidos” (“Lost” no original) que em Portugal é transmitida pela RTP 1.
Maurício de Sousa, que fez questão de participar na sua escrita “para que a história não funcionasse apenas para os seguidores de série”, decidiu “perder” os seus heróis numa ilha deserta, onde Cebolinha, Mônica, Cascão e Magali, que encarnam, respectivamente, as personagens Jack, Kate, Charlie e Claire da série televisiva, acordam um dia, com os restos de um avião por perto, mas sem saber como lá chegaram ou como de lá podem sair. Após sucessivas e divertidas peripécias, que decalcam acontecimentos originais de “Lost”, mas adequando-os ao universo da turma, como a descoberta da escotilha, os números amaldiçoados de Hurley, os sucessivos flash-backs ou os encontros com os Outros, os componentes da Turma da Mônica acabam por descobrir que estes são antigas criações de Maurício de Sousa, entretanto abandonadas.
Esta edição, com 80 páginas a cores (que incluem esboços e desenhos preparatórios) e formato maior que o habitual, não é a primeira em que Mônica e companhia parodiam séries e filmes, destacando-se títulos como “Horacic Park”, “Batmenino eternamente”, “Romeu e Julieta” ou “Coelhada nas Estrelas”. E em preparação está já uma sátira ao “Big Brother Brasil”, na qual “a Dona Morte, um dos nossos personagens, entra na casa do BBB.”.
Graficamente, esta edição avança mais um pouco na “mangalização” da Turma da Mônica, ou seja na aproximação do seu estilo ao do manga e anime (BD e animação japoneses), sendo esta uma “mudança que já começou há algum tempo; houve uma pequena reacção, o público tradicional achou uma heresia, mas a criançada gostou”, explica Mauricio de Sousa acrescentando que “cada vez mais vamos buscar inspiração aos desenhos animados”.
No início deste ano todas as publicações da Turma da Mônica recomeçaram do número 1, devido a uma mudança de distribuidora (da Globo para a Panini Comics), devendo essas primeiras edições ser distribuídas nas bancas portuguesas durante o próximo mês, e “Lostinho – Perdidinhos nos Quadrinhos” depois do Verão.


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F. Cleto e Pina

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Salazar vence Troféus Central Comics

Salazar, não o homem, mas a obra – “Salazar – Agora, na hora da sua morte” (editado pela Parceria A.M. Pereira), de João Paulo Cotrim (argumento) e Miguel Rocha (desenhos) – que desconstrói o mito, mostrando o seu lado humano, com as suas muitas fragilidades e limitações, ao arrebatar os prémios para Melhor Álbum e Desenho nacionais foi o grande vencedor dos V Trofeús Central Comics, divulgados ontem durante uma cerimónia que decorreu na Casa da Animação, no Porto, onde está patente até 17 de Maio, uma exposição com pranchas originais de Rui Gamito, Hugo Teixeira, Rui Ricardo, Phermad e o colectivo El Pep. “Salazar” falhou apenas o Melhor Argumento, entregue a “C.A.O.S. – Livro 1”, de Fernando Dórdio Campos, da Kingpin of Comics, distinguida como Melhor Editora.

Os Troféus Central Comics são promovidos pelo portal (www.centralcomics.com), com o mesmo nome que aposta na divulgação da banda desenhada e de tudo o que se relacione com a nona arte em geral. Criados em 2002, são uma forma de reconhecer os autores e editores portugueses que fizeram ou lançaram banda desenhada na nossa língua durante o ano transacto. Os vencedores são decididos por votação directa dos seus frequentadores, ou seja dos leitores e interessados na 9ª arte, o que os torna únicos.

A nível estrangeiro, os troféus para Melhor Argumento e Desenho foram, respectivamente, para Neil Gaiman e Dave McKean, ambos por “Orquidea Negra” (GFloy Studios), mostrando como é ilógico separar em BD as duas coisas, já que apesar disso, o Melhor Álbum foi “A cidade de vidro” (ASA).

Os restantes distinguidos foram: Melhor Álbum de Tira ou Prancha Cómica/Cartoon/Caricatura Nacional – “Os Compadres” (Sergei, Polvo); Melhor Álbum de Tira ou Prancha Cómica/Cartoon/Caricatura Estrangeira – “Obra Completa dos Peanuts Vol. 1” ( Charles Shultz, Afrontamento); Melhor BD Curta/Cartoon nacional não publicada em álbum – “Kull: O Fim” (Hugo Jesus e Nuno Sarabando, Tertúlia BDZine #109); Melhor Edição de Bancas – “BDJornal” (Pedranocharco); Melhor Fanzine – Sketchbook 3 (Direcção: Ricardo Cardoso); Melhor Edição Investigação Especializada – Catálogo FIBDA 2006 (CNBDI).

O Prémio Especial do Júri, o único que não é decidido por votação dos leitores foi entregue a Paulo Monteiro, autor de BD e responsável pela Bedeteca de Beja e pelo Festival local, pelo trabalho que tem desenvolvido na divulgação da BD em Portugal e da BD nacional em Espanha.


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