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Super-heróis invadem contos infantis

Personagens Marvel protagonizam histórias clássicas para crianças; Segundo número de “Avengers Fairy Tales” posto à venda esta semana nos EUA; João Lemos, Nuno ‘Plati’ Alves e Ricardo Tércio desenharam três dos quatro volumes da série

Com o primeiro número recém-chegado às livrarias portuguesas especializadas em banda desenhada, é distribuído na próxima quarta-feira no mercado norte-americano o segundo dos quatro fascículos previstos para “Avengers Fairy Tales”.
Projecto do conceituado argumentista e editor da Marvel, Chester B. Cebulski, tem como ponto de partida conhecidos contos infantis – Peter Pan, Pinóquio, Alice no País das Maravilhas, O feiticeiro de Oz – recontados com os protagonistas substituídos por alguns super-heróis da Marvel. Foi assim que, no primeiro tomo, o Capitão América assumiu o papel de Peter Pan, Thor e o Homem de Ferro foram dois dos Meninos Perdidos e a Vespa fez de fada Sininho. Agora, no segundo, Gepeto e o seu boneco de madeira darão lugar ao gigante inventor Hank Pym e ao Visão, um robot por ele construído que quer ser como os outros meninos, o que se torna possível graças à Fada Azul, agora colorida de (Feiticeira) Escarlate! Nos dois volumes finais, previstos para Maio e Junho, Cassie Lang (Stature), a filha do segundo Homem-Formiga, que pode encolher e aumentar de tamanho e tem poderes telepáticos, dará corpo à curiosa Alice e Mercúrio ao Coelho Branco, enquanto que na versão de O Feiticeiro de Oz o papel que Judy Garland interpretou no cinema é agora da Mulher Hulk, acompanhada por um Homem (de Lata) de Ferro!
Uma das particularidades do projecto é que três dos números são desenhados por autores portugueses – João Lemos (#1), Nuno ‘Plati’ Alves (#2) e Ricardo Tércio (#4) – tendo o restante sido entregue ao canadiano Takeshi Miyazawa. Tércio participara já, no ano passado, num outro projecto similar de Cebulski, os “Spider-Man Fairy Tales, no qual o Homem-Aranha encarnava o Capuchinho Vermelho.
Curiosamente, os desenhadores lusos foram escolhidos por um daqueles acasos que normalmente só acontecem… nos contos de fadas ou nas histórias de super-heróis! João Lemos, contou ao JN como tudo se passou: “Encontrei, por acaso, o Joe Quesada, director da Marvel Comics, no festival de BD de Angoulême, em 2005, e dei-lhe uma cópia do meu portfolio, esperando vir a ter umas dicas dele enquanto desenhador. Meses depois, num suspeito 1 de Abril, recebo um mail do C.B. Cebulski a perguntar-me se estaria interessado em desenhar para a Marvel. Mais tarde, com o aparecimento dos Fairy Tales o convite foi concretizado”.
E com bons resultados, pois Cebulski referiu-se a “Avengers Fairy Tales #1”, desenhado por João Lemos, como “um livro único, dos mais belos que a Marvel tem lançado”, e, nalguns sites especializados, críticas bastante entusiastas classificavam-no entre 7 e 9 numa escala de 10.

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Marvel Comics

Também conhecida como “Casa das Ideias”, a Marvel Comics é uma das duas grandes editoras de BD nos Estados Unidos (a outra é a DC Comics, de Batman e Superman).
Fundada nos anos 30, por Martin Goodman, sob a designação Timely Comics, editou a primeira revista de super-heróis, exactamente “Marvel Comics”, em 1939, lançando o Tocha Humana e Namor e, na década seguinte, o Capitão América.
Seria, no entanto, só nos anos 60, que Stan Lee, um dos grandes génios dos quadradinhos, daria o impulso que a viria a transformar no colosso que é hoje, ao criar super-heróis com problemas bem humanos, como o Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, X-Men e muitos outros, que saltaram, com igual sucesso, do papel para outras realidades, como a TV e o cinema.

[Caixa 2]

Desenhar para fora

Durante décadas, a BD nacional acomodou-se ao facto de Eduardo Teixeira Coelho (1919-2005), primeiro em França, depois em Itália, ser o único autor português a trabalhar – e com justo reconhecimento – no estrangeiro. Em 1995, a ascensão de Joe Madureira, um luso-americano de segunda geração, a desenhador principal dos X-Men, foi outra excepção.
Nos últimos anos, com os avanços possibilitados pelas novas tecnologias, especialmente ao nível da comunicação e do envio de imagens, tornou-se mais fácil trabalhar “lá para fora, cá de dentro”. Actualmente, no mercado norte-americano, para além de Lemos, Alves e Tércio, podemos encontrar Eliseu ‘Zeu’ Gouveia, Miguel Montenegro ou Ricardo Venâncio.
E, Rui Lacas, após uma visita a Angoulême, conseguiu um contrato para editar “Obrigada, patrão” na suiça Pacquet, antes da versão nacional da ASA.

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Outras versões aos quadradinhos

Se os contos infantis clássicos, foram inúmeras vezes revisitados em versões aos quadradinhos, mais ou menos conseguidas, mais ou menos fiéis aos originais, há a destacar dois casos, ambos editados em português, pela forma original e diversa como os abordaram.
O primeiro é “Pinóquia” (Meribérica/Líber, 1997), de Gibrat e Leroi, uma versão erotizada do clássico de Carlo Collodi. O segundo, é o “Peter Pan” (dois tomos Livraria Bertrand, 1993-94; dois tomos Booktree, 2002), que Régis Loisel recriou magistralmente como um menino de rua da época vitoriana, combinando o lado onírico da narrativa de J. M. Barrie, com uma violência cruel incontida, que o torna incontornável.


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F. Cleto e Pina

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Homem-Aranha e Hulk ao serviço das Nações Unidas

Depois de enfrentarem os mais incríveis vilões – e até de se enfrentarem um ao outro – o Homem-Aranha e o Incrível Hulk, dois dos super-heróis imaginados por Stan Lee, no princípio dos anos 60 do século passado, vão estar juntos de novo, mas desta vez ao lado das forças das Nações Unidas, com o objectivo de melhorar a sua desgastada imagem nos Estados Unidos, bastante afectada durante a presidência Bush, e também ensinar aos mais novos a importância das acções internacionais de cooperação e sensibilizá-los para problemas que têm lugar noutros pontos do globo.
A notícia foi dada em primeira-mão pela versão digital do Financial Times e confirmada pela Marvel Comics: os criadores da chamada “Casa das ideias” estão a desenvolver um comic-book no qual aqueles super-heróis se colocarão ao serviço da ONU para ajudarem a resolver conflitos e livrarem o mundo de algumas ameaças, tal como já aconteceu, por exemplo, com o Capitão América ou o Super-Homem, que, ao lado das forças aliadas, combateram Hitler e os exércitos nazis durante a Segunda Guerra Mundial.
A história, desenrolar-se-á num país fictício, embrenhado num conflito armado, e o Homem-Aranha e o Hulk trabalharão lado a lado com as forças de manutenção de paz da ONU, os capacetes azuis. A revista, com uma tiragem de um milhão de exemplares, será inicialmente distribuída gratuitamente nas escolas dos Estados Unidos. Posteriormente serão feitas traduções em francês e noutras línguas, para permitir uma maior difusão do projecto.
Segundo Camilla Schippa, da secção de parcerias das Nações Unidas, o guião da história já está escrito, devendo ser aprovado até final de Fevereiro do próximo ano. Seguir-se-ão as fases de desenho a lápis, passagem a tinta, aplicação da cor e legendagem. Todos os artistas envolvidos neste projecto trabalharão gratuitamente.
Na origem desta ideia esteve o realizador francês Romuald Sciora, que actualmente elabora um DVD sobre a Organização das Nações Unidas, que deverá ser distribuído nas escolas juntamente com a banda desenhada.
A utilização dos heróis da Marvel em causas sociais ou campanhas de sensibilização não é inédita; já este ano, por exemplo, o Homem-Aranha e o Quarteto Fantástico protagonizaram o comic-book “Hard Choices”, integrado numa campanha de prevenção do uso e abuso de álcool pelos adolescentes, igualmente nos EUA.


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F. Cleto e Pina

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X-Men e Wolverine vão ter versão manga nos EUA

Projecto nasce de parceria entre a Marvel e a Del Rey Manga; Edição prevista para o primeiro semestre de 2009; Primeiras imagens agora divulgadas

A Marvel Entertainment, Inc. anunciou recentemente, no New York Anime Festival, uma parceria com a Del Rey Manga (a editora original de “Avril Lavigne – Pede 5 desejos”, lançado em português pela Gradiva) para a publicação de versões em estilo manga (BD japonesa) dos X-Men e de Wolverine. A ideia é adaptar os universos próprios daqueles super-heróis ao estilo manga (edições formato livro, a preto e branco, com muitas dezenas de páginas, protagonistas adolescentes, de olhos arregalados, predominância da acção sobre o texto, uso exaustivo de linhas indicadoras de movimento…), como forma de chegar às gerações mais jovens e ao número crescente de leitoras que dão preferência aos manga, cuja quota de mercado não pára de crescer nos EUA, tendo as suas vendas, em 2006, atingido perto de 200 milhões de dólares.
O título dedicado aos X-Men será um shojo (criação vocacionada para o público feminino, assente em comédia, drama e romance), cabendo o protagonismo a Kitty Pride (Shadowcat/Lince Negra) que será, nesta BD, a única rapariga da escola de mutantes do professor Xavier, associando assim os super-heróis à temática escolar, recorrente no género manga. Os argumentistas desta versão manga dos X-Men serão Raina Telgemeier e Dave Roman, estando os desenhos entregues ao artista indonésio Anzu.
Quanto a Wolverne será um shonen (história para um público adolescente), do qual, para já, apenas se sabe que terá argumento de Anthony Johnston.
A edição terá como editores C.B. Cebulski e Mark Paniccia, pela Marvel, e Trisha Narwani, pela Del Rey, estando o lançamento dos novos títulos, completamente independentes dos seus homónimos da Marvel, previsto para o primeiro semestre de 2009.
O site Newsrama, especializado em BD, revelou as primeiras imagens de Wolverine, Jean Grey, Mística e Magneto, ainda numa fase embrionária do esboço, mas reveladoras já do grafismo que será adoptado, e entrevistou Ruwan Jayatilleke, vice-presidente da Marvel Entertainment, Inc., que afirmou que “os fãs de comics e os leitores de manga têm muito a esperar deste projecto”, acrescentando que “se trata de um licenciamento”, cabendo assim à Del Rey todo o processo criativo e editorial, embora sob a supervisão da Marvel.

Esta não é a primeira experiência no género que a Marvel patrocina. Em 2000, foi criado o “mangaverso” (universo manga da Marvel), onde os seus principais super-heróis foram reformulados, com aspecto de adolescentes e, nalguns casos com mudança de sexo (originando, por exemplo, a Tocha Humana, a Capitã América ou a Rapariga de Ferro). O principal responsável do projecto foi o criador Ben Dunn, que assinou o primeiro e o último tomos da saga, que incluiu também histórias, assinadas por outros autores, dedicadas a diferentes personagens (Homem-Aranha, Justiceira, Quarteto Fantástico, Vingadores, X-Men), tendo ficado associados ao projecto, que durou dois anos, nomes como Chuck Austen, Adam Warren ou Peter David. Em 2005/2006, a Marvel voltou à carga com o “New Mangaverse”, cuja acção se situava num universo paralelo ao das séries habituais.
Uma abordagem diferente teve lugar com “Wolverine: Snikt” (editado em português pela Devir), uma aventura do mutante de garras retrácteis inteiramente criada pelo mestre japonês Tsutomu Nihei.

A um outro nível, alguns dos principais heróis Marvel tiveram versões próprias no Japão, em alturas em que a Marvel tentou penetrar no mercado nipónico. O caso de maior sucesso foi o Homem-Aranha, de Ryoichi Ikegami, no início da década de 70 do século passado, várias vezes reeditado, inclusive no Ocidente. Na mesma altura surgiu também “Hulk: The Manga”, publicada na revista “Weekly Bokura Magazine”, desenhado por Yashihiro Morifuji e escrito por Kazuo Koike.
Mais recente (1998-1999), é o exemplo dos X-Men, que deram origem a 12 volumes, assinados por Hiroshi Higuchi, Miyako Kojima e Koji Yasue, que tinham por base a versão em desenho animado da Fox Network.


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O Cão-Aranha contra a Chihuahua Invisível

Empresa especializada em roupas para chihuahuas lança colecção com motivos dos super-heróis da Marvel

Se sempre sonhou com um cão de guarda feroz e assustador, mas o seu chihuahua o tem desiludido, não desespere. Talvez a Chi Wow Wow tenha a solução para o seu caso. Esta empresa especializada em equipamento e pronto-a-vestir para cães daquela raça, lançou no mercado uma nova colecção de vestuário canino com super-heróis da Marvel – Homem-Aranha, Capitão América, Hulk, Wolverine e Mulher Invisível – no seu visual clássico das décadas de 60 e 70, inspirado na arte de Jack Kirby, John Buscema e John Byrne.
Com eles vestidos, pode ser que o seu animalzinho esqueça a timidez ou a falta de graça e revele facetas que até agora lhe escondeu como garras retrácteis em adamiantum – o metal mais resistente do universo… Marvel – superforça ou a capacidade de voar.
Mas não fique horrorizado ao imaginar os pobres cãezinhos com as cuecas por fora de colants justas, pois a CWW apenas tem camisolas e casacos mas não fatos completos. E, claro está, para fazer conjunto, também vende coleiras e trelas decoradas com os motivos Marvel.
Do seu catálogo consta igualmente vestuário decorado, por exemplo, com motivos Hello Kitty, Disney e Scooby Doo, ou de bandas rock como os Greenday e os Metallica.
A CWW tem igualmente uma ampla gama de produtos para cães, onde se podem encontrar óculos de sol, bolsas para transporte, calçado, jóias (que incluem cristais Svarovski), brinquedos (como carrinhos, “sapatos de alto design” para roer ou jornais em plástico), mobiliário (onde se encontram camas com a forma de carros, barcos ou do escudo do Capitão América), produtos de higiene e limpeza (champôs, perfumes, cremes e escovas) ou louça para as suas refeições.

[Caixa]
Tamanhos e preços
Embora especializada em chihuahuas, a CWW não esqueceu as outras raças, pelo que a sua linha de vestuário começa no tamanho XXS, adequado aqueles e a Poodles e Yorkies, e vai até ao XXL (só por encomenda) que serve a Pit Bulls e buldogues.
Os preços é que poderão ser uma desagradável surpresa, já que uma peça de vestuário Marvel para um chihuahua não custa menos de 48 dólares (cerca de 35 euros), calçado só acima dos 34 dólares (17 €), um colar Svarovski pode atingir 120 dólares (86 €) e uma mala de transporte, de edição limitada, os 400 dólares (290 €).


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Nas bancas (III)

O regresso da BD às bancas, com edições brasileiras da Turma da Mónica, Marvel e DC Comics, possibilita a reaproximação ao universo desta última, algo esquecido entre nós nos últimos anos, para já através de dois títulos, devendo as revistas “Batman” e “Superman” chegar no final do ano.

“Batman Ano 100 (1 de 2)”, escrito e desenhado por Paul Pope, com cores de José Villarrubia, situa o Homem-Morcego em 2039, 100 anos após a sua criação por Bob Kane, perturbando a ordem estabelecida (leia-se imposta), num thriller violento e dinâmico, baseado numa conspiração de contornos ainda indefinidos.

Quanto a “Crise Infinita”, de Geoff Johns (argumento), Phil Jimenez e Andy Lanning (desenhos) é uma mini-série em 7 volumes, surgida na sequência de “Crise nas Infinitas Terras” que, em 1985, tentou reorganizar o Universo DC, então dividido por diversas Terras alternativas ou paralelas, nas quais um mesmo herói podia ter diferentes idades e origens, com a agravante de poder circular entre elas. No final ficou uma única Terra, mescla de todas as outras, à custa de um bom número de heróis, vilões e eventos. As pontas então deixadas soltas são agora unidas, numa obra de leitura complexa, mas fundamental para perceber o universo onde evoluem Batman, Superman, Mulher Maravilha e muitos outros, e que congrega o pior (uma certa confusão) e o melhor (a capacidade inventiva) das BDs de super-heróis.


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Nas bancas (II)

O regresso da BD às bancas, com edições brasileiras da Turma da Mónica, Marvel e DC Comics, possibilita a reaproximação ao universo desta última, algo esquecido entre nós nos últimos anos, para já através de dois títulos, devendo as revistas “Batman” e “Superman” chegar no final do ano.

“Batman Ano 100 (1 de 2)”, escrito e desenhado por Paul Pope, com cores de José Villarrubia, situa o Homem-Morcego em 2039, 100 anos após a sua criação por Bob Kane, perturbando a ordem estabelecida (leia-se imposta), num thriller violento e dinâmico, baseado numa conspiração de contornos ainda indefinidos.

Quanto a “Crise Infinita”, de Geoff Johns (argumento), Phil Jimenez e Andy Lanning (desenhos) é uma mini-série em 7 volumes, surgida na sequência de “Crise nas Infinitas Terras” que, em 1985, tentou reorganizar o Universo DC, então dividido por diversas Terras alternativas ou paralelas, nas quais um mesmo herói podia ter diferentes idades e origens, com a agravante de poder circular entre elas. No final ficou uma única Terra, mescla de todas as outras, à custa de um bom número de heróis, vilões e eventos. As pontas então deixadas soltas são agora unidas, numa obra de leitura complexa, mas fundamental para perceber o universo onde evoluem Batman, Superman, Mulher Maravilha e muitos outros, e que congrega o pior (uma certa confusão) e o melhor (a capacidade inventiva) das BDs de super-heróis.


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Quando a BD reinventa a literatura

Fagin, o judeu
Will Eisner
Gradiva
12,00€
128 pp.

E de repente, sem muito bem se saber porquê, a banda desenhada volta a descobrir os clássicos da literatura. Quer no mercado franco-belga, onde editoras como a Delcourt (ver texto ao lado), a Soleil, a Casterman e a Glénat estão a lançar títulos ou colecções dedicada às suas adaptações aos quadradinhos, quer nos EUA, onde a Marvel, detentora do Homem-Aranha ou do Quarteto Fantástico, anunciou também uma colecção com as mesmas premissas. Ou até no Brasil, onde a Conrad acaba de editar a (re)leitura que Marcati fez de “A Relíquia” de Eça de Queiroz. Mas estas adaptações não se anunciam como as maçudas e maçadoras versões de tempos idos, que nem BD eram, quando desenhadores anódinos ilustraram (mal) os textos integrais; hoje, elas estão entregues a autores de créditos firmados, que as escolheram como projectos pessoais em que se empenharam, transmitindo através de uma forma de expressão diversa o espírito da obra original e os sentimentos e as emoções que a sua leitura lhes proporcionou.
Marcando uma relação diferente entre a BD e a Literatura, surgem “Long John Silver #1”, de Dorison e Laufray (Glénat/Futuropolis), homenagem a “A Ilha do Tesouro”, de Stevenson, que explora as eventuais aventuras daquele pirata, ou “Fagin, o judeu”, de Will Eisner.
Como pressuposto, Eisner, nesta obra da velhice (data de 2003, tinha o grande mestre norte-americano já 86 anos), pretende desmontar a visão estereotipada dada dos judeus na versão original do romance clássico de Charles Dickens, “Oliver Twist”. Para isso, não (re)conta aos quadradinhos aquele drama vitoriano, mas sim a vida (inventada…) do seu vilão, Fagin (“o judeu”), mas não para o absolver dos crimes que cometeu nem sequer para o justificar; divergindo de Dickens, traça um retrato díspar de Fagin, mostrando-o não como a incarnação do mal mas como um ser humano como outro qualquer, com dúvidas, contradições e incertezas, empurrado para o crime pelas vicissitudes de uma vida que lhe foi por demais madrasta, equiparável, afinal, ao retrato delicodoce que Dickens nos deixou de Oliver Twist, com o senão de que a Fagin a fortuna nunca sorriu… ou sorriu demasiado tarde.
Para isso, aproveita a história base, num interessante diálogo com a literatura, para fazer um retrato expressivo da opressiva Londres vitoriana onde ela decorre e para onde transporta o leitor, das vielas lúgubres e esconsas às ricas mansões, através da riqueza, precisão e expressividade do seu traço, aqui servido por tons sépia, que nada retiram da força dos jogos de luz e sombra em que se mostra mais uma vez mestre incontestado, bem como no domínio do ritmo narrativo marcado à custa da forma como compõe as pranchas, construindo uma narrativa forte e bem estruturada através da qual defende o seu ponto de vista e tenta suavizar a imagem exageradamente anti-semita que o texto original de Dickens transmite, mesmo que involuntariamente.
E constrói, assim, uma obra de crítica social e de costumes e também histórica, na qual contextualiza a presença judaica numa Londres tolerante e liberal mas fechada, mostrando como os judeus da Europa Central (os asquenazitas, judeus de segunda, atrás dos (mais ricos) judeus ibéricos – sefarditas), eram empurrados para vidas feitas de esquemas e expedientes nada honestos, que estiveram ma origem da imagem estereotipada dos judeus, ainda hoje comum.


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F. Cleto e Pina

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Os vilões do filme

Quando Stan Lee e Steve Dikto criaram o Homem-Aranha, acrescentando aos problemas (monetários, sentimentais, existenciais…) do anódino Peter Parker a grande responsabilidade inerente aos seus grandes poderes, esqueceram-se de incluir na máxima que o norteia que os grandes poderes também atraem muitos adversários. Daí que num percurso longo de 45 anos (a primeira aparição do Homem-Aranha foi na “Amazing Fantasy #15”, em Agosto de 1962) tenham sido muitos e variados os inimigos que teve de enfrentar. 

À cabeça, está o recorrente J, Jonah Jameson, o irascível director do Clarim Diário, que faz do Homem-Aranha o seu ódio de estimação, mas bem mais violentos, são os vilões que, com mais ou menos poderes, força bruta e/ou a inteligência, a solo ou em grupo, infernizaram a a vida de um dos mais amados super-heróis dos quadradinhos. No filme que hoje estreia, enfrenta três deles.

Homem-Areia

Um dos primeiros adversários do Aranha, o Homem-Areia, imaginado logo em 1963, na “Amazing Spider-Man #4”, por Lee e Ditko, nunca passou de um vilão de segunda categoria. William Baker de seu verdadeiro nome, ligado ao crime desde a infância, acabou preso, mas, após uma fuga da prisão, refugiou-se numa zona de testes nucleares onde, exposto à radiação, passou a poder transformar o seu corpo em areia, moldando-o conforme deseja.

Venom

Simbionte proveniente de outro planeta, pretendia dominar o Homem-Aranha. Acabou por se apossar do corpo de Eddie Brook, que odiava o herói, assumindo um aspecto assustador e poderes similares aos do herói, vivendo apenas com um objectivo: matá-lo. Apareceu pela primeira vez na “Amazing Spider-Man 299” (1988), sob o traço dinâmico e marcante de Todd McFarlane.

Duende Verde

Criado por Lee e Ditko na “Amazing Spider-Man 14”, de Julho de 1964, após uma experiência mal-sucedida do empresário e inventor Norman Osborn, que lhe aumentou a inteligência e a força mas o tornou insano, esta identidade seria assumida pelo seu filho Harry após a (suposta) morte acidental do pai num confronto com o Aranha. O Duende Verde original regressaria anos mais tarde, sendo um dos primeiros a mostrar que nas BD’s de super-heróis os bons e os maus, para além dos impressionantes poderes, são também imortais, porque há sempre uma ressurreiçãozinha milagrosa ou um substituto à espera ao virar da esquina, para que tudo possa continuar na mesma.


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Homem-Aranha e Quarteto Fantástico juntos contra o consumo de álcool

Edição especial, distribuída gratuitamente nas escolas, alerta adolescentes contra os perigos do álcool

Está a ser distribuída nas escolas dos Estados Unidos uma edição especial em banda desenhada que reúne o Homem-Aranha e o Quarteto Fantástico, desta vez não para combaterem contra um qualquer vilão super-poderoso que quer destruir o mundo, como é habitual, mas contra uma ameaça bem mais real e concreta: o álcool. Intitulado “Spider-Man and the Fantastic Four in Hard Choices”, o comic-book tem uma tiragem de cerca de 700.000 exemplares e é uma edição conjunta da Marvel, que detém os direitos das personagens, da Elks National Foundation, uma organização religiosa que tem como missão “inculcar os princípios da caridade, justiça, solidariedade, amor e fidelidade” e que promove programas de combate às drogas nos EUA, e da organização governamental SAMHSA – Substance Abuse and Mental Health Services Administration, e tem como objectivo “alertar os mais novos contra os perigos do álcool”.

Escrito por Mark Sumerak e desenhado por Marcio Takara, conta como um dos amigos de Franklin Richards, o filho do sr. Fantástico e da Mulher Invisível, é pressionado por um colega de escola para beber bebidas alcoólicas “para se tornar um homem”. A intervenção do Homem-Aranha e do Quarteto fantástico impede que isso aconteça, levando os dois a fazer a “escolha certa”, não faltando sequer uma sentença moral do “aracnídeo”: “os verdadeiros heróis não usam nem abusam do álcool”.

Herman Roesler, presidente da Elks, afirmou que o objectivo é “chegar às crianças e adolescentes antes que eles sejam expostos ao álcool e a mensagem terá mais impacto se lhes for levada por nomes conhecidos, como os super-heróis da Marvel”.

Por cá, o Centro Regional de Alccologia do Centro (CRAC), teve uma iniciativa similar, em 2003, ao editar um álbum de José Carlos Fernandes (autor da multi-premiada série “A pior banda do mundo”), intitulado “Francisco e o Rei de Simesmo” para “sob a orientação dos professores, poder sensibilizar crianças, entre os 6 e os 10 anos para atitudes mais saudáveis face ao consumo de bebidas alcoólicas”.


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Transatlântico

O propósito da colecção: Marvel Transatlântico é levar aos leitores tradicionais europeus os super-heróis Marvel, no formato que melhor conhecem (álbum a cores, cartonado), pelos autores que mais apreciam; para estes há o aliciante de poderem tornar a sua arte conhecida dos leitores habituais de comics americanos.

O primeiro volume da colecção é “Wolverine – Saudade”, de Jean-David Morvan e Philippe Buchet, que a novel editora BdMania (nascida no seio das lojas especializadas heterónimas) fez chegar às livrarias portuguesas em simultâneo com a edição original francesa.

Diferenças entre os comics tradicionais e este “comic europeu” (que deturpa a definição de saudade)? Para além do formato (que influencia também a planificação), uma história mais consistente, que combina a temática super-heróis com lendas (e realidades) do local onde a trama se ambienta, no caso o Brasil. E também um desenho mais violentamente realista, ou não houvesse na narrativa a participação dos esquadrões da morte brasileiros, assassinos de crianças, e não mostrasse Buchet os efeitos de corte múltiplo das garras de Wolverine, em armas aos bocados ou braços às fatias…

Os próximos volumes (a ler também em português) serão uma história do Demolidor com o Capitão América, por Claudio Villa e Tito Faraci e outra com as mulheres dos X-Men, escrita por Chris Claremont e desenhada por Milo Manara.

A promoção fica a cargo do autor, que terá de encomendar todos os exemplares que quiser para este ou qualquer outro fim; ao longo de todo o processo nunca existem stocks e o autor, em qualquer momento pode retirar a obra do site ou fazer as alterações ou correcções que ache necessárias.


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